sábado, 14 de abril de 2012

Cachoeira : Mídia força por CPI da Delta com Agnello como pivô

Nos últimos 4 ou 5 dias o Jornal Nacional publicou uma série de trechos de escutas telefônicas vazadas da Polícia Federal onde tenta implicar o governo do DF, do petista Agnello Queiroz, com o esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Até aqui o que se divulgou foram tentativas do tal Dadá forçar a barra para o governo do DF atender pleitos da empreiteira Delta, que tem um contrato de coleta de lixo com o DF anterior à posse de Agnello.

Até aqui não há nada conclusivo, apesar da Globo sempre insistir que "analista da PF identificou Agnello como participante do esquema". A indução à culpa de Agnello vem da prorrogação do contrato de coleta de lixo pedida por ela ao governador anterior, na forma de "prorrogação de todos os contratos essenciais", porque o DF, ao final do governo-tampão de Rogerio Rosso, estava coberto de lixo, com matagais cobrindo  as quadras, um quadro de caos que levou meses para ser contornado. O contrato já vinha do governador Arruda, do DEM, cassado por corrupção.

Como a Veja está sem moral para fazer "denúncias", por estar até os cabelos envolvida no esquema Demóstenes / Cachoeira, a bola da vez para fazer o jogo sujo é a Globo. Ela faz as "denúncias" e os outros repercutem. O Estadão de hoje é categórico: "Agnello intercedeu a favor da Delta pedindo prorrogação de contratos". A própria matéria dá a dimensão do que foi pedido por Agnello, para evitar o colapso da cidade no início do seu mandato:

"BRASÍLIA - O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), intercedeu em favor da construtora Delta, suspeita de ligação com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, antes mesmo de tomar posse. Em ofício ao então governador Rogério Rosso (PMDB), protocolado em 15 de dezembro de 2010, o petista, na condição de eleito, pediu a prorrogação de todos os contratos essenciais, entre os quais os do lixo, com vencimentos previstos até 2011."...


Nada contra Agnello ser investigado. Todos os suspeitos devem responder pelas eventuais participações no esquema. O que se tenta fazer, agora, é jogar a CPI do Cachoeira nos peitos do PT, como forma de evitar que seja usada para vingança do escândalo do Mensalão. O Estadão deixa claro o recado, criando uma "crise" entre Dilma, Lula e o PT, na matéria em destaque no site "Dilma pede a Lula cautela com CPI do Cachoeira por reflexos no governo". Tenta-se pautar a relação do governo com o PT,  e colocar a Delta como pivô dos escândalos, reduzindo a importância de Cachoeira, Demóstenes, VEJA e outros para quem se quer encobrir. Todo tipo de chantagem será feito agora contra a CPI e seus participantes, sejam do PT ou da base aliada.


Nunca houve um momento tão bom para uma faxina na política. Dilma tem 77% de aprovação popular, e se descolou das acusações que pairam sobre o PT desde o mensalão. Pode ter uma posição discreta, e deixar a CPI rolar fazendo vítimas, mesmo que algumas do campo aliado. No final, os maiores derrotados seriam aqueles que roubam o país há mais de 500 anos. Ela poderia lavar as mãos, deixando tudo rolar, inclusive no julgamento do Mensalão, porque o povo acha que ela não tem nada a ver com isso. 

O desespero bate à porta da grande mídia. A superexposição da Globo agora é um sintoma disso, ao assumir o papel de algoz do governo e não mais de caudatária da Veja no seu jornalismo de encomenda. Quanto mais rápido o caso Cachoeira for abafado, melhor para eles, pois o DEM e o PSDB fritarão por meses, mesmo com a grande mídia favorável a eles. Já vimos no caso do livro "Privataria Tucana" como foi o comportamento vergonhoso dos meios de comunicação, ao simplesmente negar a existência da publicação. Agora virá chumbo muito mais grosso, porque não é só o DEM que está no canto da parede.  Vai virar guerra. 

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