A América está em festa, orgulhosa, vingada e esperançosa com o justiçamento daquele que foi responsabilizado nos últimos anos por atentados contra os EUA, desde embaixadas a navios, tendo como principal ato a destruição das torres gêmeas de Nova Iorque. Bin Laden personificou o terror para as mentes norte-americanas.
Destruí-lo seria redimir a América da humilhação do único ataque sofrido no território continental em toda a história. A alegria dos jovens em frente à Casa Branca, em Times Square e no Ground Zero (onde havia o World Trade Center), nesse sentido, é justificável. Nas palavras do presidente Obama em pronunciamento ontem a noite, "a justiça está feita".
Bin Laden morto é a "parte boa" da história. Para infelicidade dos americanos e seus aliados, a Al Qaeda não é nem era Bin Laden: é uma rede ramificada por muitos países, e que certamente tem um "número 2" e toda uma sequencia de comando que agora se reassentará e dará continuidade à sua luta.
Com Bin Laden martirizado para os seus seguidores, novas ações terroristas, mais insanas ainda, poderão acontecer doravante. Resumir a Al Qaeda a Bin Laden é um erro primário. Assim como matar Sadam Hussein e achar que acabaria a guerra no Iraque. E tentar matar Kadafi e achar que assim resolveriam a situação na Líbia.
O presidente do Afeganistão, Amid Karzai, nem esperou o defunto esfriar e já acusou o Paquistão de esconder Bin Laden, afinal, ele estava numa propriedade de dois irmãos em Abbottabad, cidade próxima à capital Islamabad, onde existe uma academia militar a 1 km do local. Disse que o seu país foi submetido a uma guerra prolongada, na crença de Bin Laden estar escondido numa caverna afegã, insinuando que ele não estaria por lá há tempos.
Na TV as notícias fragmentadas sobre a operação militar mostram contradições. No discurso de Obama ontem à noite, foi dito que o governo paquistanês colaborou com a operação. Na BBC foi noticiado que as autoridades paquistanesas não sabiam de nada. Bin Laden teria recebido voz de prisão, mas acabou morto com um tiro na testa. Um helicóptero americano caiu, mas foi "falha mecânica".
Mesmo clamando vitória, Obama diz que a luta não acabou e mandou reforçar a segurança em potenciais alvos de terrorismo norte-americanos. Terminada a caça a Bin Laden, há desdobramentos que passam pelas próximas horas a outros de médio de longo prazo. Os talibãs, que combatem o governo afegão e tropas aliadas, disseram que Bin Laden é o martir número 1. Mesmo tendo divergências com setores do mundo islâmico, a profanação do seu cadáver poderá causar revoltas.
Do jeito que os americanos são, alguns adorariam vê-lo embalsamado e exposto no Ground Zero como um troféu de caça. Há informações que dizem que o corpo de Bin Laden foi "enterrado no mar", seguindo a tradição islâmica de enterro no mesmo dia da morte, e evitando o constrangimento de nenhum país quer o corpo ou mesmo de ter sua sepultura um local de adoração.
Se Obama faturou algo com a morte de Bin Laden e pode salvar sua reeleição com as repercussões, agora terá que enfrentar o clamor pela retirada das tropas americanas do Afeganistão e Iraque, pelo fechamento da prisão de Guantánamo, pelos cortes com gastos militares em troca de programas sociais, etc.
Aquela juventude vista na TV comemorando é potencial eleitora de Obama, e vai querer que enfrente o "complexo industrial militar" para parar as guerras em andamento. Quem sabe a solução para continuar alimentando com bilhões de dólares a indústria da guerra não seja o envolvimento em outras guerras? A Líbia é bem ali...
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