terça-feira, 31 de julho de 2012

Mídia manipula reivindicações da greve dos caminhoneiros

A cobertura midiática da greve dos caminhoneiros parece querer fazer crer que os trabalhadores estão insatisfeitos com a Lei 12.619 / 2012 que alterou a CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, e regulou a jornada de trabalho dos motoristas profissionais. Por que os trabalhadores estariam contra um avanço trabalhista?  Parece não fazer muito sentido, mas é isso que nos empurram nas TVs, jornais e Internet.

O que há de verdade por trás dessa versão midiática? A União Nacional dos Caminhoneiros, que se define como representante de motoristas autônomos, foi contra a jornada de protestos convocada pelo  Movimento União Brasil Caminhoneiro para o dia 25 de julho, que vem paralisando o transporte de cargas em diversas estradas. Eles são a favor da lei,  assim como a MUBC, que na pauta de reivindicações do site (vide abaixo) fala em "- Prorrogação da vigência da Lei nº 12619/12 por 365 dias." 

A questão oculta é o sistema de pagamento de cartas-fretes, que sonegava impostos e forçava a informalidade. O mercado de fretes mobiliza R$ 60 bi por ano, e a sonegação fazia parte do modelo de negócio, e até hoje escraviza os motoristas e os obriga a jornadas exaustivas, uso de drogas e causa muitos acidentes. Na pauta do MUBC as outras reivindicações , todas contra a regulamentação do setor, são:
- Revogação da Resolução nº 3056/09 de 12/03/09 e suas alterações; 
- Revogação da Nota Técnica nº 02 de 05/03/11; 
- Revogação da Resolução nº 3658/11; 
- Cancelamento de todos os RNTRC realizados; 
- Revisão de todos os Postos Credenciados para continuar operando o RNTRC; 
- Criação de serviço de conferência e fiscalização permanente dos RNTRC realizados; 
- Elaboração de novas regras e normas, rigorosamente de acordo com as legislações pertinentes, em substituição as Resoluções n os 3056/09 e 3658/11; 

Já a UNICAM diz que tais reivindicações são um retrocesso:
"Os pleitos de mais de dez anos da Classe dos Transportadores Autônomos de Cargas foram recentemente atendidos pela regulamentação da atividade por intermédio da Lei nº 11.442/2007, do Registro Nacional do Transportador Rodoviário de Cargos (RNTRC) – regulamentado pela Resolução/ANTT nº 3.056/2009, da Lei do Vale-Pedágio – Lei nº 10.209/2001, do Pagamento Eletrônico de Frete (que acabou com a Carta-Frete) – regulamentado pela Resolução/ANTT nº 3.658/2011 e, recentemente, da Lei nº 12.619/2012 (que regulamentou o Tempo de Direção do Motorista Profissional, através da Resolução/CONTRAN nº 405/2012). "

Por falta de informações fidedignas, e com base apenas no que se escreve nos sites, esse movimento parece ser instrumentalizado por operadores de fretes que querem a desregulamentação do setor, fazendo dos motoristas reféns através de ameaças de piores condições de salário com a obrigação, pela lei trabalhista, de contratar mais motoristas. Nessa briga os trabalhadores acabam reivindicando aumento nos fretes, dos quais não se beneficiarão, e fim da legislação que os protege. Está mais para locaute (greve patronal) que para greve legítima dos trabalhadores. Seguem os documentos da MUBC e da UNICAM:
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MANIFESTAÇÃO NACIONAL DOS TRANSPORTADORES DE CARGASDATA: 25/07/2012 (DIA DE SÃO CRISTÓVÃO)
HORÁRIO: A PARTIR DA ZERO HORA
O MUBC está sendo contatado por Sindicatos de Transporte de Cargas de várias regiões do país, dando conta das profundas dificuldades atualmente enfrentadas pelos transportadores, com tendências até mesmo de inviabilizar suas atividades.
Os problemas envolvem motoristas autônomos, empregados e comissionados, empresas de transporte e cooperativas de transporte de cargas, e estão concentradas basicamente em duas questões: VALOR DO FRETE e CARTÃO FRETE. O VALOR DO FRETE, que na maioria dos casos não cobre nem os custos de manutenção dos veículos, é vítima da adulteração feita pela ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, no texto da Lei nº 11442/07 (direito adquirido), ao substituir a cláusula: “... ETC – Empresa de Transporte de Carga, que tenha no transporte rodoviário de cargas a sua ATIVIDADE PRINCIPAL...”, por “... ETC – Empresa de Transporte de Carga, que tenha no transporte rodoviário de carga, ATIVIDADE ECONÔMICA...”. Essa mudança na legislação propiciou o acesso ilegal ao RNTRC da ANTT a mais de 600 mil veículos de cargas, de todas as especialidades, e provocou absurda concorrência desleal no mercado dos fretes – regido pela lei da oferta e da procura – culminando com os valores atualmente estabelecidos pelos embarcadores, aos quais o transporte rodoviário é hoje totalmente subordinado e dominado. Vale lembrar que o BAIXO VALOR DO FRETE é a causa de todo esse submundo que atinge o setor: Baixos salários pagos aos motoristas, frota envelhecida, excesso de peso, valor absurdo de pedágio, custo do óleo diesel, jornada de trabalho, arrebite, tributação, rodovias esburacadas, acidentes, mortes e principalmente falta de respeito para com os transportadores por parte dos governos, legisladores, políticos, embarcadores de cargas (que não abrem mão do total domínio que possuem), resultando também daí o tal CARTÃO FRETE. O CARTÃO FRETE – parte integrante da Resolução nº 3.658 da ANTT, instrumento inconstitucional e arbitrário, chegou para comprometer de vez o futuro de empresas de transporte, de transportadores autônomos e de cooperativas de transporte de cargas. Já se tem notícias vindas de várias partes do Brasil, da recusa de embarcadores de cargas (controladores das regras) em contratar autônomos e empresas, devido as regras do CARTÃO FRETE, que em breve estará sendo estendido de maneira geral porque é norma estabelecida e já está havendo fiscalização e aplicação de multas pela ANTT. Essas mesmas regras estabelecem outros verdadeiros absurdos, como por exemplo: Cooperados ou agregados de cooperativa somente poderão prestar serviços exclusivamente para as cooperativas em que estiverem vinculados, impõem carga horária não compatível com o VALOR DO FRETE, define horários e quilometragem sem disponibilizar áreas de descanso nas rodovias, proíbe o recebimento do frete em dinheiro ou cheque, transforma a atividade do autônomo e empresas no único setor comercial brasileiro controlado e autuado com todo rigor pelo fisco tributário. Por quê? Senhores,
Parece claro que o futuro do pequeno e médio transportador tende a se extinguir.
Resta lutar pela nossa sobrevivência, sem contar com a ajuda de ninguém.
Precisamos conhecer, com urgência, qual é a situação aí na sua região.
É preciso que cada profissional, cada empresa, cada cooperativa, entenda a gravidade da situação e se posicione. O Movimento União Brasil Caminhoneiro está pronto a contribuir porém, não vai chegar a lugar nenhum se não houver a participação de todos, sem exceção. Existe em andamento, em algumas regiões do país, a articulação de uma mobilização nacional, visando realizar manifestação dos transportadores em todas as rodovias brasileiras, a partir da zero hora do próximo dia 25 de julho de 2012 – Dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, com o objetivo de cobrar correções da ANTT. Pedimos que nos informe, com urgência, quais são as chances de participação dos profissionais, empresas e cooperativas aí da sua região. Saudações a todos,
Nélio Botelho
MOVIMENTO UNIÃO BRASIL CAMINHONEIRO
www.uniaobrasilcaminhoneiro.org.br
(21) 2471-2202 / 3448-9090 

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31/07/2012 - UNICAM NÃO ADERE A MANIFESTAÇÃO NACIONAL DOS TRANSPORTADORES DE CARGAS PROGRAMADA PARA O DIA DE SÃO CRISTÓVÃO (25/07/2012)

Reivindicações representariam um retrocesso frente a conquistas recentemente obtidas no setor

A União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam) não irá aderir à greve dos transportadores de carga organizada pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro, uma vez que a manifestação não representa os interesses dos Transportadores Autônomos de Cargas do Brasil.

“A  chamada manifestação nacional dos transportadores de cargas poderá prejudicar todo o trabalho que vem sendo realizado por aqueles que desejam realmente melhores condições de trabalho e dignidade em sua atividade”, afirma o presidente da Unicam José Araújo “China” da Silva.

Os pleitos de mais de dez anos da Classe dos Transportadores Autônomos de Cargas foram recentemente atendidos pela regulamentação da atividade por intermédio da Lei nº 11.442/2007, do Registro Nacional do Transportador Rodoviário de Cargos (RNTRC) – regulamentado pela Resolução/ANTT nº 3.056/2009, da Lei do Vale-Pedágio – Lei nº 10.209/2001, do Pagamento Eletrônico de Frete (que acabou com a Carta-Frete) – regulamentado pela Resolução/ANTT nº 3.658/2011 e, recentemente, da Lei nº 12.619/2012 (que regulamentou o Tempo de Direção do Motorista Profissional, através da Resolução/CONTRAN nº 405/2012). 

Assim, muitas dessas conquistas estão sendo criticadas na pauta das reivindicações do Movimento União Brasil Caminhoneiro, e complementa China  “que a adesão a esta paralisação do dia 25 seria um retrocesso para a categoria, já que o Governo têm se mostrado sensível aos pleitos do setor e está disposto a atender as nossas propostas de mudanças através de negociação, devendo em breve fazer os ajustes necessários nas novas regulamentações para dar melhores condições de trabalho aos transportadores de cargas”.


Fonte:Imprensa UNICAM

domingo, 29 de julho de 2012

O GLOBO : Um novo saco para o velho lixo

Começou mal a nova roupagem gráfica do jornal carioca O GLOBO : Mais da metade do primeiro caderno dedicada a julgar e condenar todos os envolvidos no Mensalão do PT. Facilitar ao leitor a visibilidade dos tipos gráficos sem alterar o conteúdo ruim de panfleto de propaganda direitista é jogar dinheiro fora e não fugir ao inexorável fim da imprensa escrita, que alguns prevêem para 2024.

Criou-se a expectativa de renovação na propaganda do novo projeto editorial, mas basta abrir o jornal para ter a sensação de que o lixo jornalístico ganhou apenas um novo saco. Começar um "novo tempo" com a declaração de guerra política aos inimigos do PT, a Lula, tentando respingar nas eleições e em Dilma, não foi a melhor opção. 

Dilma ataca direito de greve


Em meio a uma estranha aliança da mídia golpista com o governo contra as greves de professores e servidores, o Decreto 7777 é uma medida autoritária e inconstitucional que afeta o direito de greve. Até a CUT , linha auxiliar do governo, condenou a medida. Dilma foi longe demais.
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http://altamiroborges.blogspot.com.br/2012/07/o-decreto-antigreve-do-gov...

O decreto antigreve do governo Dilma
Diante da ampliação da greve dos servidores públicos federais, que já dura mais de um mês e paralisa 25 categorias, o governo Dilma Rousseff apelou para o pior caminho. Baixou o Decreto 7.777, publicado no Diário Oficial da União nesta quarta-feira (25), que prevê a substituição dos grevistas dos órgãos federais por trabalhadores das redes públicas estaduais e municipais. A medida gerou imediata reação das centrais sindicais, que criticaram a postura antidemocrática do Palácio do Planalto.
CUT e CTB criticam a medida
Em nota oficial, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que representa a maior parte das categorias em greve, repudiou a guinada autoritária do governo. “Esta inflexão do decreto governamental nos deixa extremamente preocupados. Reprimir manifestações legítimas é aplicar o projeto que nós derrotamos nas urnas. Para resolver conflitos, o caminho é o diálogo, a negociação e o acordo. Sem isso, a greve é a única saída”, afirma a nota.
Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), também foi incisivo na crítica à iniciativa: “O centro deste decreto é a tentativa de mobilizar fura-greves contra os funcionários públicos… Esta é uma atitude antissindical, cujo objetivo é procurar trabalhadores substitutos aos grevistas para esvaziar suas lutas e, jogando trabalhador contra trabalhador, enfraquecer seu movimento. O governo age, desta forma, como um patrão capitalista”.
Precedente perigoso e inconstitucional
Pelo decreto, os ministros e os supervisores de órgãos públicos federais são orientados a garantir o funcionamento dos serviços nas áreas atingidas pela greve. A norma orienta a realização de parcerias com governos estaduais e municipais para substituir os grevistas temporariamente – até o fim da paralisação. A medida coloca em risco, inclusive, determinados serviços prestados à população, como na vigilância sanitária e na fiscalização das fronteiras, dos portos e dos aeroportos.
Além de abrir um precedente perigoso contra qualquer paralisação no setor público, o decreto fere o próprio princípio constitucional, que garante o direito de greve aos trabalhadores. Para manter a maldição do superávit primário, nome fantasia da reserva de caixa dos banqueiros, o governo Dilma rompe o processo de diálogo, mostra-se inflexível na negociação e apela para a intimidação e para o uso de fura-greves. Um absurdo, que cobrará o preço do desgaste político.

sábado, 28 de julho de 2012

Gilmar Mendes na folha de pagamento do Mensalão tucano

Deve ter começado o inferno astral do Partido da Imprensa Golpista e dos seus colaboradores. Depois da denúncia de ligação entre o assassinato de uma  modelo com o esquema de desvio de dinheiro da CEMIG para políticos tucanos e aliados, agora aparece a lista onde o juiz Gilmar Mendes aparece como beneficiário de uma boa grana desse esquema.
http://www.jb.com.br/informe-jb/noticias/2012/07/27/revista-mostra-registros-de-pagamento-a-gilmar-mendes-pelo-mensalao-do-psdb/

MG : Mensalão tucano pode envolver assassinato de modelo

Denúncia pesada da Record de Minas joga no colo dos tucanos o cadáver de uma modelo assassinada em Belo Horizonte. Segue o link
http://www.conversaafiada.com.br/video/2012/07/28/bomba-o-mensalao-tucano-e-a-modelo-assassinada/

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Olimpíada de Londres : Record humilha a Globo

Juro que iria escrever sobre a festa de abertura da Olimpíada de Londres até ver o Jornal Nacional hoje. Eis que William Bonner fala do evento mostrando fotos da Getty Images, sem nenhuma animação, absolutamente nada. O repórter que estava em Londres parecia aquele povo das emissoras sem direito de imagem do Carnaval, que fica entrevistando pseudo-celebridades na concentração da Sapucaí. Bonner estava muito pouco à vontade. Olhava para a mesa, para o lado, até a humilhação final: comunicou que a Globo cumpria as determinações do Comitê Olímpico para quem não detém os direitos de imagem. A Record teve seu dia de Nina, e a Globo, de Carminha.

Vi toda a cobertura na Record e achei que a festa foi menos impressionante que a da Olimpíada de Pequim. Houve inovações interessantes, como os dispositivos de LED colocados nos assentos, sincronizados para fazer animações gráficas por computador. Outra grande inovação foi a pira olímpica, composta de 204 tochas, cada uma representando um país, fechando-se como uma flor. Muito bonita e original. Os shows também foram interessantes, com Paul Mc Cartney encerrando a festa. Produção cinematográfica. Acho que no Rio será possível fazer coisa melhor ou igual.

Uma curiosidade: na hora que a bandeira olímpica foi carregada por 8 pessoas, eis que apareceu Marina Silva segurando uma beirada. O anunciante foi citando um a um as pessoas e suas instituiçõe. Na vez de Marina, simplesmente falou "Marina Silva". Virou figurante? Dilma estava por lá inaugurando a Casa Brasil, promovendo a Olimpíada de 2016. Será que arranjou essa boquinha para a amiga?

Brasil : Pedágio é o mais caro do mundo e não se justifica

Mais um triste recorde brasileiro. As estradas pedagiadas aqui são bem inferiores às do exterior. Não é à toa que os caminhoneiros estão protestando com paralisações também contra esse abuso. A pesquisa é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Enquanto isso, em São Paulo, em 2012 já são mais de R$ 3,8 bilhões arrecadados. Veja no Pedagiômetro.
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http://www.radioagencianp.com.br/10736-Ped%C3%A1gio-no%20Brasil-mais-caro-do-mundo-e-pre%C3%A7o-n%C3%A3o-se-justifica-afirma-pea%20


Pedágio no Brasil é o mais caro do mundo e preço não se justifica, afirma Ipea

Os brasileiros pagam em média R$ 9,04 a cada 100 quilômetros.  Já o valor internacional fica em R$ 8,80 pelo mesmo trecho.  Os dados são da do relatório Rodovias brasileiras: Investimentos, concessões e tarifas de pedágio, divulgado pelo Ipea.
(1’49” / 428 Kb) -O preço do pedágio no Brasil é o mais caro do mundo. Os brasileiros pagam em média R$ 9,04 a cada 100 quilômetros.  Já o valor internacional fica em R$ 8,80 pelo mesmo trecho.  Os dados são da do relatório "Rodovias brasileiras: Investimentos, concessões e tarifas de pedágio" que foi divulgado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
De acordo o coordenador de Infraestrutura Econômica da Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset) do Ipea, Carlos Campos, o valor elevado não se justifica. Ele compara a forma de concessão das rodovias brasileiras com as internacionais para explicar o valor abusivo cobrado no Brasil.
“Na experiência internacional a empresa que ganha a concessão do governo tem que construir uma rodovia nova. Isso rebate na tarifa, que fica mais alta. Porém, no Brasil a experiência é diferente. Aqui o governo transfere para o setor privado a rodovia pronta. Como os investimentos das empresas são menores, as tarifas também deveriam ser, mas isso não acontece.  Isso mostra que as tarifas no Brasil realmente estão elevadas.”
A média de tarifa nos estados é de R$ 10,87. Para circular nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro ainda é mais caro. Os paulistas pagam R$ 12,76 e os cariocas R$ 12,93, que são os preços mais altos no país.
O documento também apontou que o investimento do governo federal nas rodovias brasileiras é baixo. Apenas 0,4% do PIB brasileiro é investido na melhoria da malha rodoviária.
De São Paulo, da Radioagência NP, Danilo Augusto.
24/04/12

"Lucro Brasil" encarece de carro a Big Mac

Uma coisa é proteger a indústria nacional da concorrência predatória da China e da apreciação do Real diante do Dólar. Outra é garantir os empregos da indústria com reduções de impostos em troca de não haver demissões, e estimular o consumo com financiamentos. Outra é o governo ceder à chantagem dos oligopólios industriais, que querem manter altas margens de lucro através de concessões e subsídios às custas dos contribuintes.

Até 31 de agosto está em vigor a redução de IPI para automóveis, e já há crédito mais barato para a compra de veículos. O câmbio, que de flutuante só tem o conceito, está parando nos R$ 2, favorecendo as exportações e encarecendo as importações. O acordo com os setores favorecidos é para que empregos sejam mantidos. Mesmo assim, a fábrica da GM de São José dos Campos pode fechar as portas. E assim acontece toda vez que as montadoras querem mais do governo: ameaçam com demissões, e o movimento sindical acaba manipulado pelos patrões para exigir das autoridades mais e mais vantagens às empresas.

Temos os carros mais caros do mundo, e não é pela carga tributária: existe o chamado "Lucro Brasil", ou seja, o oligopólio consegue condições excepcionais para manter elevadas margens de lucro.  Hoje foi divulgado que temos o 4o mais caro sanduíche Big Mac do mundo.  Alguém diria que o sanduba não é algo indispensável e que a tal comparação não tem nada a ver, sem saber que os economistas criaram o "Indice Big Mac" para comparar o poder aquisitivo das moedas. Na confecção do sanduíche estão envolvidas diversas cadeias produtivas, e o seu custo final indicaria mais sobre o padrão de vida dos países que as taxas de câmbio oficiais. Como o sanduíche é rigorosamente igual em todo o mundo, a comparação é válida.

O mais caro é o da Venezuela, custando US$ 7.92 e o mais barato é o de Hong Kong, na China (US$ 2.13). Por que no Brasil, onde está o maior rebanho bovino do mundo, um sanduíche de carne custaria US$ 4.94, enquanto em mais um país dos BRICs, a Rússia, está por US$ 2.29? Será que o índice estaria refletindo a realidade cambial, ou mostrando um desvio provocado pelo "Lucro Brasil" no setor concentrado de "fast food"? Temos salários bem menores que os dos americanos e europeus, somos fornecedores de alimentos para o mundo, então por que no Japão, onde um quilo de carne custa uma fortuna,  o produto custa US$ 4.09? Não venham com aquele papo surrado de alta carga tributária que não cola. 

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Rio : Parque Estadual do Grajaú é boa opção de lazer

O Grajaú é um dos poucos bairros cariocas que tem um símbolo na paisagem. Assim como a Urca tem o Pão de Açúcar, a Gávea tem a pedra de mesmo nome, o Leblon tem o Morro Dois Irmãos, o Grajaú tem o onipresente Pico do Papagaio, como todos chamam, ou Perdido do Andaraí, nome geográfico da pedra. Fica no Parque Estadual do Grajaú. Para chegar lá, pega-se a principal entrada do bairro, a Av. Eng. Richard, contorna-se a praça Edmundo Rego e se continua pela mesma rua até o fim, que é a Rua Comendador Martinelli. Pegando à direita, depois à esquerda e seguindo até o fim chega-se ao portão principal do Parque.

Na base da pedra há diversos matacões, pedregulhos que se desprenderam do Pico pela erosão, que servem para o aprendizado de alpinismo, com os seis graus de escalada mais a negativa. Há mesas para piqueniques e amplos espaços para brincadeiras com bola, além de um parque com brinquedos para crianças. Quando estive ontem lá o único bebedouro liberado ao público estava quebrado. Há boa infra-estrutura de banheiros, e as coisas são organizadas e limpas.

Uma das alternativas para o visitante é a subida ao topo do Pico, seguindo-se uma boa trilha que começa no prédio da administração até uma calha de águas pluviais, onde se deve entrar e subir para a esquerda até a base da Pedra, e daí subindo até o fim, onde começa uma nova trilha que passa por uma área de replantio e vai até o divisor de águas do morro. Ali se chega com facilidade até um trecho de uns 20 metros onde é necessária a escalada, que não é recomendada para crianças nem para pessoas que tenham problema de pânico. De preferência é bom ir com um guia que suba e jogue uma corda para fazer a segurança dos demais e ajude na escalada da fenda.

Num dia claro é possível ver toda a Baía de Guanabara, a Serra dos Órgãos, onde está o pico Dedo de Deus, parte da zona norte (Grajaú, Tijuca, Maracanã) e do centro, Ponte Rio-Niterói, zona portuária, etc. No topo do morro se encontra uma outra trilha que contorna o Pico por uma outra vertente, passando por trás da pedra e saindo nas ruínas da casa do Barão de Bom Retiro. Pelo caminho há quedas d'água, inclusive uma bela cachoeira.


 Esse parque foi criado após a retirada de uma favela que existia na base do Pico até a década de 70. Atravessar a comunidade era obrigatório para quem quisesse ir ao cume da pedra. Como o solo da encosta é instável, houve deslizamento de barreiras que serviram de pretexto para a remoção das pessoas e barracos. Desde então se tenta reflorestar a encosta, com muita dificuldade, porque na falta de vegetação de grande porte o capim colonião ocupa tudo, e é facilmente incendiável por combustão espontânea nas épocas secas do ano. O trabalho está avançando, e agora há um projeto patrocinado pela Petrobrás que deve dar resultado, pois além do replantio de mudas de espécies da Mata Atlântica há a retirada sistemática do capim, evitando o risco de incêndio.


No topo do morro há uma cerca que separa o Parque da Floresta da Tijuca. O que enfeia a paisagem é a passagem de linhas de transmissão de Furnas, com torres metálicas elevadas e fiações que comprometem as fotos. 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Itaú : Enfim, lucros de bancos caem!

Sintomática a queda do lucro do Itaú no segundo semestre de 2012. Atribuem o resultado pior que o do mesmo período do ano passado a problemas com inadimplência na carteira de financiamento de veículos, que isso seria um problema pontual e todas essas coisas que se diz para fidelizar acionistas.

O fato é que o lucro foi de R$ 6,73 bi, uma queda de 5,65% em relação ao mesmo período do ano passado, e a rentabilidade está em estratosféricos 18,96%, coisa que poucos negócios lícitos no mundo conseguem. Apesar da inadimplência começar a cair, o Itaú é um caso especial por ter seletividade de clientes, trabalhando com segmentos de maior renda numa proporção bem maior que Banco do Brasil ou Bradesco.

O banco alega começar a fazer ajustamento, reduzindo riscos em algumas carteiras, esperando voltar no ano que vem aos obscenos 23% de margem que tinha nos últimos anos. Fica difícil acreditar nisso, se considerarmos que num certo momento a concorrência entra bancos começará a acontecer e os juros cairão. Ou acreditam muito no poder de oligopólio dos banqueiros impondo-se sobre o governo para frear a queda da SELIC e o esforço para redução de juros no varejo. 

terça-feira, 24 de julho de 2012

Rio : UPPs perdem moral e bandidos voltam

Como toda novidade, as Unidades de Polícia Pacificadora surpreenderam o crime organizado e levaram um tempo para serem assimiladas como um fato novo dentro das comunidades que dominavam. Desde a implantação, o resultado imediato foi o desarmamento, e com ele a redução dos soldados do tráfico, que migraram para outras comunidades, ficando o tráfico de baixa visibilidade. Por um tempo as populações sujeitas ao comando criminoso respiraram aliviadas, e até acreditaram que a vida seria normal a partir dali.

Mais de dois anos se passaram e a cooptação de policiais pelo crime permitiu o retorno de criminosos a algumas comunidades. Há uns dois meses houve um tiroteio num morro em Santa Teresa onde o principal da notícia foi o envolvimento de policiais com traficantes. O número de roubos subiu bastante nos últimos meses em áreas teoricamente pacificadas. No meu bairro, Grajaú, na semana passada houve um assassinato em frente a uma creche, e já se notam pelas ruas grupos de adolescentes provocando moradores de forma ameaçadora, como nos tempos do domínio do tráfico.

Hoje os jornais estampam a morte de uma policial na UPP do Complexo do Alemão. A primeira morte. A bala usada atravessou o colete, ou seja, era armamento pesado ainda presente no local. Ou retornando? A Secretaria de Segurança tem que reforçar o trabalho das UPPs para obrigar a tolerência zero com o tráfico, fechando as pequenas bocas e botando todo mundo em cana. Se o usuário consegue chegar a uma comunidade e comprar sua droga "normalmente", por que a polícia não localiza os criminosos e acaba de vez com tudo isso? Se continuar a permissividade, o crime voltará com tudo. 

Flamengo : Dorival é remédio para a crise?

O novo técnico do Mengão tem nome de remédio mas talvez não seja o terapêutico mais adequado para uma crise que se instalou no clube desde antes da saída de Ronaldo R10. Mais uma vez a endêmica falta de disciplina na casa da mãe Patrícia prevaleceu, desestimulou o time, o técnico, a torcida e agora a solução adotada foi a mais simples: cortar a cabeça de Joel Santana, que ainda vai levar R$ 2 milhões de brinde pela rescisão.

Alguém pode até dizer que o torcedor rubro-negro reclama de barriga cheia, afinal, o time tem 15 pontos no campeonato, está em 10° lugar e o até agora líder Atlético Mineiro, que vive a fase de encantamento com R10 que antecede o ódio, tem 25 pontos. Tem muito time grande passando sufoco, e a gente aqui reclamando, não parece exagero? Não, não é. Quem torce pelo Flamengo não aceita que o time de maior torcida do mundo fique patinando em campeonatos, com jogadores bons sendo desperdiçados e verdadeiros pernas-de-pau jogando como titulares.

Ainda tem muito campeonato pela frente. Ajustando o rumo agora dá para disputar a cabeça, enquanto se faz aquisições ou se aplica os recursos da casa, como o plantel das divisões de base. Está faltando um Flamengo de verdade nesse campeonato. Por ora, o melhor foi botar o Joel para fora mesmo, porque o seu desestímulo jamais levantaria a equipe de novo, mesmo com bons jogadores. 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

GOLPE : Nota fiscal Eletrônica n° 09240


Mais um golpe fácil de ser identificado, começando pelo "Fwd" no título, indicando que já foi replicado e veio bater no teu e-mail por acaso. No campo do remetente "De", havia o e-mail da própria pessoa que recebeu, igual ao do "Para", ou seja, quem mandou só tinha conhecimento de um e-mail e mais nenhuma informação da potencial vítima. O link sob o texto abaixo em azul é http://lince.in/wxy, que não cliquei mas para quem o fizer deverá abrir as portas do computador para a implantação de vírus que podem fazer de tudo, inclusive roubar senhas. 


Como a curiosidade matou o gato, tem gente que se impressiona com o texto que fala de um possível débito bem sucedido, mesmo não sabendo o que é essa tal empresa nem o tal pagamento, e acaba clicando para "baixar o arquivo" sugerido.  Aí vai a íntegra do golpe:

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Fwd: Eletrônica nº 09240.



Mensagem original
De: 
Para: 
Assunto: Eletrônica nº 09240.
Enviada: 22/07/2012 02:16

Em anexo Nota Fiscal Eletrônica nº 09240.
Segue em Anexo Nota Fiscal Eletrônica de Serviço nº. 09240, emitida em Junho/2012.
 Este arquivo deve ser armazenado.
NF-E- Emitida.PDF 
 5111210361097000111550010000528421000006632-ProcNfe.PDF 
Prezado Cliente(a)
Segue em anexo a cópia da NOTA FISCAL em PDF onde está a relação dos pedidos e demais detalhes de pagamento.
Informamos que o valor foi debitado com sucesso!
Qualquer dúvida em relação aos pedidos entrar em contato conosco que explicaremos!
J.A. Elétrica LTDA agradece a preferência!

Atenciosamente,
Camila C. Silva
Setor Financeiro.
J.A. Elétrica LTDA.

Globo : Contra greve vale até encher a bola do PT, Lula e Dilma

A manchete de capa do jornal carioca O Globo de hoje é um primor de contradição: "PT pagou o dobro da inflação a servidores". Isso destacado por um meio de comunicação inimigo mortal do PT, de Lula e Dilma seria digno até de alguém comentar que o jornalão teria virado casada. A notícia vai mais fundo ainda no enchimento de bola, já que o funcionalismo ficou 8 anos sem reajuste com FHC, o queridinho da mídia global:

"Entre 2003 e 2011, com Lula e Dilma no Planalto, quase todas as categorias tiveram aumentos"

Em qualquer lugar do mundo uma notícia dessas encheria de orgulho os eleitores de Lula e Dilma, porque teriam contribuído para a melhoria de vida de trabalhadores. O que quer O Globo, afinal?

Pensando numa meia-dúzia de direitistas que ainda leem o jornal, estão querendo com isso dizer que as greves do serviço público que estão aí há mais de 90 dias não têm sentido, o mesmo discurso do governo, que se nega a dar novos reajustes a não ser o que está na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Fortalece o discurso anti-greve, mesmo que tenham para isso que mostrar algo que esconderam durante todos esses anos, ou seja, que Lula e Dilma foram muito diferentes, embora insuficientes, na reposição das perdas salariais herdadas de FHC. Alguma cabeça vai rolar na Rua Irineu Marinho quando lerem direitinho essa manchete de capa. 

Record : Presidente do Ibope acusado de negócios suspeitos

Ontem à noite o programa Domingo Espetacular, da TV Record, dissecou o negócio de registro de alienação fiduciária de veículos, feito pela empresa Gravame, que foi de propriedade do presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro.

Toda vez que alguém compra um veículo financiado há um registro da alienação na Gravame. Para isso e para depois da quitação fazer a desalienação se paga taxas. Os dados dos proprietários dos veículos ficam em mãos privadas. O serviço, que a matéria afirma ser de natureza pública, é feito por empresa privada sem licitação. Essa empresa teria sido vendida a uma financeira por valor na base de R$ 2 bi.

Afirma a reportagem que, por causa disso, o Presidente do Ibope teria se tornado um dos homens mais ricos do Brasil. Também teriam vazado dados dos proprietários. Esse é o teor da denúncia. O video do programa (link abaixo) também tenta associar Montenegro à Rede Globo.
http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=446399

domingo, 22 de julho de 2012

Super-ladrões têm US$ 21 trilhões em paraísos fiscais

Enquanto o mundo está numa crise com exigências de sacrifícios das populações, que vão do desemprego à redução de salários e direitos, uma meia-dúzia de bandidos que exploram a todos esconde uma dinheirama em paraísos fiscais, fugindo de impostos e de processos por enriquecimento ilícito. No Brasil, o valor vai a R$ 1 tri. Cadê esses caras, que escondem 1/3 do PIB?

Cruzeiro X Flamengo : Humilhação ou milagre?

Acaba de começar o jogo em Minas. Aqui no Rio hoje não encontrei um só rubro-negro que acreditasse na possibilidade de voltar de Belo Horizonte sem uma goleada na mala. Na TV, vi o Joel Santana, técnico do Mengão, extremamente desanimado, falando até em deixar de ser técnico. Nos jornais e bocas vascaínas, botafoguenses e tricolores, só a gozação por nenhum jogador ter sido contratado. Prá completar, o patrocínio da TIM, que não dá sinal e está suspensa no Rio.

Quem não conhece o Flamengo pensa que está às vésperas de ver o time indo para a segundona. Quando chega perto do fundo do poço, a tradição é a do milagre, da reversão na raça, no poder do manto sagrado rubro-negro. Na falta de contratações, está sendo jogada a cartada na nova geração, dos jogadores criados em casa. Uma vitória hoje calaria todas as bocas. Uma coisa é certa: nesse jogo não vai ter empate. Ou é milagre, ou humilhação.


sábado, 21 de julho de 2012

CPI do Cachoeira : Cai assessora que fez video de sexo

Até agora a CPI do Cachoeira ainda não disse a que veio nem para onde vai. Começou com o bicheiro goiano e o senador Demóstenes Torres, o araponga Dadá e um repórter da VEJA enroscados uns com os outros num esquema poderoso de corrupção, grampos e dossiês falsos. Depois virou a CPI do Perillo, do Agnelo, do prefeito de Palmas. Avançou para a Delta, Paulo Preto, DNIT. No fim de tantas imoralidades, indecências e obscenidades com dinheiro público, tráfico de influências e desvio de recursos, quem acabou caindo foi uma assessora parlamentar do senador Ciro Nogueira, do PP-PI.

A advogada Denise Leitão acompanha o senador em todas as sessões, e é conhecida por ter um físico lapidado em academias e usar roupas justas. Do seu perfil no Facebook foram tiradas fotos na praia e publicadas no jornal Extra, o que teria desagradado o senador. Depois apareceu o video onde supostamente faz sexo com um funcionário do Senado. A advogada pode ser demitida da assessoria, e já teria um convite da revista Playboy para posar nua. Ela promete processar quem vazou o vídeo para a internet.

Logo veremos a CPI virando pizza, o julgamento do Mensalão inocentando gente cheia de culpa no cartório, e no fim das contas quem dança não tem nada a ver com o festival de indecências que assola a política brasileira. 

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Herrar é umano 0018 - Traduções literais em cardápios

No Rio de Janeiro a expressão "se está assim hoje, imagine na Copa..." está virando bordão quando se quer reclamar de qualquer coisa, mesmo que nada tenha a ver com os eventos esportivos. O cardápio da foto foi fotografado num restaurante em Ipanema, um dos maiores focos de turistas estrangeiros da cidade.

A intenção de traduzir para o inglês o cardápio foi louvável, mas o resultado certamente causaria estranheza pelos erros, como "limon" (lemon) e pelo surrealismo ("sparking mineral water" é "água mineral faiscante", o correto seria "sparkling", borbulhante).

Somente um gringo suicida pediria "mate", que literalmente foi traduzida como "assassine" (kill), quando o mais adequado seria "mate tea" ou chá mate, evitando a confusão com a tradução literal, que seria "mate" mesmo, mas que inglês também significa companheiro, o que poderia resultar em "kill" dependendo do machismo do cliente em caso de sugestão pelo garçom.

Brasil : Trabalho está mais decente

A notícia boa é que o trabalho mais decente, com direitos trabalhistas assegurados, cresceu desde a posse de Lula, coincidindo com a redução de 36% da miséria. A notícia ruim é que o Brasil tem condições trabalhistas tão degradadas que o que se chama de decente deixa muito a desejar ainda. Muitos desafios persistem. O relatório "Avanços nos indicadores de Trabalho Decente no Brasil " , da Organização Internacional do Trabalho, reproduzido abaixo, mostra essa evolução.
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http://www.oit.org.br/node/876


Avanços nos indicadores de Trabalho Decente no Brasil é tema de relatório inédito da OIT

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BRASÍLIA (Notícias da OIT) – O Brasil registrou avanços significativos em diversas áreas do trabalho decente nos anos recentes, mas ainda persistem inúmeros desafios. É o que constata o relatório “Perfil do Trabalho Decente no Brasil – Um Olhar sobre as Unidades da Federação”, que está sendo divulgado hoje (19) pelo Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil.
Os avanços se verificaram nas dez dimensões do trabalho decente analisadas pelo relatório: Oportunidades de Emprego; Rendimentos Adequados e Trabalho Produtivo; Jornada de Trabalho Decente; Combinação entre Trabalho, Vida Pessoal e Vida Familiar; Trabalho a ser Abolido; Estabilidade e Segurança no Trabalho; Igualdade de Oportunidades e de Tratamento no Emprego; Ambiente de Trabalho Seguro; Seguridade Social e Diálogo Social e Representação de Trabalhadores e Empregadores.).
Vários deles foram mais acentuados nas regiões mais pobres do país e em grupos em situação de maior desvantagem no mercado de trabalho, como as mulheres e os negros. Como resultado, diminuíram as desigualdades (de gênero, raça e entre as regiões do país), ainda que, em muitos indicadores, o nível dessa desigualdade ainda seja bastante elevado.
Essas são algumas das conclusões do estudo, que, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Censo Demográfico de 2010 e de outros registros administrativos e estatísticas oficiais, apresenta informações inéditas sobre as 27 Unidades da Federação do país
O relatório constitui a segunda edição do Perfil do Trabalho Decente no Brasil. Ele se refere predominantemente à segunda metade dos anos 2000, mas inclui também diversos indicadores para os anos de 2010 e 2011. Incorpora um conjunto muito mais amplo de indicadores do que os contemplados na primeira edição, lançada em 2009. Traz a novidade de desagregar pelas Unidades da Federação a maioria dos indicadores apresentados e de incluir um capítulo sobre as empresas e o trabalho decente. A apresentação dos dados por Unidade da Federação é inédita e pioneira no âmbito de um projeto piloto internacional da OIT, realizado com o apoio da União Europeia, que tem como objetivo avançar na mensuração do Trabalho Decente, abarcando dez países do mundo.

Além de apresentar informações importantes para aprofundar a análise sobre as diversas dimensões do Trabalho Decente e contribuir à definição e aperfeiçoamento de políticas em diversas áreas, o relatório visa contribuir para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da metodologia de medição do Trabalho Decente. Esse esforço metodológico “deverá ser aperfeiçoado em futuras edições deste relatório, por intermédio de novas contribuições oriundas de oficinas de consulta tripartite no âmbito da medição do Trabalho Decente”, afirma a Diretora do Escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo, no prefácio da publicação.

A elaboração do relatório foi precedida de um processo de consulta com os constituintes tripartites da OIT no País. Alguns dos seus principais resultados são os seguintes:
Alguns resultados importantes apresentados pelo  relatório:
 
Apesar da crise financeira internacional, o Brasil manteve a trajetória de declínio da taxa de desemprego 
 
A taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país, medida pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, que tinha alcançado 9,0% em março de 2009, em decorrência da crise econômica internacional, começou a recuar em abril e continuou diminuindo fortemente ao longo de 2009, atingindo 6,8% em dezembro e encerrando o ano com uma taxa média de 8,4% - ainda num patamar superior ao observado em 2008 (7,2%). Embora a taxa tenha subido outra vez no início de 2010, – uma vez que mais pessoas entraram no mercado de trabalho em busca de emprego – já em setembro de 2010 ela  havia caído para 6,2%,  bem abaixo do nível pré-crise (7,6% em setembro de 2008, aferido pela PME), encerrando-se 2010  com uma taxa média anual de 6,7%, a menor do período 2003/2010. Em 2011, essa trajetória foi mantida,  a taxa declinou para 6,0%.
 
O emprego formal cresceu de forma expressiva, sobretudo nas regiões mais pobres e com mercados de trabalho menos estruturados 
 
Entre 2003 e 2010 foram gerados no Brasil 15,38 milhões de postos formais de trabalho, configurando um aumento acumulado de +53,6% em um período de oito anos. A expansão do emprego formal se deu de forma generalizada em todas as cinco Grandes Regiões e 27 Unidades da Federação, sendo mais expressiva nas regiões mais pobres e caracterizadas por  mercados de trabalho menos estruturados, a exemplo das regiões Norte (+85,7%) e Nordeste (+64,9%).

Aumenta a Taxa de Formalidade, mas ainda persistem as desigualdades regionais e de gênero e de raça 

Em função do aumento do emprego formal e das políticas de inclusão previdenciária, a Taxa de Formalidade evoluiu de 48,4% para 50,6% entre 2004 e 2006, ano em que, pela primeira vez, mais da metade dos trabalhadores e trabalhadoras passou a ocupar um posto formal de trabalho. Essa tendência de crescimento se manteve durante os anos subsequentes e alcançou 54,3% no ano de 2009, não sendo nem sequer afetada pela crise financeira internacional. No entanto, mantinham-se importantes desigualdades regionais: a taxa de formalidade se aproximava aos 70,0% entre a população trabalhadora de São Paulo (69,1%), Distrito Federal (69,0%) e Santa Catarina (68,8%), mas era de apenas 25,9% no Piauí e de 29,9% no Maranhão.

A Taxa de Formalidade entre as mulheres (50,7%) era inferior  à observada entre os homens  (57,0%). E mesmo diante da expressiva evolução de 39,6% para 46,8% entre 2004 e 2009 – que contribuiu para a redução da desigualdade por cor ou raça - a taxa correspondente aos trabalhadores negros (46,8%) ainda era muito inferior à dos trabalhadores brancos (61,9%). Entre as mulheres negras, a taxa era de apenas 42,5%, ou seja, quase 20 pontos percentuais inferior à dos homens brancos.

Diminui  o emprego formal entre as pessoas com deficiência 

O número de vínculos empregatícios de pessoas com deficiência no mercado formal de trabalho diminuiu 12,3% entre 2007 e 2010 (de 348 mil para 306 mil). Nesse mesmo período, o número total de empregos formais aumentou em 17,3%. Em função dessas tendências opostas, a já ínfima participação de pessoas com deficiência no total do emprego formal diminuiu de 0,9% para 0,7% no período. – Entre as unidades federativas, essa participação variava de 0,4% no Acre, Rondônia e Roraima até o máximo de 0,9% no Distrito Federal, Maranhão e Pernambuco.

A importância dos rendimentos oriundos do trabalho na renda familiar 
 
No Brasil, segundo os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009 do IBGE, cerca de 61,0% da renda familiar é proveniente do trabalho. Isso significa que grande parte dos rendimentos familiares e, por conseguinte, das condições de vida das pessoas, depende primordialmente dos rendimentos gerados no mercado de trabalho.
 
Os rendimentos do trabalho mantiveram a trajetória de crescimento e reduziram-se as disparidades de gênero e raça 

O rendimento médio real dos trabalhadores cresceu continuamente, passando de R$ 896 para R$ 1.071 entre 2004 e 2009, o que perfaz um aumento real de 19,5% em apenas cinco anos, não obstante a forte desaceleração econômica ocorrida em 2009, fruto da crise internacional. O aumento da remuneração laboral foi decorrente, sobretudo, dos seguintes fatores: a política de valorização do salário mínimo (entre abril de 2003 e janeiro de 2010, o aumento real acumulado do salário mínimo foi de 53,7%); a intensificação do processo de formalização das relações de trabalho, abrindo a oportunidade para uma parcela dos trabalhadores transitarem para uma inserção ocupacional protegida e de rendimentos mais elevados; o expressivo crescimento do percentual de acordos e negociações coletivas que estipulavam um reajuste real dos salários, no caso das categorias mais organizadas dos trabalhadores.

Entre 2004 e 2009, o aumento do rendimento médio das mulheres (21,6%) foi superior ao dos homens (19,4%). Em consequência, o percentual do rendimento recebido pelas mulheres em relação ao auferido pelos homens aumentou de 69,4% para 70,7%.    Também diminuiu, e em forma mais expressiva, o diferencial de renda entre trabalhadores brancos e negros: enquanto, em 2004, os negros recebiam cerca de 53,0% do rendimento dos brancos, em 2009 essa relação era de aproximadamente 58,0%. Isso se explica porque o rendimento médio real dos negros cresceu 29,8% no período (de R$ 607 para R$ 788), enquanto o dos brancos aumentou 18,3% (de R$ 1.143 para R$ 1.352). A redução dos diferenciais de rendimento, tanto em termos de sexo quanto de cor ou raça, foi bastante condicionada pelo processo de valorização real do salário mínimo, que aumenta mais expressivamente os rendimentos na base da pirâmide, na qual estão sobrerrepresentados as mulheres e os negros.

Diminui o trabalho infantil, mas sua incidência ainda é elevada em algumas unidades federativas

O número de crianças e adolescentes ocupados entre 5 e 17 anos de idade reduziu-se em 1,05 milhão entre 2004 e 2009, passando de 5,3 milhões para 4,2 milhões; em termos percentuais, a incidência do trabalho infantil e adolescente nesse grupo etário reduziu-se de 11,8% para 9,8%, passando a situar-se abaixo de dois dígitos a partir de 2009.

O trabalho infantil diminuiu em todos os grupos etários. Na faixa de 5 a 9 anos, a proporção de crianças ocupadas diminuiu de 1,4% para 0,8%.  Apesar desse declínio, um contingente de 123 mil meninos e meninas ainda estava trabalhando no ano de 2009. A região Nordeste abrigava 46,3% desse contingente (o correspondente a 57 mil crianças), seguida pelas regiões Sudeste (24 mil ou 19,5% do total) e Norte (20 mil ou 16,2% do total). Vale ressaltar que em algumas UFs, o trabalho infantil nessa faixa etária, era tão reduzido, que nem sequer apresentava significância amostral:   Roraima, Pará, Maranhão, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso desde 2004, e São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Sergipe e Tocantins desde 2009. Em se mantendo esta tendência de insignificância estatística até 2015, essa situação seria uma evidência da existência de importantes zonas livres de trabalho infantil nessa faixa etária, desde que se intensifiquem em oferta e qualidade as políticas públicas destinadas à proteção integral e à geração de oportunidades de trabalho decente para homens e mulheres, aliadas à oferta adequada de serviços e equipamentos que facilitem a conciliação entre o trabalho e as responsabilidades familiares.

A proporção de crianças de 10 a 13 anos que trabalhavam reduziu-se de 8,4% para 5,7% no mesmo  período. Na área rural, a redução foi extremamente significativa (quase de dez pontos percentuais) ao passar de 25,1% para 15,6%. Na área urbana, onde a incidência do trabalho nessa faixa etária é bem menor, também se registra um declínio, 4,2% para 3,4%.

Em 2009, o nível de ocupação das crianças e adolescentes de 10 a 17 anos de idade ainda era bastante elevado no Tocantins (24,2%), Rondônia (22,0%), Piauí (21,8%), Santa Catarina (21,6%) e Bahia (20,1%), situando-se inclusive bastante acima da média nacional (14,8%). No Piauí, também era bastante significativo o diferencial de incidência de trabalho infantil entre brancos (16,5%) e negros (23,4%).

Trabalho em condições análogas à escravidão
 
Entre 2008 e 2011, 13.841 trabalhadores foram resgatados de situações de trabalho análogo ao de escravo pelo Grupo Especial Móvel de Fiscalização. A região Centro-Oeste respondia pelo maior número de pessoas libertadas (3.592) nesse período (260% do total nacional). Quatro estados concentravam quase a metade (6.454 ou 46,6%) do total de pessoas libertadas: Pará (1.929 ou 13,9%), Goiás (1.848, ou 13,4%), Minas Gerais (1.578, ou 11,4%) e Mato Grosso (1.099, ou 7,9%).  Segundo os dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais do IBGE, em 2009, um contingente de 897 municípios brasileiros (16,1% do total) possuía políticas ou ações de combate ao trabalho forçado. A existência desse tipo de política ou ação era significativamente mais frequente entre os municípios das regiões Nordeste (24,7% do total) e Norte (21,6%) comparativamente às demais regiões: Sudeste (9,4%), Sul (10,4%) e Centro-Oeste (16,3%).


Apenas 1,6% dos adolescentes de 14 e 15 anos de idade que estavam trabalhando o faziam em situação de aprendizagem 
 
Em 2009, 1,15 milhão de adolescentes de 14 e 15 anos de idade estava trabalhando no país, o que correspondia a 16,1% do total de pessoas nessa faixa etária. Destes, apenas 18,6 mil (ou 1,6% do total) era contratado como aprendiz de acordo com a Lei de Aprendizagem. Tal percentual era ainda menor nas regiões Nordeste (0,3%) e Norte (0,7%), exatamente naquelas em que se observavam elevadas proporções de crianças e adolescentes ocupados nessa faixa etária: 20,4% e 17,4%, respectivamente. Tocantins, Ceará e Bahia, estados nos quais a proporção de adolescentes de 14 e 15 anos trabalhando era superior à média nacional (28,3%, 24,0% e 23,4%, respectivamente), figuravam entre aqueles com menores percentuais de aprendizes nessa faixa etária:  0,2%, 0,1% e 0,2%, respectivamente.

O desafio de erradicar o trabalho infantil doméstico 
 
Apesar de proibido no Brasil para menores de 18 anos desde 2008, o trabalho doméstico ainda é uma realidade na vida de crianças e adolescentes brasileiras/os. Em 2009, 363 mil meninos e meninas entre 10 e 17 anos encontravam-se nessa situação. Destes, 340 mil (93,6%) eram meninas e 233 mil (64,2%), meninas negras. Cinco estados respondiam pela metade do contingente de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil doméstico: Minas Gerais (53 mil ou 14,8% do total), São Paulo (39 mil ou 10,7%), Bahia (37 mil ou 10,2%), Ceará (27 mil ou 7,5%) e Paraná (21 mil ou 5,8% do total).

A taxa de desemprego juvenil continua elevada 
 
Seguindo uma tendência mundial, em 2009 a taxa de desemprego entre os jovens (15 a 24 anos de idade) era de 17,8%, sendo mais do que duas vezes superior à  taxa total de desemprego (8,4%). A taxa de desemprego das mulheres jovens (23,1%) era bastante superior à dos homens jovens (13,9%). Os níveis de desocupação dos/as jovens negros/as (18,8%) também eram mais elevados que o dos/as brancos/as (16,6%).  A desigualdade era ainda mais expressiva entre as jovens negras, cuja taxa de desocupação (25,3%) chegava a ser 12,2 pontos percentuais superior a dos jovens brancos do sexo masculino (13,1%).

O desemprego juvenil apresentava grande variabilidade ao longo do território nacional. As taxas variavam desde 9,8% no Piauí até 27,0% no Amapá, isto é, quase o triplo entre os extremos. Entre as mulheres jovens as maiores taxas se registravam no Amapá (34,9%) e Sergipe (29,8%).

O percentual de jovens que não estudam e nem estão ocupados no mercado de trabalho era elevado e variava significativamente por sexo e cor ou raça 
 
Em 2009, um expressivo contingente de 6,2 milhões de jovens (18,4% do total) não estudava nem trabalhava. A análise deste indicador segundo uma perspectiva de gênero revela que a proporção de mulheres adolescentes e jovens que não estudavam nem trabalhavam (24,8%) era o dobro da proporção de homens na mesma situação (12,1%). A porcentagem era ainda mais elevada entre a juventude negra (20,4%) em comparação com a branca (16,1%), sendo que alcançava 28,2% entre as jovens negras, o que significa que aproximadamente uma entre cada três jovens mulheres negras se encontrava nessa situação.

Em três estados a proporção de jovens que não estudavam nem trabalhavam situava-se em torno de 25,0%: Pernambuco (25,7%), Alagoas (25,0%) e Amapá (24,6%). As menores proporções eram observadas em Santa Catarina (11,0%) e Piauí (14,0%).
 
Aumenta a proporção de trabalhadores que contribuem para a previdência social 

No Brasil, a segunda metade da década de 2000 foi marcada por uma significativa expansão da proporção de trabalhadores e trabalhadoras ocupados/as que contribuem para a previdência social, sendo que, pela primeira vez, mais da metade da dos/as ocupados/as de 16 anos ou mais de idade passou a dispor da cobertura previdenciária. Essa proporção aumentou de 47,6% para 54,4% entre 2004 e 2009, perfazendo uma expansão de cerca de sete pontos percentuais em apenas cinco anos. Tal expansão esteve predominantemente associada ao crescimento do emprego formal e, em segundo lugar, às diversas iniciativas de estímulo à formalização das relações de trabalho.

A importância das transferências de renda no combate à pobreza 

As rendas provenientes do recebimento de benefícios previdenciários e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) retiravam da pobreza um contingente de 23,1 milhões de pessoas no Brasil em 2009, o que equivale a uma redução de 12,5 pontos percentuais (p.p.) na proporção de pessoas nessa situação. Em um conjunto de dez UFs essa redução era superior à média nacional, destacando-se Piauí (17,3 p.p.), Paraíba (15,4 p.p.) e Ceará (14,8 p.p.).

Diminui o percentual de trabalhadores pobres no país 

Entre 2004 e 2009, reduziu-se de 7,6% para 6,6% a proporção de trabalhadores pobres no país, ou seja, pessoas ocupadas que viviam em domicílios com rendimento domiciliar per capita mensal de até 1/4 do salário mínimo. A redução foi de 0,9 ponto percentual tanto entre os homens (de 7,9% para 7,0%) quanto entre as mulheres (de 7,1% para 6,2%). Tratando-se do atributo cor ou raça, o declínio da proporção de trabalhadores pobres foi maior entre a população ocupada negra (2,0 pontos percentuais) do que entre a branca (0,4 ponto percentual). Entretanto, em 2009, o percentual de trabalhadores pobres negros (9,8%) era quase que três vezes superior em comparação aos brancos (3,4%).

A redução da pobreza entre os trabalhadores e trabalhadoras esteve diretamente associada ao aumento real dos rendimentos do trabalho, sobretudo do salário mínimo, à ampliação da cobertura dos programas de transferência de renda e de previdência e assistência social – que contribuíram para o aumento do rendimento domiciliar – e ao  pelo incremento da ocupação, principalmente do emprego formal.

A situação das trabalhadoras domésticas: um dos núcleos duros do déficit de Trabalho Decente 

Apesar da expansão observada durante a segunda metade da década de 2000, a proporção de trabalhadoras domésticas com carteira de trabalha assinada era de apenas 28,6% no ano de 2009. Em nenhuma das 27 Unidades da Federação, o percentual de trabalhadoras domésticas com carteira assinada alcançava 40,0%, sendo que as maiores porcentagens eram observadas em São Paulo (38,9%), Santa Catarina (37,6%) e Distrito Federal (37,0%). Por sua vez, em quatro UFs, esse percentual era inferior a 10,0%: Amazonas (8,5%), Ceará (9,3%), Piauí (9,7%) e Maranhão (6,7%). Vale enfatizar que entre as trabalhadoras domésticas negras essa proporção era ainda menor, chegando a apenas 6,3% no caso do Maranhão.
 
Diminuem o número de acidentes e de óbitos por acidentes de trabalho, mas a incidência segue elevada em algumas unidades federativas 
 
O número de acidentes de trabalho registrados no país declinou de 756 mil em 2008 para 701 mil em 2010, o que significou uma redução de 7,2% em dois anos. Essa trajetória, assim como a intensidade dos acidentes do trabalho varia significativamente entre as Unidades da Federação. Em 17 das 27 UFs, diminui o número de acidentes de trabalho registrados entre 2008 e 2010, acompanhando a tendência nacional. Em decorrência da redução do número de acidentes de trabalho, a Taxa de Incidência de Acidentes do Trabalho, que era de aproximadamente 23,0 por mil vínculos empregatícios em 2008, declinou para 21,6 em 2009 e para 19,1 em 2010. Apesar da redução observada na maioria das UFs, a Taxa de Incidência de Acidentes do Trabalho ainda apresentava uma expressiva variabilidade em 2010, sendo ainda era bastante elevada em algumas UFs. A taxa mais alta do país foi registrada em Alagoas (30,2 para cada mil vínculos), sendo também significativamente elevada em Santa Catarina (26,3) e no Rio Grande do Sul (24,6). As menores taxas de incidência em 2010 eram verificadas em Roraima (9,3 por mil vínculos), Amapá (9,7), Tocantins (10,0) e Sergipe (10,9).

Também se observou uma redução de 3,7% dos óbitos decorrentes de acidentes de trabalho entre 2008 e 2010 (de 2.817 para 2.712). A Taxa de Mortalidade por acidentes do trabalho declinou em 21 das 27 UFs, tendo aumentado em Goiás, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Piauí. Mato Grosso, em que pese a contundente redução na taxa (de 25,2 para 17,7 óbitos por 100 mil vínculos) observada entre 2008 e 2010, apresentava a maior incidência do país de óbitos decorrentes de acidentes do trabalho. O Rio Grande do Norte (3,4), Distrito Federal e Rio de Janeiro (todos com uma taxa de 4,6 óbitos por 100 mil vínculos) apresentavam as menores taxas de mortalidade por acidentes.
 
Aumenta a média de anos de estudo dos trabalhadores e trabalhadoras

Entre 2004 e 2009, cresceu de 7,3 para 8,2 anos a média de anos de estudo da população ocupada. Entretanto, apenas no Distrito Federal essa média (10,3 anos) ultrapassava o patamar 10 anos. Em 15 das 27 unidades federativas, essa cifra nem sequer alcançava os oito anos de estudo, que corresponde ao ensino fundamental completo.

A grande maioria dos novos empregos formais demanda pelo menos o ensino médio completo 

Cerca de 90,0% dos novos empregos formais recentemente surgidos no país demandam pelo menos o ensino médio completo, enquanto que 40,0% dos trabalhadores que compõem a PEA nacional não possuem sequer ensino fundamental completo e 16,0% enquadravam-se na condição de analfabetos funcionais (tinham menos de quatro anos de estudo).
 
Educação profissional e diferenciais territoriais e de cor ou raça 

Segundo os dados da pesquisa suplementar da PNAD referentes ao ano de 2007, pouco menos de um quarto da população (22,4%) tinha passado por algum curso de educação profissional. Entre as Unidades da Federação, o percentual de pessoas que estava frequentando ou havia frequentado anteriormente algum curso de educação profissional variava de apenas 9,2% em Alagoas e 13,0% em Pernambuco até 33,7% no Distrito Federal.

Apesar de a proporção de pessoas que frequentavam ou haviam frequentado anteriormente cursos de educação profissional não apresentar significativas diferenças entre homens (22,0%) e mulheres (22,7%), essa diferença era significativa entre brancos (24,8%) e negros (19,8%) - da ordem de cinco pontos percentuais. Os diferenciais eram ainda mais significativos entre homens brancos (25,2%) e homens negros (18,9%), sendo também expressivo entre mulheres brancas (24,4%) e mulheres negras (20,7%), revelando a incidência da desigualdade racial no acesso à educação profissional.

Os estereótipos de gênero predominam nos cursos de qualificação profissional 

A análise da distribuição por sexo das pessoas que frequentavam ou frequentaram curso de qualificação profissional, segundo a área profissional do curso, é reveladora de estereótipos de gênero ainda vigentes na formação profissional e no mercado de trabalho. Entre as pessoas que frequentavam ou haviam frequentado curso na área da construção civil, 93,8% eram do sexo masculino e apenas 6,2% do sexo feminino. Na área da indústria e manutenção também se observava uma presença esmagadora dos homens (83,2%) em relação às mulheres (16,8%). Por outro lado, as mulheres predominavam de maneira bastante expressiva nos cursos considerados como “tipicamente femininos”: 91,0% em estética e imagem pessoal e 76,6% na área da saúde e bem estar social.
 
As barreiras ainda vigentes na intermediação da mão de obra 

Em 2010, 44,7% das vagas  oferecidas pelo Sistema Nacional de Emprego (SINE)  tinha como requisito o sexo masculino e 11,1% o sexo feminino; para 44,3% das vagas oferecidas não se fazia distinção de sexo, ou seja, elas  poderiam ser preenchidas indistintamente por homens ou mulheres. Considerando-se que os trabalhadores de cada sexo podem concorrer aos postos de trabalho cujo requisito é o seu próprio sexo ou àqueles nos quais esse requisito é indiferente (ou seja, que não exigem requisitos relacionados a esse atributo), constata-se que, enquanto os homens poderiam concorrer a 89,0% das vagas ofertadas, as mulheres poderiam disputar apenas 55,4% delas.

O conjunto dessas barreiras impostas pela exigência de requisito por sexo cria inúmeros obstáculos para que as mulheres possam ser encaminhadas para participar dos processos seletivos e, consequentemente, obter uma colocação no mercado de trabalho por intermédio do SINE. As informações de intermediação de mão de obra do SINE evidenciam o descompasso existente na participação percentual das mulheres entre as pessoas inscritas e colocadas (que conseguiram emprego). Nos anos de 2007 e 2010, as mulheres inscritas no SINE respondiam por praticamente a metade do número total (cerca de 46,7%) de inscritos. Entretanto, a participação percentual feminina entre o total de pessoas colocadas era bastante inferior – 36,2% em 2007 e 39,6% em 2010.

A dupla jornada feminina e as responsabilidades familiares 

Ao conjugarem-se as informações relativas às horas de trabalho dedicadas às tarefas domésticas e de cuidado com aquelas referentes à jornada exercida no mercado de trabalho, constata-se que, apesar da jornada semanal média das mulheres no mercado de trabalho ser inferior a dos homens (36,0 contra 43,4 horas), ao computar-se o tempo de trabalho dedicado aos afazeres domésticos (22,0 horas para elas e 9,5 para eles), a jornada média semanal total feminina alcançava 58,0 horas e ultrapassava em 5,0 horas a masculina (52,9 horas).

Trabalhadoras com filhos e acesso à creche 

No ano de 2009, 11,5% das mulheres ocupadas de 16 anos ou mais de idade tinham filhas e filhos de 0 a 3 anos de idade,  sendo que uma significativa proporção de 73,3% dessas crianças não frequentava creche. No Acre e no Amapá, que apresentavam os maiores percentuais de ocupadas com filhos menores – 20,0% e 16,4%, respectivamente – eram mais elevadas as proporções de filhos menores que não frequentavam creche (90,3% no Acre e 90,0% no Amapá).

Trabalhadoras que tiveram filhos e licença-maternidade 

No levantamento domiciliar de 2008, a PNAD investigou a ocorrência de filho nascido vivo durante o ano de referência da pesquisa. Com base nessa informação, constatava-se que 2,7% das trabalhadoras ocupadas tiveram filho. Entre as mães trabalhadoras que tiveram filhos, apenas a metade (50,5%) contribuía para a Previdência Social. Isso significa que metade das mães trabalhadoras não contribuía e, por conseguinte, não podia desfrutar da licença-maternidade.

Associada às desigualdades regionais e à precariedade dos mercados de trabalho locais, em diversas UFs a proporção de mães trabalhadoras que tiveram filho e que não contribuíam para a Previdência Social assumia proporções significativas: Piauí (81,5%), Espírito Santo (76,9%), Acre (76,3%), Bahia (70,6%) e Alagoas (70,4%). Os menores percentuais de mães trabalhadoras que não contribuíam eram observados no Rio de Janeiro (25,9%) e Distrito Federal (28,3%) – e ainda assim equivaliam a quase 1/3 do total das mães trabalhadoras.

O Estado do Piauí apresenta a maior taxa de trabalhadores e trabalhadoras sindicalizados/as 

A Taxa de Sindicalização apresentou relativa estabilidade no período analisado. Em 2009, girava em torno de 16,0%, sendo que a dos homens (19,1%) era maior que a das mulheres (16,9%), a dos trabalhadores brancos (19,6%) maior que a dos negros (16,7%) e dos residentes na zona rural (24,7%) maior que a dos trabalhadores urbanos (14,6%). Em2009, o Piauí era o Estado que apresentava a maior taxa de sindicalização do país (27,9%).

Aumenta significativamente a proporções de negociações coletivas que asseguraram aumentos reais de salário 

Uma parcela bastante expressiva das negociações coletivas no Brasil obtiveram reajustes reais de salário entre 2004 e 2010, sendo seu ápice alcançado neste último ano, quando quase 89,0% das negociações superaram o INPC. Entre 1996 e 2003, apenas por duas vezes essa proporção superou a casa dos 50,0%. Entre os setores de atividade, constata-se que, em 2010, 95,7% das negociações realizadas no comércio obtiveram reajustes salariais acima da inflação. Na indústria e no setor de serviços, por seu turno, tais percentuais atingiram 90,5% e 82,8%, respectivamente. Em comparação com o ano anterior, todos os setores assinalaram um avanço no número de negociações salariais com reajustes superiores à inflação.
 
A importância da empresas na geração de emprego 
 
Em 2009, as entidades empresariais ocupavam 70,2% de toda a mão de obra assalariada no país – o correspondente a 28,2 milhões de vínculos empregatícios, e eram responsáveis pelo pagamento de 61,1% de todo o volume de salários e outras remunerações (o equivalente a cerca de R$ 478 bilhões).

As Micro e Pequenas Empresas representavam 99,0% dos estabelecimentos formais no ano de 2010 e respondiam por 51,6% dos empregos privados não agrícolas formais do país e aproximadamente 40,0% da massa salarial. Por sua vez, as Médias e Grandes Empresas, por intermédio de 59,6 mil estabelecimentos, geravam 13,8 milhões de postos de trabalho e respondiam por 48,4% do contingente total de empregos privados não agrícolas formais do país.
A íntegra do estudo será disponibilizada brevemente no site da OIT.


19/07/2012

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Greves : Dilma começa a perder o controle social

Lula conseguiu ter 8 anos de movimento sindical praticamente pacificado. Não houve grandes greves no seu governo. O preço foi a descaracterização da CUT, principal central sindical, através da cooptação de lideranças com cargos e privilégios, além da afinidade dos petistas que a dirigem com a tarefa de não fragilizar o governo. Lula só foi atacado pela direita. Até o MST entrou no esquema.

Com Dilma o movimento sindical perdeu força no governo. Além disso, muitos anos de peleguismo causaram insatisfação na base das categorias, que logo começarão a depor essas lideranças corrompidas pelo governo. A prova está aí: greves e mais greves no setor público, de professores e funcionários das universidades federais a ministérios.

Não adianta vir com o discurso tecnocrático e não apresentar melhorias para as categorias, algumas delas com salários congelados há 3 anos. As propostas orçamentárias de reajuste contidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias não contemplam os funcionários e as greves continuam, algumas há mais de dois meses. Dilma, diferentemente de Lula, não tem o carisma nem o poder que ele tinha sobre os movimentos sociais. E agora não adianta tentar comprar as lideranças, porque todo mundo está vendo. 

ANATEL proíbe novos planos da TIM, Claro e OI

Precisou que os funcionários das agências reguladoras entrassem em greve para a ANATEL, enfim, mostrar serviço e punir a TIM, OI e Claro pelos péssimos serviços que prestam. Além de serem os mais caros do mundo, os serviços de telefonia e internet fornecidos por essas empresas são muito ruins. No meio da ligação o sinal cai, gerando outra ligação e nova cobrança; falta de sinal mesmo perto das antenas; atendimento ao cliente que não resolve nada; internet lenta e instável.

O que a ANATEL quer com isso? Por incrível que pareça, os motivos de proibir a venda de novos planos dessas operadoras em muitos estados é forçá-las a ter qualidade para no ano que vem ser implantado o sistema 4G e para os eventos esportivos que virão. Talvez se não fosse por isso tudo continuaria como está, com o cotidiano de reclamações e mais reclamações dos consumidores sem providências.

A medida da ANATEL vai durar até que as operadoras apresentem um plano de melhorias, ou seja, logo teremos o retorno à vendas de planos sem nenhuma ação concreta.

Cheguei ontem ao Rio e finalmente encontrei um lugar na casa onde o sinal 3G da TIM pega. Ontem já fiz ligação no celular que foi interrompida sem nenhum motivo. Meus amigos e parentes estão migrando para a Vivo, a única que sobrou das punições mas, mesmo assim, a ANATEL cobrou melhorias. Vou mandar logo este post antes que fique sem sinal. 

terça-feira, 17 de julho de 2012

Novo salário mínimo será de R$ 667,75

Hoje foi votada a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2013, prevendo que o salário mínimo terá reajuste de 7,35%, subindo em 1 de janeiro do próximo ano dos atuais R$ 622,00 para R$ 667,75. Com uma inflação estimada em 4,85% para este ano, o aumento real será de 3%.

O novo salário mínimo não é nenhuma maravilha, mas continua no ritmo de crescimento acima da inflação começado no governo Lula. Enquanto o mundo afunda com desemprego e perdas salariais, aqui os trabalhadores ainda têm aumento das suas receitas.