terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Direita lança o pior da pelegada nas eleições de 2012

Eleições 2012 : Partidos de direita buscam recursos para as campanhas
Quem trabalhou pela construção e afirmação da CUT como central classista hoje tem vergonha da assimilação do seu imenso poder  pelo governo federal. Os aguerridos dirigentes de outrora passaram a ser parte da base aliada do governo, e peça importante no controle social desde Lula e agora com Dilma. Os setores com maior potencial grevista hoje estão amordaçados. É o neo-peleguismo. Muitos dirigentes se candidatam a cargos eletivos e conseguem se eleger porque, apesar de tudo, as categorias ainda têm uma lembrança do passado de lutas que os credenciaram como capazes de defender interesses em outras esferas. Estamos falando de gente que já lutou, mas preferiu uma trégua em troca de algum tipo de fisiologismo.

Há sindicalistas e sindicalistas, entre eles os que continuam a lutar com entendimento de classe, querendo derrubar o capitalismo, mais à esquerda que a CUT agora "pacificada". À direita, há os "sindicalistas de resultado", como se intitulam os pelegos da Força Sindical, que aparentam combatividade enquanto praticam a subserviência aos patrões, e defendem o capitalismo. E há os que nunca lutaram, criaram sindicatos cartoriais, para comer o dinheiro da contribuição sindical, sem se preocupar em filiar ninguém ou de enfrentar o patronato, a não ser para barganhar propinas e outras vantagens em troca de assinar acordos rebaixados para os que deveriam representar. Esses são os parasitas da classe, que dominam as instâncias de base de muitos sindicatos sem expressão, e as instâncias do sistema confederativo que vem da CLT varguista. Alguns são inspirados no modelo mafioso que fez sucesso nos Estados Unidos, contando com capangas para defender seus feudos.

Aí vem a notícia do Estadão de hoje: "PSDB e PSD avançam em reduto petista e lançam 300 sindicalistas candidatos". A matéria fala que esses partidos vão querer conquistar espaços onde habitualmente o PT domina, no mundo sindical, lançando candidatos a vereadores, prefeitos e vices nas eleições de 2012. Para quem não conhece o "métier", como a direita que lê o jornalão, dá até para rolar uma champanhe, achando que agora o PT vai ser demolido pela base. Vão começar o ano esperançosos com a notícia, fazendo contas da ressurreição da força política da direita, que toda junta com mais uns aliados (PPS, PV, etc) não tem 20% do Congresso. Os mais exaltados gritarão a plenos pulmões : "agora vamos f*#$&dêêêeee o Petêêêeee" . A pergunta que não quer calar: quem serão esses "sindicalistas"? Os da esquerda e da CUT que têm estruturas partidárias militantes atuando nos movimentos sociais, uns com o discurso que atrai a vanguarda  e outros com a defesa dos programas governamentais com os quais se identificam?

Claro que tais candidatos não serão sindicalistas que ainda têm um verniz progressista. Os caciques da direita vão beber direto do esgoto, dando legenda ao que há de pior no parasitismo e na corrupção sindical. Alguns desses escroques poderão ter grandes campanhas através de dinheiro roubado dos trabalhadores, fazendo concorrência com tradicionais bandidos de direita que também se elegem pela compra de votos com dinheiro roubado de outras fontes. Como esse mercado está bastante concorrido, pode ficar engarrafado. Consideradas as qualidades das pessoas de ambos os lados dessa disputa, vai rolar tiroteio em convenção partidária por aí.






4 comentários:

  1. Branquinho,

    fico aqui na expectativa de quando você vai colocar na agenda o debate sobre o movimento da "Nova Política" de Marina e Heloisa.

    Na matéria abaixo, a Marina dá uma dica de por onde passa a coisa... PV, PPS, PSOL... Tempo de vaca não reconhecer bezerro.

    http://oglobo.globo.com/pais/marina-vai-apoiar-candidatos-prefeito-de-diferentes-partidos-3549412

    Sobre o peleguismo atual, pior que um pelego tradicional (daqueles que enfrentamos na década de 1970/1980) é o pelego metido a combativo.

    Mantendo a aparência, alguns trocam de partido, fazem oposição (burra) ao governo, mas... na essência são tão pelegos quanto os tradicionais.

    Vou aguardar sua abordagem.

    Feliz Ano Novo!

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  2. Lúcio,

    Esse tal "capital de 20 milhões de votos" da Marina Silva tem que ser melhor debulhado para não cairmos na falsa impressão de força eleitoral. A candidatura de Marina á presidência continha elementos mais suaves ao gosto da direita que a de Dilma, e mesmo assim foi traída pelos interesses paroquianos dos caciques do PV, que apoiaram Serra.

    A proposta ambientalista dela, não era eco-socialista, é encampável até pelos ruralistas. Os caras sabem que se não cuidarem da mata ciliar em beiras de rios e topos de morro vão perder áreas para enchentes e voçorocas, e vão preservar com ou sem lei. O que Marina propõe é o capitalismo sustentável, como no marketing da Natura, empresa do seu vice.

    Por ser neutra aos interesses do capital, e pela necessidade de criar um segundo turno entre Serra e Dilma, bastou a mídia de direita inflar sua candidatura que ela saiu de um patamar de 6 a 7%, que já tinha sido atingido por Heloisa Helena em 2006, para 19,33%, estando uma semana antes da eleição na faixa dos 14%. Com essa votação, comendo as bases de Dilma, o sonhado e perigoso segundo turno foi conquistado pela direita. Sem que Marina fizesse qualquer acordo sobre isso. Simplesmente serviu de instrumento para uma propaganda complementar na mídia em cima do tema da preservação ambiental, atingindo os jovens em especial.

    Falar em "força eleitoral" de Marina significaria transferência de votos, e esses 20 milhões não foram dela. Uns 8% a 14% são de um eleitorado descontente com o PT e com o PSDB no plano nacional. Os 8% devem ser mais ideológicos, desses que pensam mais antes de votar. São mais críticos. Os demais são votos de convencimento roubados do montante de votos úteis e dos votos nulos. O tal do "efeito Marina" carreou esses votos mais voláteis, efeito difícil de reproduzir em eleições municipais.

    Marina tem a tática correta: aliar-se a alguns candidatos que potencialmente podem vir a migrar para o seu partido que será criado após as eleições, daí esse mosaico de apoios em diversos partidos. Pode vir a ter o papel de bote salva-vidas que o PSD tem à direita, só que com verniz de esquerda, comendo bases do PT, PSOL, PV, PPS, PSTU e mesmo de partidos mais à direita. Uma espécie de alternativa ao PT, mais "verdinho" e "limpinho". Perfumado pelo capital.

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  3. Meu caro Branquinho,
    Não devemos esquecer Bakunin, em dois de seus mais realistas vaticínios, sobejamente comprovados:
    Se você pegar o mais ardente revolucionário, e investi-lo de poder absoluto, dentro de um ano ele será pior que o próprio Kzar.
    E mais...,
    Assim, seja sob qual ângulo se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada.
    Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários.
    Sim, com certeza.
    De antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado.
    Não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo.
    E diz mais Bakunin...,
    Quem duvidar disso não conhece a natureza humana.

    José Álvares

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  4. Do jeito que a coisa vai, não haverá muita diferença entre uns e outros.

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