Uma boa notícia: a renda do brasileiro cresceu a ponto de ter havido, em 2010, mais viagens por avião que de ônibus interestaduais. Foram 66 milhões de viagens. Nos primeiros meses de 2011, o crescimento já é de 10% sobre os mesmos meses do ano passado. De 2002 a 2010 o número de passageiros de ônibus cresceu 115%, enquanto o de passageiros de ônibus caiu 31%.
A notícia ruim é que a estrutura aeroportuária não aguenta isso, e a preocupação de hoje não é a Copa nem a Olimpíada, que pode trazer menos de 1 milhão de estrangeiros: é com a capacidade de atender esse crescimento de demanda dos próprios brasileiros. De tanta incompetência dos atuais órgãos para prover infra-estrutura ao setor aeroportuário, e fugindo ao modelo privatista, a presidente Dilma Roussef há poucos dias a Secretaria de Aviação Civil, com status de ministério. Tomara que não seja mais um nicho de incompetência e que desenrole o nó da infra-estrutura aeroportuária.
Na última semana, o aeroporto internacional Marechal Cunha Machado, de São Luiz (MA) passou a fazer embarques e desembarques em tendas na área externa, pois está em obras e há ameaça do forro do saguão desabar. Talvez se o aeroporto de São Luiz tivesse o nome de algum Sarney fosse mais bem cuidado.
É comum haver confusão na gestão dos terminais, fazendo a "gincana aeroportuária". No sábado passado, cheguei ao aeroporto de Congonhas (SP) para uma conexão tendo no bilhete a informação de embarcar no portão 8. Enquanto me dirigia ao local, vi no painel de embarques que o embarque seria no portão 7. Como o aeroporto é grande, até chegar ao local o serviço de som informava que o embarque seria no portão 6...
Esse não foi um fato isolado. É comum estar nas salas de embarque e ver a romaria de pessoas correndo de um lado a outro porque tudo mudou em cima da hora. A segurança é incipiente em relação aos padrões internacionais, e quando tivermos eventos internacionais haverá uma grande burocratização dos procedimentos, podendo estabelecer um novo tipo de caos nos aeroportos.
Pelo menos, melhorou bastante o controle do overbooking (venda de passagens acima da capacidade dos aviões) e da pontualidade dos vôos. Pelo menos é o que tenho visto nas minhas viagens, uma amostra pequena demais para uma boa estatística.
Em 2007 a nata da elite tentou dar um golpe em Lula por conta do "caos aéreo", quando muito menos gente viajava. Criaram o movimento "Cansei" em cima da tragédia de um avião da TAM que caiu em Congonhas por falha humana. Não convenceram nem os próprios ricos. Talvez estivessem antevendo um futuro de partilhar os espaços antigamente exclusivos para os VIP com as classes C e D que agora dominam o espaço aéreo.
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