Desde a crise de 2008, quando a Vale tomou a dianteira de demitir funcionários e fechar unidades, enquanto o governo Lula insistia com todo o setor privado que seria hora de investir para manter empregos, renda e evitar participar da recessão mundial, começou o atrito com o atual presidente da empresa, com declarações de descontentamento do presidente. A saída do executivo, a partir da assembléia de acionistas daqui a alguns dias, é o fechamento desse desgaste. Possivelmente o Bradesco indicará o novo executivo, pois se associou ao governo na mudança, e de socialista não tem nada: o negócio terá que dar lucro, com algumas condições. E banqueiro topa isso porque gosta de ganhar dinheiro na moleza.
Em 1997 o governo FHC praticamente doou através de privatização os 27% de capital da empresa que o governo federal detinha por apenas US$ 3,3 bi, levando em consideração apenas a avaliação da infra-estrutura, sem levar em conta o potencial das imensas jazidas que detinha. Sem se submeter à capacidade de investimento do governo, a Vale, privatizada, passou a investir em aquisições de empresas de mineração, ampliando seu tamanho nos últimos anos. Mesmo assim, comparada à Petrobrás, que continuou empresa de economia mista, teve desempenho inferior em valorização de 1997 a 2007.
O fato político é que a sociedade brasileira não engoliu essa doação de FHC. O valor pago pelo mercado equivalia a 3 anos de lucros. Os minérios, que tiveram imensa valorização em especial em 2005 e 2006, foram desconsiderados no valor para venda, e a Vale detém as maiores jazidas do mundo que só deverão se esgotar nos próximos 400 anos. Através do BNDES e da PREVI (fundo de pensão dos funcionários do BB só no nome, porque quem manda é o Banco do Brasil), o governo Lula pressionou pela saída de Agnelli. Agora, com Dilma, a pressão chegou ao ponto de conseguir a sua saída.
A Vale deve R$ 4 bi em royalties ao governo mineiro, mas não paga. Paradoxalmente, o senador Aécio Neves (PSDB), de Minas, foi à tribuna do senado defender Agnelli, mesmo com o calote...
A saída do executivo não significa reprivatização, como diz a mídia. Mas no pacote que derrubou Agnelli, e o Bradesco topou, deve estar a preocupação maior com o Brasil. A Vale não investiu em siderurgia, estando o país praticamente no mesmo patamar da época da privatização. Enquanto isso, a China, maior compradora da Vale, se tornou a maior produtora siderúrgica do mundo. Lula criticava essa venda de minério sem valor agregado.
Com Agnelli, a Vale passou a comprar navios no exterior, desprezando a capacidade dos estaleiros nacionais. A gota d'água foi o "downsizing" com demissões e fechamentos de unidades em meio à crise. Que o novo executivo tenha um pouco mais de consciência da intolerância do país com o capitalismo predatório praticado na sua gestão na Vale. O recado do governo Dilma é claro: o desenvolvimento do Brasil deve ser levado em consideração no modelo de negócio da Vale, que deverá continuar lucrando como qualquer empresa capitalista, de forma menos predatória.
As riquezas brasileiras não podem ser fonte de lucro exclusivamente aos que detém as concessões de lavras. Quem encheu os bolsos com o lucro fácil e privilegiado da Vale que se reprograme para tempos de menor rentabilidade, apesar de muito grande ainda.
O governo assaltou a PREVI agora vai aparelhar e utilizar politicamente a VALE e você defende o governo.
ResponderExcluirAmigo! joga só num time! Passe p/ time do governo, não fique enganando.