A queda de braço entre o Presidente Obama e o partido republicano pela elevação do teto da dívida e por ajustes que reduzam o déficit não vai acabar até o dia 2/8, data limite para o governo começar a não ter dinheiro para pagar suas contas. Os primeiros da fila a perder serão os aposentados, os que dependem do serviço de saúde pública, os funcionários públicos, os fornecedores. Os últimos, os bancos e detentores de títulos.
No stress pela aproximação da data, a banda menos xiita dos republicanos começa a avaliar o prejuízo do confronto com Obama. Pesquisas mostram que se algo der errado, e o primeiro velhinho deixar de receber seu benefício ou a primeira criança pobre morrer na fila de um hospital, o culpado será o grande e velho partido republicano. Obama pediu aos eleitores para pressionarem os congressistas, e o apelo foi atendido, ou seja, mais um elemento para formar a culpa da direita.
Enquanto isso, a extrema direita, o Tea Party, que não quer saber de impostos para ricos de jeito nenhum e acha que impostos não são para sustentar pobres, não está nem aí, para desespero dos mais moderados do partido, que começam a contabilizar perdas de votos. Não conseguiram votos nem dentro do partido para aprovar uma proposta ontem na Câmara, que de antemão seria rechaçada no Senado ou vetada por Obama. A tal proposta é só para dizerem que estão fazendo algo, e tentar devolver a culpa ao governo. Não é aceitável porque não resolve o problema do endividamento, e deixaria Obama refém de uma nova batalha no início do ano que vem.
Já se fala em "Plano B" como derreter barras de ouro das reservas e transformar em moedas para fazer caixa para pagar as despesas. A princípio, a constituição americana tem dispositivos que podem permitir o presidente baixar algo como uma medida provisória daqui, e aumentar o teto do endividamento sem precisar do Congresso, mas o próprio Obama já disse que seria ilegal, como forma de aumentar a pressão sobre os republicanos. E vai vencer, porque está levando a melhor em termos eleitorais. Só faltou chamar o povo às ruas para pressionar o congresso, mas isso é "coisa de comunista".
Hoje as bolsas continuaram a cair, mas os mercados acreditam numa solução, mesmo que fora do prazo, e já precificam as consequências. O dólar continuou a cair, por aqui.
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