Uma das reclamações dos banqueiros e pretexto furado para manter juros altos é que o governo criou o Cadastro Positivo de bons pagadores, e até aqui não regulamentou a sua operacionalização. O governo quer que haja concorrência entre os operadores dos bancos de dados. Os bancos estão preocupados com a sua responsabilidade solidária pelo sigilo dos dados. Querem a certificação do banco de dados. O assunto será definido nos próximos dias pelo governo.
O interessado em ter seu cadastro disponível para verificação de crédito para obter menores taxas a partir do seu histórico de pontualidade em pagamentos deverá autorizar a sua inclusão. Ninguém poderá ser compulsoriamente colocado no banco de dados. Na prática, bancos que trabalham fortemente em clientela de alto padrão já têm seus próprios cadastros positivos, e diferenciam juros para os melhores pagadores, pelo menor risco que apresentam.
Para o tomador de crédito, ficam algumas questões: ao fazer um crediário oferecido por financeira numa loja, o cliente terá juros diferenciados por ser bom pagador? Ou pagará o preço em "x vezes sem juros" como mentem os varejistas por já ter colocado no preço à vista o valor presente do fluxo do financiamento igual aos maus pagadores? Deveria haver diferenciação, ou então no mesmo saco continuariam sendo colocados bons e maus pagadores, garantindo sobrelucros apesar de eventual inadiplência.
Esse tipo de cadastro também não tem finalidade para quem tem condições de pagar à vista com desconto. Como o comércio varejista ganha muito dinheiro financiando a juros mais escorchantes que os bancários os seus cliente, não tem interesse em dar descontos para pagamento à vista, obrigando essa clientela a entrar na compra a prazo por ser menos desvantajosa , mas não a mais adequada.
Como o Brasil é um país onde investigações em sigilo vazam para imprensa, sigilo bancário a toda hora é quebrado, grampeia-se telefones de todo mundo e vende-se bancos de dados selecionados para spammers, telemarketings e golpistas, acreditar na guarda criteriosa desses dados é uma temeridade.
Se hoje a gente recebe diariamente e-mails e telefonemas de ofertas e golpes onde o mensageiro apresenta seus dados criminosamente, sem o menor pudor, imaginem o que será se as pessoas voluntariamente se dispuserem a mostrar os motivos pelos quais mereceria crédito mais barato, ou seja, abrisse sua situação patrimonial para terceiros.
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