quarta-feira, 4 de maio de 2011

EUA : A barbárie contra o terror

Apesar da euforia com a "vitória" americana sobre o terror, simbolizada pelo assassinato de Bin Laden, e por mais cruéis que tenham sido os atentados cometidos a seu mando que levaram à morte milhares de inocentes, ainda vigem conceitos legais construídos ao longo de séculos de civilização.


Um deles é o conceito de cidadania de um país sobre seu território. Virou moda agora dizer que uma potência não reconhece mais o governo, mesmo tendo embaixada no país, e a partir daí bombardeia e arma oposições, a quem reconhece como legítimos representantes. Até o conceito de guerra mudou, escudando-se sob siglas de organizações como a OTAN. Quem está atacando a Líbia? A Itália? A França? Os EUA? Não... é a OTAN. Considerada a soberania Líbia, a quem Kadafi deveria declarar guerra para retaliar os ataques? A esse ente supranacional, a OTAN?

No ataque ao forte de Bin Laden, no Paquistão, o governo americano usou a mesma infâmia que sofreu dos japoneses em Pearl Harbour, quando atacaram primeiro e avisaram depois. O governo paquistanês foi completamente ignorado na ação. Como fica o congresso paquistanês, o presidente, o judiciário, depois que alguém chegou, atacou uma casa, matou gente e levou corpo e roubou documentos? De que adianta a filha de Bin Laden, que ficou no Paquistão, dizer à polícia que seu pai foi capturado e depois executado? A quem vão processar?

O pior é que pelo mundo afora houve manifestações de países aplaudindo a ação americana, mesmo passando por cima de direitos individuais e de soberanias. Por mais execrável que seja o criminoso Bin Laden, o fato de ser capturado vivo e assassinado sem direito a defesa reduz a "civilização" ocidental à barbárie do terror, ao olho por olho, dente por dente. Gravíssima foi a declaração conjunta da Comunidade Européia e da União Européia aplaudindo a ação americana, mesmo usando tortura e assassinato como métodos.

Por que mataram Bin Laden, que foi um importante colaborador norte-americano na guerrilha anti-soviética no Afeganistão, e cuja família teve importantes negócios com a família de Bush e outros importantes capitalistas americanos? Era um arquivo vivo, já que na Al Qaeda sua importância era menor? Nada disso importa, quando o interesse é eleitoral. Nisso tudo, o grande vencedor foi Barack Obama. Mesmo que haja outros atentados, o fato que fica para a história é que ele foi o presidente americano que matou o principal inimigo da América, numa ética de faroeste.

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