O ministro das relações exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, boicotou a fala de Lula no parlamento, como represália pela negativa do presidente brasileiro de fazer uma homenagem ao fundador do sionismo, Theodor Herzl. A visita não estava agendada, e o ministro assediou a delegação brasileira para forçar a visita. No mínimo, mostra o despreparo do ministro para tratar de um assunto como diplomacia. Deve fazer parte do time daquele outro que autorizou a construção das 1600 casas em territórios palestinos durante a visita do vice-presidente americano Joe Biden, para melar qualquer tentativa de aproximação com os palestinos em negociações de paz.
Avigdor Lieberman pertence a um partido ultra-direitista que participa da coalizão do governo de Netanyhu. Ficou notório pela proposta de instituir um "juramento de lealdade" a Israel para os cidadãos árabes e para todos os membros judeus de seitas religiosas ortodoxas que não se declaram sionistas. O Brasil não perdeu nada com a ausência desse incendiário, que é um dos obstáculos ao processo de paz.
O escritor americano Cristopher Hitchens tem um artigo interessantes sobre Lieberman, entitulado "A audácia de Avignor Lieberman", onde desanca o troglodita.
"Agora temos que assistir ao surgimento de um brutamontes e um demagogo que tem exigido, com prazer, a execução dos membros árabes eleitos do Parlamento de Israel se eles se encontrarem com o Hamás, que tem exigido o afogamento dos prisioneiros palestinos no Mar Morto, cujos apoiadores cantam "Morte aos árabes" nos seus comícios, e que tem materializado os piores medos daqueles árabes que tem feito os ajustes de mais longa duração com o estado judeu. De qualquer forma, o estilo essencialmente totalitário e inquisitorial de Avigdor Lieberman pode estar ainda mais manifesto na sua insistência que os haredim não-sionistas, ou judeus devotos, também façam um juramento de lealdade ou percam a sua cidadania. Isto leva o machado à raiz da idéia de que os judeus têm uma presença em Jerusalém desde tempos imemoriais e que seus direitos resultantes não são derivados ou dependentes de qualquer estado ou qualquer ideologia. Será uma vergonha se Benjamin Netanyahu fizer uma aliança, mesmo que temporária, com Lieberman. Por mais questionável que o "direito de retorno" já possa ser, ele certamente não pode conceder o direito de expulsar."
Lieberman não fez falta na platéia de Lula, afinal, ele estava falando de paz, que não é o assunto preferido do chanceler. A atitude de Lieberman também não deve significar a expressão de todo o governo israelense, que é uma composição de diversos matizes de direita, com fortes divergências internas. Acabou fazendo mais pela iniciativa brasileira, forçando ao posicionamento claro de Lula em relação aos extremismos, o que dá credenciais a negociar com outros interlocutores da região que são inimigos de Israel.
Tomara que repercuta na mídia mundial mais essa atitude de independência da diplomacia brasileira. E até em Israel as pessoas mais lúcidas devem estar de acordo com isso. Recentemente, o primeiro-ministro italiano Berlusconi esteve lá e não foi achacado para fazer nenhuma homenagem. Ele não foi como Lula, criando expectativa de avanço nas negociações de paz. Imaginem uma figuraça dessas negociando a paz com Ahmadinejad em nome de Israel...
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