Já que Serra e seus aliados estão transformando a eleição numa espécie de processo de canonização, de tantas apelações pseudo-religiosas e à inquisição medieval, vou apelar a algumas comparações bíblicas sobre biografias para ajudar na reflexão sobre o que teria feito Serra abandonar seus princípios e chegar até aqui na trincheira oposta à do presidente da UNE de 1964. Da prisão no Chile em 1983 até quase o retorno ao Brasil pouco se sabe.
Segundo a Bíblia, Jesus teria sido perseguido desde que nasceu. Seus pais o esconderam para que não fosse morto. Enfrentaram o exílio. Anos depois ele voltou para salvar o mundo, diz o relato. Seu período de adolescência, juventude e até poucos anos antes de morrer na cruz é desconhecido. Ele teria adquirido conhecimentos e reforçado suas crenças nesse ínterim. E por elas teria passado por privações, provações e a morte na cruz.
José Serra, que começou a campanha não como o filho de Deus, mas como o próprio, já que disse ter criado tudo e mais algumas coisas, teve que buscar o exílio temendo a prisão e tortura na ditadura militar brasileira após o golpe de 1964. Foi para o Chile, onde houve outro golpe militar, mais sangrento ainda. Daí até seu ressurgimento no Brasil na anistia é um grande mistério, que teve um desfecho muito diferente da história bíblica.
Ele não voltou para salvar: veio para ser ministro do planejamento de FHC, e para coordenar o processo de privatização no Brasil. Veio para submeter o país aos ditames do FMI. Veio apoiar FHC na implantação da sua teoria da dependência, pela qual afirmava que um país subdesenvolvido poderia crescer à sombra de um país lider. E agora vem para acabar com as conquistas do governo Lula e restabelecer a ordem vigente sob FHC. Ele voltou dos Estados Unidos para negar tudo o que havia feito até ir parar lá.
A história de Serra nesse interregno não consta da sua biografia, pelo menos no que se refere a como conseguiu, de perseguido político, passar a hóspede de luxo no país que patrocinava as ditaduras sangrentas por toda a América Latina. Teria enganado as autoridades de imigração, mesmo vindo do Chile onde o presidente eleito Salvador Allende foi morto pelos gorilas de Pinochet, com sua esposa Mõnica tendo por sobrenome "Allende"? Como conseguiu trabalhar por lá? Teve "green card"? Quem pagou seus estudos numa cara universidade particular?
Incoerentemente, os aliados de Serra postaram na internet a mentira da proibição de Dilma entrar nos Estados Unidos, que fez muito sucesso nas cabeças mais carentes de cérebro. Por que Dilma não poderia ir lá? Porque seria uma temível terrorista, matadora de criancinhas, anti-americana, etc. Gabeira sequestrou o embaixador americano e está proibido até hoje de pisar lá.
A atitude americana seria repulsiva mas coerente com a sua política externa macartista, anti-esquerdista. Aí vem o bumerangue: se eles acham que seria coerente Dilma não ter o visto americano, por ter combatido a ditadura, porque Serra não só o teria, como também várias regalias? Como se deu essa metamorfose? Existe almoço grátis?
A biografia de Serra omite essa passagem. Gostaria que Dilma tirasse essa dúvida com ele nos próximos debates, porque o eleitor precisa saber, para melhor esclarecimento do voto, como foi que um presidente da combativa UNE de 1964 se tornou um inofensivo subalterno dos interesses estrangeiros no Brasil, podendo até entregar o pré-sal a eles.
Jornais como a Folha, que entraram junto ao STM para ter acesso a informações de Dilma no cárcere, poderiam destacar um jornalista para percorrer os passos da trajetória americana de Serra. Como são democráticos, fazem essa quebra de sigilo a bem do jornalismo, nunca para fazer dossiês ou forjar fichas falsas, coisa de mídia sem escrúpulos Até para a Bulgária fuçar os antepassados de Dilma eles já mandaram gente, por que não prestar esse serviço de relevância informativa ao eleitorado brasileiro?
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Serra : o mistério do exílio dourado nos EUA
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Caro Fernando Branquinho:
ResponderExcluirExcelente o enfoque do teu post "Serra:o mistério do exílio...". Devia ser veiculado com mais veemência, a fim de desmascarar a farsa montada pela extrema direita que é a figura deste Serra. Não obstante, ainda não me convence a votar na sigla Lula/Dilma, outra farsa populista, inútil para resolver sequer o impasse da greve dos bancários em greve. Quanto à agremiação da Marina, essa não consegue se decidir entre as outras duas farsas. Uma liberal, outra populista, mas ambas a serviço do capital de mercado.
No seu texto faltou informar que Dilma esteve nos EUA e não foi uma só vez. Por que ela não ficou presa? Se internautas imbecis dizem que há um MP contra ela na terra do Tio SAM.
ResponderExcluirQuem estuda tem oportunidades em qualquer lugar, inclusive nos estados unidos. Não há necessidade de mentir que é "Doutora" sem nunca ter cursado tal curso.
ResponderExcluirAlguem ja disse a v. que o SERRA é casado com a filha do ALENDE? esta tudo explicado.
ResponderExcluirIara, a bem da verdade esclareço que Monica Allende, esposa do candidato José Serra, não tem parentesco com o presidente Allende assassinado no golpe de 11 de setembro de 1973. Essa família é grande por lá. Na entrevista do link abaixo ela esclarece isso, mas deixa claro que o sobrenome foi um dificultador na hora da fuga ao golpe no Chile.
ResponderExcluirhttp://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2868470-EI6580,00-Monica+Serra+O+bale+me+deu+jogo+de+cintura.html