O que era para ser um ato de liberdade de expressão a favor da descriminalização da maconha, virou uma pancadaria daquelas que a gente vê todo dia na TV em algum país árabe. A repressão foi assimétrica, mesmo porque as pessoas têm o direito de dizer que querem mudar uma lei. Se a manifestação fosse a favor do aborto, que é ilegal hoje, mas pode não ser amanhã porque as leis mudam ao sabor do desejo da sociedade, a polícia de Alckmin baixaria a porrada também?
Dois pesos, duas medidas. Ilegal é sair fumando maconha na rua. Ilegal é traficar na passeata. Ilegal é fazer a apologia, como nos anúncios de cigarro, associada a sucesso, ao esporte, ao charme. Defender um direito não é crime. Se vai mudar, é outra coisa. Em Porto Alegre aconteceu marcha similar, sem a repressão usual dos tucanos paulistas, que não têm pudor em baixar o cacete em trabalhadores ou em qualquer coisa que vá além dos limites que querem impor à sociedade.
Hoje sou contra mudar a legislação, que descriminaliza o usuário e é dura para o traficante. A liberalização ampliaria a base de pessoas dispostas a experimentar algum tipo de droga, mesmo de efeitos leves, e poderia sofrer o assédio dos traficantes para coisas mais pesadas, que continuariam na ilegalidade. A maconha é pesada e volumosa, tem rentabilidade menor que a cocaína, o ecstasy e as pedras. Para o traficante, correr risco por causa de maconha é contraproducente. Para eles, o melhor é andar no bolso com pouco volume de droga de alto retorno.
O uso de drogas poderia atingir proporções epidêmicas, condenando em especial a juventude, como os mortos-vivos que perambulam por aí dopados por crack e agora o oxi, muito mais letal. Mesmo contrário, respeito o direito dos que querem a flexibilização da lei quanto à maconha. Divergir é humano. Dar porrada em manifestação pacífica, é coisa de governo tucano.
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