domingo, 13 de março de 2011

Tunísia : revolução ou atraso?

Para mim, revolução é quando se substituiu um modo de produção por outro mais democrático, e quando a sociedade derruba estruturas para construir um modelo mais justo, igualitário. A partir dessas considerações, não considero nenhuma das revoltas árabes, até aqui, revoluções.


No Egito tudo continua igual, sem Mubarak. No Omã, o sultão "concedeu" poderes legislativos ao parlamento, sem mudar nada. Na Arábia Saudita estão dando um esmolão ao povo, sem alterações. Na Líbia, as oposições não conseguiram mudar nada, e podem ser aniquiladas, mesmo assim ninguém sabe o que viria com a queda de Kadafi. Na Tunísia, a primeira pedra do dominó a cair, agora as mulheres vão às ruas exigir a separação da religião em relação ao estado, quando for feita a nova constituição.

Grupos religiosos querem o retrocesso, instituindo um estado clerical na Tunísia. Apesar da ditadura substituída pelos militares, a Tunísia gozava de liberdades nos moldes ocidentais, assim como o Irã antes dos aiatolás. Agora que a poeira está assentando, as disputas entre os grupos que se uniram para ir às ruas podem se aprofundar. O fundamentalismo religioso é um dos riscos aos direitos das mulheres. Fazer uma revolta lado a lado com os homens para depois ter que botar chador e ficar em casa cuidando de criança é revolução? Aqui pelo Brasil há quem considere que todo mundo que se coloca contra ditadores é "revolucionário".

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