sexta-feira, 8 de julho de 2011

As barbas do Bradesco

O Bradesco já foi conhecido como "Banco de Deus", no tempo de Amador Aguiar na sua presidência. Sua sede em Osasco é conhecida como "Cidade de Deus". Entretanto, consideradas as representações artísticas historicamente difundidas, Jesus Cristo teria que raspar a barba para trabalhar por lá para atender às normas internas da empresa, que proibem funcionários barbados.


O direito de usar barba foi às barras da Justiça do Trabalho na Bahia, que determinou multa de R$ 100 mil caso o banco insistisse na "discriminação estética". Agora um outro juiz, em decisão de segunda instância, reconheceu o direito da empresa de determinar como quer a cara dos seus funcionários. A juíza do TRT baiano alegou a defesa do “poder diretivo do empregador” que tem, segundo ela, “direito de zelar pela boa aparência, boa imagem e asseio de empregados”. O Ministério Público do Trabalho vai apelar da sentença.

É aquela coisa terrível dos anúncios de emprego que falam em "boa aparência", onde cabe de discriminação racial, social, de gênero, etc. Um péssimo precedente, porque outras empresas poderão se valer da decisão para submeter a aparência dos funcionários aos seus critérios. Um retrocesso nas liberdades individuais, porque se essa decisão não for derrubada em definitivo, haverá amplo espaço para perseguições no local de trabalho das pessoas "fora de padrão".

Falando nisso, houve tempo que o mesmo banco tinha a "Garota Bradesco", que fazia a social nas agências, e tinha que ser "bonita, maquiada, etc", segundo os manuais da época. Essa vontade de padronizar as caras dos trabalhadores vem de longe, e mostra que, apesar dos avanços nas relações trabalhistas com a criação de departamentos de RH profissionais, as velhas práticas continuam em vigor.

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