Recebi a avaliação abaixo da LBI - Liga Bolchevique Internacionalista - que tem militantes muito ativos no Ceará, compondo um mosaico de forças políticas "sui-generis" no país. Enquanto praticamente todas as correntes de esquerda apoiaram a greve dos policiais contra a política de arrocho do governo Cid Gomes (PSB), a LBI se diferenciou por considerar equivocado o apoio a agentes da repressão.
A nota "Balanço da greve da PM do Ceará" vai tão longe na negação do direito dos policiais lutarem por melhores condições de vida e na crítica feroz a toda a esquerda que um desavisado poderia pensar que se trata de algum grupo ligado ao governador e aos neo-coronéis que o criaram na política.
Parece que queriam a repressão à greve dos agentes da repressão, alinhando-se nesse ponto de vista com o PSB e o PT, que participa do governo Ciro e já não está sequer no espectro da esquerda da LBI. É aquela coisa de ir tão à esquerda que acaba encontrando a extrema-direita em algumas colocações. Segue o texto:
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UM PRIMEIRO BALANÇO DA GREVE DA POLÍCIA MILITAR DO CEARÁ
Fortalecimento do aparato repressivo, recrudescimento das tendências fascistizantes e desmoralização ideológica da “oposição de esquerda”
A nota "Balanço da greve da PM do Ceará" vai tão longe na negação do direito dos policiais lutarem por melhores condições de vida e na crítica feroz a toda a esquerda que um desavisado poderia pensar que se trata de algum grupo ligado ao governador e aos neo-coronéis que o criaram na política.
Parece que queriam a repressão à greve dos agentes da repressão, alinhando-se nesse ponto de vista com o PSB e o PT, que participa do governo Ciro e já não está sequer no espectro da esquerda da LBI. É aquela coisa de ir tão à esquerda que acaba encontrando a extrema-direita em algumas colocações. Segue o texto:
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UM PRIMEIRO BALANÇO DA GREVE DA POLÍCIA MILITAR DO CEARÁ
Fortalecimento do aparato repressivo, recrudescimento das tendências fascistizantes e desmoralização ideológica da “oposição de esquerda”
No último dia 04 de janeiro os policiais militares e bombeiros decidiram encerrar a greve iniciada no final dezembro. O governo da oligarquia “socialista” dos Ferreira Gomes, que reprimiu violentamente através da mesma PM os professores em greve durante vários meses em 2011, agiu de forma completamente distinta frente a paralisação de seus “jagunços de farda”. Concedeu um aumento de 53% escalonado até 2014, reduziu a jornada de trabalho para 40hs semanais, anistiou todas as lideranças e anunciou um plano de “modernização” da polícia, com mais viaturas, armas, coletes e munição. A “vitória” da greve da Polícia Militar foi tamanha que seus “colegas” civis resolveram retomar a paralisação que se arrastou por cinco meses no ano passado e agora esperam que também sejam agraciados com a mesma “generosidade”.
O grande trunfo que fez o governo Cid Gomes ceder rapidamente foi o clima de terror que os próprios policiais militares trataram de impor à população da capital, Fortaleza, anunciando a existência de “arrastões” em vários pontos da cidade por parte de “bandidos”, informações que se mostraram falsas em sua grande maioria, ou eram estimulados pelos próprios policiais encapuzados. A classe média se “protegeu” trancada em seus pequenos bunkers e o comércio acabou fechando suas portas, o que levou o governo a recuar de sua disposição de só negociar mediante o retorno dos militares ao trabalho. A repressão do Exército e da Força Nacional de Segurança se abateu sobre a população pobre dos bairros periféricos, onde houve pequenos furtos e roubos. Nesse cenário, tem-se como primeira lição da greve o fortalecimento do aparato repressivo estatal burguês, com as lideranças da greve, em geral ligadas aos setores de elite da tropa (Raio, Batalhão de Choque), de traços abertamente fascistas, ganhando peso político. Esse fenômeno se expressou concretamente na ascensão do suplente de deputado estadual do arquirreacionário Partido da República (PR), Capitão Wagner Sousa, escalado pela direita partidária no estado para dirigir a paralisação. Com a “vitória” da greve, o oficial já está sendo apontado como forte candidato a prefeito de Fortaleza em uma coligação eleitoral conservadora alternativa a aliança da frente popular entre PT-PSB.
Afora a LBI, que se colocou abertamente contra qualquer apoio a reacionária greve policial, o conjunto das forças políticas que se dizem de “esquerda” no estado (PSOL, TPOR, Crítica Radical, PCB e PSTU) apoiaram a paralisação dos agentes da repressão. Os cretinos do PSTU em seu balanço chegam a dizer que a greve “foi o acontecimento mais decisivo da cena política do Ceará nos últimos anos. A unidade entre trabalhadores militares e as demais categorias de trabalhadores foi conseguida e colocou o governo Cid contra as cordas... A força do movimento imobilizou o governo e se perdurasse por mais alguns dias estaria colocada a palavra de ordem ‘Fora Cid’ com força de massa. Não é exagero falar que se não estivemos frente a uma crise revolucionária no Ceará (governo suspenso no ar, não conseguia governar), certamente estivemos à beira de um quadro social e político com esse signo” (sítio PSTU, 04/01/2012). Esses canalhas, os mesmos que apoiaram os “rebeldes” da OTAN na Líbia em nome da farsesca “revolução árabe” e agora defendem a “oposição” da CIA na Síria, além de terem traído abertamente a greve dos professores estaduais do Ceará, cinicamente apresentam a reacionária greve policial que espalhou o terror fascista nos bairros proletários como a antessala de uma “crise revolucionária”. O que ocorreu na realidade foi o recrudescimento das tendências fascistizantes entre a população, particularmente na classe média, que apoiou a greve clamando por mais segurança, ou seja, reforço do aparato policial para defender a propriedade privada e seus negócios! Esses charlatões morenistas chegam a afirmar que “Os soldados e sindicalistas transformaram essa estrutura do aparato militar em uma espécie de ‘soviet’ de onde saíram às principais decisões que paralisaram as autoridades e isolaram o governo frente à sociedade” (idem) quando, na verdade, ficaram isolados e desmoralizados nas categorias que dirigem (construção civil e rodoviários), não conseguindo paralisá-las como desejavam justamente porque esses trabalhadores, que sentem na pele a repressão da PM quando fazem greve, não viram qualquer motivo em paralisar suas atividades em “solidariedade” a seus repressores algozes!
Já o PCB, que integra o governo municipal do PT, usou todo malabarismo político para justificar seu apoio à greve reacionária da PM, alegando que “Apoiamos a greve na perspectiva de um processo pedagógico e educativo, capaz de aproximar policiais e bombeiros do conjunto das reivindicações da classe trabalhadora, sem perder de vista, entretanto, os limites impostos pelo caráter retrógrado e reacionário da própria instituição policial. O saldo maior desta greve não se trata somente de mais uma pauta por reajuste salarial, mas evidencia-se na oportunidade ímpar de reiterar nossa denúncia à indiferença do Governo Cid Gomes frente ao conjunto do funcionalismo público estadual e na iniciativa de nós, comunistas, buscarmos neste momento influir estimulando a conscientização dos sujeitos deste processo com fins de identificar no seio de suas reivindicações o mesmo objetivo da classe trabalhadora” (sítio PCB, 04/01/2012). O PCB trata de fazer tudo o contrário do que nos ensina o abc do leninismo, ou seja, tenta identificar objetivos políticos comuns (inexistentes) entre as reivindicações dos trabalhadores com as demandas reacionárias de seus algozes de farda, que estão voltadas justamente para melhor reprimir os explorados. Como nos ensinou Lenin, os policiais não fazem parte da classe trabalhadora, são um destacamento ideologicamente preparado para “servir” a burguesia em seu ódio de classe mais profundo contra a população pobre, não foi por acaso que os mais destacados “líderes” grevistas da PM do Ceará são os mais identificados com a selvagem repressão a população negra e pobre dos bairros periféricos de Fortaleza. Os novos sindicalistas “companheiros” do PSTU e PCB são na verdade policiais com larga trajetória de crimes e barbaridades cometidas contra os trabalhadores.
Diferente do que nos tenta vender a moribunda “oposição de esquerda”, o deslocamento à esquerda dos setores baixos das FFAA (cabos e soldados), unindo-se e subordinando-se a disciplina do movimento operário só ocorrem em situações pré-revolucionárias, ou seja, em uma conjuntura diametralmente oposta a que levou esses partidos, em seu sindicalismo vulgar, a apoiar uma greve que defende o melhor aparelhamento da repressão e está sob a direção dos setores mais reacionários da tropa. Em situações pré-revolucionárias, é possível ocorrer manifestações progressivas que levem a insubordinação da tropa em relação ao comando, produzindo o rompimento da hierarquia militar. Foi assim na revolta da chibata de 1910, ou no levante dos cabos e soldados da marinha brasileira às vésperas do golpe militar de 1964. Os revolucionários devem aferir o apoio a estes movimentos a partir de critérios eminentemente políticos e não economicistas, impulsionando a defesa dos direitos políticos e democráticos da tropa e rechaçando os movimentos de caráter reacionários como as greves policiais que reivindicam melhores salários para aperfeiçoar sua atuação na repressão aos explorados.
Para um deslocamento à esquerda da tropa em situações de extrema radicalidade da luta de classes, é necessário combinar as reivindicações democráticas de eleição de todos os oficiais, liberdade de circulação de literatura política nos quartéis, direito de sindicalização e de filiação partidária, etc. a uma propaganda que aponte para a destruição da casta militar de verdugos da burguesia em favor de um exército revolucionário dos trabalhadores. O trabalho de propaganda revolucionária no interior da tropa deve avançar, em uma etapa pré-revolucionária, para a formação de sindicatos vermelhos da suboficialidade, que tenha como objetivo estabelecer a aliança entre cabos, soldados e operários, quebrando completamente a cadeia hierárquica e as ordens do alto comando, a serviço da burguesia, sobre a tropa. Ao mesmo tempo, esta tarefa deve combinar-se com o armamento dos explorados, com a democratização da instrução militar e com a formação de milícias operárias, para que os trabalhadores possam desarmar, expropriar os capitalistas e destruir o Estado burguês e seus organismos de repressão, através da revolução proletária. O programa revolucionário luta por destruir as instituições do Estado burguês e não reformá-las ou democratizá-las como prega a esquerda reformista. Somente a construção de um autêntico partido revolucionário pode conduzir o proletariado à vitória contra a ditadura da burguesia e seu aparato repressor, fazendo ir pelos ares sua máquina de guerra assassina contra os explorados!
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