As poucas imagens disponíveis até agora dos efeitos do terremoto que acabou com o praticamente nada que existia de organizado e público no Haiti, mostram como uma nação pode condenar seu povo à morte pela corrupção dos seus dirigentes, pela falta de interesse da comunidade internacional porque é um país sem recursos. Na TV não é possível diferenciar se as pessoas que sofrem são as que sempre sofreram porque não tinham nada, ou se são as que agora perderam tudo.
O fato das nossas forças armadas não terem um canal de comunicação próprio com o Brasil, apesar dos 1200 homens da força de paz que lá garantem a ordem, é mais um sintoma da precariedade da infra-estrutura para as tarefas do nosso pessoal. E o que é pior para eles: mesmo sob impacto da morte de vários dos nossos soldados e da destruição parcial das instalações, terão que se superar rapidamente para organizar a baderna geral que tomará conta de tudo. Saques, câmbio negro, hordas de famintos agora mais famintos, isso é assunto para as forças brasileiras e da ONU administrarem.
As doações internacionais são pífias, da ordem de dezenas de milhões de dólares. Muito pouco perto dos bilhões gastos em guerras diariamente apenas pelos EUA. Essa miserabilidade tem a ver com a certeza do desvio dos recursos nas mãos das autoridades corruptas do local. Sabendo disso, Lula articula com Obama a centralização da coordenação da ajuda através do comando brasileiro, reorganizando a logística e evitando as perdas, além de obter, com uma credibilidade que falta ao governo local, mais apoio para os primeiros socorros e depois para a reconstrução.
O empenho brasileiro na coordenação da ajuda internacional pode ser a demonstração de qualificação que falta para pleitear a vaga no Conselho de Segurança da ONU. A gente tem a capacidade para administrar, vide o bom resultado em Timor Leste. Isso certamente fará que Lula acabe indo por lá, para chamar a atenção para o problema.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Haiti : a tragédia da tragédia
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