sábado, 21 de janeiro de 2012

30 anos sem Elis

Em 20 de janeiro de 1982, feriado no Rio (dia de São Sebastião, padroeiro católico da cidade), fui surpreendido pela notícia na TV da morte da cantora Elis Regina. Um choque. Elis tinha 42 anos, sempre foi muito vigorosa, e sua morte repentina foi muito estranha (pessoas opositoras do regime morriam às vezes de forma esquisita, até se enforcando em grades de janelas baixas). Sua voz única marcou mais de 15 anos da vida de uma geração que resistia à ditadura, interpretando músicas de grandes compositores brasileiros e colocando-se como voz oposicionista.

Naquele tempo muitas das músicas tinham sentidos diversos, em parte para transmitir alguma mensagem de resistência, noutras para deixar louca a censura, que queria de qualquer jeito achar alguma coisa cifrada nas letras. Com tantas coisas positivas para muita gente, a única coisa que a revista Veja conseguiu dizer na sua capa da edição 699, de 27 de janeiro de 1982, alusiva à morte de Elis, foi "A tragédia da cocaína". Desde lá desqualificavam as pessoas para tirar-lhes o conteúdo que contrariava seus interesses, afinados com os da ditadura. 

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