quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Serra quer impedir voto de jovens

Segundo a Folha, ontem o candidato José Serra teria ligado ao ministro do Supremo, Gilmar Mendes, em meio à votação de uma ação do PT que pede o fim da exigência burocratizante de dois documentos para votar, para pedir para sustar a votação. Em seguida, já com 7 votos a favor da ação do PT, Gilmar pediu vistas do processo e interrompeu a sessão.

O que pretende Serra, ao fazer de tudo para manter a exigência de identidade e título de eleitor na hora da votação? Segundo o jornal, impedir que um grande número de jovens vote. Que os tucanos já condenaram algumas gerações com seus governos, isso já se sabe, mas daí a impedir o voto dos jovens já é demais.

Com a votação praticamente definida, se Gilmar continuar protelando a conclusão da votação, a eleição acontecerá com a exigência dos dois documentos. A que ponto chegamos: a partidarização do judiciário!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Bancários em greve - 6% resolvem?

Como era previsível, hoje começou a greve nacional unificada dos bancários. Até o momento está focada em grandes aglomerações, devendo se ampliar com o passar dos dias. Foi a primeira vez que todas as assembléias aconteceram em um mesmo dia, fortalecendo o impacto do início do movimento.

Por uma questão de baixa auto-estima e submissão ao governo e aos patrões, as lideranças da grande maioria da categoria pedem despretensiosos 11%, enquanto os banqueiros botaram na mesa de negociações a inflação dos últimos doze meses, uma merreca em torno de 4,5%.

Como banqueiro não gosta de povo mesmo e banco funciona uns dias com apenas um punhado de fura-greves, a paralização deve rolar para depois das eleições, mesmo sendo avaliada em assembléias diárias.

Nas CNTP (condições normais de traição e peleguismo), uns 6% de reajuste mais uns dois grupos de trabalho para negociar (enrolar) algumas questões sociais liquidam a fatura, depois de uns 10 dias de greve. Surpreendente se algo diferente acontecer neste ano.

Asteróide perigoso passará perto da Terra

Um asteróide de 45 m de diâmetro não seria suficiente para fazer um estrago grande no nosso planeta, mas o fato de coisas desse tipo e até maiores passarem na trajetória orbital da Terra em torno do Sol são preocupantes. Que nem naquela propaganda de seguros que está passando agora na TV: vai que a gente está aí, preocupado com a vida e....

Hoje a gente sabe que tem o perigo graças ao Telescópio Pan-STARRS (Panoramic Survey Telescope & Rapid Response System), mantido por entidades astronômicas de vários países, que monitora objetos espaciais que possam oferecer riscos de colisão com a Terra. A NASA, agência espacial americana, acredita ser possível, no futuro, organizar missões espaciais para destruir corpos celestes que ameacem o planeta. A ficção já fez filmes sobre isso, como Armagedon, e a engenharia humana já desenvolve equipamentos para viabilizar operações de resposta rápida.

A sonda japonesa Hayabusa, lançada em 2003, foi ao asteróide 25143 Itokawa, que orbita em volta da Terra, pousou duas vezes, coletou material, estudou sua forma e colheu outras informações, e retornou à terra no dia 13 de junho passado, trazendo uma cápsula com fragmentos do corpo celeste. Daí a chegar a um asteróide ou cometa, fazer uma perfuração e botar um artefato explosivo para fragmentá-lo em pedaços mais facilmente "digeríveis" por combustão na atmosfera terrestre não parece muito fora da realidade.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Rio: Gabeira troca Serra por Marina taticamente


Gabeira é um político muito interessante. Da guerrilha ao agrado da direita passou por vários estágios. De apoiar Serra no início da campanha a aderir a Marina, candidata do seu partido à presidência na reta final da eleição, tudo lhe é possível. Mesmo assim, a contradição continua, porque sua adesão está ligada à estratégia da "Onda Verde" que pode elevar a votação em Marina para levar Serra ao segundo turno, já que a candidata verde poderia crescer, evitar a vitória de Dilma, mas sem os votos suficientes para ameaçar Serra.

Gabeira já declarou que vai apoiar Serra no segundo turno. Isso que dizer: eu apóio Marina agora, mas ela não vai para o segundo turno. O candidato do PV fluminense está perdendo a eleição de goleada ao governo porque se aliou a Serra contra Dilma, enquanto o atual governador Sérgio Cabral tem como mote a afinidade com Lula que teria trazido bons resultados ao estado, como as UPPs, UPAs, a luta pelos royalties, a revitalização da indústria naval, etc. Gabeira também se aliou ao ex-prefeito César Maia, candidato ao Senado pelo DEM, mentor da candidatura de Indio da Costa a vice de Serra. O resultado dessas alianças foi tão desastroso, que além de Cabral poder ganhar no primeiro turno, Maia se viu ultrapassado pelos candidatos ao senado apoiados por Lula e Índio não tem como explicar porque no estado do vice de Serra a candidata Marina é segunda colocada nas pesquisas.

Se Gabeira tivesse fidelidade partidária, estaria bem melhor. O tema ambiental no Rio atrai a juventude e parte da classe média, que também rejeita Sérgio Cabral. Apoiada desde o início, Marina estaria bem melhor que Serra no Rio, e não deixaria a tese de Cabral prosperar como aconteceu, porque há uma rejeição ao PMDB, aplacada pelo sucesso das UPPs na classe média tradicional. As pessoas ficaram sem opção, e compraram o pacote completo do time de Lula.

Como candidato é candidato e cumprimenta todo mundo. Eu vinha pela avenida ao lado da Quinta da Boa Vista quando vi uns 4 carros de campanha do PV, ao parar no sinal. De repente, salta de um carro o Gabeira, e se dirige a uma caminhonete de vidros escuros, onde poderia estar Marina Silva, pois depois soube que tinham ido à Quinta gravar um programa. Ele me viu com a câmera, deu um aceno simpático, sem saber que depois iria criticá-lo num post para o blog.

Ficha limpa é um avanço, mas não é suficiente




O empate de 5 x 5 no STF no julgamento da aplicabilidade imediata frustrou a expectativa dos 4 milhões de signatários do projeto de lei de iniciativa popular que culminou com a vigência da Ficha Limpa nas eleições de 2010. Roriz acabou renunciando à candidatura, botou a esposa como candidata, anunciou ao vento que ele vai mandar no mandato dela, e fica a impressão de nada ter mudado.

Sejamos otimistas. Hoje, pela primeira vez, o STF condenou um deputado a sete anos de prisão por crime previdenciário. A consciência da necessidade de tirar de circulação os bandidos da política está começando, e deve forçar as autoridades a aperfeiçoar os processos de depuração.

Ainda bem que temos opções de votar em candidatos ilibados. Não é todo mundo que pode ostentar o carimbo de "ficha limpa".

Bancários : a melhor hora da greve passou

Amanhã haverá assembléias de bancários por todo o país, onde poderá ser decidida a paralização pois as negociações com os banqueiros não avançam, chegando no máximo à reposição da inflação do período. Para os patrões, os lucros exorbitantes não entram nas contas das negociações salariais, porque não querem seus custos fixos elevados. Preferem as participações nos lucros, bônus e outras verbas que não incluam novos direitos, e podem a qualquer momento ser retiradas. As greves estouram e vão até a definição dos índices de reajustes, sendo os demais itens da pauta coisas menores diante disso.

Várias razões retardaram o momento da greve, entre elas o forte domínio do governo Lula sobre o movimento sindical bancário, onde a maioria das entidades e direções obedecem à política de pacto social seja por afinidade partidária, ou por benesses fisiológicas. Num ano de eleições presidenciais, o mínimo que se deveria esperar de lideranças sindicais seria expor a gritante realidade salarial dos bancários diante dos gigantescos lucros dos banqueiros. Nos oito anos de governo Lula, o máximo que a categoria conseguiu foi repor a inflação do período, sem nenhuma reposição do que foi roubado nos 8 anos de congelamento sob o jugo de FHC. Em suma: FHC e os demo-tucanos roubaram o poder aquisitivo dos bancários de bancos públicos, chegando a um patamar ínfimo, e tudo que Lula fez foi manter o poder aquisivo desse salário de fome.

Uma greve no início de setembro poderia forçar o governo a tomar posição não apenas sobre os salários deprimidos do BB, Caixa, Banco do Nordeste e outros estatais, mas sobre o projeto para esses bancos como instrumentos de políticas do governo. Nem um panfleto com promessas demagógicas aos funcionários ou aposentados desses bancos os candidatos tiveram o trabalho de fazer. Ao não se colocarem como atores políticos, os bancários foram perdendo peso, influência e sucumbiram ao imenso poder econômico e midiático dos banqueiros.

Não tenho dúvidas da greve na quarta. Nenhum militante de qualquer orientação partidária de esquerda terá a coragem de se opor à greve a quatro dias as eleições, afinal, todos defendem seus candidatos e se um for contra, os demais dirão que seus candidatos não prestam. Nesta semana, o noticiário não terá espaços para repercutir o movimento, a não ser que se fizesse algo bem diferente das últimas greves, onde uns fingem que paralizam, outros fingem que trabalham, muita gente tira "férias" e aproveitará um eventual "feriadão" para viajar mais cedo para as suas cidades para votar. Enquanto isso, os terceirizados e máquinas escravas continuarão atendendo ao grande público, e a greve não terá nenhum impacto maior, a não ser sobre os não-bancarizados que vão deixar de pagar suas contas em caixas fechados. E estes serão as matérias-primas dos noticiários, com dramalhões explorados para jogar a população contra os trabalhadores.

A greve deveria ter acontecido no início de setembro. A política dos candidatos para os bancos públicos deveria ter sido fustigada pelo movimento. A denúncia do congelamento de FHC e da continuidade do arrocho por Lula deveria ter sido feita, como forma de pressionar pela solução do arrocho e por planos de recomposição do poder aquisitivo. O saque às reservas dos planos de pensão, com base na ilegal Resolução 26 da CGPC, deveria ter sido colocado a cada candidato para saber se iriam insistir em repassar os recursos das aposentadorias para os lucros dos bancos públicos. Nada disso foi feito. A oportunidade passou, e teremos mais uma daquelas greves por 1% acima da inflação, uns penduricalhos da pauta social e grupos de trabalho que enrolarão por mais um ano. Nada mais previsível. E tudo que é previsível, é vulnerável.

sábado, 25 de setembro de 2010

Lições da Venezuela para a direita tupiniquim

Amanhã haverá eleições parlamentares na Venezuela. Desta vez, a oposição, em todas as suas posições, do centro à extrema direita, participará do pleito e elegerá representantes, possivelmente em quantidade suficiente para haver debate legislativo, acabando com o período de absoluto domínio de Hugo Chavez. Por que não o fizeram antes?

Tudo que se ouve falar de Chavez é que ele domina tudo, até os hábitos de banho, as fotos de primeira capa de jornal, etc. Parece que não tem congresso. De fato, não tem nenhuma resistência, porque a oposição, nas últimas eleições, recusou-se a participar, e ficou assistindo a todas as reformas do populista venezuelano sem resistência, a não ser pelo seu último bastião: a mídia conservadora. Ninguém fiscalizou Chávez, que fez o que quis. Foi correto isso?

Claro que não. A lógica da abstenção era a aposta no golpe, afinal, anos antes já tinham tentado e quase tiveram sucesso. Desta vez, mesmo com crises de desabastecimento, não conseguiram os apoios para derrubar o presidente, e agora têm que acatar a ordem democrática vigente, mesmo que não seja tão democrática assim para eles.

A direita brasileira, à beira da aniquilação do seu principal partido, tentou montar um clima de golpe, de iminência de uma ditadura, correu atrás de militares, da igreja, fez manifesto, articulou a grande mídia no ataque, mas não deu certo. Se houvesse a recusa a participar do pleito, ficariam na mesma situação da oposição venezuelana. Ninguém no mundo, hoje, entraria numa aventura de derrubar o governo mais visível que o Brasil já teve, e que é respeitado em toda parte. Ainda mais ganhando dinheiro como estão, com riscos reduzidos pelo controle social exercido pelo governo Lula. Passariam quatro anos fazendo editoriais, como almas penadas, longe da vida física.

A pancada é forte, mas nada que uma boa cachaça não amenize, num boteco sujo, ao som de um bolerão, música brega ou pagode. A direita não errou nestas eleições. Fez o de sempre. O que mudou foi o outro lado, que ficou mais esperto, que acreditou num outro projeto que os centenários senhores do poder nunca quiseram lhes dar, a não ser como restos de banquete. A chiadeira dos conservadores tem como motivo a sensação de deslocamento da hegemonia um pouco à esquerda. Uma nova elite deverá pautar os destinos do Brasil nos próximos anos, deixando a direita tradicional num tamanho e influência bem menores.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

SP: Vox Populi diz que pode ter segundo turno

Tiro no galinheiro tucano. Ou seria tucaneiro? Ou tucalinheiro? O fato é que tem pena voando prá todo lado com mais essa péssima notícia, justo no último reduto demo-tucano. O Instituto Vox Populi divulgou agora pesquisa que mostra Alkmin (PSDB) com 40% (caiu 9%) e Mercadante com 28 (subiu 11%). Agora a soma dos votos em candidatos empata com a intenção de voto em Alkmin. Pela primeira vez há a possibilidade de ter segundo turno em São Paulo.

Ontem o Datafolha disse que Alkmin tinha 51% e Mercadante, 23%. Em uma semana, ou teremos um instituto dizendo que Alkmin se recuperou e Marcadante caiu de novo, ou outro dizendo que foi "surpreendente" a boca-de-urna do PT, para justificar o resultado da urna. É por isso que não se pode confiar em pesquisas, porque, articuladas com um esquema de manipulação, podem induzir o eleitor a um resultado que não corresponde à opção democrática.

DF : Roriz lança Mulher Laranja candidata ao governo

Numa eleição que já tem a Mulher Pêra como candidata em São Paulo, por que não ter uma Mulher Laranja em Brasília? Desistindo da candidatura temendo perder no STF, o ex-candidato ao governo, Joaquim Roriz, anunciou que sua mulher, dona Roriz, será candidata no seu lugar. Na urna eletrônica, por falta de tempo hábil, aparecerá o retrato de Roriz e o seu nome. A escolha da patroa foi por causa do sobrenome, e Roriz disse na entrevista que ela será sua representante, mas quem governará será ele. Roriz fez da própria mulher sua "laranja". Ele é bom nesse assunto.

SP: Fogo queima mais uma favela

Como disse o candidato José Serra noutro dia, numa pane do metrô paulistano, "isso deveria ser investigado", fazendo suspeição de eventual maldade da Dilma ainda a ser publicada no #dilmafactsbyfolha". Faço deles as minhas palavras diante de mais um incêndio em favela, desta vez na Real Parque, que fica incrustada entre prédios de classe média alta na região do Morumbi, a mais valorizada de São Paulo.

Em nenhum outro lugar as favelas pegam fogo com a freqüência de São Paulo. Neste ano já foram dezenas, sempre abrindo clarões no meio de barracos. Não sei se depois tudo é reconstruído, mas uma coisa é clara: falta uma política habitacional por lá. Isso é o mínimo. Um terreno como esse, no Morumbi, deve valer uma fortuna, motivo pelo qual deve haver interesses em reavê-lo. Na retirada da favela, não apenas o terreno, mas toda a vizinhança teria valorização.

O problema é que em Sampa ninguém investiga nada. A começar pelo legislativo, que não consegue emplacar nenhuma investigação ou CPI dos governos demo-tucanos. Tudo é arquivado. Enquanto isso, Kassab deve estar de toga tocando lira em algum lugar alto de onde possa ver a parte pobre da cidade em chamas.

Leonardo Boff : Mídia declara guerra aos insubmissos

Muito lúcida a visão do escritor e ex-religioso Leonardo Boff, sobre o enfrentamento de vida ou morte que a mídia faz contra Lula e Dilma neste momento. Vê no episódio o velho querendo se sobrepor ao novo, os históricos donos do poder declarando guerra aos pobres que se libertam. Vale a pena ler.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16986
A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma

O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta. Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. O artigo é de Leonardo Boff.

Leonardo Boff
Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso”pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais” onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.Esta história de vida, me avaliza para fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade.

O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.Precisamos dar o nome a esta mídia comercial.

São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico, assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem deste povo.

Mais que informar e fornecer material para a discussão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido à mais alta autoridade do pais, ao Presidente Lula. Nele vêem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista.

Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma) “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e nãocontemporânea.

A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo, Jeca Tatu, negou seus direitos, arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence (p.16)”.Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso.

Eles tem pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascendente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidene de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados de onde vem Lula e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e de “fazedores de cabeça” do povo.

Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palabra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros.

De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão soicial e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor.

Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, o fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil.

Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA faz questão de não ver, protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e no fundo, retrógrado e velhista ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes. Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das má vontade deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.(*) Teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.

Petrobrás faz a maior capitalização da história

Nunca na história deste planeta, e até da galáxia, se fez um lançamento de ações com tanto sucesso e tanto dinheiro como hoje na Bovespa. Lula foi pessoalmente lá, não para bater o martelo da privatizãção dos tempos de FHC, Petrobrax e P-36, mas para assegurar os recursos para a exploração do pré-sal que poderão fazer do país uma potência. Desde que não caia nas mãos erradas. Com alguns detalhes de fazer os neoliberais ficarem com os cabelos (exceto Serra) em pé: o governo aumenta a participação acionária na Petrobrás, ou seja, ela se torna menos privada.

O Petrossauro, como chamavam os tucanos nos tempos de FHC, agora é a segunda maior empresa de petróleo do mundo. E pensar que queriam vender a Petrobrás barato, como fizeram com a Vale do Rio Doce, as teles, as elétricas, as siderúrgicas, e quase o BB e a CEF. Veja aqui algumas coisas tristes desse passado que esperamos que não volte mais. Do tempo que o genro do FHC era presidente da Petrobrax...

O capitalismo do mundo inteiro olha para o Brasil com uma ponta de inveja, porque a crise por aí está muito braba. A operação só deu certo, com grandes benefícios à Petrobrás e ao país, porque apesar de Lula ser desacreditado por aqui pelo capitalismo dependente do estado e das boquinhas, esse que ainda sustenta a mídia do tempo da colônia, lá no exterior projetou o Brasil como potência, e principalmente vendeu a credibilidade que faltava a FHC e sua turma.

Enquanto isso, num certo posto de saúde que o Zé Serra fez em algum lugar de São Paulo, com dois veterinários por consultório, chega a preocupar o número de tucanos que chegam a todo o momento na emergência, com os pulsos cortados.

DF : Roriz escapa antes digam que é "ficha suja"

Recebi em meio ao almoço a deliciosa notícia da desistência do candidato Joaquim Roriz, candidato à eleição em Brasília. No seu lugar, vai colocar a esposa, que terá o mesmo destino já traçado para Roriz: a derrota certa. Nas últimas pesquisas, já se ampliava a vantagem a favor do candidato do PT, Agnelo Queiroz.

Assim como fez para escapar da cassação certa no senado, agora Roriz desistiu diante da incerteza do resultado do STF no seu questionamento da Lei da Ficha Limpa. Não quis pagar para ver, e ter a pecha de "ficha suja" para sempre. Nas próximas ele volta, limpinho na forma da lei, caso não tenha novas condenações pelos diversos processos que responde na justiça, envolvendo malversação de dinheiro público.

Supremo trava a Lei da Ficha Limpa em 2010

Com votação de 5 x 5 sobre a aplicabilidade da Lei da Ficha Limpa em 2010, o Supremo Tribunal Federal, na prática, jogou uma pá de cal na possibilidade de tirar destas eleições candidatos reconhecidamente corruptos. Como nada mudou, tudo continua como está, ou seja, os rorizes da vida estão aí, com recibo de imaculados. O impasse não tem uma data para definição, quando o novo presidente tomar posse, e assim todos os escroques poderão participar tranquilamente do pleito. Quando muito, numa data remota, poderão vir a ser cassados, se algo se modificar no âmbito do tribunal. Vitória para a bandidagem, derrota para os 4 milhões de signatários do projeto de iniciativa popular.

Jornalistas querem ética contra a manipulação

Segue a íntegra do documento "Em defesa dos jornalistas, da ética e do direito à informação", lida ontem pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais - SP no ato "Em defesa da democracia e contra o golpismo midiático", ocorrido ontem no Sindicato dos Jornalistas, em São Paulo. O documento deve servir de reflexão à classe dos jornalistas, que perderam até a regulamentação da profissão e exigência de diplomação a partir de investida dos donos dos meios de comunicação contra seus direitos. A nota vai no sentido de resgatar a dignidade da profissão.

"Em defesa dos jornalistas, da ética e do direito à informação

O conceito de golpe midiático ganhou notoriedade nos últimos dias. O debate é público e parte da constatação de que setores da imprensa passaram a atuar de maneira a privilegiar uma candidatura em detrimento de outra. É legítimo - e desejável – que as direções das empresas jornalísticas explicitem suas opções políticas, partidárias e eleitorais. O que é inaceitável é que o façam também fora dos espaços editoriais.

Distorcer, selecionar, divulgar opiniões como se fossem fatos não é exercer o jornalismo, mas, sim, manipular o noticiário cotidiano segundo interesses outros que não os de informar com veracidade.Se esses recursos são usados para influenciar ou determinar o resultado de uma eleição configura-se golpe com o objetivo de interferir na vontade popular. Não se trata aqui do uso da força, mas sim de técnicas de manipulação da opinião pública. Neste contexto, o uso do conceito “golpe midiático” é perfeitamente compreensível.Este estado de coisas só acontece porque os jornalistas perderam força e importância no processo de elaboração da informação no interior das empresas.

Cada vez menos jornalistas detêm o poder da informação que será fornecida à opinião pública. Ela passa por uma triagem prévia já no seu processo de edição e aqueles que descumprem a dita orientação editorial são penalizados. Também nunca conseguem atingir cargos de direção que, agora, são ocupados por executivos que atendem aos interesses de comitês, bancos associados, acionistas etc.

Esse estado de coisas não apenas abre espaço para que a mídia atenda a interesses outros que não o do cidadão, como também avilta a profissão de jornalista, precariza condições de trabalho e achata salários. A consequência mais trágica disso é a necessidade de se adaptar ao “esquema da empresa” para garantir o emprego, mesmo em detrimento dos valores mais caros.Para avançar nessa discussão é necessário estabelecer a premissa de que informar a população sobre os desmandos do governo (qualquer deles) é dever da imprensa.

Orquestrar campanhas pró ou contra candidatos é abuso de poder. A linha divisória entre esses campos é tênue e cabe ao jornalista, respeitando o profissionalismo e a ética, estabelecer o limite tendo em conta o que é de interesse público.Não podemos incorrer no erro de instaurar na cobertura de fatos políticos os erros cometidos em outras áreas, ou seja, o pré-julgamento (que dispensa provas, pois o suspeito está condenado previamente) e o jornalismo espetáculo (que expõe situações de maneira emocional para provocar reações extremadas).

A ideia de debater e protestar contra esse estado de coisas resultou na realização do ato em defesa da democracia e contra o golpismo midiático a ser realizado no auditório do Sindicato dos Jornalistas. A proposta surgiu em conversa entre blogueiros, foi assumida pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, que procurou o Sindicato dos Jornalistas e este aceitou sediar o evento.A sociedade sabe que o local ideal para este debate é o Sindicato dos Jornalistas. Não apenas porque os jornalistas são parte importante nesse processo, mas, principalmente, pela tradição da entidade em ser um espaço democrático aberto às diversas manifestações públicas e de interesse social.

O que está em discussão são duas concepções opostas, uma que considera a informação um bem privado, passível de uso conforme interesses pessoais e outro que entende a informação como direito social, portanto, regulado por um “contrato social”, exatamente como acontece com a saúde ou a educação.Ter direito de resposta, garantir espaço para que o contraditório apareça, impedir o monopólio da mídia, tornar transparente os mecanismos de outorga das empresas de rádio e TV, destinar parte da verba oficial para pequenos veículos, criar a rede pública de comunicação, regulamentar as profissões envolvidas com a mídia, não são atos de censura, são movimentos em defesa da liberdade de expressão e cidadania!

O grupo dos liberais quer, a qualquer custo, impedir que o conceito de direito social seja estendido à informação. A confusão feita entre liberdade de opinião, de imprensa, de informação, de profissão e o conceito de censura e de controle público é intencional. Essa confusão é visível na argumentação utilizada pelo Ministro Gilmar Mendes para acabar com a necessidade do diploma de jornalismo. O objetivo é impedir que as ideias por trás das palavras sejam claramente entendidas pelo cidadão e, assim, interditar qualquer reivindicação popular nesse campo.A liberdade de imprensa é o principal instrumento do jornalista profissional. Não é propriedade dos proprietários dos meios de comunicação.

O verdadeiro ato em favor da liberdade de imprensa é feito em defesa do jornalista e, por consequência, diminui o poder da empresa. O problema é que, a exemplo do que escreveu George Orwell no livro 1984 quando criou a novilíngua (que pretendia reduzir o vocabulário, eliminar sinônimos e fundir palavras para diminuir a capacidade de pensamento), o conceito de liberdade de imprensa foi virado pelo avesso e, uma vez apropriado pela empresa de comunicação, passou a diminuir o papel do jornalista obrigando-o a se submeter às engrenagens do poder empresarial. Não é por acaso que existe a frase, ao mesmo tempo trágica e engraçada, de que apenas existe “liberdade de empresa”.Não é por acaso que o debate sobre liberdade de imprensa e democratização da mídia está presente na campanha eleitoral deste ano. Não é uma briga entre partidos ou candidatos, é uma questão bastante difundida na sociedade e que exige posicionamento público das autoridades. A Associação Nacional de Jornais - ANJ está preparando um código de autoregulamentação para a imprensa que vem, exatamente, no sentido de fazer algo para impedir que o Estado ou a sociedade organizada o faça.

Lembremos das palavras do escritor Giuseppe Tomasi di Lampedusa, em O Leopardo, “mudar para continuar igual”.O debate público precisa ser aprofundado e ele não será feito com preconceitos ideológicos, mas, sim, a partir de análise apurada da realidade e das necessidades da democracia que, penso, não se concretiza sem o chamado “contrato social” que regra a atividade humana, impedindo que os mais fortes destruam os mais fracos. Estamos clamando pela verdadeira liberdade de imprensa, pela ética profissional e pelo direito do cidadão de informar e ser informado!"

Globo manipula até o ato contra a mídia golpista


Nem na manchete aparece o nome completo do evento "Em defesa da democracia e contra o golpismo midiático" ocorrido ontem em São Paulo, no Sindicato dos Jornalistas. Nos demais espaços do jornal, está o "ato contra a mídia promovido pelo PT e pela CUT, que virou ato de campanha a favor de Dilma". O ato foi iniciativa de jornalistas, ao qual aderiram diversas entidades representativas da sociedade. Não foi um ato de elites, como o do Manifesto Pela Democracia, ou ato para calar Lula, na nossa interpretação.


No jornal Extra, que também é da Globo focado no povão, há na capa, em grande destaque, uma charge de Lula como o rei de uma carta de baralho, e dois títulos, dependendo do lado que se veja a carta. "Lula é bonito" e "Bonito, hein, Lula?" com o subtítulo dizendo que Lula quer abafar escândalos batendo na mídia porque estaria incomodado. Isso não é uma atitude isolada do jornalismo da Globo.


Ontem nas explicações da "queda" de Dilma e "subida" de Serra pelo Datafolha, disseram que a candidata do PT perdeu votos entre os mais ricos e de maior escolaridade, e que para ela perder mais votos, teria que haver uma comoção entre os mais pobres, que são a maioria do eleitorado. Ainda ontem O Globo deu um espaço à divulgação de um vídeo que circula pela internet onde um pastor pede que não se vote no PT porque seria a favor do aborto, que foi regulamentado pelo então Ministro da Saúde José Serra, mas isso não aparece na matéria. Hoje há outro manifesto de evangélicos contra Dilma, publicado no jornal como matéria paga, se é que foi realmente paga.


Na coluna de Merval Pereira de "o Globo" de hoje encontramos dados interessantes que contribuem para a estratégia das organizações Globo. Ele parece se colocar entre os tucanos que estão discordando dos rumos da campanha de Serra, que fez da baixaria e da demagogia a base da propaganda. Primeiro diz que a "queda" de Dilma não aconteceu por causa das denúncias envolvendo a Casa Civil. Depois diz que Marina passou Serra no Rio de Janeiro (deve ser porque Gabeira parece ter abandonado Serra e adotou a candidata do seu partido). Fala ainda que a demagogia (salário mínimo de R$ 600, 10% para aposentados, 13° para o Bolsa Família, dinheiro do pré-sal para os aposentados) seria focada no eleitor mais pobre, em especial do nordeste. Por fim, disse que a campanha de Serra não agrada a boa parte dos tucanos.

Interessante no O Globo é que falam que o Ato contra a Mídia (segundo eles) foi coisa da CUT e do PT, mas a própria matéria diz que foi pouca gente porque ambas as instituições não participaram... Já o portal G1, da mesma Globo, faz matéria menos partidária, fala de 500 pessoas no ato, divulga na íntegra a carta dos jornalistas em defesa da ética. Como o foco da guerrilha contra o poder da grande mídia está na imprensa alternativa, de blogs e sites da internet, o G1 pegou leve, afinal, o público é outro e o confronto é direto. A Globo é fantástica: coloca para cada segmento a sua mensagem partidária, mesmo que entre as diferentes mídias apareçam contradições.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"CANSEI II" quer calar Lula

Ontem em São Paulo aconteceu um ato insólito onde foi lançado um Manifesto em Defesa da Democracia, cujo foco era... calar Lula! Submetido a quase oito anos de censura e ostracismo pela grande imprensa, combatido sem tréguas, Lula tem encontrado nos comícios de Dilma e demais candidatos das coligações aliadas o espaço para dizer tudo o que não conseguia falar. Com isso, tem conquistado os eleitores para votar não apenas nos candidatos majoritários, mas também em senadores e deputados aliados, que tomarão os espaços dos partidos nanicos de direita, que têm hoje uma representação inflada porque controlam os meios de comunicação de massas.

A nota do Cansei II (a reedição do movimento de madames da Daslu, empresários e outros bichos da elite que tentou derrubar Lula em meio à crise do caos aéreo) é explícita ao tentar desqualificar Lula como cidadão, que tem suas preferências eleitorais, para calá-lo sem qualquer fundamento, cassando-lhe os direitos democráticos de expressão. Vai aí um trecho desses senhores indignados:

"...É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há "depois do expediente" para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no "outro" um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado..."

Quer dizer que Lula tem que aguentar calado todas as críticas que lhe fazem e ao seu governo? Que não pode se manifestar a favor de candidatos? Pois é, já os caras que tentam calar Lula usam a sua imagem quando é conveniente, e até o elogiam em meio a mais uma campanha sórdida que rola pela internet, fazendo terror contra o PT. Lula tem mais é que mostrar aos eleitores quem é quem, dizer que a imprensa o discrimina, que é elitista e preconceituosa, e exigir deles o respeito à cidadania e liberdade de expressão. A imprensa virou partido, tem um candidato e não assume, passando-se por imparcial. Já o Presidente da República não pode ter candidato...

Como esses senhores explicam, então, a atitude do candidato tucano ao governo do Paraná, Beto Richa, que tem conseguido na justiça impedir a divulgação de qualquer pesquisa eleitoral, tirando dos cidadãos uma informação interessante para a formação de convicções? Isso não é censura? E a demonização do PT, articulada pela TV em apoio à propaganda oficial de Serra? Não é campanha eleitoral, coisa que é vedada pela lei eleitoral a meios de comunicação concedidos? E como disse Lula ontem no comício em Curitiba: pela mídia, controlada por umas 9 ou 10 famílias, os democratas são os senhores da casa grande, e os ditatoriais são os que ocupam a senzala...

O côro da Regina Duarte e do Carlos Vereza (eu tenho medo...) é o dessa turma. Medo de quê? Medo de melhorar, de progredir, de ter um país mais justo e democrático, com mais oportunidades? Sim, eles têm medo disso, porque no povo tem muita gente boa, capaz, que pode fazer muito mais pelo país do que eles. No fundo, a demofobia da elite esconde a sua própria mediocridade, o medo de que outros o superem. Todo preconceito é assim.

Segundo turno prolongará baixaria de Serra

Em outros posts estranhei que a candidata Marina Silva estivesse sempre no patamar de 9%, mesmo com militância na campanha. Além disso estranho que os tais dos "demais candidatos" não tenham 1% do eleitorado, mesmo com valorosos militantes em campanha. As pesquisas dos institutos ligados à grande mídia, por outro lado, sempre preservaram Serra, colocando-o sempre acima da realidade, mesmo caindo, para não permitir a migração dos seus votos para uma candidatura mais viável, como a de Marina.

Eleição para muitos é uma demonstração de democracia, mas para os que se colocam como donos do poder e tutores da pátria é um jogo. Em especial para o povo do DEM, a extrema-direita, que não tem projeto e tenta ganhar o jogo sempre na mentira, na baixaria, no golpe, na armação, porque não tem projeto que não seja o de submeter todos aos seus interesses. Mesmo no PSDB tem gente que repudia os rumos da campanha de baixo nível e demagógica de Serra. Cadê o projeto neoliberal? Cadê as "realizações", os "avanços" de FHC, que preferiu sumir do Brasil até as eleições para não se ver envolvido nesse lamaçal, que agora até ares de crise institucional querem dar?

Os trogloditas do poder estão com Serra, mesmo com Marina fazendo um discurso à direita do PT e às vezes surfando na onda de baixarias dos demo-tucanos. Na causa ambiental cabe de tudo, com estória do "sustentável", inclusive o empresariado que faz belos balanços de realizações sócio-ambientais como estratégia de marketing. Isso se reflete no apoio a Marina, que tem mais empresários preocupados com meio-ambiente e ONGs (organizações neo-governamentais) que movimentos sociais na campanha. Ocorre que Serra não sobe mais nas pesquisas, nem com Viagra, e Dilma está lá, tranquila, nos 50%, ganhando a eleição no segundo turno.

Tirando dos números inflacionados do Datafolha os exageros da manipulação, e tendo por base a pesquisa de tendências diárias do Vox Populi (tracking), acredito que Dilma esteja nos 50%, Serra nos 24% e Marina nos 10%, sobrando uns 2% para os demais candidatos. Dilma estaria, portanto, com vantagem de 14% sobre os demais. Para haver segundo turno, com Serra estagnado, ou Dilma cai (e para isso o arsenal de baixarias é interminável, mas de pouco efeito), ou os outros sobem. Nesta hora, para quem quer forçar o segundo turno para dar sobrevida às chances da extrema-direita com Serra, vale até encher a bola de partido anticapitalista.

Marina, Plínio, Zé Maria, Rui Pimenta, todos foram do PT, e não são confiáveis para a direita, mas podem crescer um pouquinho com algum espaço, principalmente entre os descontentes do PT. Abrir espaços a eles significa, agora, corroer os 50% de Dilma, e cada voto tirado dela para um deles conta como dois, na redução da vantagem que pode terminar a eleição no primeiro turno. Para todos esses candidatos, a disputa tem a ver com a visibilidade das suas propostas, e com a construção de bancadas, mesmo que pequenas. No segundo turno não tem nada disso, porque nenhum dos partidos desses candidatos participará com candidato para disputas aos governos estaduais, nem para presidente, afinal, se tiver segundo turno, será Dilma X Serra.

Se houver o segundo turno, será pela ação manipulatória dos demo-tucanos, em especial pelo bombardeio incessante a Lula e Dilma, e novas "denúncias" e factóides forjados. Ontem até um defeito no metrô já queriam colocar como coisa da Dilma. Fora o granizo em Guarulhos. Daqui para fazerem um sequestro como o de Abílio Diniz em 1989 e botarem camisas do PT nos sequestradores é um pequeno passo. Eles farão algo assim, com certeza, porque entraram no desespero de ver eleito um governo que não tem a sua "autorização", que não lhe pediu "a bênção", que não assinou nenhuma "carta aos brasileiros", como Lula. E que com uma boa bancada congressual poderá fazer reformas que democratizem mais o país. Perderão muito com isso. Imaginem o segundo turno?

O segundo turno pode levar o país ao caos, continuada a escalada de violência anti-petista, anti-popular, anti-esquerdista, com reflexos na economia, na credibilidade externa. Não cabe a Dilma ceder a essa chantagem, devendo Lula aproveitar os espaços de TV para chamar o povo às ruas para fazer valer a sua vontade de mudar o país para melhor, de avançar nas mudanças. Se isso vier a acontecer, a derrota da direita será ainda mais acachapante, porque a discussão sobre o poder de uma pequena minoria detentora dos meios de comunicação será inevitável, e restrições poderão acontecer, como a aplicação da Constituição Federal, que proíbe a constituição de oligopólios de empresas de mídia.

Na próxima semana o voto útil em Dilma será lembrado como forma de livrar o país de mais um mês de corrosão, violência e armações contra a democracia. O jogo será duro. No sábado sai outra Veja, que pautará toda a Quadrilha da Mídia golpista na próxima semana. No dia 3 de outubro, além de um projeto de continuidade do governo Lula, também poderá ser depositada nas urnas a vontade das pessoas de enterrarem o atraso representado pela elite que saqueou o país por 500 anos, e que está muito ativa querendo outros 500. Lula foi a pedra no sapato deles.

Filme sobre Lula indicado para o Oscar

"Lula, o filho do Brasil" será o filme indicado pelo cinema brasileiro ao Oscar de 2011. Entrará em cartaz em breve nos cinemas americanos e concorrerá ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro. No Brasil o filme foi boicotado nas salas de exibição, e começará a ser mostrado em cinemas americanos em breve. Fala sobre a trajetória de Lula até o sindicalismo, numa etapa anterior ao PT, focado na relação entre ele e sua mãe ao longo das dificuldades que passaram.

Enquanto Lula pode trazer o primeiro Oscar para o Brasil, já que o júri que decide é politizado e tende a homenagear temas sociais, a meia-dúzia de donos de meios de comunicação daqui abre uma crise dizendo que prepara-se um golpe de esquerda, etc e tal. Isso com as ações da Petrobrás subindo de preço, atraindo investidores, e a campanha de Dilma cheia de dinheiro de banqueiros. Essa meia-dúzia quer ter mais poder que os outros 199.999.994 brasileiros, e quer continuar tutelando os destinos do país mesmo sem disputar eleições ou sem ter procuração para tal.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Eleições : Datafolha força barra pelo segundo turno

Contrariando as pesquisas de tendência (tracking) do Instituto Vox Populi, a pesquisa Datafolha de hoje, divulgada pelo Jornal Nacional, vem com um recado: diminuiu a diferença entre Dilma e os demais candidatos. Para bom entendedor: poderá haver segundo turno se isso continuar.

Segundo o Datafolha, Serra subiu de 27% para 28%, Dilma caiu de 51% para 49% e Marina subiu de 11% para 13%. Os números tentam traduzir que o massacre da mídia sobre Dilma estaria dando resultado, reduzindo a diferença para os demais. Também podem querer indicar que os dois pontos perdidos por Dilma podem ter ido para Marina, que tem feito uma campanha à direita, mais próxima de Serra, com a vantagem do candidato não ser o rejeitadíssimo tucano.

Questiono se seria um bom negócio para a direita um segundo turno entre Dilma e Serra. Se hoje Lula anda pelo país fazendo comícios e falando a verdade que foi reprimida pela censura da mídia de direita, imaginem mais um mês, dedicado quase totalmente ao apoio a Dilma?

Se o Datafolha quer animar os brucutus de Serra a fazerem mais baixarias e à imprensa a armar mais, e ao esquema de terror de direita começar a inventar sequestros e atentados para botar a culpa no PT, certamente seus números farão esse efeito. O Zé Serra já está insinuando que o metrô de São Paulo foi sabotado pelo PT... Certamente, foi Dilma quem fez a chuva de granizo de Guarulhos de ontem...

Mídia golpista quer impor pauta a Lula e Dilma

Acontecerá amanhã (23), em São Paulo, o ato público contra a manipulação da mídia, que congregará profissionais de imprensa, meios de comunicação alternativos, centrais sindicais e partidos políticos. O jornal O Globo chama o evento de "ato chapa branca" e tenta manipular o seu objetivo, que seria de "censurar a imprensa e acabar com a liberdade de expressão", e transformar a relação governo x mídia em algo como o que acontece na Venezuela ou na Argentina. Buscam apoios em entidades como OAB e Sociedade da Internacional de Imprensa como se fossem vítimas de um governo ditatorial.

Escolheram um péssimo momento para o confronto. Em todo mundo há um fenômeno de redução dos leitores de jornais, de pulverização das mídias e de inserção de novas mídias, como a Internet. Mesmo que vários grandes meios de comunicação se unam num cartel criminoso da manipulação, as informações conseguem fugir à sua censura e circulam entre as pessoas. Isso também é mundial, e um exemplo é a divulgação de imagens de protestos que acontecem em vários países e são censurados por governos e quadrilhas de mídia.

Pior ainda: não conseguiram derrotar Lula ao longo de quase 8 anos, num esforço diuturno de difamação, de censura ou minimização dos resultados positivos e amplificação dos negativos, de destruição sistemática e preconceituosa do operário presidente e de criminalização de movimentos sociais. Pelo contrário: contra todo o esforço dela, o presidente tem avaliação positiva de 80% dos brasileiros ao final do seu mandato, mesmo com a potencialização de escândalos como o do mensalão pela mídia. Hoje apenas 4% da população achao governo ruim ou péssimo. E recentemente a grande mídia foi desmoralizada em episódios como o "#dilmafactsbyfolha", de repercussão internacional, achincalhando o jornalismo de baixo nível da Folha de São Paulo.

Bater de frente com essa realidade e provocar a instabilidade política neste momento é uma insanidade. O que está levando a mídia partidária a essa atitude extrema é que, ao contrário de Lula, que capitulou em 2002 a esse poder espúrio assinando a Carta aos Brasileiros, prometendo não atacar o capital (e cumpriu), Dilma entra sem nenhum compromisso com eles. Não lhes pede a bênção. Vai ter mais condições que Lula para aprofundar as reformas necessárias a tirar o Brasil do atraso onde esse setor da mídia é dominante. Como a oposição se acabou, sem projeto alternativo, e Serra marcha para o fracasso, mesmo descambando para a demagogia barata, esses senhores da imprensa saíram da retaguarda e vieram para a linha de frente. E vão perder, porque radicalizaram a ponto de não haver retorno. Se baterem, vão apanhar também.

O princípio da publicidade dos atos do estado está na Constituição de 1988. A rigor, nenhum governo precisaria pagar caros espaços de mídia para divulgar informações de interesse público. Tem o Diário Oficial, a TV estatal e sites na internet. Os poderes hoje têm alternativas de publicidade, mas a vaidade dos dirigentes é que impõe o gasto em espaços de mídia dominados por estes que hoje tentam golpear o estado. Sem fugir ao princípio constitucional, o estado poderia resolver não mais conceder informações exclusivas de qualquer dos seus titulares, e licitar espaços de propaganda em mídias mais pulverizadas, democratizando a mídia na prática.

Ninguém é obrigado a criar provas forjadas contra si, a partir de distorções da imprensa. Ainda lembro bem do "democratismo" de deixar a Rede Globo entrar em assembléias de sindicatos para fazer imagens, que não apareciam em nenhum telejornal, mas certamente serviam para outras finalidades, como a identificação de lideranças para mapeamento ideológico. Vi episódios onde os profissionais foram expulsos sob o côro "o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo". Nunca voi cobrada a participação criminosa da mídia no apoio à repressão da ditadura militar, e esse é um dos temores que pretendem colocar em um acordo com o novo governo, para não acontecer o que está havendo na Argentina, onde os principais jornais estão no banco dos réus por terem se mancomunado com a ditadura para criar o oligopólio da fabricação do papel de imprensa.

O presidente americano Barack Obama, por exemplo, declarou guerra à rede de TV Fox News, que só o chama de comunista e racista contra os brancos, usando todos os seus espaços e comentaristas contra ele desde a campanha eleitoral. E abriu o debate sobre liberdade de expressão x meios de comunicação, sem que houvesse comoção nacional. Aqui no Brasil cria-se quase um clima de guerra. Aqui parece que os que se acham donos da opinião pública, os "guias geniais do povo", como se dizia de Stalin, pensam que ainda influem como no passado, e se atiram à aventura suicida. Derrotar sua imposição de pautas reacionárias é a tarefa revolucionária do momento.

A mídia em mãos de gente de má-fé tem um poder imenso de criar condições para a chantagem. Quantos colunistas já tiveram em mãos informações bombásticas, escândalos devastadores, e fizeram disso moeda de troca com os potenciais prejudicados? Quantos jornais, revistas e TVs criaram campanhas sistemáticas contra determinados políticos ou governos, para depois negociarem vantagens (jabá), como publicidade oficial nas suas páginas? Por outro lado, o capitalismo tem a virtude concorrencial. Desta crise artificial poderão surgir oportunidades para que os que furarem o cartel possam emergir como novas alternativas de mercado. A Isto É e a Carta Capital, por exemplo, não se alinham automaticamente ao esquemão Globo/Folha/Estadão/Veja/Época. Há telejornais e comentaristas que distoam da linha dura deles, e que certamente crescerão em audiência. Na Internet cresce a audiência dos blogs autônomos. Também há espaço para novas publicações independentes, e da expansão da imprensa de internet. O próprio mercado pode fechar o caixão da podre mídia do século XIX que dá seus últimos suspiros.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Cadê o diploma de Serra?

A pergunta vai para o Conselho Federal de Economia, que tem como obrigação o zelo pelo exercício legal da profissão. Hoje, no seu programa eleitoral, o candidato José Serra afirmou ser economista, e por isso ser competente. Serra, quando fugiu do Brasil na ditadura, estudava engenharia. Foi para o Chile e fez um mestrado de Economia sem ter concluído graduação, que não é reconhecido no Brasil. Não tem registro no Conselho e, portanto, não pode usar o título de Economista. Serra é tão "sem diploma" quanto Lula. Já Dilma é economista mesmo, com papel passado e tudo.

Vários Conselhos Regionais de Economia pediram o enquadramento de Serra como contraventor na no art. 47 do Dec. Lei. 3.688/41. O Conselho Federal nunca se pronunciou. A rigor, pela legislação brasileira, o Ministério da Educação não reconhece a formação de Serra em Economia, e o Conselho deveria, de imediato, impedir o uso do título, ainda mais agora, onde usa a condição de economista para auferir credibilidade eleitoral.

Serra diz que não foge à luta...

No programa do Otário Eleitoral Gratuito de hoje, Serra chegou a cantar uma parte do hino nacional que fala "verás que o filho teu não foge à luta". Serra era presidente da UNE quando os militares aliados aos políticos de direita e à mesma grande mídia que hoje tenta golpear Lula e Dilma, e para não ser preso fugiu para o Chile. Depois, misteriosamente, conseguiu sair de lá para os Estados Unidos, em meio ao golpe militar que colocou o truculento assassino Pinochet no poder, estudou em universidade cara, conseguiu o "green card" e outras benesses estranhas para quem, a princípio, deveria estar na mira dos americanos, patrocinadores de ambos os golpes militares. Hoje tenta dizer que, diante dos desafios, não foge à luta.

Enquanto isso, Dilma Roussef ficou no Brasil combatendo a ditadura. Foi presa, torturada, amargou uma vida de perseguições. Não fugiu à luta, arriscou a vida, e agora está aí, firme e forte, e com moral para dizer que tem coragem para encarar os desafios.

Mais demagogia : 13° no Bolsa Família

Para quem não vê a oportunidade de ganhar a eleição e acabar com o Bolsa Família, os demo-tucanos estão exagerando ao fazer a propaganda enganosa de uma 13a parcela anual do Bolsa Família. Primeiro chamaram de "bolsa-esmola", de instrumento de assistencialismo, de gasto exagerado, de arma eleitoral, etc. Depois disseram que o Bolsa-Família vicia o pobre. Agora, querem transformar o programa de Lula em uma espécie de salário. Só falta a carteira assinada para o novo "emprego".

Com a promessa de salário mínimo de R$ 600 e dar 10% aos aposentados em 2011, o 13° do Bolsa Família completa um pacote de demagogias digno do Otário Eleitoral Gratuito.

domingo, 19 de setembro de 2010

Economistas lançam livro sobre os anos Lula

Recebi o convite e repasso para quem interessar possa: o Conselho Regional de Economia (CORECON) e o Sindicato dos Economistas do Rio de Janeiro lançarão na próxima quarta, 22/09, o livro "Os Anos Lula - Contribuições para um balanço crítico 2003/2010". A iniciativa de organização, produção e edição dos textos de diversos autores é no sentido de acompanhar os temas relacionados com o desenvolvimento econômico e os rumos da política econômica. O evento será na Livraria Argumento - Rua Dias Ferreira 417 - Leblon.

SP: Tucanos superfaturam creme vaginal

Enquanto a Veja faz mais um "furo" de reportagem (uma furada mesmo!) acusando um assessor da Casa Civil de receber propina a duas salas da que era da Dilma pela compra superfaturada do medicamento Tamiflu, da gripe A, em São Paulo os governos tucanos de Alckmin e Serra terão que explicar à Controladoria Geral da União por que pagaram 72% a mais que o mercado pelo creme vaginal Nistatina, malversando verbas da União. A auditoria da CGU também constatou falta de controle de estoques e existência de remédios de validade vencida sendo distribuídos. Vide aqui o relatório e mais detalhes.

A Veja mais uma vez deu um tiro no pé, baseando sua matéria em alguém que ouviu dizer que o funcionário teria dito que achou um envelope com R$ 200 mil na sua gaveta para facilitar a compra do medicamento pelo Ministério da Saúde. O órgão público, por sua vez, jogou uma pá de cal em cima da mentira, publicando nota onde dizem ser da alçada do Ministério a compra do medicamento, que não precisa passar nada pela Casa Civil, e que conseguiram comprar um lote do remédio com uma redução de 76% em relação ao mercado. Ou o lobista é burro, porque pagou propina indevidamente a um esperto que dizia poder interferir, ou mais uma vez a Veja mentiu e deixou todo mundo que se baseou nela para propalar a estória de calças nas mãos.

Já os tucanos vão ter que explicar o superfaturamento, que não será divulgado por nenhum veiculo de imprensa. Uma possível explicação é a proposta do candidato José Serra criar o Programa de Saúde da Mulher... rica. Para elas, tem que ser um creminho especial, que além de matar os micróbios deixe as pererecas chiques perfumadas e hidratadas. Aí tem que ser mais caro mesmo.

Quem precisa de formadores de opinião?

Recebi noutro dia um e-mail de um conhecido, eleitor da direita já se lamentando pela derrota de Serra, dizendo que "os que lêem e pensam falharam na missão de repassar aos que não lêem e não pensam a mensagem da vantagem do projeto demo-tucano sobre o dos petistas". Respondi a ele que essa visão pressupunha a existência de cidadãos de primeira e segunda classes, ou seja, dos "iluminados" que teriam a missão de tutelar os "iletrados", e que isso representaria um preconceito elitista, do mesmo tipo dos que não aceitam que Lula faça o melhor governo do Brasil sendo um "apedeuta" que nem sabe falar inglês.

Durante meses a midia de direita vem golpeando diariamente o governo Lula e a candidata Dilma, sem sucesso, vendo seu candidato dileto cair enquanto a petista sobe, apesar de tudo. O jornalista Ricardo Kostcho, no seu blog, foi preciso ao dizer como funciona o esquema de manipulação dos "formadores de opinião":

"Já não dá mais para saber onde acaba o telejornal e onde começa o horário político eleitoral, o que é fato e o que é ilação, o que é notícia e o que é propaganda. A estratégia não chega a ser original. Mas, desde o segundo turno entre Collor e Lula, em 1989, eu não via uma cobertura tão descarada, um engajamento tão ostensivo da imprensa a favor de um candidato e contra o outro.

O esquema é sempre o mesmo: no sábado, a revista Veja lança uma nova denúncia, que repercute no JN de sábado e nos jornalões de domingo, avançando pelos dias seguintes. A partir daí, começa uma gincana para ver quem acrescenta novos ingredientes ao escândalo, não importa que os denunciantes tenham acabado de sair da cadeia ou fujam do país em seguida. Vale tudo." Já não se sabe onde acaba o Jornal Nacional e onde começa o programa de TV do Serra...

Anteontem, num comício em Joinville com Dilma, Lula disse, atacando o conluio vergonhoso entre a grande mídia e a campanha demo-tucana:

“A imprensa chega a ser uma vergonha. Não suportam ver que a economia vai crescer 7% esse ano, não suportam que a gente tenha gerado 15 milhões de empregos com carteira assinada, não suportam que os pobres não aceitem mais o tal formador de opinião. Não suportam que o povo pense com suas própria cabeça e ande com suas próprias pernas. Nós somos a opinião pública e nós mesmos nos formamos ... Tem uma revista aí, que não sei o nome, parece Olha, no Nordeste seria zóia, que instila ódio e mentira. Mas nas eleições não vamos derrotar só os tucanos, vamos derrotar alguns jornais e algumas revistas que são como partidos e não têm coragem de dizer que têm candidato...Tem dia que determinados setores da imprensa chegam a ser uma vergonha. Se o dono do jornal lesse seu jornal, se o dono da revista lesse sua revista, eles ficariam com vergonha do que eles estão escrevendo exatamente neste instante. E eles falam em democracia... Eles não suportam escrever que a economia brasileira vai crescer 7% este ano, não se conformam é que um metalúrgico vai criar mais emprego que presidentes elitistas que governaram este País".

Síntese do pensamento de Lula, para os que não lhe dão o direito de pensar sozinho: "A OPINIÃO PÚBLICA SOMOS NÓS". Decretou a falência da tutela elitista, respaldado no absoluto desprezo que as massas populares estão demonstrando em relação à baixaria tucana. Afirmou o respeito à liberdade de pensamento, que estranhamente os donos da mídia entendem como algo que somente a eles pertence, censurando toda idéia que não lhes interesse. A que nível chegou o jornalismo brasileiro. Espero que no dia 23, no ato contra a manipulação da mídia, os profissionais sérios façam um pacto contra a participação na baixaria. E façam até greves para denunciar os abusos éticos dos donos da mídia.

sábado, 18 de setembro de 2010

Demagogia: Serra agora promete 10% para aposentados

Ou os liberais mudaram muito, ou Serra está novamente fazendo demagogia. Agora o público é de aposentados e pensionistas, a quem prometeu, no programa de hoje, reajuste de 10% no ano que vem, contando vantagem sobre os 5% previstos no orçamento para 2011.

O discurso dos demo-tucanos em relação à previdência sempre foi o da necessidade de uma nova reforma para cobrir o déficit, e maior austeridade nos reajustes. No governo FHC, os aposentados comeram o pão que o diabo amassou, além de serem chamados pelo letrado ex-presidente de "vagabundos". Com o governo Lula, que reajustou o salário mínimo muito mais que FHC, impactando nas aposentadorias e benefícios positivamente, pela primeira vez foi dado reajuste para quem ganha mais acima do salário mínimo.

Prometer é fácil. Difícil é fazer e, pior ainda, fazer-se crível, tanto pelo histórico contra os direitos dos trabalhadores, como pelo discurso da "austeridade fiscal". Daqui até a eleição Serra vai prometer aumentar a mesada das crianças.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Eleições 2010 : o "PADRÃO VIDA ALHEIA" de jornalismo

A Rede Globo tirou do ar a minissérie "Vida Alheia", que retratava o cotidiano de uma revista de mesmo nome, onde a falta de escrúpulos, a armação, a chantagem, a baixaria e principalmente a deformação, tudo em nome de vender mais exemplares. Todos os métodos baixos e torpes, como a invasão de privacidade, a perseguição quase policial a celebridades, em busca do descuido, do erro, do pecado, além de informantes desqualificados, faziam parte da coleta de dados para as matérias "jornalísticas".

A ficção cedeu lugar à realidade do jornalismo de grande mídia destas eleições. Parece que os personagens de "Vida Alheia", desempregados com o fim da série televisiva, conseguiram empregos graduados nas redações de algumas revistas de escândalos políticos e em redações de jornais sisudos que resolveram virar partidos políticos e apoiar uma candidatura destruindo outra.

Em meio a profissionais de imprensa, os sem-caráter dominam a cena, dirigindo as pautas, manipulando os dados, colocando "laranjas" para assinarem matérias de baixo nível. Fica explícita a razão que levou os donos de meios de comunicação lutarem pela desregulamentação da profissão de jornalista, para melhor controlar o que se publica, sempre no sentido da pauta ideológica do patrão.

No domingo passado, a revista Carta Capital publicou matéria sobre uma empresa, onde Verônica Serra, filha de José Serra, era sócia junto com a irmã do banqueiro Daniel Dantas, que teria deixado fragilidades nos seus sistemas que permitiram o vazamento de informações dentro de um universo de 60 milhões de pessoas, em 2001. Não saiu uma linha, um comentário, em qualquer meio de comunicação. Já os escândalos da Veja foram até lidos no Jornal Nacional, repercutidos pela Folha e Estadão, enfim, vomitados sobre um público imenso como verdades absolutas.

Parece que a mídia articulada para o crime contra a democracia, a Quadrilha da Mídia, está queimando os seus navios, tornando a viagem sem volta às condições anteriores. Ou o golpe dá certo, e aí se tornam a Inquisição para levar à fogueira os seus inimigos, ou correrá o risco de perder fortemente a credibilidade, perder espaços de propaganda, principalmente a oficial, e ver surgir outras publicações que vendam informação, e não deformação.

Está difícil derrotar Dilma, mesmo com tanto tsunami forjado e Serra prometendo salário mínimo de R$ 600. Mesmo com os institutos de pesquisa articulados com a Quadrilha da Mídia mantendo Serra na irreal posição de 27% contra os "estáticos" 51% de Dilma, apostam tudo na baixaria, esperando que alguma das suas tentativas consiga abalar a campanha do PT. Mesmo que isso não ocorra a contento, podem forjar a "queda" de Dilma para uns 46%, a "subida" de Serra para uns 30% e "subir" Marina, Plínio e os demais, chegando à véspera da eleição com um "empate técnico" entre Dilma e a soma dos demais candidatos, ou seja, à iminência de um segundo turno armado.

Além de derrotar Dilma, que é estratégico na política, outros fatores podem estar influenciando tantas fichas apostadas pelo cartel da manipulação. Que tal contaminar o ambiente econômico, prejudicando a capitalização da Petrobrás e principalmente o aumento da participação estatal no seu controle acionário? Ou afastar investimentos, apostando na quebra da imagem do Brasil como alternativa para os mercados internacionais? Tudo é possível, quando não se tem nenhum escrúpulo de patriotismo ou não se medem conseqüências de uma convulsão social em caso de roubo de uma eleição amplamente apoiada pelo povo e por Lula, a maior liderança nacional.

Querem que Dilma peça "penico", ou seja, estão querendo uma "Carta aos Brasileiros" nos moldes da que Lula assinou para capitular ao capital em 2002. Dilma não tem qualquer compromisso com aquilo. Nem precisaria, já que o capital confia nela e investe no seu projeto de desenvolvimento. O cartel quer que Dilma pague o "jabá" (propina para ganhar simpatia de mídias) para que voltem aos padrões de civilidade, ou seja, uma oposição com respeito.

Espero que ela e o PT não cedam a essa chantagem, e que a ampla maioria que apoia Dilma tenha a possibilidade de fazer, junto com a grande bancada situacionista que será eleita, algumas reformas que o país precisa para romper com o passado de caudilhos, latifundiários e escroques travestidos de formadores de opinião.

Apesar da Constituição de 1988 proibir no seu art. 220 parágrafo 5° que os meios de comunicação social sejam direta ou indiretamente objeto de monopólio ou oligopólio, as autoridades, reféns do cartel, não tomam providências para acabar com essa ameaça à democracia. É chegada a hora de se levar isso a sério, inclusive a política de concessões públicas, para não sermos uma sociedade dirigida pelo "Grande Irmão". Chega de privilégios aos oligopólios. Pela ampla liberdade de expressão.

Vamos a mais um fim de semana de novos "escândalos". Quem será a bola da vez? Até o presidente do Banco do Brasil já foi bisbilhotado comprando um apartamento em dinheiro, o que não tem nada de mais se não houver ilegalidades quanto ao recurso. Mas os caras foram lá investigar, assim como a Folha mandou gente à Bulgária procurar algum antecedente criminal ou nefasto da família Roussef.

Depois dizem que o PT é uma fábrica de dossiês, que nunca são divulgados, parecendo as armas de destruição em massa do Saddam Hussein. O que o "padrão Vida Alheia" pratica é policialesco e, ao mesmo tempo que "investiga", cria provas, acusa e julga. Isso nunca existiu em algum país democrático. Vamos aguardar o novo tolete, certamente mais poderoso, já que os anteriores não deram resultaso.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

SP : Jornalistas farão ato contra golpismo midiático

O ato será no dia 23/09 no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, às 19h (Rua Rego Freitas, 530, próximo ao Metrô República, centro da capital paulista). É preocupante a escalada de articulação entre a fabricação de notícias para gerar repercussões em toda a mídia e impulsionar a candidatura José Serra, para levá-lo ao segundo turno na marra.

Nas redações de jornais, revistas e tevês, boatos dão conta de que virá muito mais baixaria na reta final, com o claro intuito de distorcer uma eleição democrática, baseada em propostas, para um resultado que poderá até desestabilizar politicamente o país, caso a mídia golpista consiga seu intuito. O ato contará com a participação de diversos partidos, centrais sindicais e organizações da sociedade.

Se persistir a escalada de ataques da Quadrilha da Mídia, que não tem compromisso com o povo, mas apenas com o seu próprio poder, acho que seria o caso de Lula chamar o povo às ruas para dar uma demonstração de força aos golpistas. Depois desta eleição, a sociedade deverá ser chamada a decidir sobre a permanência do poder paralelo da mídia, com medidas que reduzam o poder de manipular, concentrado nas mãos de poucos.

HOAX : Promotora do caso Celso Daniel sofre atentado

Foi só falarem que a eventual substituta de Erenice Guerra na Casa Civil seria a viúva do prefeito Celso Daniel, do PT de Santo André, assassinado há alguns anos, que a fábrica de mentiras da direita já distribuiu amplamente uma "notícia bombástica" dando conta de um atentado contra a promotora que acompanha o caso.

Se houve o atentado, só avisaram aos sites de extrema-direita e às pessoas de cérebro avariado que repassam a tal mensagem que pede "mande para todo mundo", porque na página do Ministério Público de São Paulo, onde a promotora trabalha, não há qualquer notícia sobre atentado. Nas páginas do Ministério Público Federal e na do Ministério Público da União também não há nada falando de atentado. Nem a grande mídia, que adora qualquer coisa que possa colocar o PT, Lula ou Dilma sob suspeita, publicou nada a respeito.

Deve ser mais uma dessas armações preparando terreno para alguma "notícia" arranjada pelas revistas e jornais da Quadrilha da Mídia. Vamos ver o que aparece no fim de semana. Nunca na história deste país se tentou roubar uma eleição tão acintosamente como agora.

Promessas mentirosas : a nova fase de Serra

Alguém que veja o anúncio da campanha de Serra oferecendo salário mínimo de R$ 600 só cairá nessa isca se não tiver um mínimo de memória ou desconhecer fatos recentes. Serra foi o governador do arrocho salarial em São Paulo. Anos a fio sem reajustes para os servidores. Seu companheiro FHC fez a mesma política de arrocho no governo federal. Os salários mínimos da era FHC subiram muito menos que no período de Lula.

Os demo-tucanos que adoram parecer liberais, mesmo agarrados às tetas dos governos, dizem querer menos impostos e um tal ajuste fiscal, ou seja, reduzir despesas sociais para poder transferir mais renda ao setor privado. De onde vão arranjar os R$ 18 bi para pagar o salário de R$ 600? Vão acabar com o Bolsa Família? Vão parar o PAC?

Se é para votar por salário mínimo bom, é melhor escolher o PCO, que promete o mínimo do DIEESE, na faixa de R$ 2.300. Serra abusa de tentar explorar a estupidez de um eleitorado que, felizmente, nestas eleições, representa só uns 20%, exatamente os que votam nele. Agora seu programa é recheado de propostas exageradas e mentirosas. Acabou a fase divina de Serra, onde ele criou até o Big-Bang. Deixa para o partido (da imprensa golpista) o jogo sujo, e posa de bom moço nas entrevistas e programas.

Erenice falou demais e perdeu a guerra

Para variar, a Veja fez mais uma matéria fecal, onde possíveis acusações contra parentes de uma ministra viram prova cabal contra ela. E mais: contra até quem ocupou o cargo. No caso, a candidata do PT Dilma Roussef, ex-ministra da Casa Civil, de quem Erenice Guerra era a principal assessora de confiança.

A mídia golpista publicou hoje que havia um esquema de propina do filho de Erenice, desmentido pelo BNDES. Quem acusa não tem qualificação: trata-se de um empresário envolvido em receptação de cargas roubadas. Por que então Erenice, contra quem nada foi minimamente provado, acabou caindo? Simples: falou demais. Soltou uma nota dizendo que era armação de candidato derrotado. Lula, muito ético com quem não tem a menor ética em relação a ele e ao seu governo, deu o "pede prá sair", e ela dançou.

Outro que fala demais é o deputado cassado do PT, José Dirceu, o pivô do escândalo do mensalão. Dirceu ficará para a história como a pessoa que conseguiu fazer o que a extrema direita não conseguiu: acabar com o PT na forma como foi concebido, transformando-o, primeiro, num balcão de negócios, e depois acabando com a sua imagem ao se envolver com bandidagem política, com a mídia aproveitando cada detalhe para destilar ódio a tudo que se parecesse com petista. Agora Dirceu, com a cara-de-pau que lhe é peculiar, dá entrevista aos principais mentores golpistas, no caso O GLOBO, praticamente falando em nome do PT e dando combustível para mais ataques a Dilma. Dirceu devia voltar ao ostracismo para onde foi justamente enviado e parar de falar em nome de algo que não representa.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Saldos da eleição : a extinção do DEMO

Jorge Bornhausen, ex-presidente do futuro ex-Demo, atual ex-PFL, ex-PDS e ex-Arena da ditadura militar, disse em 2005 que iria "acabar com essa raça do PT". Na época, em meio à crise do mensalão, a direita golpista jogava tudo para liquidar Lula. Depois vieram com a crise do caos aéreo, onde Lula foi acusado até de causar acidente em avião que não freiou, e a curriola do "Cansei". Mais um golpe frustrado. Agora tentaram cassar a candidatura de Dilma com base numa ampla manobra golpista com apoio da mídia. Perderam de novo.

É por essas e outras que Lula tripudiou a extrema direita alojada no DEMO, dizendo em comício em Joinvile que o voto popular iria exterminar o partido nestas eleições. E vai acabar mesmo, porque já tinha acabado antes, quando o único governador, José Arruda, foi preso, cassado, flagrado com dinheiro e arrastou o que sobrava de soberba do partido para o pântano. Humilhados, tiveram que aturar Serra tratando-os como leprosos, propondo chapa pura do PSDB, até aceitarem o desqualificado vice indicado pelo César Maia para não concorrer com o seu filho a deputado.

Grandes figuras do DEMO não se elegerão, a começar por Maia. Não elegerão governadores. Suas vagas na Câmara e Senado serão reduzidas, fazendo o DEMO virar um partido nanico. Para sobreviverem, precisarão se juntar a outros para compor uma bancada maior. Talvez o PSDB tenha a mesma necessidade, caso Serra continue tranformando a campanha num lodaçal, sendo desmentido a cada nova "denúncia" e cometendo erros em cima de erros. Mesmo assim, deverão eleger alguns governos, e mandarão num possível partido que receba os desabrigados do DEMO.

Serra dá chilique em entrevista e ameaça ir embora

Acostumado à boa acolhida na mídia amiga, e mesmo sem ninguém apertá-lo, o candidato Zé Serra perdeu as estribeiras porque alguém teve a ousadia de lhe perguntar sobre os vazamentos de sigilos na Receita Federal e lembrar que aconteceram em 2009, antes de qualquer candidatura estar registrada. Do alto da sua sapiência, potencializada pelo salto-alto, Serra disse que a entrevista era armada, bateu boca com a apresentadora Márcia Peltier e ameaçou ir embora se não mudassem as perguntas da entrevista. Vejam o vídeo de mais essa mostra de falta de postura do candidato da direita. Mais uma incoerência, para quem vive dizendo que o PT quer a censura da imprensa. Só serve entrevista onde se pergunta o que ele quer responder? Fora isso, "desliguem a TV".

Interessante: Serra mentiu, caluniou, pediu a cassação do registro de Dilma, chorou lágrimas de crocodilo pela violação do sigilo de sua filha, e agora não quer tratar do assunto. Por que o candidato mudou de postura e quer enterrar o assunto? Algo saiu de controle? A quebra de sigilos virou um bumerangue que voltou às suas mãos?

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Cuba : demissões sinalizam para o capital

O Partido Comunista Cubano resolveu demitir 500 mil servidores públicos e orientá-los para a criação de cooperativas e pequenos negócios como empreendedores. E ainda para empregos na iniciativa privada, em especial nas multinacionais que operam na ilha. Cuba tem cerca de 5 milhões de servidores, cerca de 95% da mão-de-obra empregada, enquanto a iniciativa privada tem cerca de 15o mil. A medida, segundo Raúl Castro, é necessária para o equilíbrio do orçamento do governo.

Essas demissões, seguindo declarações de Fidel Castro sobre possíveis erros na condução do estado socialista, agradam aos capitalistas interessados em negócios em Cuba, mais especificamente no aproveitamento da mão-de-obra qualificada e muito barata, competitiva com a da China. Com a vantagem de ficar a 130 milhas da Flórida (EUA).

Tais reformas podem servir de ânimo para a suspensão do embargo americano, prometida em campanha por Obama, que já dura 50 anos, e condena o povo cubano a necessidades. Com a liberação dessas pessoas, que logo estarão desempregadas com o fracasso empreendedor, o capital poderá entrar com tudo, aproveitando esse exército industrial de reserva e as garantias de controle social do estado, a exemplo da China.

Salário mínimo: quem dá mais?

Da baixaria ao populismo, passando pela cacofonia comedora, cabe de tudo no programa de Serra. Hoje anotei três coisas :
- "No meu governo o salário mínimo, já em 2011, será de R$ 600, 00, enquanto a Dilma só vai dar R$ 538,31", promete Serra. Antigamente o nome disso era demagogia.
- "O Brasil tem muitos ministérios que são cabides de emprego. Vou criar o Ministério da Segurança", ou seja, vai manter o que acha cabide e vai fazer mais. Tem o da acessibilidade também.
- "No Brasil, o pobre que rouba uma margarina no supermercado é preso. Você acha isso justo?". Conclusão: com Serra presidente todos vão poder roubar margarina nos supermercados sem serem presos, porque seria injusto.

Em programas de outros candidatos, o salário mínimo prometido é o do Dieese, na faixa de R$ 2.300. Quem dá mais?

Justiça tira polícia tucana da investigação de crime federal

Crimes contra a Receita Federal, como o recente caso de violações de sigilos, são do âmbito federal, e cabe à Polícia Federal investigar e levar ao Ministério Público o resultado apurado. Isso qualquer zelador de cadeia sabe, mas a Polícia Civil de São Paulo fez de conta que não sabia, e começou a interrogar pessoas e pedir quebra de sigilos telefônicos, como se fosse de sua alçada. Ingenuidade? Nada disso! Homens sob ordens do governador tucano de São Paulo entraram no jogo tentando arranjar provas incriminadoras de eventuais petistas e continuar investindo na cassação da candidatura de Dilma para ganhar a eleição no tapetão.

Numa decisão coerente, o juiz de Santo André disse que a Polícia Civil era "absolutamente incompetente" para investigar o caso, para desgosto de alguns golpistas que achavam perfeitamente natural o Palácio dos Bandeirantes meter a colher num caso que não lhe pertencia para criar mais factóides. O juiz mandou que o inquérito irregularmente aberto pela Polícia Civil fosse encaminhado ao Ministério público, e negou autorização para que os tucanos xeretassem o sigilo telefônico de pessoas envolvidas no caso.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Eleições : baixaria não vai parar

Os aloprados demo-tucanos acreditam que ainda dá para virar a eleição, mesmo com Serra indo mal em debates, falando coisas que em seguida são desmentidas e tomando processos por calúnias. A cada sábado novas revistas sensacionalistas serão publicadas com "denúncias" que serão repercutidas pela Quadrilha da Mídia como se fossem verdades absolutas, para forçar o governo e Dilma a perder tempo desmentindo.

Acreditam que podem fazer Dilma perder votação, mesmo com Lula andando pelo país incendiando a campanha e transferindo votos de indecisos para ela. A lógica da coisa deve ter alguns passos como:
- bater em Dilma com tudo: mídias tradicionais, mails mentirosos em mega-spams, twitters mentirosos, matérias forjadas (acho que até aquela moça que disse que se encontrou com ela e não provou vai aparecer em algum vídeo "fake"), etc.
- bombar a campanha de Serra com um discurso cada vez mais à direita, para consolidar apoios que desconfiavam dele mas que têm de onde tirar muito dinheiro para ajudar a campanha;
- fazer movimentos de mídia para levantar Marina e Plínio, de forma que tirem votos de Dilma e cresça entre indecisos, para que na eventualidade de Dilma baixar dos 50% (isso é o delírio deles), o estoque de votos disponíveis não estar mais à disposição dela, forçando o segundo turno Dilma X Serra.

Não vou ligar mais a TV até o dia 3/10. Está repulsivo ver profissionais de imprensa se rebaixando ao ponto de fazer matérias contra os seus valores e mesmo contra a ética da informação, manipulando, distorcendo, omitindo e dilapidando a democracia. Acho que vou até fazer um "apagão" de e-mails, porque só está chegando porcaria da turma da baixaria.

Eleições : Baixaria ganha votos?

Hoje andava pela Av. Rio Branco, no Rio, e parava de banca em banca de jornal para ver as notícias nos jornais cujas capas estavam expostas. De uma para outra, variava a quantidade de jornais, mas em todas estava O Globo com mais uma das suas manchetes da campanha anti-Dilma, rodeado de outros que enalteciam a campanha do Botafogo, mulheres em posições sensuais, crimes hediondos, etc. Passei a observar o que faziam as pessoas, e não as via ler a matéria que O Globo e a direita demo-tucana acha que seria a pauta do povão.

Depois do vazamento da Receita, do "escândalo" da Erenice, das capas da Veja, Folha e outros lixos da Quadrilha da Mídia, as pesquisas continuam implacáveis: Dilma 54%, Serra 22%, pelo "tracking" do Vox Populi, com um detalhe cruel para a oposição: aumenta o voto espontâneo em Dilma, já na faixa dos 46%, contra 19% para Serra. Esse é o tipo de opinião que fortalece o voto imutável, qualquer que seja a calúnia assacada contra o candidato. O povo se acostumou a isso com Lula, que tem 80% de credibilidade mesmo massacrado diuturnamente pela mídia preconceituosa.

Eu queria ter uma assinatura de O Globo, da Veja, da Folha e do Estadão só para ter o prazer de cancelá-las. Melhor ler de graça na Internet, porque na rede virtual não há a censura anti-democrática do "cartel da verdade da elite". Cadê algum deles falando da quebra de sigilo feita pela empresa da filha de Serra, que saiu na Carta Capital? Nenhuma linha, nenhum comentário, simplesmente não existiu para eles! Vão continuar jogando lixo pelas salas das famílias do país, perdendo audiência porque as pessoas estão ficando enojadas, doidas para chegar logo a eleição e acabar com tudo isso logo no primeiro turno.

domingo, 12 de setembro de 2010

Filha de Serra quebrou sigilo de 60 milhões de brasileiros

Matéria bombástica da Carta Capital, reproduzida abaixo, diz que Verônica Serra, sócia da irmã do banqueiro Daniel Dantas, teve uma empresa que contou com benesses de autoridades brasileiras em 2001 (governo FHC) para coletar dados de 60 milhões de pessoas para criar uma empresa concorrente da Serasa. Os dados foram obtidos através de convênio com o BB, na época de Paolo Zaghen. Dados do CCF ficaram públicos.

Verônica Serra expôs 60 milhões de brasileiros

Sinais Trocados

por Leandro Fortes, na CartaCapital

Extinta empresa de Verônica Serra expôs os dados bancários de 60 milhões de brasileiros obtidos em acordo questionável com o governo FHC

Em 30 de janeiro de 2001, o peemedebista Michel Temer, então presidente da Câmara dos Deputados, enviou um ofício ao Banco Central, comandado à época pelo economista Armínio Fraga. Queria explicações sobre um caso escabroso. Naquele mesmo mês, por cerca de 20 dias, os dados de quase 60 milhões de correntistas brasileiros haviam ficado expostos à visitação pública na internet, no que é, provavelmente uma das maiores quebras de sigilo bancário da história do País. O site responsável pelo crime, filial brasileira de uma empresa argentina, se chamava Decidir.com e, curiosamente, tinha registro em Miami, nos Estados Unidos, em nome de seis sócios. Dois deles eram empresárias brasileiras: Verônica Allende Serra e Verônica Dantas Rodenburg.

Ironia do destino, a advogada Verônica Serra, 41 anos, é hoje a principal estrela da campanha política do pai, José Serra, justamente por ser vítima de uma ainda mal explicada quebra de sigilo fiscal cometida por funcionários da Receita Federal. A violação dos dados de Verônica tem sido extensamente explorada na campanha eleitoral. Serra acusou diretamente Dilma Rousseff de responsabilidade pelo crime, embora tenha abrandado o discurso nos últimos dias.

Naquele começo de 2001, ainda durante o segundo mandato do presidente FHC, Temer não haveria de receber uma reposta de Fraga. Esta, se enviada algum dia, nunca foi registrada no protocolo da presidência da Casa. O deputado deixou o cargo menos de um mês depois de enviar o ofício ao Banco Central e foi sucedido pelo tucano Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, hoje candidato ao Senado. Passados nove anos, o hoje candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff garante que nunca mais teve qualquer informação sobre o assunto, nem do Banco Central nem de autoridade federal alguma. Nem ele nem ninguém.

Graças à leniência do governo FHC e à então boa vontade da mídia, que não enxergou, como agora, nenhum indício de um grave atentado contra os direitos dos cidadãos, a história ficou reduzida a um escândalo de emissão de cheques sem fundos por parte de deputados federais.

Temer decidiu chamar o Banco Central às falas no mesmo dia em que uma matéria da Folha de São Paulo informava que, graças ao passe livre do Decidir.com, era possível a qualquer um acessar não só os dados bancários de todos os brasileiros com conta corrente ativa, mas também o Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), a chamada “lista negra”do BC. Com base nessa facilidade, o jornal paulistano acessou os dados bancários de 692 autoridades brasileiras e se concentrou na existência de 18 deputados enrolados com cheques sem fundos, posteriormente constrangidos pela exposição pública de suas mazelas financeiras.

Entre esses parlamentares despontava o deputado Severino Cavalcanti, então do PPB (atual PP) de Pernambuco, que acabaria por se tornar presidente da Câmara dos Deputados, em 2005, com o apoio da oposição comandada pelo PSDB e pelo ex-PFL (atual DEM). Os congressistas expostos pela reportagem pertenciam a partidos diversos: um do PL, um do PPB, dois do PT, três do PFL, cinco do PSDB e seis do PMDB. Desses, apenas três permanecem com mandato na Câmara, Paulo Rocha (PT-PA), Gervásio Silva (DEM-SC) e Aníbal Gomes (PMDB-CE). Por conta da campanha eleitoral, CartaCapital conseguiu contato com apenas um deles, Paulo Rocha. Via assessoria de imprensa, ele informou apenas não se lembrar de ter entrado ou não com alguma ação judicial contra a Decidir.com por causa da quebra de sigilo bancário.

Na época do ocorrido, a reportagem da Folha ignorou a presença societária na Decidir.com tanto de Verônica Serra, filha do candidato tucano, como de Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. Verônica D. e o irmão Dantas foram indiciados, em 2008, pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal, por crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal, formação de quadrilha, gestão fraudulenta de instituição financeira e empréstimo vedado. Verônica também é investigada por participação no suborno a um delegado federal que resultou na condenação do irmão a dez anos de cadeia. E também por irregularidades cometidas pelo Opportunity Fund: nos anos 90, à revelia das leis brasileiras, o fundo operava dinheiro de nacionais no exterior por meio de uma facilidade criada pelo BC chamada Anexo IV e dirigida apenas a estrangeiros.

A forma como a empresa das duas Verônicas conseguiu acesso aos dados de milhões de correntistas brasileiros, feita a partir de um convênio com o Banco do Brasil, sob a presidência do tucano Paolo Zaghen, é fruto de uma negociação nebulosa. A Decidir.com não existe mais no Brasil desde março de 2002, quando foi tornada inativa em Miami, e a dupla tem se recusado, sistematicamente, a sequer admitir que fossem sócias, apesar das evidências documentais a respeito. À época, uma funcionária do site, Cíntia Yamamoto, disse ao jornal que a Decidir.com dedicava-se a orientar o comércio sobre a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas, nos moldes da Serasa, empresa criada por bancos em 1968. Uma “falha”no sistema teria deixado os dados abertos ao público. Para acessá-los, bastava digitar o nome completo dos correntistas.

A informação dada por Yamamoto não era, porém, verdadeira. O site da Decidir.com, da forma como foi criado em Miami, tinha o seguinte aviso para potenciais clientes interessados em participar de negócios no Brasil: “encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado”. Era, por assim dizer, um balcão facilitador montado nos Estados Unidos que tinha como sócias a filha do então ministro da Saúde, titular de uma pasta recheada de pesadas licitações, e a irmã de um banqueiro que havia participado ativamente das privatizações do governo FHC.

A ação do Decidir.com é crime de quebra de sigilo fiscal. O uso do CCF do Banco Central é disciplinado pela Resolução 1.682 do Conselho Monetário Nacional, de 31 de janeiro de 1990, que proíbe divulgação de dados a terceiros. A divulgação das informações também é caracterizada como quebra de sigilo bancário pela Lei n˚ 4.595, de 1964. O Banco Central deveria ter instaurado um processo administrativo para averiguar os termos do convênio feito entre a Decidir.com e o Banco do Brasil, pois a empresa não era uma entidade de defesa do crédito, mas de promoção de concorrência. As duas também deveriam ter sido alvo de uma investigação da polícia federal, mas nada disso ocorreu. O ministro da Justiça de então era José Gregori, atual tesoureiro da campanha de Serra.

A inércia do Ministério da Justiça, no caso, pode ser explicada pelas circunstâncias políticas do período. A Polícia Federal era comandada por um tucano de carteirinha, o delgado Agílio Monteiro Filho, que chegou a se candidatar, sem sucesso, à Câmara dos Deputados em 2002, pelo PSDB. A vida de Serra e de outros integrantes do partido, entre os quais o presidente Fernando Henrique, estava razoavelmente bagunçada por conta de outra investigação, relativa ao caso do chamado Dossiê Cayman, uma papelada falsa, forjada por uma quadrilha de brasileiros em Miami, que insinuava a existência de uma conta tucana clandestina no Caribe para guardar dinheiro supostamente desviado das privatizações. Portanto, uma nova investigação a envolver Serra, ainda mais com a família de Dantas a reboque, seria politicamente um desastre para quem pretendia, no ano seguinte, se candidatar à Presidência. A morte súbita do caso, sem que nenhuma autoridade federal tivesse se animado a investigar a monumental quebra de sigilo bancário não chega a ser, por isso, um mistério insondável.

Além de Temer, apenas outro parlamentar, o ex-deputado bispo Wanderval, que pertencia ao PL de São Paulo, se interessou pelo assunto. Em fevereiro de 2001, ele encaminhou um requerimento de informações ao então ministro da Fazenda, Pedro Malan, no qual solicitava providências a respeito do vazamento de informações bancárias promovido pela Decidir.com. Fora da política desde 2006, o bispo não foi encontrado por CartaCapital para informar se houve resposta. Também procurada, a assessoria do Banco Central não deu qualquer informação oficial sobre as razões de o órgão não ter tomado medidas administrativas e judiciais quando soube da quebra de sigilo bancário.

Fundada em 5 de março de 2000, a Decidir.com foi registrada na Divisão de Corporações do estado da Flórida, com endereço em um prédio comercial da elegante Brickell Avenue, em Miami. Tratava-se da subsidiária americana de uma empresa de mesmo nome criada na Argentina, mas também com filiais no Chile (onde Verônica Serra nasceu, em 1969, quando o pai estava exilado), México, Venezuela e Brasil. A diretoria-executiva registrada em Miami era composta, além de Verônica Serra, por Verônica Dantas, do Oportunity, Brian Kim, do Citibank, e por mais três sócios da Decidir.com da Argentina, Guy Nevo, Esteban Nofal e Esteban Brenman. À época, o Citi era o grande fiador dos negócios de Dantas mundo afora. Segundo informação das autoridades dos Estados Unidos, a empresa fechou dois anos depois, em 5 de março de 2002. Manteve-se apenas em Buenos Aires, mas com um novo slogan: “com os nossos serviços você poderá concretizar negócios seguros, evitando riscos desnecessários”.

Quando se associou a Verônica D. Na Decidir.com, em 2000, Verônica S. era diretora para a América Latina da companhia de investimentos International Real Returns (IRR), de Nova York, que administrava uma carteira de negócios de 660 bilhões de dólares. Advogada formada pela Universidade de São Paulo, com pós-graduação em Harvard, nos EUA, Verônica S. Também se tornou conselheira de uma série de companhias dedicadas ao comércio digital na América Latina, entre elas a Patagon.com, Chinook.com, TokenZone.com, Gemelo.com, Edgix, BB2W, Latinarte.com, Movilogic e Endeavor Brasil. Entre 1997 e 1998, havia sido vice-presidente da Leucadia National Corporation, uma companhia de investimentos de 3 bilhões de dólares especializada nos mercados da América Latina, Ásia e Europa. Também foi funcionária do Goldman Sachs, em Nova York.

Verônica S. ainda era sócia do pai na ACP – Análise da Conjuntura Econômica e Perspectivas Ltda, fundada em 1993. A empresa funcionava em um escritório no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, cujo proprietário era o cunhado do candidato tucano, Gregório Marin Preciado, ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), nomeado quando Serra era secretário de Planejamento do governo de São Paulo, em 1993. Preciado obteve uma redução de dívida no Banco do Brasil de 448 milhões de reais para irrisórios 4,1 milhões de reais no governo FHC, quando Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-arrecadador de campanha de Serra, era diretor da área internacional do BB e articulava as privatizações.

Por coincidência, as relações de Verônica S. com a Decidir.com e a ACP fazem parte do livro Os Porões da Privataria, a ser lançado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. Em 2011.

De acordo com o texto de Ribeiro Jr., a Decidir.com foi basicamente financiada, no Brasil, pelo Banco Opportunity com um capital de 5 milhões de dólares. Em seguida, transferiu-se, com o nome de Decidir International Limited, para o escritório do Ctco Building, em Road Town, Ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas, famoso paraíso fiscal no Caribe. De lá, afirma o jornalista, a Decidir.com internalizou 10 milhões de reais em ações da empresa no Brasil, que funcionava no escritório da própria Verônica S. A essas empresas deslocadas para vários lugares, mas sempre com o mesmo nome, o repórter apelida, no livro, de “empresas-camaleão”.

Oficialmente, Verônica S. e Verônica D. abandonaram a Decidir.com em março de 2001 por conta do chamado “estouro da bolha” da internet – iniciado um ano antes, em 2000, quando elas se associaram em Miami. A saída de ambas da sociedade coincide, porém, com a operação abafa que se seguiu à notícia sobre a quebra de sigilo bancário dos brasileiros pela companhia. Em julho de 2008, logo depois da Operação Satiagraha, a filha de Serra chegou a divulgar uma nota oficial para tentar descolar o seu nome da irmã de Dantas. “Não conheço Verônica Dantas, nem pessoalmente, nem de vista, nem por telefone, nem por e-mail”, anunciou.

Segundo ela, a irmã do banqueiro nunca participou de nenhuma reunião de conselho da Decidir.com. Os encontros mensais ocorriam, em geral, em Buenos Aires. Verônica Serra garantiu que a xará foi apenas “indicada”pelo Consórcio Citibank Venture Capital (CVC)/Opportunity como representante no conselho de administração da empresa fundada em Miami. Ela também negou ter sido sócia da Decidir.com, mas apenas “representante”da IRR na empresa. Mas os documentos oficiais a desmentem.