quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

GOLPE : Bradesco - Cartão de Chaves de Segurança

Mudam as figurinhas, o título e o banco, mas o formato de golpe é o mesmo: um e-mail pedindo para que clique num link para mandar seus dados, incluindo até senha, relativos a uma conta bancária, ameaçando cobrar uma quantia se não o fizer por meio da Internet (no caso, R$ 50,65) ou cortar algum tipo de serviço essencial. Golpe para roubar dados e depois limpar sua conta.

Segundo a Federação Brasileira dos Bancos - Febraban - os bancos não mandam e-mails sem autorização, portanto, ao receber qualquer correspondência dessa natureza, suspeite de imediato.

Como tenho a absoluta certeza de ser um golpe? Não sou cliente do Bradesco e recebi essa mensagem diretamente para o meu e-mail pessoal. Se você foi vítima disso e passou dados corra à agência e mude sua senha urgente. E reze para que os bandidos não tenham feito nada ainda com a sua conta. Eles costumam ser rápidos com isso. De qualquer forma, passe o anti-vírus atualizado porque podem deixar um vírus troiano (que coleta senhas e passa ao bandido) na sua máquina. 

MÍDIA BANDIDA 0073 : Como roubar R$ 88 bi da Petrobrás?

Com a publicação do resultado de R$ 3 bilhões de lucro no 3o trimestre de 2014, a mídia de oposição caiu de pau dizendo que esse resultado não leva em conta os R$ 88 bi, 78% do valor da Petrobrás, roubado pelos petralhas e outros a quem atribuem um descalabro inédito no Brasil, etc e tal.

Abusa-se do desconhecimento geral de contabilidade para afirmar essas sandices. Vamos para um exemplo claro: José é dono de uma padaria e seu irmão João é quem faz as compras. Só que esse irmão é um mau-caráter e ganha propina de 2% em cima da farinha, do leite, e apresenta a José as notas pagas para serem contabilizadas. O contador pega o que foi gasto, deduz do que foi vendido e daí sai o lucro. José considera o resultado bom e não desconfia de nada. Se o irmão não o roubasse, seu lucro seria maior. E assim se fez por anos. Aí se descobre a mutreta de João, que é afastado e José passa a prestar mais atenção nas compras. Seu lucro aumentou com essas medidas.

E se João, em vez de 2%, alguém dissesse ao dono que o irmão metia a mão em 50% sobre os insumos, e mesmo assim o lucro fosse satisfatório para José? Aí essa padaria seria um fenômeno. Ou então não eram 50%.

Desde que começaram as denúncias na Petrobrás que os controles se tornaram bem mais rígidos. A quadrilha atuava desde 1998, quando o presidente FHC afrouxou a lei de licitações para a Petrobrás e abriu a porta à roubalheira que se sucedeu. De lá para cá a Petrobrás nunca deu um resultado insatisfatório aos seus acionistas, sempre na média das outras empresas de petróleo do mundo. Que também têm seus problemas com cartéis de fornecedores. Os roubos eventualmente havidos reduziram os lucros apurados em todos esses anos e, aparentemente, não foram sentidos.

Porque a mídia oposicionista quer então que se some aos R$ 3 bi os R$ 88 bi que ela estima que tenham sido roubados ao longo do tempo, de uma vez só? Suponhamos que a Petrobrás aceitasse o argumento e dissesse: "é, fomos roubados, os acionistas deixaram de receber, então a gente vai pagar  isso e depois vai cobrar dos ladrões". É isso mesmo que estão propondo? Que a empresa fabrique um lucro fictício e se endivide para pagar lucros aos acionistas?

Voltando ao caso do José e João: ou a Petrobrás é um fenômeno de petroleira bem administrada a ponto de dar bons lucros durante quase 20 anos e ninguém sentir o roubo de R$ 88 bi, ou a quantia não é essa. Segundo a Petrobrás, as empreiteiras envolvidas receberam um total de R$ 188,4 bi pelas obras realizadas desde 2004. A uma base de 3%, que foi o percentual divulgado pelos corruptos presos, o valor estimado com propinas seria de R$ 5,8 bi.

O que a mídia bandida e o mercado igualmente bandido querem é que a Petrobrás dê prejuízo nos seus balanços a partir de manipulações contábeis. Um dos interesses é de poder publicar que "o governo do PT levou a Petrobrás ao buraco". O outro, acabar mesmo com a credibilidade da Petrobrás para facilitar o discurso da privatização. 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

GOLPE : "Rafa te enviou um voucher da Cacau Show"

Foto do e-mail falso pedindo para imprimir voucher malicioso
A bandidagem está se sofisticando. Quem é que não tem algum conhecido Rafa? Ou Bia? Ou Léo? Pois é, esse tipo de golpe fala de um "Vale Presente" para receber um panetone na rede de lojas Cacau Show.

Pede para imprimir um cupom onde estariam as informações de quem te enviou. O curioso vai lá e ... clica! Aí pode estar abrindo as portas do inferno, recebendo algum vírus malicioso do tipo que rouba senhas, etc. O endereço  tanto da foto como do link é
http://www.datahus.no/plugins/finder/content/cacau/?ValePresente_17586_17586_17586_17586_, endereço da Noruega que não tem nada a ver com a empresa brasileira.
Aviso sobre o e-mail falso no site da Cacau Show

Quem manda é sac.presentes@cacaushow.com.br, que é e-mail falso. Como é que sei? Porque a Cacau Show botou na sua página na internet que isso é uma corrente de e-mails falsos, como na foto.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Grécia : Partido anti-capitalista vence as eleições

Nesta segunda-feira o mundo olha para a Grécia, que elegeu o Syriza, partido anti-capitalista, com ampla margem de votação, nas eleições gerais. Se foi voto de protesto, pouco importa. O povo grego disse em alto e bom som "não" ao saque aos direitos sociais, salários, às privatizações e tudo que a Troika (FMI, Banco Central Europeu, Comunidade Européia) vêm impondo desde a crise de 2008 para pagar dívidas a banqueiros e, em especial, à Alemanha.
Grécia elege o primeiro partido anti-capitalista da história européia - US Uncut
A principal promessa do Syriza é uma negociação soberana da dívida, o que não é novidade. A Islândia fez isso e ainda botou banqueiros na cadeia. A mensagem que a Grécia manda para o mundo é : o povo não pode pagar as dívidas feitas pela elite que não o representa. A sensação hoje dos gregos é de expropriação. Atingiram aposentadorias, empregos públicos, rebaixaram salários, pararam a economia para sangrar dinheiro e mandá-lo aos bancos.

O que vem agora é a incógnita. Tem banqueiro até citando Lula para acalmar os mercados, dizendo que no Brasil os contratos foram respeitados e o bicho não é tão feio quanto parece. O Merryl Linch considera Alexis Tsipras, provável novo primeiro-ministro, um "Lula grego". Alguns que já ganharam muito além do capital emprestado já se preparam para renegociação. 

Ao meu ver, a Grécia está mais para a Argentina que para o Brasil. Lula não renegociou dívidas: simplesmente as pagou, como Dilma vem fazendo, sem negociação soberana. Isso é o que assusta o banqueiro e pode servir de exemplo para os movimentos populares por aqui. Ir às ruas exigir que não se pague essa bola de neve onde os juros em muitos casos já superam o capital. 

A Grécia faz história e abre caminho para outros países peitarem a exploração capitalista. Na semana passada, em Davos (Suíça), o Banco Central Europeu anunciou alívio no arrocho imposto aos países soltando dinheiro para comprar dívidas públicas. A primeira-ministra alemã Angela Merkel, sempre irredutível nos planos de arrocho e com grande poder sobre a Troika, já admite afrouxar o aperto sobre a Grécia

Merkel teme pela desintegração da Zona do Euro, onde tem grande domínio, ao mesmo tempo que insinua que a Grécia deverá sair dela. Pelo mesmo rumo poderão embarcar a Espanha, onde o novo partido Podemos é favorito às eleições deste ano, além de Itália, Portugal e outros. Merkel conta com o apoio do povo alemão, que reelegeu seu partido no ano passado. Por muitos passa a versão propagandística de estarem sustentando os "vagabundos gregos" e que eles têm mais é que sofrer para pagar as dívidas. 

Mais sobre o assunto no post "Alemanha domina a Europa pelo capital?" que escrevi há 3 anos a partir de observações em viagem à Europa. Naquele mesmo ano de 2012 a Grécia assustou os banqueiros com a ameaça de uma moratória no pagamento de dívidas, que postei em "Europa: Grécia pode fugir da armadilha do Euro" Um artigo interessante feito por observador europeu está em Razoes para ter esperanca no Syriza.



quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

SOS Seca São Paulo : As ações de emergência não podem esperar

A fase de disputa política acabou. São Paulo vive uma situação de racionamento e tem 4 meses de água à frente, insuficientes para chegar à temporada chuvosa de 2015/16 e sem nenhuma perspectiva de fim da seca. No Nordeste há houve secas de mais de 6 anos consecutivos, como a recente, que terminou no ano passado.

Nesses 4 meses será inviável concluir alguma obra de transposição, como a do reservatório da Represa Billings para o sistema Cantareira, que começou emergencialmente e deve ficar pronta em 2018. O comércio e a indústria já trabalham no limite de contingência e têm seus custos elevados com paliativos para continuar operando. Já dispensam funcionários, por não poderem mais operar na capacidade máxima.

Se os empresários já se preparam para o pior há alguns anos, a população deverá ser atingida em cheio pelo atraso do início do racionamento, que deveria ter acontecido há anos, e dos investimentos da Sabesp, que não foram feitos para a prioridade da distribuição de lucros.

Vamos esperar pelos 4 meses até o dia da seca final? Parece que o governo paulista vai nesse rumo. Além de não ter ouvido os apelos por providências desde 2004, continua insistindo numa normalidade que na prática não existe. Terá o governo paulista a qualidade necessária para tomar as providências que minimizem os fortes impactos que virão?

Acredito que não. E nesse esforço terão o apoio de mídia para afirmar categoricamente uma normalidade cuja negação salta aos olhos incrédulos de quem votou em Ackmin acreditando que não faltaria água.

Está na hora do governo federal tomar as iniciativas antes que São Paulo pare de vez. Desde paliativos para atenuar os efeitos da seca, coordenar ações de eventual evacuação, fornecer mais segurança em meio à possibilidade de saques por conta do desemprego e da incapacidade da economia funcionar, etc. Um SOS Seca São Paulo federal deve arrecadar a solidariedade de todo o país para salvar o seu estado mais populoso do sudeste, que abriga a principal economia do país.

Salvar vidas, manter o povo vivo até a solução da seca. No Nordeste, mesmo com a recente seca prolongada, a maior em 60 anos, a ação efetiva federal evitou o pior. Cisternas, cestas de alimentos, carros-pipas, programas sociais, enfim, o acolhimento às pessoas pelo problema natural recorrente foi o melhor da história do país. Não se registraram casos de morte de fome, de saques nem de migração forçada.

No Nordeste o governo federal deu o exemplo de capacidade de assistir aos cidadãos numa emergência. São Paulo precisa do mesmo. Agora, antes que seja tarde demais. 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

YOUTROUXA 0122 : "Dilma gastou R$ 18 milhões em sigilo no cartão corporativo em 2014"

O perfil de extrema-direita Revolta Brasil trata seus seguidores como alguém que cria piranhas num lago: todo dia tem que jogar uma carninha pros bichos devorarem com ódio. Como outros da espécie, alimentam o ódio diário com "notícias" que só conseguem causar revolta se manipuladas e os receptores forem pessoas com analfabetismo funcional. Dessas que tiram zero na prova do ENEM porque não sabem de nada, o que sabem é tirado de fontes ruins e não conseguem produzir uma linha a partir de alguma idéia. São consumidores passivos de mentiras que fazem o ódio crescer nas redes sociais.

A de hoje subentende que Dilma, a presidanta, a petralha ladra, gastou R$ 18 milhões em 2014 sigilosamente (ou seja, por baixo dos panos, na encolha, meteu a mão sem ninguém ver). Isso dá, por mês, R$ 1,5 milhões. Mais que uma Ferrari para o pátio do Palácio da Alvorada em nome da terrorista, como eles gostam de chamá-la.

Dilma, que não tem tempo nem para se coçar, roubaria R$ 50 mil por dia com o cartão pago pelo panaca do contribuinte. Seria pela Internet, já que não consegue sequer ir a um shopping? Como ela faria, ó ignóbil crente da Revolta Brasil? Empresta o cartão para a sua filha milionária gastar?

Deixando a estupidez de lado, o fato é que o cartão corporativo é usado pela Presidência e mais oito ministérios. Entre os gastantes estão a ABIN e a Polícia Federal em todo o país, que têm sigilo na forma da lei. A presidente Dilma dificilmente tem onde gastar um cartão desses. Mas há os trouxas que acreditam. Entre eles os que batem no peito para dizer que odeiam corrupção, mas dizem aos amigos que, se estivesse no lugar dela, faria o mesmo que acreditam que ela faz. 

MÍDIA BANDIDA 0072 - Do humor covarde à liberdade de linchamento

Noutro dia o filósofo e ex-padre Leonardo Boff, num ótimo artigo sobre liberdade de expressão feito no calor do ataque à revista Charlied Hebdo, falava do humor corajoso, que critica os mais fortes, e do humor covarde, que ataca os mais fracos. Fez essa distinção para qualificar os ataques ao Islã feitos pela revista francesa como humor covarde, já que os muçulmanos na França e por toda a Europa sofrem todo tipo de discriminações, xenofobia e são associados ao terrorismo. 
Humor não fala da acusação de corrupção de Cerveró, mas acentua deficiência física.

Por mais covarde que tenha sido esse tipo de humor, o Charlie Hebdo tinha nomes dos autores de cada charge e um endereço físico. Nesse ponto foram corajosos e acreditaram na superioridade do "modo de vida francês" sobre os que não se adaptam a ele, na visão xenofóbica da direita francesa. Atacaram sem cessar um inimigo que entendiam estar subjugado, contido no seu gueto, incapaz de algo contra si próprios. 

Muitos pagaram por esse erro com a vida, mas seus propósitos se fortaleceram. Milhões foram às ruas no movimento "Je suis Charlie Hebdo" para dizer implicitamente quem é a maioria na França e que os seguidores de Maomé se recolham à sua pretensa insignificância de 10% da população. Já circula uma nova edição da revista, igualmente provocadora, com maior tiragem já esgotada, traduzida também para o árabe. Parece estar em jogo o direito de linchar a religião seguida por bilhões de pessoas. 

Analfabetismo funcional : incapacidade de formular pensamentos complexos
No Brasil o humor covarde e a liberdade de linchamento também encontram na extrema-direita e na falta de noção que impede que 500 mil jovens escrevam qualquer coisa inteligível numa redação do ENEM. Uns poucos elaboram, com a falsa invisibilidade garantida pela Internet, e milhares que não têm capacidade de raciocinar politicamente ou criticar à base de valores morais e éticos ou mesmo legais o que propagam. Todos os dias milhões de pessoas distribuem alegremente calúnias, difamações, ataques covardes a pessoas e instituições, propagando o ódio como liberdade de expressão. 

O caso mais recente é a enxurrada de imagens tendo o ex-diretor da Petrobrás Cerveró como inspiração. O homem, não importa o que fez da sua vida particular, tem algo pelo que não pode responder como ato seu: uma deformação em um dos olhos. O que o levou à notoriedade foi um crime de corrupção na empresa, que deveria ser o foco de qualquer comentário ou crítica, mas as pessoas preferem fazer humor com a sua deficiência visível. 

O Papa Francisco declarou que se alguém xingasse sua mãe ele daria um soco na cara. Isso quer dizer que o direito à reação à agressão legitimaria um ato extremo, como o ataque ao Charlie Hebdo. No caso do Cerveró e em tantos outros há a covardia do anonimato em meio à turba ignara que protege o agressor. É puro linchamento. A avalanche de ódio anônimo, que encontra terreno fértil adubado pelo estrume do analfabetismo funcional dos muitos mais de 500 mil de redação zero para se reproduzir, está fazendo as pessoas piorarem como seres humanos e ameaça com uma espiral de reações a democracia. 

Está aberta a porta para a barbárie. O Ministério da Justiça, preocupado com essa escalada que pode aumentar a violência, publicou uma mensagem sobre o assunto:

Liberdade de expressão é o direito de manifestar livremente opiniões e ideias. Entretanto, o exercício dessa liberdade não deve afrontar o direito alheio, como a honra e a dignidade de uma pessoa ou determinado grupo. O discurso do ódio é uma manifestação preconceituosa contra minorias étnicas, sociais, religiosas e culturais, que gera conflitos com outros valores assegurados pela Constituição, como a dignidade da pessoa humana. O nosso limite é respeitar o direito do outro.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Indonésia fuzila a pena de morte no Brasil

O ano de 2015 está sendo formidável em temas para debates curtos e profundos. O caso do Charlie Hebdo em uma semana forçou o debate sobre islamismo, liberdade de expressão, liberdade religiosa, limites a ambos, terrorismo, estado islâmico e botou a Arábia Saudita nos holofotes como centro de irradiação do terror. Agora, em três dias, o debate versou sobre pena de morte e soberania, com o caso do brasileiro fuzilado na Indonésia por tráfico de drogas. Se continuarmos nesse ritmo, talvez não tenhamos mais 500 mil jovens sem ter o que dizer numa redação do ENEM.

Acompanhando as opiniões pelas redes sociais, notei que a classe média praticamente não se posicionou sobre o caso. Os sanguinários de sempre aproveitaram para criticar o governo brasileiro por estar "humilhando o país" ao pedir clemência pelo preso e comutação da pena. Os governistas e defensores de direitos humanos aprovaram a medida pois não temos pena de morte, somos contra ela em todo o mundo e porque é papel de qualquer governo zelar pela vida dos seus cidadãos em qualquer lugar, não importa o crime que tenham cometido. Nossas embaixadas e consulados pelo mundo afora vivem tirando gente da cadeia.

Nos demais, surpresa e silêncio. Não houve aquela enxurrada de opiniões de direita dizendo que "bandido bom é bandido morto". Alguns iam na linha "pena de morte é exagero, pois tráfico de drogas a gente vê todo dia". Não houve aquela histeria da linha "bandido bom é bandido morto". Por que?

Foi tudo muito rápido. A notícia do fuzilamento em menos de 48h, a pesquisa sobre os fatos envolvendo o tráfico de 13 kg de cocaína dentro da tubulação de uma asa delta, dados sobre a Indonésia e sua maioria muçulmana, sobre a rigidez no trato com tráfico e o mais importante: a história e a foto do condenado.

Não era alguém do estereótipo "cara de bandido". Não era não-branco, magrinho como vemos nos noticiários policiais de periferia, não usava bermuda nem tinha cordões ou do tipo que frequenta baile funk. Era alguém com "cara de cidadão". Branco, forte, surfista, filho de classe média com dinheiro, que entrou no tráfico como forma de saldar dívidas. Alguém que poderia ser da elite, ser filho, irmão, amigo de alguém que defende pena de morte para os "pretos, pobres, periféricos".

O brasileiro fuzilado não era do tipo que vai preso no Brasil, onde se apreende um helicóptero de um deputado com 450 kg de cocaína e ninguém vai preso, o caso não é investigado, o aparelho é liberado e fica por isso mesmo. No Brasil a classe média, quando vai para a cadeia, é por uma breve temporada, como no caso do escândalo da Petrobrás. Em alguns dias ou meses consegue uma brecha legal e vai para casa.

A extensão e gravidade dos crimes que cometem com uma caneta é tão ou mais hedionda quanto a de quem vende drogas para comprometer o futuro de crianças e jovens. Essas pessoas roubam as oportunidades, a saúde, a educação, o futuro do país. E é "normal" que vivam entre os "cidadãos", afinal, eles têm a cara de "gente de bem".

A irredutível e inclemente Indonésia, que não deu ao Brasil a chance de salvar a vida de um cidadão seu já que houve casos iguais de uma francesa e um australiano que foram salvos do fuzilamento, fez muito mais que matar um dos nossos. Ela fez ver que tráfico é crime grave. E também fuzila corruptos, que geralmente são "gente de bem". Nossa classe média reacionária tremeu na base. Ao defender pena de morte, redução de maioridade penal, arrisca a si própria,  um dos seus parentes e amigos a um governo carrasco que leve a sério tráfico, corrupção e outros crimes de natureza hedionda.

Além do fuzilamento, as autoridades da Indonésia deram uma dura na equipe da Rede Globo, que entrou no país com visto de turista, em vez do visto de trabalho, e estava filmando o porto de onde saem os barcos para a ilha onde são fuzilados os condenados, o que é proibido. Tiveram os passaportes apreendidos. Ou seja, é um país onde até a toda-poderosa Globo não pode sair fazendo o que quer. Isso assusta a nossa classe média coxinha, acostumada a fazer o que quer e bem entende.

O governo brasileiro fez o correto, respeitando a soberania da Indonésia, mas pedindo pelo brasileiro até o fim. A presidente Dilma acionou até o Papa Francisco para apelar ao governo indonésio. A Procuradoria Geral da República também tentou junto aos procuradores da Indonésia alguma forma de comutar a pena. Ao final, o Itamarati publicou uma nota dura e a entregou ao embaixador indonésio no Brasil, e chamou nosso embaixador para dar informações, o que em diplomacia é algo grave. Há outro brasileiro no corredor da morte no país.

A consternação de Dilma foi expressa nas palavras do Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira : "“A execução do brasileiro cria uma sombra de dúvida, uma animosidade, uma dificuldade na relação bilateral. O Brasil tem princípios que lhes são caros e nós fizemos um apelo de comutação da pena porque nos parecia que, respeitando, evidentemente, o ordenamento jurídico indonésio, acreditávamos que a clemência e a cumutação da pena seriam as medidas esperadas”

Dura lex, sed lex. Isso, para muitos brasileiros, vale apenas para os "diferenciados", por isso o clamor pelo extermínio. Quando enxergam que a lei pode ser para todos, sossegam o facho. Vai ter muito reacionário pensando duas vezes antes de defender a pena de morte a partir de agora.

Segue a nota oficial da Presidente Dilma após o fuzilamento, criticando a pena de morte e o seu uso contra o brasileiro Marco Archer:

A presidenta Dilma Rousseff tomou conhecimento – consternada e indignada – da execução do brasileiro Marco Archer ocorrida hoje às 15:31 horário de Brasília na Indonésia.
Sem desconhecer a gravidade dos crimes que levaram à condenação de Archer e respeitando a soberania e o sistema jurídico indonésio, a Presidenta dirigiu pessoalmente, na sexta-feira última, apelo humanitário ao seu homólogo Joko Widodo, para que fosse concedida clemência ao réu, como prevê a legislação daquele país.
A Presidenta Dilma lamenta profundamente que esse derradeiro pedido, que se seguiu a tantos outros feitos nos últimos anos, não tenha encontrado acolhida por parte do Chefe de Estado da Indonésia, tanto no contato telefônico como na carta enviada, posteriormente, por Widodo.
O recurso à pena de morte, que a sociedade mundial crescentemente condena, afeta gravemente as relações entre nossos países.
Nesta hora, a Presidenta Dilma dirige uma palavra de pesar e conforto à família enlutada.
O Embaixador do Brasil em Jacarta está sendo chamado a Brasília para consultas.
Secretaria de Imprensa
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República




sábado, 17 de janeiro de 2015

MÍDIA BANDIDA 0071 : "Dilma trai eleitor e faz o programa da oposição"

Lula e Dilma fizeram governos frágeis, sustentados no malabarismo da governabilidade com uma base aliada com alhos e bugalhos. Tem de tudo. Mesmo assim, conseguiram produzir resultados impensáveis nos 500 anos que os antecederam, de governo bem mais uniformes. Falou mais alto a vontade política de melhorar as condições de vida do povo, mesmo ao preço de concessões a políticos como Sarney, Renan, Collor & outros bichos. Se eles se venderam e aprovaram coisas que no passado combateram, o problema é deles.

O governo Dilma II não seria diferente. A artilharia pesada da oposição associada à mídia conseguiu rotular seu governo de corrupto, embora o discurso não seja condizente com a quantidade de pessoas processadas ou presas. E ainda há o questionamento do Mensalão, onde pessoas foram condenadas sem provas por razões meramente político-eleitorais. Já do lado da oposição o esforço para ocultar corrupção é hercúleo, desde o mensalão do Azeredo, aeroporto de Cláudio, trensalão, etc. E a  base aliada de Dilma também não escapa a uma peneira fina.

O PT perdeu espaços no Congresso, e hoje tem menos deputados e senadores. Isso a obriga a fazer mais concessões, até porque o PSB, que era aliado, agora é oposição alinhada com os tucanos. Marina Silva também tucanou. O malabarismo agora tem mais elementos e menos margem de manobra, já que a oposição partiu para o ataque suicida: ou derruba Dilma, ou vai esperar mais 4 anos para esperar depois mais 8 de Lula ou outro que a suceda. Até lá a mídia tradicional já se acabou, o país mudou e o atraso vai ficar para trás.

Aí vem a VEJA, com seu histórico de armações, fraudes e manipulações, e coloca na capa que Dilma está fazendo o programa da oposição. Ou seja, que cometeu estelionato eleitoral porque prometeu e não cumpriu o que prometeu, como aumentar juros, criar impostos, mexer com direitos dos trabalhadores, etc. A capa, nas cores tucanas azul-amarela, escancara a revista como jornal partidário e confirma a correta e republicana decisão do governo de não gastar mais dinheiro de publicidade oficial na revista para não caracterizar privilégio a partido político.

Tenho visto muita gente postando figurinhas na Internet até defendendo as propostas que Dilma fez nas eleições. Gente que odeia trabalhadores, que quer mais é a volta da escravidão, achando absurdo que se mude as regras de acesso á aposentadoria.

Pergunta que não quer calar: se querem que os eleitores de Dilma, que votaram nela sabendo de tudo o que poderia acontecer apenas para se livrarem do atraso da oposição, voltem-se contra ela, na prática estão pedindo para os eleitores do playboy derrotado apoiem Dilma, afinal, ela seria a verdadeira defensora do programa neoliberal, do saco de maldades, etc. Vamos lá, VEJA, comece a apoiar Dilma, afinal, o programa dela não é o dos tucanos? Globo, Dilma te pertence, pode sair do armário, pois Dilma faz o que sempre defenderam. Não é assim?

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Operação Lava Jato : O PSDB perdeu o controle?

A Operação Lava Jato, que hoje sangra a Petrobrás e prejudica a imagem do governo a ponto de quase ter dado a eleição ao PSDB com vazamento seletivo de informações de corrupção, parece ter sido projetada para essas finalidades e agora estar saindo do controle da oposição. 

Iniciada pela Polícia Federal do Paraná em março de 2014, tinha como propósito apurar um esquema de lavagem de dinheiro suspeito de movimentar mais de 10 bilhões de reais. A operação recebeu esse nome devido ao uso de uma rede de lavanderias e postos de combustíveis pela quadrilha para movimentar os valores de origem ilícita.
A operação indiciou o doleiro Alberto Youssef, e a partir dele uma série de denúncias contra dirigentes da Petrobrás ocupou o noticiário político e policial em troca de redução de pena através da delação premiada. Falcatruas milionárias envolvendo contratos da petrolífera foram tornados público, diretores foram presos, esquemas foram revelados. Até abril de 2014 já haviam sido indiciadas 46 pessoas. 

O processo se arrastou durante todo o ano conduzido pelo juiz Moro. Empreiteiras acabaram arroladas e dirigentes foram presos. Até aí a parte de investigação policial seguiu propósitos legais.

Assim que se falou pela primeira vez a palavra "Petrobrás", a oposição, liderada pelo PSDB, em parceria com a mídia, em especial a Rede Globo e a revista Veja, desfechou pesado ataque de artilharia contra o governo com a tese de ser conivente com a corrupção e da presidente Dilma, ex-presidente do Conselho de Administração da empresa, "saber de tudo". Criou-se  e enterrou-se CPI sobre o assunto sem maiores consequências. 

Como o foro privilegiado remeteria o caso para o STF, o juiz Moro, a princípio e depois interpelado pelo Supremo, negou que nomes de políticos estivessem sendo apontados. Mesmo assim durante toda a campanha eleitoral de 2014 pela mídia oposicionista desfilaram nomes ligados ao governo como citados no processo. A máxima foi a publicação pela Veja, a dois dias da eleição, de uma notícia forjada dando Lula e Dilma como cúmplices no escândalo. 

A meu ver era uma operação projetada para terminar com a divulgação dos resultados eleitorais e a derrota de Dilma. O jogo era para terminar enquanto a oposição estivesse ganhando. Tudo levava a isso. A escolha do Paraná, governado pelo PSDB. Um juiz cuja esposa é advogada e presta serviços para o PSDB. Um doleiro velho conhecido do PSDB, operador de esquemas com Jaime Lerner e Alvaro Dias, condenado pelo mesmo juiz Moro por corrupção em 2004 no caso Banestado e libertado também por delação premiada

Tudo pareceu tão milimetricamente estudado para atingir apenas o governo que toda vez que este pedia informações sobre os depoimentos não era atendido. Já a mídia oposicionista era fartamente municiada com vazamentos seletivos, que eram manipulados e alterados para causar mais impacto destrutivo à candidatura de Dilma. Era como um processo onde só o promotor tinha o direito de se expressar. 

A Polícia Federal também teve papel decisivo atuando de forma partidária em defesa da oposição. Delegados da Polícia Federal no Paraná, envolvidos na investigação, foram flagrados nas redes sociais defendendo Aécio e atacando o PT. O Ministério da Justiça abriu sindicância para apurar os vazamentos seletivos de informações e manipulação de provas. 

O que aconteceu com a derrota de Aécio? A oposição desesperada tentou o impeachment, a desaprovação das contas eleitorais de Dilma, impedir a suplementação orçamentária no Congresso para derrubar a presidente, foi às ruas com uma brancaleônica campanha liderada pelo cantor Lobão onde havia gente pedindo intervenção militar e até dos Estados Unidos. Tudo deu errado. Passaram a investir na derrubada da presidente da Petrobrás, Graça Fostar, para expor sua cabeça como vitória na Lava Jato e prova cabal da culpa do PT e de Dilma. Perderam também. 

E aí vieram as prisões de empreiteiros. Com elas, listas de obras onde houve superfaturamento, propinas e lavagem de dinheiro. Muitas dessas obras em territórios dominados pela oposição, como Metrô de São Paulo, Sabesp, etc. Apareceram denúncias de entrega de malas de dinheiro ao líder do PMDB e aliado tucano, dep. federal Eduardo Cunha, e do ex-governador mineiro e aliado de Aécio, Anastasia. Mesmo com a advocacia da Globo "inocentando" ambos em horário nobre, o caso repercutiu e uma grande Caixa de Pandora parece estar se abrindo contra a oposição. 

Quem era pedra, por ter a Lava Jato continuado, passou a ser vidraça. Todo o estrago contra Dilma e o PT que a mídia conseguiu fazer já está precificado. O problema agora está com as vestais, as virgens, os impolutos do PSDB, que vão começar a ser citados em especial pelas mídias alternativas. De tão calejado por denúncias infundadas, o PT já criou casca grossa. Os tucanos, sempre acusadores, não estão preparados para suportar a mais tênue investigação. Criaram um monstro que agora se volta contra eles. Isso explica a nota desesperada de Aécio para defender seus pares,que fala em "manipulações e manobras" na Lava Jato, caracterizando a perda de controle, reproduzida na imagem.  






terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Além do Charlie Hebdo : Uma espiral de insanidades?

Faz uma semana desde que um atentado cheio de pontos duvidosos matou 12 cartunistas da revista francesa Charlie Hebdo, um policial muçulmano que tentava defendê-lo, dois outros muçulmanos acusados pelos assassinatos e alguns reféns numa loja de artigos judaicos. O crime foi atribuído a grupos extremistas de ideologia muçulmana e o motivo seria a publicação de charges com a figura de Maomé, o que seria pecaminoso segundo a interpretação que fazem do Corão.

A partir daí uma avalanche de artigos e pensamentos tomou as manchetes de todo o mundo versando sobre liberdade de expressão, liberdade religiosa e limites a ambos. A ação política também fez com que países de  maioria muçulmana repudiassem o ataque e tudo fosse limitado a uma ação isolada do Estado Islâmico, grupo ultra-radical que domina áreas entre a Síria e o Iraque. O maior ato de protesto contra os ataques e em defesa da liberdade de expressão (je suis Charlie Hebdo) aconteceu neste domingo em Paris tendo à frente lideranças muçulmanas, judaicas, cristãs e representantes de diversos países, muitos deles notórios perseguidores de jornalistas e ditaduras censoras.

Também houve manifestações anti-islâmicas menores em várias partes do mundo. Na França três mesquitas foram atacadas. E também houve manifestações de apoio, na própria França, à censura em nome do respeito à religião. E ainda se manifestaram os "eu não sou Charlie Hebdo" que, por motivos diversos, não entraram na onda do grupo oposto entendendo que se trata de uma provocação que poderia ser evitada. Alguns disseram que essa atitude seria o mesmo que uma mulher evitar usar roupas provocantes para evitar ser estuprada.

Foram tantas manifestações e artigos abordando a arte do Charlie Hebdo que até agora fica difícil saber se a publicação era de direita, esquerda, pró ou contra muçulmanos, cristãos, judeus, etc, dada sua trajetória de críticas mordazes a muitos pontos de vista ideológicos.

Nesta semana se anuncia uma edição especial do Charlie Hebdo com 3 milhões de exemplares traduzido em 16 línguas com Maomé na capa. Uma espécie de afirmação: "sim, nós podemos expor imagens de Maomé porque não temos ideologia muçulmana e a expressão é livre" ou "milhões de franceses e lideranças do mundo autorizam que critiquemos qualquer coisa, inclusive o Islã e seus símbolos".

Se pela parte de alguns muçulmanos pode haver tolerância, para os mais fundamentalistas, como o Estado Islâmico, as coisas não mudam. É bom lembrar que o grupo surgiu numa guerrilha fomentada pela Arábia Saudita e Estados Unidos para derrubar o ditador sírio Bashar al Assad, que tem o apoio russo. Esse grupo também é inimigo da Al Qaeda, que tem origem saudita mas é contra a família real que governa o país de forma absolutista e é vista com reservas por ambos os grupos por fazerem concessões ao Islã "impuro". Com a ofensiva de Assad reduzindo o espaço da guerrilha, uma parte das milícias rumou para o Iraque e tomou zonas petrolíferas criando o Estado Islâmico.

Na França e em toda a Europa os árabes foram admitidos como imigrantes ao longo de anos de fartura. Hoje um europeu desconhece o que seja limpar uma latrina ou varrer uma rua, porque esse exército de mão-de-obra barata cuida dos trabalhos menos qualificados. Ocorre que na crise econômica os empregos melhores começam a escassear e uma parte da população passou a disputar vagas com os estrangeiros e seus descendentes, e aí se alimenta a xenofobia que se reflete no aumento dos partidos de extrema-direita, e no anti-islamismo.

Com a criação do Estado Islâmico milhares de jovens europeus de origem árabe e muçulmanos passaram a estagiar nas áreas de conflito na Síria e Iraque recebendo instrução militar e reforçando a ideologia mais fundamentalista dentro do Islã. Voltaram para casa com essa bagagem e são articulados via redes sociais. Em resumo: em praticamente todos os países europeus há potencial para uma escalada de terror a partir de grupelhos radicais jamais vista que pode ser ativada a partir de provocações como as que vêm no pós-Charlie Hebdo.

O recado da França é de não baixar a guarda diante desses grupos, que a extrema-direita fará confundir com toda a população muçulmana, afinal, tais milicianos se camuflam entre os demais. Não há forma de se combater isso militarmente e nem a inteligência funciona pois seria necessária a colaboração da comunidade denunciando os militantes. Israel "trata" isso com genocídio: todo palestino é terrorista, bomba neles, homens, mulheres, velhos, crianças.

A extrema-direita não ficará passiva tendo o apoio político para provocar as comunidades islâmicas. Na França, em especial, onde a maioria dos muçulmanos é oriunda da ex-colônia argelina, ainda há ressentimentos desde a guerra de libertação da Argélia, onde muitos franceses foram mortos em ataques terroristas. Os descendentes de argelinos são discriminados e fustigados pelos neonazistas.

Nos próximos dias podem acontecer duas coisas: a vitória das forças democráticas em defesa da liberdade de expressão com a imposição do direito de representar qualquer coisa em charges ou falar qualquer coisa em artigos, ou, creio ser o mais provável, ser acionado o gatilho da insanidade em espiral, começando pela França e varrendo toda a Europa.

Tal escalada pode atingir até a Arábia Saudita, que mandou representante para a Marcha da Paz que, na prática, representou a defesa do direito ao achincalhe ao profeta Maomé. É bom lembrar que há um mês o cartel do petróleo, cujos principais membros são a Arábia Saudita e seus satélites Catar, Emirados Árabes e Kwait, resolveu baixar os preços do óleo comprometendo a exploração no xisto nos EUA e muitos países exportadores, como o Irã, Rússia, etc. A família real saudita pode estar com a sua batata assando...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Governo x Oposição : A corrida contra os relógios

Desde a reeleição Dilma tem driblado um a um os obstáculos, crises e armações da oposição, chegando a 2015 com Aécio fora do alcance do retrovisor e afastando as ameaças de golpe, intervenção militar, invasão norte-americana, revolta popular, impeachment, reprovação das contas, falta de dinheiro para fechar o ano e mitigando o potencial destrutivo da crise na Petrobrás. Graça Foster não caiu e está conduzindo o processo de combate à corrupção. Fim de papo. E não adianta virem com balão de ensaio de Meireles como presidente da Petrobrás para recuperar a imagem da empresa, que pode até ajudar na especulação com ações mas não rola de jeito nenhum. Dilma não entregaria a empresa aos tucanos depois de tudo que passou.

Por outro lado, Dilma pagou um preço alto para começar o segundo mandato governando. Trouxe para o governo uma equipe econômica que fará ajustes com impactos no crescimento e trará custos sociais, mesmo que na promessa de imediata recuperação. Seu ministério é uma mescla de tudo que tem de bom e ruim na base aliada, onde ministros batem de frente, como Kátia Abreu e Patrus Ananias. Ela diz que não tem mais latifûndio, ele diz que tem e aumentou.

Dilma enfrentará o clima golpista intensificado nos primeiros meses de 2015 primeiro porque, a longo prazo, interessa à oposição bater sempre e forte para inviabilizar o governo, levar o país à crise, estimular a insatisfação social e enfim, se não derrubarem o governo até 2018, criar as condições para vencer as eleições. A qualquer preço, mesmo que de terra arrasada.

Para a oposição há um outro relógio correndo rápido, o da própria credibilidade remanescente. Bastaram os vazamentos de acusações na operação Lava-Jato contra o ex-governador tucano Anastasia (MG) para o tucanário e a mídia entrarem em pânico. Enquanto os petistas já sofreram superexposição no escândalo e muitas das acusações foram desmentidas, a oposição está virgem, agindo como pedra enquanto pode passar a vidraça. Daqui prá frente, Lava-Jato não traz mais lucros à oposição, a não ser que Dilma saia algemada num camburão com a turba insandecida de coxinhas liderados por Lobão gritando ""a bruxa está morta, a bruxa está morta".

Mais tucanos gordos podem ter seus nomes citados na Lava-Jato. Para fugir a isso já espalham pelas redes sociais o "escândalo do BNDES", o lançamento de 2015 para abafar o anterior e ocupar as manchetes por mais um ano. E o acompanhamento judiciário do caso Lava-Jato pode ser frustrante.

O relógio mineiro é o pior, pois parece acionar uma bomba. O novo governador Pimentel (PT) em 90 dias apresentará um relatório de investigações de irregularidades nas gestões anteriores que, se não servir de "moedinha" para conchavos e for explorado como escândalo, poderá enterrar de vez não apenas Aécio, mas o "modo tucano de governar". Eles não estão preparados para enfrentar isso, mesmo com toda a artilharia de mídia. Aí cabe tudo: aeroporto de Cláudio, obra superfaturada do Centro Administrativo, lista de Furnas, mensalão tucano, censura à mídia, repressão aos movimentos sociais, descumprimento de piso salarial de professores, etc, etc. A Caixa de Pandora das Gerais está aberta.

Mais um relógio acelerado é o de São Paulo, com a seca que a qualquer momento será uma desagradável "descoberta", já que a blindagem de mídia faz prevalecer a palavra de Alckmin de que "vai chover", embora a ciência contrariá-lo. O estouro da crise deverá acontecer até julho, quando começarem os impactos mais profundos na vida da classe média paulista (hoje a periferia já vive racionamento informal), empresas tiverem problemas de manter suas atividades, poder aquisitivo cair com paliativos para fugir à seca, etc.

Do lado dos aliados a oposição tem também um relógio que gira à medida que velhas raposas sentem falta dos recursos federais. Pelo lado do PSB, que vinha servindo de linha auxiliar do PSDB, o racha pró-Dilma ganhou força. O senador Fernando Bezerra publicou artigo ontem defendendo a reaproximação, já que o PSB no governo passado foi base aliada de Dilma. Do lado de Marina Silva não vem mais nada, já que continua com partido na informalidade e saiu destroçada da campanha eleitoral com seu ecocapitalismo financeiro. O DEM não tem mais quase nada, assim como o PPS. E outros partidos de aluguel também já sentem o peso de não ter aparelhos no governo federal.

E a mídia, força armada da oposição? Vem sofrendo baixas com a pressão das bases sobre o governo para fechar a torneira das verbas federais de propaganda e pela regulamentação das mídias. Essa bandeira ganhou prioridade sobre a reforma política para minar de vez o poderio tucano. Veja, Globo e outros demitem e buscam se adaptar a tempos de vacas magras tanto pela tendência de crescimento de mídias eletrônicas como pela desmoralização no ataque ao governo.

A reforma política aponta para um prazo maior, pois precisa do calor da proximidade eleitoral. Enquanto isso deverá crescer a pressão sobre o "tucano togado" Gilmar Mendes para deixar de fazer de almofada o processo que impede o financiamento privado de campanhas. A perda do financiamento pelo grande capital pode ser a estaca final no peito do vampiro oposicionista.

Falta nessa análise o relógio da ultima cidadela de poder, o complexo judiciario-policial-promotor. Há uma vaga no STF que se Dilma deixar de republicanismo Caracu (onde a oposição entra com a cara e o governo com o resto) poderá pelo menos equilibrar a parcialidade atual da corte. Dilma manteve o patético José Eduardo à frente do Ministério da Justiça, garantindo aos tucanos sobrevida na tal "polícia federal republicana" que só atira no governo com suas investigações e vazamentos. No Ministério Público algo mudou quando a oposição colocou Janot na conta de Dilma e a mídia bandida lhe fez acusações. Perderam espaços por lá.

Qual o papel da esquerda nisso? O governo Dilma não merece cheque em branco. Deve ser criticado sem tréguas. Interessa a todos a destruição da distorção que hoje faz a direita ter metade do eleitorado e influir sobre os trabalhadores contra seus próprios interesses. O que puder ser feito nesses próximos 6 meses para focar também na direita com mais energia será positivo para acelerar o relógio da autodestruição dos inimigos dos avanços sociais.

Resumo da análise: a oposição terá uns 6 meses para jogar todas as suas fichas para derrotar Dilma num esforço último. O vale-tudo contra o tempo trará de volta agitações mercenárias de rua, anarquia, denuncismo, ódio e principalmente desinformação. Sabendo-se disso cabe a quem defende Dilma contra o atraso também se armar para derrotar de vez a direita. A partir daí se começa uma nova era democrática.


Alckmin pilota Titanic paulista direto para o iceberg

Alckmin desprezou problema em busca de votos (G1)
Só uma estratégia de pressão máxima e foco exclusivo para levar o governo Dilma à paralisia e ao colapso pode explicar a continuada irresponsabilidade do governo paulista em relação à iminência da maior tragédia hídrica do Brasil em todos os tempos. Para destruir Dilma o noticiário de notícias ruins tem que ser concentrado na Petrobrás, nos ajustes econômicos, no terrorismo do colapso do Brasil, corrupção, etc. Não pode falar de problemas criados por governos tucanos, daí quando acontecer a tragédia sobrar pouca margem de manobra e tempo para buscar paliativos, já que as soluções perderam seu "timing" na política de dar mais lucros que armazenar água da SABESP.

Começamos o ano com manifestações em São Paulo contra tarifas de ônibus (municipal na Capital e estadual no metrô), que a mídia já joga na conta do prefeito petista Haddad e nas costas dos black blocs a violência da polícia de Alckmin. Enquanto se inocula o ódio anti-petista esconde-se o problema da seca na esperança cada vez menor de uma solução divina, que a cada momento exige mais uma conjuntura de Noé que de São Pedro. Só um dilúvio no Cantareira pode evitar que a maior cidade da América do Sul vire um deserto até o fim do ano.

Contra os paulistanos há cada vez mais remota chance de chuvas. Daqui do Rio de Janeiro, onde normalmente chove desde antes do Natal até a primeira quinzena de fevereiro, vamos chegando á metade do período praticamente sem chuvas, repetindo a seca do ano passado. São Paulo tem o paradoxo das chuvas que alagam a cidade e não contribuem para o abastecimento dos reservatórios, e isso deve continuar pelo verão. A partir da primavera será só esvaziamento de reservas, com piora da qualidade da água, implementação tardia de racionamento e uma problemática que, para sorte de Alckmin, não será divulgada pela mídia amiga.

Situação do sistema que abastece São Paulo se degrada (Climatempo)
Quanto o Brasil já perde com a irresponsabilidade de Alckmin? Empresas estrangeiras querem investir no principal mercado, que é o paulista, mas estão mudando de idéia pela iminente falta de água. Diversos setores da economia paulista já sofrem com aumentos de tarifas da SABESP e redução na disponibilidade de água. A população mais pobre, onde a água já é informalmente racionada para não faltar nas áreas ricas, paga um preço maior ainda.

E quando São Paulo parar? A culpa será do prefeito Haddad, que não tem nenhuma participação no sistema de abastecimento? Da presidente Dilma, porque nervosos coxinhas bradarão pela sua responsabilidade em não fazer chover?

Será pior. A precarização da atividade econômica em São Paulo levará à seca também no fornecimento de produtos e serviços. Com a oferta reduzida, haverá pressão inflacionária, justo quando o governo federal estará cortando cirurgicamente os gastos para não prejudicar os programas sociais, sem capacidade de atender a uma emergência do porte que São Paulo necessitará. E o desemprego, perda de poder aquisitivo com a elevação dos custos para pessoas e empresas em busca de soluções cada vez mais difíceis e caras?

Poderemos chegar ao fim do ano com filas de caminhões e navios-pipa levando água para São Paulo e obras de engenharia que deveriam ter sido feitas desde 2004 inacabadas, com todos rezando para chover em 2016. E Alckmin e o PSDB? Coitados, vítimas do acaso. O fato é que houve irresponsabilidade já que a situação é conhecida desde 2004. Uma tragédia anunciada. 

E assim vai São Paulo rumo ao iceberg como um festivo Titanic. Se a história for contada pela mídia bandida atual, não haverá culpa para o Comandante Alckmin nem para a tripulação do PSDB. O iceberg pagará o preço. Claro, mandado para a rota de colisão por Dilma.





quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

YOUTROUXA 0121 : "Jean Willis, um ex-BBB, quer mandar no seu útero no parto"

Deturpação preconceituosa do projeto de Jean Willys que circula nas redes sociais
O ruim para a maioria das pessoas desinformadas é receber primeiro a notícia distorcida e carregada de preconceitos e, às vezes, ver depois a notícia real. É o caso do debate sobre o absurdo índice de partos cesáreos no Brasil. Uma distorção que traz lucros e comodidades para alguns, mas cria problemas adicionais para mães e filhos em relação ao parto normal. Na rede privada 84% dos partos são cesáreos, contrariando a recomendação da Organização Mundial de Saúde que considera razoável 15% de cesáreas.

A Agência Nacional de Saúde tenta alarmar a sociedade para esse problema e o deputado federal Jean Willis (PSOL-RJ) apresentou  na Câmara Federal o projeto de lei 7633/14 , que dispõe sobre os direitos da mulher durante a gestação e o parto – inclusive nos casos de aborto – e as obrigações dos profissionais de saúde. Trata também dos direitos do feto e do recém-nascido.

Pelo projeto, toda gestante tem direito à informação e à escolha. Desde a descoberta da gravidez, a mulher fará jus à elaboração de um plano individual de parto. Nesse documento, ficarão registradas todas as suas opções, como as equipes de acompanhamento, sempre que possível, o tipo de parto que prefere e o local onde quer que ocorra. Qualquer alteração no plano deverá ser anotada no prontuário pelo médico responsável com a justificativa clínica da mudança.

A grávida também poderá contar com um acompanhante durante todo o processo. Terá ainda o direito de contratar profissional auxiliar de parto que será autorizado a executar ações suplementares às equipes da unidade de saúde.

Um ponto que contraria em especial os defensores do parto cesáreo indiscriminado é a definição de "violência obstetrícia".
Como violência obstétrica, a proposta de Jean Wyllys define atitudes como “tratamento desumanizado, abuso de medicalização e patologização de processos naturais, que causem a perda de autonomia e da capacidade das mulheres de decidir livremente sobre seus corpos e sua sexualidade”.

O projeto também elenca uma série de condutas consideradas ofensas verbais ou físicas, como ironizar ou constranger a mulher devido a fatores como religião, cor, nível educacional ou orientação sexual. Preterir e ignorar queixas e solicitações da grávida também fazem parte dessa lista. Realizar cesariana sem indicação clínica real ou submeter a mulher a procedimentos invasivos desnecessários ou humilhantes também constam como formas de ofensas.

Tentar desqualificar o deputado Jean Willys como se um ex-BBB não pudesse pensar e propor uma lei é o método para acabar com o debate sem que sequer se tome ciência do que propõe. Tem o direito de apresentar projeto e de levá-lo à discussão. O que não se pode admitir é que o poder de mídia do lobby dos donos de hospitais privados reproduza apenas seus pontos de vista, fazendo todo mundo de trouxa com as manipulações. 

Ações da Petrobrás, Vale e Sabesp caem 37% em 2014, mas...

Uma curiosa coincidência naquilo que chamam de "mercado": Petrobrás, Vale e Sabesp tiveram a mesma desvalorização de 37% em suas ações em 2014.  Mas só a Petrobrás é que é a empresa "destruída pelos petralhas, por Dilma, pela incompetência e pela corrupção". Estranho, né?

Começo a análise pela Sabesp, que vende água e trata esgotos em São Paulo. Por falta de investimentos, priorizando a distribuição de lucros, deixou seu estoque de mercadoria cair a níveis perigosos. Essa irresponsabilidade pode levar a resultados não financeiros extremos, como a falta de água na principal cidade do país. Hoje já afeta decisões de investidores que preferem levar suas fábricas para outros estados temendo o risco de desabastecimento. Com mais uma temporada de chuvas aquém do esperado, o racionamento e o colapso serão bastante prováveis. Se a água acabar as despesas emergenciais eliminarão lucros e as ações deverão desabar.Como o acionista majoritário é o governo de São Paulo, tarifas poderão ser elevadas a título de estimular a economia e para continuar a manter a lucratividade e o usuário paga mais caro por algo pior e mais escasso. Um caso de empresa problemática em situação extrema de risco mas que ninguém fala nisso.

A Vale é a maior empresa privada do país. Com a queda de atividade econômica no mundo todo suas mercadorias estão encalhando porque há excesso de oferta. Gera menos lucros e o mercado se desinteressa por suas ações, por isso caem de preço. A perspectiva de recuperação é associada à recuperação econômica global. É uma empresa que opera na normalidade do capitalismo e do mercado de ações, a partir de oferta e procura. Notícia escondinha :

 "De acordo com dados da Economatica, a Vale também fechou o ano no vermelho, com queda de 36,82% no valor das ações preferenciais e de 34,55% nas ordinárias. O valor de mercado da mineradora encolheu R$ 70,526 bilhões, passando de R$ 178,163 bilhões em 2013 para R$ 107,637 bilhões neste ano." - Fonte: G1. 

A Petrobrás está sofrendo ataque especulativo há mais de um ano. Grandes tubarões compram ações, causam o overshooting para cima e começam a vender quando os apostadores (sim, é cassino mesmo) menores entram comprando. Esse movimento grande de realização de lucros afunda novamente o valor das ações e causa o overshooting para baixo, com o efeito-manada de pânico de apostadores menores. A cada movimento desses o piso de valor é mais baixo. Ontem (7/1) a ação PETR4 chegou ao mínimo de R$ 8,48. Hoje está em R$ 9.20. Com estímulo de grandes especuladores, poderá subir mais e garantir margem superior a R$ 1 quando venderem, ou seja, mais de 10% de ganho em menos de uma semana. E a CVM, que deveria fiscalizar esses movimentos, não toma nenhuma providência.

Moral da estória: Petrobrás todo dia anuncia mais poços, mais qualidade de petróleo, recorde em produção, inauguração de refinaria reduzindo importação de diesel, importa cada vez menos e poderá chegar à autossuficiência em breve, tem vários investimentos em maturação, vive do mercado interno, e "está em crise terminal", se acreditarmos na mídia. Já a SABESP, que pode ficar sem ter o que vender, não tem problemas. E a Vale, que caiu o mesmo em bolsa que a Petrobrás, sendo empresa privada, não aparece nas manchetes da mídia que defende a privatização. Num país sério já teríamos gente graúda algemada tendo que explicar como se faz dinheiro destruindo uma empresa com manipulação de mídia e altas jogadas em bolsa. 

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

YOUTROUXA 0120 : "Pode beber a água da torneira que é potável"

Filtros de carvão ativado usado e novo
Há cidades no mundo que até incentivam o uso de água da torneira garantindo sua qualidade. Nova Iorque é uma delas. Tem campanha contra o uso de água mineral por conta da poluição por recipientes plásticos, e espalhou bebedouros públicos. Noutras há fontes nas praças com qualidade também assegurada. Fora os hotéis onde se encontra no banheiro a placa "drinkable water" ou coisa parecida. Isso é regra geral?

Não. É só ver a figura. Comprei uma casa antiga com instalações em ferro galvanizado, pelo menos até o ramal da cozinha. O do banheiro é em chumbo, mas há casas onde é chumbo em tudo. Assim que comecei a usar a casa tive problemas de escassez. Fui até a caixa d'água e vi o circo de horrores: a entrada da água que vem do hidrômetro da CEDAE estava apenas gotejando de tanta ferrugem no tubo. A bóia toda enferrujada. E a caixa? Em amianto, material hoje condenado, cuja tampa não se podia retirar porque o madeiramento do telhado foi feito depois. As saídas em aço galvanizado também enferrujadas, mas ainda com alguma vazão.

Troquei toda a tubulação de entrada, limpei a caixa d'água e a impermeabilizei com tinta especial para pintura de reservatórios e a água passou a chegar perfeita. Mandei uma carga de cloro para desinfetar as tubulações e torneiras e troquei o filtro existente por uma talha de barro com velas de cerâmica, que em pouco tampo adquiriam coloração amarelada e tinham que ser trocadas. Mudei para carvão ativado, como na foto. Em alguns meses o filtro praticamente entupiu.

Qual é então a realidade? A concessionária espelha na sua conta de consumo que a água foi testada, obedece a parâmetros de potabilidade, etc. Chega agora até a caixa com tais requisitos. Daí para a frente carreia ferro da tubulação. Isso é na minha casa e na maioria dos prédios residenciais e casas com mais de 40 anos, ou seja, quem nunca trocou toda a tubulação passa por isso. E mesmo o condomínio fazendo lavagens periódicas da caixa e cisterna, nada se pode dizer da tubulação de entrada. Se o prédio for antigo tem tudo para apresentar os problemas relatados aqui.

Afinal, bebe-se água de torneira? Pode até ser potável, em prédios novos com a qualidade garantida em toda a instalação (tubos de PVC, caixas e cisternas lavadas com desinfecção de tubulações, etc), o que é raro. Pequenas quantidades de ferro no organismo não são problema, mas pode ter mais coisas. No geral, se o prédio for mais antigo, só do filtro mesmo. Quanto ao meu caso vou usar o filtro de carvão ativado como pré-filtro e depois botar a água na talha de barro com filtros cerâmicos enquanto não trocar toda a tubulação. 

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

GOLPE : "Último aviso - bloqueio GVT"

Golpe em nome da GVT tenta instalar vírus na sua máquina ao clicar em "2a via da conta" atrás de roubar seus dados e senhas. O título do e-mail fala em bloqueio, mas a mensagem não tem nada ver com isso. 

Imagem do texto do golpe
Dizem que apenas em dezembro a fatura será emitida pela internet, que se deve fazer o download do arquivo, sem nenhuma ameaça. O link joga em um site que não tem nada a ver com a GVT:  http://qa.providencia.cl/images/img/?21482__21482__ , 
Além dessas evidências está o fato de terem mandado para o meu e-mail e não para o meu nome, e, claro o mais gritante: não tenho nenhum serviço da GVT. Se tiver clicado, passe um anti-vírus e reze para não ter passado nenhum dado confidencial aos criminosos. 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Quanto custa usar ar condicionado ?

Multiplique a diferença medida no leitor pela tarifa (da Light, R$ 0,42958)
Tive a curiosidade de aferir quanto custa uma noitada de ar condicionado. Como se faz? Leia o medidor da concessionária num dia à tarde e depois de novo no dia seguinte pela manhã após desligar. Na conta tem a tarifa. Multiplica-se a diferença das leituras pela tarifa.

No meio disso tem geladeiras, TVs, aparelhos em stand by, lâmpadas, etc. No meu caso o custo por dois splits (14000 e 10000) ligados por 12 horas foi de cerca de R$ 8. Ah, isso dá R$ 240 por mês, um absurdo, pensariam alguns. Isso é menos que dois maços de cigarro por dia. Ou equivale a uma cervejinha comum em boteco carioca (sem os 10%) por dia.

Claro que esse valor não se aplica a quem tem ambientes que recebem alta insolação, muitas vidraças, não têm proteção de árvores, etc. E depende da temperatura externa. Em dias mais quentes o aparelho trabalha mais para baixar a temperatura.

O modelo do aparelho é fundamental. Os do tipo janeleiro consomem mais que os splits. Entre os splits os de tecnologia Inverter são mais econômicos. Se a residência tem laje, se tem outro andar em cima, tudo isso faz variar a conta. Pode ser mais caro.

O hábito de consumo também varia. Tem gente que quer ver o quarto nevando e bota o aparelho para trabalhar forçado na temperatura mínima. Gasta mais. Há quem posicione o termostato para uma temperatura agradável, de 23 a 25 graus. E ainda há quem melhore a distribuição do ar frio usando o ventilador de teto ou outro ventilador par fazer circular vento no ambiente. Isso reduz gastos.

Você trocaria uma cervejinha por uma noite de sono confortável, se não puder ter tudo junto? Para quem tem só um aparelho basta descartar o maço de cigarro...

sábado, 3 de janeiro de 2015

MÍDIA BANDIDA 0070 : A meta é destruir o lema "Brasil pátria educadora"

Lula teve dois mandatos sob o lema "Brasil, um país de todos" e seguiu à risca essa orientação: tirou gente da miséria, criou uma nova classe média, não mexeu com os direitos ou riquezas da velha classe média nem dos ricos. Todo mundo ganhou, mas uma parte acha que perdeu porque se viu cercada de "gente diferenciada" que alcançou seus privilégios pela ascensão social.

Dilma teve seu primeiro mandato com o lema "País rico é país sem miséria", que também honrou, tirando o Brasil do Mapa da Fome da ONU, importando médicos para atender nos mais distantes rincões a quem mais necessitava, manteve as políticas de Lula e investindo na habilitação profissional através do PRONATEC.

A partir desse histórico de compromissos cumpridos, Dilma agora lança a educação como grande meta para os próximos 4 anos e a coloca em evidência no lema "Brasil Pátria Educadora". O desafio é imenso, pois trata-se de um setor secularmente desprezado que teve alguns momentos de qualidade (limitada a grandes cidades) durante a era Vargas até chegar o regime militar.

Mudar a educação não é tarefa de um governo. Os resultados se colhem por uma geração. Ou não. Cadê, por exemplo, a "Geração CIEP", no Rio de Janeiro? A escola de tempo integral se mostrou eficiente? Não chegou a mostrar a que veio. A idéia durou por duas gestões do PDT e depois foi abandonada. 

O desafio de Dilma é imenso, porque tem abrangência nacional, inclusiva. O projeto enfrentará resistências de críticos na área de educação e de gestores de partidos oposicionistas. Estes apostarão no fracasso do plano, pois não apresentará resultados em uma gestão, porque terão que aceitar a liderança do governo federal no processo, o dono das verbas. E todo recurso federal adicional sujeita o estado ou município a fiscalização do TCU e CGU, coisa que muitos políticos não gostam muito pois o desejo é de usar as verbas ao bel-prazer.

Professores em geral são idealistas, afinal, trabalhar por salários miseráveis exige dedicação de fundo ideológico. No governo Lula, em 2008, foi instituído o Piso Salarial Nacional dos professores, na época R$ 950, e nos anos seguinte valorizou-se acima da inflação. Para 2015 deve passar de R$ 1900, crescendo mais de 13% em relação a 2014. Ainda está abaixo do Salário Mínimo Necessário calculado pelo DIEESE, que para novembro foi de R$ 2.923,22, mas é muitas vezes maior que o pago por prefeituras há alguns anos, que era da ordem de R$ 100.

Haverá mais recursos via fundos do pré-sal. Se o governo apontar para aumentos de remuneração, encarreiramento e treinamento contínuos, haverá maior atratividade da profissão de professor, de pedagogo, etc. A melhoria da qualidade também exigirá mais profissionais, fortalecendo a categoria, que por sua vez poderá reivindicar mais, exigir melhores condições de trabalho, etc.

Dinheiro e disposição política estão aí. Aí vem as perguntas mais difíceis : que educação queremos, formadora e transformadora ou meramente técnica focada no mercado de trabalho? O investimento será na educação pública ou também usará a estrutura particular? Essa é uma discussão que já deveria ter sido feita desde que se anunciou a constituição do fundo do pré-sal. 

Cultura também complementa a educação. Há programas em andamento que democratizam acessos, mas não interligam educação e cultura, que já fizeram parte de um único ministério. Temos hoje livros caríssimos comparados a países. Se reduzimos IPI para carros, porque não isentar livros?  Ou produzir barato pela via estatal? Museus também precisam ser incentivados.

Dilma quer resultados. Mexer em educação básica faz o IDH crescer rápido. Por que não colocar à frente do ministério a pessoa que fez o IDEB (Indice de Desenvolvimento da Educação Básica) do Ceará ser o primeiro do norte/ nordeste, superar a meta e chegar à média nacional em 8 anos?

A escolha de Cid Gomes como gestor do principal projeto tem ônus e bônus. Diferentemente do irmão Ciro, Cid conseguiu estabelecer coalizão com o PT no seu mandato de governador. Igual ao irmão, não tem muito tato para tratar com movimentos sociais, indispondo-se com professores e sendo acusado de não cumprir a Lei dos Pisos, encarreiramentos, etc. E de fazer a educação voltada para atender ao mercado. Por outro lado é um gestor com semelhanças de perfil com Dilma. Ou seja, é do estilo "rolo compressor". Se derem a ele uma meta com certeza lutará por ela, a ferro e fogo.

A mídia bandida partidária oposicionista está apostando fichas no desmonte de Cid Gomes e, a partir daí, na destruição da bandeira do governo Dilma. Vai provocá-lo em busca de destempero pessoal. Vai fazer séries de matérias mostrando escolas em péssimo estado, crianças sem aulas, exigindo ações instantâneas impossíveis de serem feitas para em seguida dizerem que a meta é uma farsa.  Vai abrir amplos espaços a opositores de esquerda do movimento sindical e partidos que disputam hegemonia com o PT para que se faça toda e qualquer crítica. Continuará escondendo os fracassos das administrações que apostam na privatização da educação pública, sucateiam universidades, etc.

Não deverão lograr sucesso. Cid Gomes é macaco velho. Conheci sua capacidade administrativa ainda como prefeito de Sobral, revolucionando a cidade. Engenheiro Civil, anos-luz distante de seu irmão em educação e bom-senso, Cid não é um alvo fácil. Conseguiu reduzir resistências no PT do Ceará ao seu nome e até cooptar algumas lideranças. A estupidez da mídia poderá torná-lo um boi de piranha, ou seja, enquanto polemizam com ele, o governo ataca em outras frentes. 

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

PT-Rapia : Ódio ajuda a resolver vidas amargas e medíocres?

Pensava que a insanidade que criminalizou o PT, Dilma, Lula e seus eleitores se acabasse ao final da eleição. Muitos dos que tiveram o ódio exacerbado por mídias e discursos fascistas acabaram voltando às vidas normais logo que a maldição acabou. Não foram na onda do golpe, impeachment, intervenção militar, assassinato ou qualquer "solução" que impedisse a posse de Dilma. Num retorno ao século XVI, muita tente passou a esperar pela volta do seu rei, o Dom Sebastião do Leblon, para libertar o país da corrupção petralha bolivariana cubanista gayzista feminazi de Dilma.

Esperava que ontem a posse de Dilma pusesse uma pá de cal nesses ânimos exacerbados e finalmente passassem a aceitar um dogma democrático: quem ganha, governa para todos. E que façam oposição civilizada para 2018 se qualificarem como alternativa. Isso é normal, civilizado. Não para todos.

O líder do site Revoltados On Line, que atingiu notoriedade nas jornadas brancaleonescas lideradas por Lobão e extrema-direita prostituta de porta de quartel, foi a Brasília protestar contra a posse. Tudo bem, direito dele, mesmo que não junte ninguém para isso. Faz parte. É um dos que promete não descansar na luta contra os dragões da esquerda usando seu site e dinheiro que pede de contribuições para espalhar mentiras, terror, ódio, revolta.

Ontem pelas redes sociais vi mulheres com ódio dizendo que Dilma se vestiu igual a um botijão de gás, que andava que nem uma pata. Muito complicado para quem sofre discriminação de gênero. Também vi manipulação com foto dizendo que "só"6 mil pessoas foram à posse, além de bravatas do incongruente senador Álvaro Dias pedindo os nomes dos "predadores da Petrobrás" como se precisássemos falar de quem mudou a lei de licitações para facilitar bandalhas, que acabou com o monopólio da exploração, quis privatizar a empresa como Petrobrax, afundaram plataforma, etc.

Sobre a posse, o site do ilustre senador mostra que a de ontem teve menos gente que a de 2011. Seus fiéis seguidores, a partir disso, comentam que por não ter colocado 30 mil pessoas lá (e com dinheiro público, claro), está provado que houve fraude eleitoral e que Dilma não teve voto nenhum...

Afinal, como é a vida desses pessoas que botam a culpa em Dilma, PT e nos seus eleitores até quando um cachorro faz cocô na calçada? Conheço algumas que no quesito "pequenas corrupções" não poderia falar muita coisa. Seriam decepções amorosas? Ingratidão de filhos? Abandono conjugal? Sociopatias não tratadas? Faz bem encher a boca para pedir um muro para isolar nordestinos, que os médicos cubanos sejam mandados embora e os pobres morram sem atendimento, que as "mães parideiras que vivem do bolsa família" morram de fome junto com seus filhos pobres diferenciados? Se não fizer bem, então por que essa PT-Rapia?

O que faz uma pessoa que distribui mensagens de cunho religioso e amor a bichinhos bonitinhos ter o ódio sempre presente nas suas palavras, como se expiassem todos os seus males? Possessão demoníaca? Será que realmente faz efeito o mantra "Dilma petralha anta gorda tem mais é que morrer" para baixar pressão arterial ou emitir ondas de energia positiva que acalmem almas atormentadas? Fica com os psiquiatras o estudo.

O fato é que essa gente está perigosa e se não fosse a distância entre teclados creio que já teria sofrido violências físicas. Da minha parte ficam a tolerância e a expectativa de que essa espiral de ódio arrefeça e as pessoas voltem a raciocinar. Vou parar de responder às agressões que fazem pelas redes sociais. Acho menos mal se ficarem remoendo suas vidas amargas com os seus pares na PT-Rapia. Afinal, parece ótimo jogar todas as culpas por vivências medíocres num inimigo comum.

Que assumam a realidade e não vivam a expectativa sebastianista, porque ela não virá se depender do povo que elegeu mais que Dilma, mas um projeto que já tem 12 anos e veio para ficar.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

MÍDIA BANDIDA 0069 : Como desanimar um réveillon

O réveillon jornalístico fica mais ou menos assim
Raramente vejo TV, a não ser quando vou a algum lugar onde já esteja ligada. E fim de ano é uma dessas épocas, justo quando muitos contribuem para a que a festa de renovação de alegrias e esperanças, de balanços e promessas, se torne algo massacrante para os espectadores. Ainda mais quando há predisposição midiática  para que seu ano novo seja pior que o anterior, para que o desestímulo reforce o ódio e tire da economia qualquer tesão de investidores ou  consumidores para que o país afunde numa crise com proveitos políticos.

Ontem no jornal das 18h da Globonews as notícias seguiam uma linha de preparação de festas: réveillon no Rio, São Paulo, Florianópolis, etc. Eis que a apresentadora fala que "já está sendo preparada a festa em Brasília para a posse da presidente Dilma e... aí começou a gaguejar, procurar texto no teleprompter, ler o texto no papel e mudou-se de assunto. Vacilada geral ou a posse de Dilma não poderia ser apresentada num bloco de festas? O assunto voltou depois com o anúncio dos novos ministros.

Antigamente as TVs apresentavam a partir de 9 ou 10 da noite as retrospectivas do ano em extinção. Adorava rever as imagens e as notícias até como forma de avaliar a velocidade dos fatos e surpreender-me com coisas tipo "fulano morreu?" ou "isto foi neste ano mesmo, parece que foi há um tempão...". Hoje botam shows que simplesmente ninguém vê, as TVs ficam ligadas passivamente à espera da contagem regressiva para a meia-noite que em geral não tem ênfase e muita gente perde a noção do ano que começou, passando a se orientar pelo barulho dos fogos e pelos animais que enlouquecem na virada do ano com o ruído.

Antes da meia-noite em todos os canais entram repórteres que tiveram o azar de cair naquele plantão ou novatos que aproveitam a oportunidade para aparecer e desfiam rosários de bobagens, clichês e descrição inútil das belas imagens dos fogos. É nessa hora que os trabalhadores dos meios de comunicação em plantão também dão uma relaxada, tomam suas champanhes e se esquecem que tem uma pessoa falando sem parar enchendo a paciência de quem tenha deixado o volume da TV mais alto.

A edição de imagens acaba ficando com o estagiário, que faz de uma balsa pegando fogo algo que justifique suprimir as imagens das festas por todo o país e incentivar comentários tipo "está tudo sob controle porque as equipes são altamente treinadas para lidar com a situação". Nisso a imagem mostra o incêndio e as pessoas de lá paradas como se não tivessem extintores. Depois de alguns minutos apareceu um barco que jogou água e tudo se resolveu. O mundo todo viu essas imagens, em vez de algo mais interessante para descrever a grandiosidade da festa. E ninguém viu o tal especial de 450 anos da cidade do Rio que apareceu minutos antes da virada. A Globo depois botou uma foto de algo tosco que certamente foi regiamente pago pela prefeitura.

Aí vem a sucessão de shows sacais e as imagens de público que não dança, não se mexe, está lá fazendo outra coisa. E tudo isso gasta muito dinheiro do contribuinte. As autoridades entrevistadas dizem que o show será de alto nível e servirá para que as pessoas fiquem mais tempo no evento evitando a saída simultânea e caos na logística. Tudo bem, mas botar gente para dormir com tais espetáculos é de lascar...

Do que vi o melhor foi o show da Ivete Sangalo, depois da 1 da manhã, na virada do fuso horário normal do Nordeste. Também se na Bahia botassem coisa desanimada seria o fim da picada. O resto, mais do mesmo. Não vi imagens de Recife. Até de Natal e os poucos fogos da ponte mostraram.

Por volta de duas e meia o festival de besteiras jornalísticas continuava para deleite dos novatos e até um respeitável apresentador de telejornal mostrou ter passado da convencional taça de champanhe e parecia animado demais.

Já nas mídias sociais uma espiral de votos de "Feliz Ano Novo" entupia os canos da internet. Um manda para suas centenas de amigos uma mensagem geral, que cada um seria obrigado, a bem da educação, a retribuir, mas também já mandou a todos, inclusive aos que simultaneamente mandaram. Se todos mandassem e todos agradecessem não haveria banda larga que aguentasse.

Lá pelas duas da manhã também começam a aparecer selfies tirados com celulares com problemas, mostrando gente torta, com olhos vermelhos e bem fechadinhos em caras inchadas e descabeladas. E tome foto de taça, de fogos desfocados, etc. As tecnologias ainda têm muito que evoluir, especialmente reconhecendo e alterando caras e atitudes de gente mamada.

Conheço gente que dorme normalmente no dia da virada do ano como se fosse qualquer outro dia. Será que ganham ou perdem com isso?

Vamos aguardar as oferendas da mídia daqui a pouco, na posse de Dilma. Os batalhões de "analistas" criticando e urubuzando o governo, botando defeito até na calibragem do pneu do Rolls Royce oficial...