No pronunciamento de hoje sobre a estratégia norte-americana para o Oriente Médio, o presidente Barack Obama sugeriu que a solução para os conflitos na região seja a criação de um estado palestino desmilitarizado, com base nas fronteiras pré-67. Em outras palavras, Obama reconhece que Israel terá que desocupar todas as terras roubadas dos palestinos, onde foram assentados milhares de colonos ilegalmente.
A posição americana é um tapa na cara das pretensões da direita israelense, que quer liquidar os palestinos e tomar todos os seus territórios. O Brasil adotou posição igual há alguns meses e foi criticado pela direita tupiniquim. Argentina e diversos outros países têm alinhamento quanto à idéia de que não haverá paz na região sem a devolução dos territórios, e o consequente retorno de milhões de palestinos que estão no exílio. Na época, os americanos condenaram a atitude brasileira. Hoje mudam completamente e se alinham na tese da devolução de territórios ocupados por Israel.
O primeiro-ministro de Israel, Benyamin Netaniahu, protestou contra a idéia, que disse ser "indefensável". Ele pode vir a não pensar assim, caso os Estados Unidos comecem a retirar os bilhões de dólares que dão todos os anos para viabilizar Israel como base americana no Oriente Médio.
Parece que desta vez a estratégia americana tem coerência. Um dos maiores focos de ódio aos americanos no mundo árabe é o apoio, para não dizer submissão, a todos os desmandos de Israel. Bombardeiam, sustentam um imenso campo de concentração na Faixa de Gaza, tomam terras, matam os palestinos sem dó nem piedade, atacam os vizinhos quando querem, e ainda botam banca para cima dos EUA.
Pacificando a questão palestina, Obama sabe que pode reduzir a pressão na área, esvaziar o discurso da Al Qaeda e do Irã e melhorar sua imagem no mundo, fazendo justiça aos palestinos. Parece que o processo de reconhecimento do Estado Palestino está articulado entre o governo americano e ambas as facções palestinas - Fatah e Hamas. Há poucos dias ambas se reconciliaram, o Hamas reprimiu manifestações dos salafitas apoiando a Al Qaeda, e começou uma nova mobilização dos palestinos, a partir das fronteiras, denunciando o imperialismo israelense.
Netaniahu mandou matar civis desarmados, porque acha que nem os EUA, nem a ONU têm peito de encarar Israel. O discurso de Obama, às vésperas da sua ida aos Estados Unidos, parece uma réplica à desfeita que o governo israelense fez ao vice-presidente americano, que foi lá negociar a pacificação e, na véspera, Netanyahu liberou a construção de mais casas de israelenses nas terras palestinas. A empáfia do governo israelense é tão grande, que hoje, mesmo com o discurso de Obama, Israel autorizou construir mais 1500 casas em Jerusalém Ocidental, território palestino.
Pode ser que a coisa esteja começando a mudar. Tomara. Parece coincidência, mas desde que Obama ganhou um Manto Sagrado do Flamengo ficou muito macho. Matou Bin Laden e deu sumiço no corpo, quer acabar com subsídios às empresas de petróleo e agora encara Israel. O homem é candidatíssimo: à reeleição ou a um atentado.
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