Circula pela internet mais um desses materiais de campanha eleitoral "chamando à reflexão" que nada mais é que pura campanha do candidato do PSDB à presidência, José Serra. Intitulado "Dilma ou Serra : A Escolha de Sofia", o artigo é escrito por alguém que considera que o PT e o PSDB têm o "monopólio da esquerda". Descarrega todas as tintas na adjetivação pejorativa e caluniosa à candidata Dilma Roussef na tentativa de forçar uma rejeição ao seu nome maior que ao candidato do PSDB.
O autor tenta fazer a analogia com o filme onde Meryl Streep representa a judia Sofia que, a caminho de um campo de concentração nazista, seria obrigada a se separar dos seus dois filhos. Implorou ao oficial alemão para levá-los, e este lhe deu a opção de levar um deles, e o outro teria que ser morto ali mesmo. Um extremo de barbárie e do sadismo.
A tese de escolher entre votar nulo e no Serra parte da idéia de "até onde a civilização pode usar a barbárie contra a barbárie, usá-los para preservar os valores da civilização ao invés de destrui-los". E daí discorre que, apesar de entender que Serra é um esquerdista, teria mais "limites éticos" que Lula, cuja candidata Dilma, por ter sido guerrilheira estaria alinhada com Hugo Chavez, Cuba e todos os fantasmas que perturbam as noites dos paranóicos de direita.
É isso que dá a direita não ter um candidato que a represente completamente. Precisa terceirizar sua ideologia apostando nos "menos bárbaros da esquerda". Será que o DEMO não tem ninguém para dar chance ao voto aos saudosistas da ditadura, nem que seja no primeiro turno? A esquerda tem mais opções para quem é de esquerda: tem candidaturas a presidente do PSOL, do PSTU, do PCO e, forçando a barra porque o PV não tem nada de esquerda, a candidata Marina Silva.
Quem não gosta do Lula nem do PT porque teriam traído as propostas e a própria história tem a opção de apostar na construção de outras alternativas mais coerentes no mesmo campo eleitoral. Quem sempre odiou Lula e o PT, só tem o candidato tucano como opção, ou o voto nulo. A extrema-direita ficou órfã.
O texto falha na analogia, porque para o autor nem Serra nem Lula são seus entes queridos. A "Sofia" do caso preferiria um terceiro filho, ausente no momento da escolha, e teria que escolher entre não levar nenhum, ou levar um dos que desgosta menos.
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