Aquela coisa de mensagem de fim de ano, de renovar as esperanças, deveria ter um sentido mais prático para as pessoas. Sonhos exigem vontade de realizar e tarefas que nem de longe lembram coisas como milagre ou cair do céu. É comum desejarmos um ano novo melhor, mais feliz, mais alegre, porque incorporamos em boa parte a idéia de ano fiscal, ou seja, 31 de dezembro é passado a avaliar, 1° de janeiro é planejamento a realizar.
Planejar envolve muitas variáveis, por isso antes de começar a botar as coisas no papel é importante discutir bem com a família e os amigos aquilo que envolve o seu ambiente, e não depende apenas de você. Pode envolver mais de um ano até. Eleger os eventos que trarão mais demanda de energia e recursos, que se forem deixados para a hora sairão caros e mal feitos. A partir dessa prospecção e eleição de prioridades, vem a datação, o calendário de atividades. Bote lá o casamento importante de algum amigo e parente onde você terá papel de destaque (pai, mãe, padrinho), a troca de um veículo, a reforma de alguma coisa na casa, a substituição de eletrodomésticos, trocas de leiautes na casa, mudança de emprego ou local de trabalho ou de cidade, as rotinas (fazer exercícios, controlar peso, parar de fumar, de beber, ler livros, atividades de lazer, visitar parentes e amigos), poupança de dinheiro, concurso público, etc.
Com um calendário grande à mão, daqueles que tem os quadrinhos para anotar compromissos, marca-se tudo (atividades rotineiras e as previsíveis) e o seu ano começa a se formatar. Se o trabalho for bem feito, você começará a ficar angustiado porque o ano já ficou pequeno para tanta coisa. Tipo "aquele evento importante em abril já está em cima e a gente não arrumou nada". Isso é normal, porque as pessoas não estão acostumadas com a antevisão de longo ou médio prazo, e deixam tudo para a última hora. Aquele presente que você poderia comprar com meses de antecedência e desconto, por exemplo, pode ser comprado em cima da festa num momento de preço elevado, apenas para exemplificar que o desplanejamento eleva custos e pode impedir o cumprimento de outras metas.
Grandes sonhos ou metas ou obrigações exigem detalhamento no calendário. Comprar um carro é uma tarefa que para ser bem feita leva meses, desde a montagem da planilha dos requisitos, acompanhamento de preços, novos lançamentos, levantamento de custos de manutenção, de financiamentos, etc. Hoje vi na TV que muitas pessoas que compraram carros no "boom" de 2009, com desconto de IPI, e renda até R$ 3.000, estão tendo dificuldade para pagar as parcelas dos financiamentos de até 72 meses. Quem comprou não entendeu bem como é que a prestação na faixa de R$ 400 pôde pesar tanto para quem ganhava 5 vezes mais que isso. Falta de planejamento: no impulso de compra, não se dedicou no orçamento o "custo carro", ou seja, combustíveis, manutenções, peças, impostos, multas, pedágios, etc. E que com o carro na mão se andaria mais a lugares onde antes não se ia consumir.
Detalhado tudo no calendário, hora de fazer o planejamento financeiro. É nessa hora que marido e mulher, e mais algum contribuinte para a renda familiar, devem se sentar e botar os números com clareza numa tabela, contemplando as previsões de tudo: salários mensais líquidos, 13°, PLR, venda de férias, tudo que for corriqueiro. Depois, em separado na tabela, coloque os eventuais (ganhos em ações trabalhistas, venda previsível de bens, rendas financeiras, etc).
Com base no ano em curso, lança-se nas despesas os valores corriqueiros de alimentação, combustível, etc (esse é o grande problema: poucas pessoas têm registrado isso, dificultando a previsão), escolas de filhos, prestações de bens (identificadas, não como "despesa de cartão" que tira a previsão), luz, gás, água, telefone, TV a cabo, empregada, estacionamentos, enfim, uma trabalheira que fará muita gente desistir de planejar e continuar tudo como antes.
Se você chegar até esse ponto, terá clareza do superávit (ou déficit) a cada mês. Se o saldo for positivo, ótimo, dá para sonhar em investir ou consumir. Se for negativo, e tiver dívidas acumuladas, a meta para 2012 passa a ser chegar ao fim do ano em situação equilibrada ou bem melhor que os anos anteriores. Começa a análise dos dados e o sofrimento antecipado, quando se descobre que algumas coisas elencadas terão que ser cortadas, mesmo em caso de superávit. É o replanejamento.
Aquela viagem vai ter que ser reagendada para o próximo ano ou a reforma da casa vai esperar para poder fazer a viagem primeiro, uma dívida passa a ter prioridade sobre outra e cortes terão que ser feitos em diversos itens orçamentários, bens podem ser vendidos para melhorar o perfil de dívidas e reduzir juros, renegociações terão que ser feitas, etc. E também certos bens a adquirir passam a ser alvo de uma busca mais intensiva de preços promocionais ou mesmo de mudança de características para baratear.
Depois de alguns exercícios (isso leva um bom tempo, por isso o melhor é começar no início de dezembro), descola-se uma agenda (adquire-se antes do fim do ano, não esperando ganhar alguma, afinal, conheço banco que distribui agendas em março do ano seguinte, tarde demais para organizar a vida), anota-se todo o calendário de eventos nas folhas das datas e nos resumos mensais (tem agendas com calendários e quadrinhos mensais, que dão boa visualização).
No papel? Por que não no computador ou no celular? Pode até ser em meio eletrônico, mas minha boa avó Moreninha me ensinou, bem antes dos meios eletrônicos, que no papel nada desaparece porque passou num campo magnético, e agenda não é coisa que se roube com facilidade. Aprendi com ela, desde criança, a importância da gestão de um orçamento, e essa cultura me levou hoje a ter mais coisas que os desplanejamento não permitiria ter, não sentir falta do que não preciso e a não dever nada a ninguém, salvo em financiamentos perfeitamente enquadrados nas disponibilidades. O padrão de vida sobe quanto tem sobras, cai quando a situação aperta, isso é normal. Como dizia ela, viver bem é ser feliz com o que se tem. Eu alteraria para "viver bem é fazer o melhor com o que se tem".
Se for o caso, os resultados deverão ser comunicados a quem for afetado para envolver todos no projeto. É nessa que se comunica que um filho vai ter que continuar ralando num ônibus porque não vai ter como ganhar um carro, que se comemora a possibilidade de viajar ou mudar de vida para melhor, etc. Habilidade é fundamental para não fazer os outros morrerem de véspera, como peru de Natal. Tem gente que prefere se decepcionar ou alegrar na hora do evento, e isso deve ser avaliado para evitar campanhas de enchimento de saco para tornar prioritário algo que o planejamento já descartou.
Botar tudo isso no papel (ou meio eletrônico) não é suficiente: tem que haver acompanhamento. Se houver folga orçamentária, pode ser menos intensivo, porém se a situação estiver crítica, o nível de estresse vai aumentar à medida que se comparar a previsão orçamentária com o efetivamente empenhado, tanto para o sucesso (saiu mais barato que pensamos e sobrou para outra coisa que poderá ser antecipada) como para o fracasso (saiu mais caro e vamos precisar cortar outra coisa).
Uma coisa é certa : dá trabalho, exige discussões maduras (principalmente se houver pessoas de difícil trato, egoístas, autoritárias, afetadas em seus interesses imediatos e entendidos como superiores aos dos demais afetadas pelas prospecções), acompanhamento, mas é bem melhor que ficar com a sensação de estar vivendo ao sabor dos acontecimentos. Bem melhor que chorar depois porque a dívida no cartão, cheque especial, financiamento e agiota crescem como bolas de neve, sem as pessoas entenderem bem o porquê. No final do ano será possível fazer um balanço das realizações (ou frustrações) e o que sobrar pode ir para o ano seguinte, quando começa tudo de novo. É como na música do Vandré : quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Um 2012 melhor, para quem realmente quer lutar por isso, começa agora.
Planejar envolve muitas variáveis, por isso antes de começar a botar as coisas no papel é importante discutir bem com a família e os amigos aquilo que envolve o seu ambiente, e não depende apenas de você. Pode envolver mais de um ano até. Eleger os eventos que trarão mais demanda de energia e recursos, que se forem deixados para a hora sairão caros e mal feitos. A partir dessa prospecção e eleição de prioridades, vem a datação, o calendário de atividades. Bote lá o casamento importante de algum amigo e parente onde você terá papel de destaque (pai, mãe, padrinho), a troca de um veículo, a reforma de alguma coisa na casa, a substituição de eletrodomésticos, trocas de leiautes na casa, mudança de emprego ou local de trabalho ou de cidade, as rotinas (fazer exercícios, controlar peso, parar de fumar, de beber, ler livros, atividades de lazer, visitar parentes e amigos), poupança de dinheiro, concurso público, etc.
Com um calendário grande à mão, daqueles que tem os quadrinhos para anotar compromissos, marca-se tudo (atividades rotineiras e as previsíveis) e o seu ano começa a se formatar. Se o trabalho for bem feito, você começará a ficar angustiado porque o ano já ficou pequeno para tanta coisa. Tipo "aquele evento importante em abril já está em cima e a gente não arrumou nada". Isso é normal, porque as pessoas não estão acostumadas com a antevisão de longo ou médio prazo, e deixam tudo para a última hora. Aquele presente que você poderia comprar com meses de antecedência e desconto, por exemplo, pode ser comprado em cima da festa num momento de preço elevado, apenas para exemplificar que o desplanejamento eleva custos e pode impedir o cumprimento de outras metas.
Grandes sonhos ou metas ou obrigações exigem detalhamento no calendário. Comprar um carro é uma tarefa que para ser bem feita leva meses, desde a montagem da planilha dos requisitos, acompanhamento de preços, novos lançamentos, levantamento de custos de manutenção, de financiamentos, etc. Hoje vi na TV que muitas pessoas que compraram carros no "boom" de 2009, com desconto de IPI, e renda até R$ 3.000, estão tendo dificuldade para pagar as parcelas dos financiamentos de até 72 meses. Quem comprou não entendeu bem como é que a prestação na faixa de R$ 400 pôde pesar tanto para quem ganhava 5 vezes mais que isso. Falta de planejamento: no impulso de compra, não se dedicou no orçamento o "custo carro", ou seja, combustíveis, manutenções, peças, impostos, multas, pedágios, etc. E que com o carro na mão se andaria mais a lugares onde antes não se ia consumir.
Detalhado tudo no calendário, hora de fazer o planejamento financeiro. É nessa hora que marido e mulher, e mais algum contribuinte para a renda familiar, devem se sentar e botar os números com clareza numa tabela, contemplando as previsões de tudo: salários mensais líquidos, 13°, PLR, venda de férias, tudo que for corriqueiro. Depois, em separado na tabela, coloque os eventuais (ganhos em ações trabalhistas, venda previsível de bens, rendas financeiras, etc).
Com base no ano em curso, lança-se nas despesas os valores corriqueiros de alimentação, combustível, etc (esse é o grande problema: poucas pessoas têm registrado isso, dificultando a previsão), escolas de filhos, prestações de bens (identificadas, não como "despesa de cartão" que tira a previsão), luz, gás, água, telefone, TV a cabo, empregada, estacionamentos, enfim, uma trabalheira que fará muita gente desistir de planejar e continuar tudo como antes.
Se você chegar até esse ponto, terá clareza do superávit (ou déficit) a cada mês. Se o saldo for positivo, ótimo, dá para sonhar em investir ou consumir. Se for negativo, e tiver dívidas acumuladas, a meta para 2012 passa a ser chegar ao fim do ano em situação equilibrada ou bem melhor que os anos anteriores. Começa a análise dos dados e o sofrimento antecipado, quando se descobre que algumas coisas elencadas terão que ser cortadas, mesmo em caso de superávit. É o replanejamento.
Aquela viagem vai ter que ser reagendada para o próximo ano ou a reforma da casa vai esperar para poder fazer a viagem primeiro, uma dívida passa a ter prioridade sobre outra e cortes terão que ser feitos em diversos itens orçamentários, bens podem ser vendidos para melhorar o perfil de dívidas e reduzir juros, renegociações terão que ser feitas, etc. E também certos bens a adquirir passam a ser alvo de uma busca mais intensiva de preços promocionais ou mesmo de mudança de características para baratear.
Depois de alguns exercícios (isso leva um bom tempo, por isso o melhor é começar no início de dezembro), descola-se uma agenda (adquire-se antes do fim do ano, não esperando ganhar alguma, afinal, conheço banco que distribui agendas em março do ano seguinte, tarde demais para organizar a vida), anota-se todo o calendário de eventos nas folhas das datas e nos resumos mensais (tem agendas com calendários e quadrinhos mensais, que dão boa visualização).
No papel? Por que não no computador ou no celular? Pode até ser em meio eletrônico, mas minha boa avó Moreninha me ensinou, bem antes dos meios eletrônicos, que no papel nada desaparece porque passou num campo magnético, e agenda não é coisa que se roube com facilidade. Aprendi com ela, desde criança, a importância da gestão de um orçamento, e essa cultura me levou hoje a ter mais coisas que os desplanejamento não permitiria ter, não sentir falta do que não preciso e a não dever nada a ninguém, salvo em financiamentos perfeitamente enquadrados nas disponibilidades. O padrão de vida sobe quanto tem sobras, cai quando a situação aperta, isso é normal. Como dizia ela, viver bem é ser feliz com o que se tem. Eu alteraria para "viver bem é fazer o melhor com o que se tem".
Se for o caso, os resultados deverão ser comunicados a quem for afetado para envolver todos no projeto. É nessa que se comunica que um filho vai ter que continuar ralando num ônibus porque não vai ter como ganhar um carro, que se comemora a possibilidade de viajar ou mudar de vida para melhor, etc. Habilidade é fundamental para não fazer os outros morrerem de véspera, como peru de Natal. Tem gente que prefere se decepcionar ou alegrar na hora do evento, e isso deve ser avaliado para evitar campanhas de enchimento de saco para tornar prioritário algo que o planejamento já descartou.
Botar tudo isso no papel (ou meio eletrônico) não é suficiente: tem que haver acompanhamento. Se houver folga orçamentária, pode ser menos intensivo, porém se a situação estiver crítica, o nível de estresse vai aumentar à medida que se comparar a previsão orçamentária com o efetivamente empenhado, tanto para o sucesso (saiu mais barato que pensamos e sobrou para outra coisa que poderá ser antecipada) como para o fracasso (saiu mais caro e vamos precisar cortar outra coisa).
Uma coisa é certa : dá trabalho, exige discussões maduras (principalmente se houver pessoas de difícil trato, egoístas, autoritárias, afetadas em seus interesses imediatos e entendidos como superiores aos dos demais afetadas pelas prospecções), acompanhamento, mas é bem melhor que ficar com a sensação de estar vivendo ao sabor dos acontecimentos. Bem melhor que chorar depois porque a dívida no cartão, cheque especial, financiamento e agiota crescem como bolas de neve, sem as pessoas entenderem bem o porquê. No final do ano será possível fazer um balanço das realizações (ou frustrações) e o que sobrar pode ir para o ano seguinte, quando começa tudo de novo. É como na música do Vandré : quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Um 2012 melhor, para quem realmente quer lutar por isso, começa agora.
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