quarta-feira, 9 de março de 2011

VLT : cidades precisam de trens



Incrivelmente, gasta-se fortunas em soluções viárias nas grandes cidades para privilegiar automóveis e ônibus no Brasil, ao invés de adotar o modal de transportes sobre trilhos para oferecer transporte seguro, barato, pontual e sustentável às grandes massas de pessoas.


Na privatização da malha ferroviária perdeu-se a chance de tentar reverter o erro de matriz de transportes que vem da década de 50, quando a construção de rodovias, de custo por quilômetro mais barato, acabou privilegiando o transporte de grandes cargas por caminhões.

Até hoje pagamos caro por esse erro. Nas grandes cidades, o custo por quilômetro de metrô subterrâneo é muito alto. Uma solução eficiente, bem mais barata, é o VLT - Veículo Leve sobre Trilhos - que pode transitar pelo meio das cidades diretamente no solo. Podem ser elétricos ou a diesel, e se diferenciam dos bondes tradicionais por terem vias de uso exclusivo, não disputando com os veículos nas ruas, a não ser nos cruzamentos, como mostram as fotos de Berlim (Alexanderplatz) e Buenos Aires (Puerto Madero)

No Brasil, a melhor notícia vem da região do Cariri, no Ceará, onde há um ano está operando um VLT entre as cidades de Juazeiro do Norte e Crato, num percurso de 13 km. Os vagões foram fabricados na cidade de Barbalha, que fica próxima às outras duas, e já há encomendas de outras cidades.

No mais, há o VLT de Brasília, começado na gestão corrupta de Arruda, que está parado porque o Ministério Público mandou refazer a licitação por verificar vícios no contrato.

No Rio, ao invés de optar pelo VLT, será feito para a Copa / Olimpíadas o Corredor Transcarioca, ligando a Penha à Barra da Tijuca, com 28 km de extensão e 37 estações, demandando a desapropriação de mais de 3.800 imóveis. A obra está orçada em R$ 790 milhões, sendo 95% de recursos federais, mas não usará veículos sobre trilhos, mas ônibus articulados do tipo B
RT (Bus Rapid Transit), perdendo a oportunidade de ter um sistema mais eficiente.

No interior de Minas Gerais, na cidade de Poços de Caldas, chama a atenção do turista uma via suspensa que passa por toda a cidade, às margens do principal rio que a banha, que serviu por pouco tempo a um transporte por trem monotrilho elétrico, suspenso por alegações de falta de segurança e hoje com problemas estruturais, tendo alguns trechos desabado por cheias do rio. Hoje a estrutura serve de suporte a jardins com trepadeiras e bougainviles, um desperdício absurdo, com o povo pagando ônibus caros (duas últimas fotos).

De um lado, o "lobby" das empresas de ônibus, que manda em prefeituras de diversas cidades, impondo preços altos de passagens sem contrapartida de transporte de qualidade. De outro, a falta de planejamento de transportes, levando a soluções imediatistas mais baratas a curto prazo. Fora isso, a malha de trens suburbanos sucateada nas privatizações, como é o caso da Supervia, no Rio. Falta alguém de pulso firme para botar o sistema de transportes nos trilhos.

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