Em abril Brasília faz 50 anos. E igualmente faz o primeiro grande golpe sofrido pelo Rio de Janeiro, que esvaziou fortmente após a mudança da capital para Brasília, tanto na economia como na política. Foram décadas de estagnação e perseguições, porque a ditadura perdia as eleições indiretas para governador. Empurraram sobre o antigo estado da Guanabara o feudal Estado do Rio, num processo de fusão que serviu para a ditadura nomear um governador. Só nos últimos anos o novo estado conseguiu retomar o desenvolvimento, em especial com o petróleo e seus royalties, e a indústria naval, forte fornecedora da Petrobrás. O Rio hoje é um dos poucos estados ricos cujo governo apoia o governo Lula, e daí parte a razão para essa facada. A idéia é saquear o Rio e botar a União para pagar a conta.
quinta-feira, 18 de março de 2010
Rio : um saque a cada 50 anos
De repente, sem que o assunto estivesse em discussão no projeto de regulamentação do pré-sal, enfiaram a mão no bolso dos estados produtores de petróleo para confiscar os atuais recursos de royalties. Sim, o que se fez foi pulverizar o que hoje se arrecada, e não o que ainda está por ser explorado e produzido no fundo do oceano. Isso só vai dar dinheiro lá para 2020, até porque não há tecnologia barata para tirar de lá praticamente nada. E, o que é pior, quando esse recurso for partilhado entre 26 estados, um distrito federal e quase 6000 municípios, vai dar uma merreca para cada um. Esse dinheiro só vai ser grande no dia que o pré-sal der ao Brasil dimensões de produtor como a Arábia Saudita, num mercado com o barril pelo dobro do preço atual. Nem demagogia dá para fazer com essa partilha, porque é pouco dinheiro.
Ontem cem mil pessoas se manifestaram contra a covardia cometida contra o Rio. Na época da construção de Brasília, obra megalômana que enterrou o Brasil em dívida externa, inflação e depois em forte arrocho salarial, havia o interesse no esvaziamento do Rio como pólo difusor da política e como economia pujante. Hoje parece que os mesmos interesses voltaram.
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