sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Protecionismo: eles podem;nós, não.

O pacote de Obama para recuperar a economia americana cria reserva de mercado para o ferro e aço que suprirão os investimentos em infra-estrutura. Decisão protecionista, que visa proteger empregos e empresas americanas, mas confronta o neoliberalismo da Organização Mundial do Comércio. Moral da estória: errado ou certo, assim será, porque os EUA, na defesa dos seus interesses, tomam decisões soberanas e não dão satisfações a ninguém. Vão jurar que continuam defendendo o livre comércio, mas que estão numa emergência e pronto, está feito. A Argentina vive fazendo isso conosco, e ninguém bota tropas na fronteira por causa disto.

Já no Brasil, nesta semana se restabeleceu o controle sobre importações por medida do Ministério do Desenvolvimento. Não houve restrições, apenas se exigiu que as importações passassem por prévia autorização governamental. A grita dos nossos quintas-colunas (infiltrados a serviço do imperialismo) pela mídia fez o governo recuar e revogar a medida. Ou seja, aqui temos que deixar as portas escancaradas aos importados, enquanto as potências fecham suas fronteiras a produtos nos quais a nossa produção preços e qualidade competitivos. O governo não quis bater de frente com a mídia, e prefere ir chorar inutilmente na OMC.

FMI pede empréstimo

O FMI, quem diria, caiu na vida. Muito poderoso ao impor planos de submissão econômica ao terceiro mundo, como os que tivemos no Brasil até o governo FHC, o FMI está sem caixa para fazer novos empréstimos, tomará US$ 100 bi de empréstimos do Japão e emitirá títulos. Para completar o quadro, falta o Brasil emprestar dinheiro ao FMI exigindo que ele se adeque às suas condições.

Direita colonizada é contra soberania brasileira

Ontem vi entrevista do Ministro da Justiça, Tarso Genro, no programa do Alexandre Garcia da Globonews, mostrando uma matéria do jornal italiano Corriere Della Sera onde afirmam que a França de Miterrand ter dado o asilo a Battisti era uma coisa, outra era o Brasil fazer o mesmo. Como quem diz: o que o Brasil pensa que é para confrontar uma potência econômica alegando soberania nas suas decisões?
Essa visão de submissão à Itália é compartilhada por diversos blogs e pela mídia da direita. "Quem Tarso Genro pensa que é ao questionar a justiça italiana e a Corte européia?", questiona um leitor de O Globo hoje, entre diversas missivas sempre contrárias ao governo brasileiro. Segundo o Ministro, o processo contra Battisti, se corresse na justiça brasileira, seria arquivado por falta de provas. Essa histeria anti-brasileira, que encontra eco nos direitistas colonizados, serve aos interesses de desestabilização da soberania nacional.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

França pára contra crise

Um milhão de franceses pararam setores vitais da economia hoje, e fizeram uma grande passeata para protestarem contra o governo de direita de Sarkozy, que tem destinado imensas ajudas a banqueiros e empresários, enquanto aos trabalhadores restam o desemprego e a redução do poder aquisitivo. Foi o primeiro grande protesto num país desenvolvido. Também hoje, na Alemanha, as centrais sindicais exigiram que os bancos prestem contas das operações que têm em paraísos fiscais. Nos EUA, Obama ficou surpreso ao saber dos bônus que as empresas em dificuldades pagaram aos seus executivos.

Há um padrão no enfrentamento da crise: o Estado ajuda ao Mercado, acreditando que esse "empurrão" o faça pegar "no tranco" para voltar a regular a economia, ao arrepio da atenuação dos efeitos sobre os trabalhadores, humilhados em negociações para redução de salários, licenças, etc. Os protestos precisam assumir escala global para que essa lógica seja mudada a favor da proteção aos que mais sofrem com a crise.

Rio: tráfico domina o tráfego

Ontem traficantes do Rio queimaram 4 ônibus, parando o entroncamento de tráfego do Maracanã, em reação à ação da polícia no morro da Mangueira. Em Vila Isabel, bairro adjacente, tiroteios pararam o tráfego na principal avenida. Essas duas ações independentes, executadas por uma meia dúzia de bandidos, mostram a fragilidade da cidade ao crime organizado.

A geografia do Rio obriga que o desenho das principais vias de tráfego use fundos de vales, cujas encostas em geral têm favelas dominadas por traficantes, ou túneis e vias elevadas, alvos fáceis de ocupação pelo crime. A obstrução coordenada do tráfego em alguns pontos vitais exigiria poucas centenas de criminosos. É imensa a vantagem tática do crime, que usa populações civis como escudo, instrumentaliza movimentos sociais em defesa dos seus interesses, e tem o poder de dominar a cidade a partir do estrangulamento do trânsito.

Aritmética da má-fé da Globo

A pauta oposicionista das organizações Globo de hoje tenta colocar governo contra governo na retenção orçamentária. Eles afirmam que ontem o governo anteontem cortou R$ 37 bi do orçamento, e ontem Lula anunciou mais R$ 500 milhões para ampliação do Bolsa Família e igual valor para reforço da merenda escolar, e que isso seria uma contradição. Para reforçar seus argumentos, a Globo bota a imagem do senador Agripino Maia, do DEMo, para questionar a origem da verba para tal gasto, como se fosse um arauto da verdade.

A má-fé começa nas contas. O governo faz um orçamento, projetando um montante de recursos a arrecadar no exercício seguinte. Ao ver que pode ter uma redução na estimativa, resolve reter (e não excluir) os recursos para certos gastos, até que a situação, como nesta crise, fique mais clara, e permita melhor planejamento. Ou seja, o dinheiro projetado não deixou de existir, mas, por cautela, o governo retardou o seu uso. Por isso, já tem os R$ 1 bi para aumentar os programas sociais sem necessitar criar novos recursos, já que o que se fez foi uma realocação de prioridades, baixando a retenção de R$ 37 bi para R$ 36 bi.

Por trás dessa aritmética safada está oculta a natureza ideológica do ataque ao Bolsa Família, que transfere recursos de impostos para combater a miséria, gerando um efeito multiplicador de consumo que é um dos pilares do crescimento da economia dos últimos anos. E da aprovação popular a Lula também.

A oposição dita liberal quer esses recursos para apoiarem a iniciativa privada, numa contradição com os seus fundamentos, afinal, quem defende que o mercado se auto-regula sem o estado não deveria depender de tais recursos. Em suma: no fundo de tudo está a indisposição da elite para pagar impostos que sejam revertidos em benefícios para os pobres.

PS: na retenção de recursos, a verba para o Ministério do Meio-Ambiente foi praticamente zerada, mostrando que falta prioridade para a área, como denunciou ontem a ex-Ministra Marina Silva.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Rio : exposições imperdíveis

Até 01/02, no Museu Histórico Nacional, estará a exposição Corpo Humano. A princípio, achei macabra a idéia de visitar partes de cadáveres tratadas com uma resina que as preserva, mantendo reais as texturas e cores. Depois do impacto inicial, passei a ver com naturalidade e a entender melhor o funcionamento do corpo. Não tem atlas anatômico que mostre aquilo tudo.

Outra exposição genial é a de Vik Muniz, brasileiro radicado em Nova York, no Museu de Arte Moderna. Estão expostas fotografias de suas esculturas, que usam desde materiais como linhas, arames, papel, confetes e sucata, até gigantescas escavações no solo representando objetos, fotografados de grande altitude. Esta fica até março.

Por que dar o asilo a Battisti

Até ler a matéria publicada pelo jornalista Sebastião Nery (vide aqui) entitulada "A cabeça de Battisti", achava que a celeuma envolvendo os governos brasileiro e italiano era uma dessas coisas que a grande mídia da direita vive armando, em especial O Globo, sempre no sentido de jogar qualquer coisa em Lula & cia buscando o máximo desgaste.

Pelo que o jornalista afirma, basta Battisti pisar numa prisão italiana que será encontrado morto, já que a luta que se trava pouco tem a ver com eventuais assassinatos praticados por ele na guerrilha italiana, mas com o predomínio dos esquemas mafiosos e dos partidos de direita que atuam em conjunto na Itália, ávidos por vingança. Recomendo a leitura, muito esclarecedora.

Para gostar de Lula e do PT

É incrível como o prestígio de Lula se mantém crescente em 6 anos de governo, em boa parte tocando o ideário neoliberal, e o PT mantém sua força eleitoral mesmo com vários escândalos como o do mensalão. O que explica isso? Bem, devem haver várias causas, e uma delas, possivelmente, é a existência de páginas de ultra-direita na internet, como a www.salveapatria.org, tocada por anti-comunistas cujo discurso lembra a turma do Médici. Toda baseada no medo e no preconceito, chega ao extremo de oferecer um joguinho para "acabar com o comuno-petismo", onde há uma arma para atirar num pato com a cara do Lula.

Pensava que esse povo tinha acabado com a redemocratização, mas estão aí, na surdina, esperando a hora para darem um golpe, a exemplo da orquestração do caos aéreo, onde contaram com a participação da grande imprensa e das figurinhas mais carimbadas da direita na política. Se esse discurso e essa prática forem a alternativa a Lula, acho que passa até um terceiro mandato para ele, porque essa turminha que vê comunistas embaixo da cama não tem nada a acrescentar para melhorar o país.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Globo publica eliminação do BBB antes dos votos

A patuléia que gasta dinheiro votando nos paredões do Big Brother Brasil, da Globo, deveria achar muito estranha a notícia deste link . Simplesmente prepararam a notícia da eliminação de uma pessoa da casa, faltando apenas colocar a votação, e a colocaram no site da Globo uma hora antes da votação terminar. E, o mais interessante, a pessoa realmente foi eliminada. Tem gente na Globo com dons premonitórios, porque senão alguém poderia dizer que aquilo tudo é uma enorme armação para tomar os trocados do povão.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Exploração tem limite

Uma pessoa conhecida, frequentadora da Igreja Universal, hoje me abordou para fazer uma espécie de "sessão de descarrego", ou seja, descarregou para mim as pressões que vem sofrendo do seu "pastor" para doar R$ 100,00, e nenhum centavo a menos. Alegando que ganha salário mínimo e que já contribui com dízimo, teve do "pastor" uma bronca para que buscasse outras fontes de renda e falasse com a patroa que o que ganhava era muito pouco.

Aproveitou para falar mais dos mecanismos de exploração. Todos os dias ela tem que ir ao "templo" para deixar um dinheirinho a título de "amarrar a miséria", ou seja, paga-se uma taxa para que a miséria não lhe chegue perto. Disse que no culto do domingo poucas pessoas da sua comunidade puderam doar dinheiro na cestinha, porque não têm como dar mais. E que vai largar a "igreja".

Por curiosidade, abri a página de doações da Universal, que recomendo visitar através deste link. O mais impressionante é o uso seletivo de trechos bíblicos para sugar os trocados de gente em desespero, oferecendo enganosamente a solução de problemas a partir da renúncia às suas rendas.

Hora de estatizar o Banco do Brasil?

De pouco valerá uma queda substancial na SELIC pelo COPOM, se, na ponta do crédito, os juros não se alterarem. A única coisa que o governo pode fazer para combater as altas taxas de juros aos consumidores e empresas é usar os bancos públicos para tomarem a iniciativa de baixá-los.

O Estadão de hoje informa que Lula chamou os dirigentes da CEF e do BB para uma reunião hoje, tendo como pauta a redução das taxas. Quando o Presidente faz isso, toma uma decisão política, que, na CEF, banco público, certamente terá efeitos mais imediatos que no BB, empresa de economia mista, que vem competindo com os principais bancos de mercado. E, por isso mesmo, argumentará que a decisão política afetará sua rentabilidade, reduzirá o superávit primário,etc.

Como os bancos brasileiros estão sólidos, até porque operam praticamente sem riscos escorados no financiamento da dívida pública que paga os juros mais altos do mundo, o governo não deverá fazer estatizações como na Inglaterra e outros países europeus, a título de ajuda. Por outro lado, a CEF é muito pequena para a tarefa de referenciar os juros, e o BB é a ferramenta mais forte.

Diz o jornal "...Em uma das operações mais comuns, de financiamento de capital de giro prefixado, o juro médio do BB está em 2,47% ao mês, maior que o do Itaú Unibanco e Safra. A Caixa cobra 2,20%, mais que o Citibank. Nas operações para as famílias, as instituições públicas têm taxas mais vantajosas. No crédito pessoal, Caixa e BB chegam a cobrar metade do juro de alguns concorrentes. Mas, no socorro mensal de muitos brasileiros, o cheque especial, a vantagem não é tão grande. A Caixa cobra 6,73% ao mês e tem a menor taxa entre os grandes. O BB, no entanto, cobra 8,14%, mais que Bradesco e Safra e próximo do Itaú Unibanco, que cobra 8,63%...."(vide matéria completa aqui).

Lula deve deixar a passividade e agir com força para que a redução dos juros seja efetiva. Isso não descarta tirar Meireles do Banco Central, substituir a direção do BB ou mesmo estatizar completamente o banco, para que seja um instrumento de intervenção governamental na economia.

Venda de carros com ágio

Com a redução dos impostos e juros para compra de veículos, os preços baixaram, o mercado reagiu e já há veículos vendidos com ágio. Os carros usados estão sendo mais vendidos que os novos, a preços atrativos. Isso está no mesmo jornal onde, na página de economia, se fala em negociações entre montadoras, trabalhadores e governo para parar as demissões no setor.

Com a secura do crédito de setembro a novebro de 2008, a indústria automobilística teve forte queda nas vendas, mas com a medidas do governo o mercado voltou a funcionar. A alta do dólar também favoreceu as exportações, e as multinacionais não estão falando em fechar unidades no Brasil, a exemplo do que estão fazendo nas suas matrizes, onde os salários são mais altos. Superada a momentânea formação de estoques, o setor deve voltar a operar em níveis próximos aos anteriores, o que nos leva a crer que os patrões estão fazendo uma grande onda para demitirem e recontratarem mais tarde, com salários menores e com mais favores tributários.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

COPOM pode freiar demissões

Aumentaram muito as demissões em dezembro. As causas vão da sazonalidade, à existência de estoques encalhados e também de decisões estratégicas de empresas com foco na manutenção da rentabilidade. E esta tem a ver com as taxas de juros, que poderão ser alteradas pelo COPOM nesta quarta-feira.

Antes de investir na economia real, o capitalista compara o que pode ter de retorno do capital com os investimentos de baixo risco, como os oferecidos por bancos com base em títulos públicos, índices, etc. Quando o COPOM eleva os juros, freia a economia, porque ao capitalista fica mais interessante aplicar em papéis que correr o risco de perder com um negócio que crie empregos e dependa de flutuações do nível de consumo. Quando baixa os juros, muitos negócios se tornam atrativos, e capitais são tirados de papéis para aplicação em novos empreendimentos. No caso dos bancos, a queda de juros aumenta a competitividade e a disponibilização de recursos para o crédito.

A Vale foi a primeira empresa a demitir em larga escala, fechar unidades produtivas e o seu presidente o primeiro a propor a redução de direitos trabalhistas. A Vale certamente não terá prejuízos, mesmo com a redução das vendas, mas investidores preferirão migrar para aplicações financeiras que pagam melhor graças às altas taxas de juros. A decisão de cortar as taxas de juros tem forte correlação com a manutenção de empregos, mas o COPOM parece mais preocupado em manter os altos lucros dos bancos que com a economia real.

Crise Brasil x Itália : podem faltar massas

Do jeito que as Organizações Globo inflam as repercussões do caso do asilo concedido pelo governo brasileiro a um ex-guerrilheiro italiano, o Brasil pode perder assento no G-8, perder a vaga pretendida no Conselho de Segurança da ONU e até sofrer o boicote de massas e pizzas pela Itália. Ou, quem sabe, ser punido com a extradição dos jogadores brasileiros e mesmo com a negação do pedido da cidadania italiana à primeira-dama, dona Marisa.

O foco é detonar o ministro Tarso Genro, mas o próprio Lula já deu a palavra final alegando a soberania nacional para tomar tal decisão. Para bom entendedor, gostem ou não, correto ou não, isso é ponto final. Mas, a não ser que uma nova frente de desgaste apareça na conjuntura, a mídia vai servindo até de porta-voz do governo italiano contra a decisão do governo.

Obama: "Yes, we can, but..."

A não ser que se queira fazer uma revolução, apoio e esperanças populares não valem muito quando o governante pouco pode fazer para mudar uma realidade. Obama poderá até se manter popular no seu governo, como vem fazendo Lula, pela sensibilidade das massas ao discurso da liderança em meio à crise.

O que os eleitores esperam é que Obama elimine as incertezas geradas pelo mercado neoliberal, e que traga ao cidadão benefícios compatíveis com a condição de maior superpotência do mundo. Terá ao seu dispor uma maioria congressual e poucos instrumentos de política econômica. E um imenso poderio militar, que de nada lhe servirá para melhorar a vida do eleitor.

A economia americana continuará queimando por vários anos, vítima da fragilidade dos seus fundamentos. E o governo Obama passará um bom tempo colocando curativos em hemorragias. Terá méritos se conseguir manter seu povo unido para aguentar o tranco e fazer as mudanças culturais necessárias para tirar o país do buraco a longo prazo. Se fracassar, ficará para a história como o coveiro da América, que já teve Bush como algoz.

Templo desaba: obra do demônio?

Obras de engenharia e religiões são criações humanas, e se sujeitam a leis da ciência como as da física, quimica, economia, etc. O prédio da sede mundial da Igreja Renascer, negócio do casal Hernandes (em prisão domiciliar nos EUA por questões nada religiosas), ou qualquer outro, podem ir ao chão, se certos cuidados não forem tomados.

Pela TV pudemos ver que o prédio tinha uma estrutura metálica de coberta, apoiada em pilares aparentemente independentes das parede de alvenaria. A TV também mostra um trecho na lateral direita com sinais de colapso e fragmentos lançados sobre um telhado vizinho.

As imagens da TV mostraram também equipes de cinegrafistas sendo agredidas ao tentarem fazer imagens do prédio por "fiéis" preocupados em esconder algo, mas não impedirão que a perícia técnica entre e apure as causas, que certamente não terão místicas. O diabo levará a culpa, afinal, é assim que o negócio religioso funciona quando se trata de fidelizar clientes e ocultar falhas humanas.

As leis obrigam que projetos de estruturas metálicas tenham a responsabilidade técnica de engenharia anotada num CREA. Idem para a execução. O mesmo para qualquer alteração posterior, já que novas cargas podem superar limites não previstos em projetos. E a manutenção, também tem responsabilidade técnica. Essas coisas custam dinheiro, que, nem sempre, se quer pagar, apelando-se para "jeitinhos", que dão certo enquanto os limites de segurança obrigados pelas normas técnicas suportarem as sobrecargas.

As prefeituras se limitam a verificar a regularidade documental dos prédios, para concederem alvarás, sem reconferirem cálculos estruturais, etc. A não ser que hajam indícios visíveis como rachaduras, desabamentos, os órgãos públicos renovarão as licenças. Não adianta, portanto, os responsáveis dizerem que a prefeitura vistoriou e que, portanto, abonariam quaisquer irregularidades com a sua presença.

Se fosse o perito, começaria a investigação ouvindo os responsáveis técnicos, se houverem, e buscando saber se as cargas do forro de gesso, equipamentos de ar condicionado, de iluminação e som estavam previstas no projeto original. Depois, verificaria indícios de corrosão e alterações na estrutura. Não tem mistério: dessa investigação aparecerão culpas ou dolos dos seres humanos responsáveis pelo desabamento. E aos outros humanos atingidos pela tragédia, buscarem as reparações materiais junto aos donos do prédio.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Merchandising na missa

Há muitos anos não ia a uma igreja no Rio. Ao entrar, recebi a publicação "A Missa" número 12, de janeiro de 2009, que é uma publicação da Coordenação de Pastoral da Arquidiocese do RJ. Nos rodapés das páginas internas, surpreendeu-me encontrar anúncios do Supermercado Sendas e do Cartão de Crédito Visa Solidariedade Catolica, que certamente pagam pelos espaços de publicidade. Reação à concorrência? Sinal dos tempos?

sábado, 17 de janeiro de 2009

A um míssil da desmoralização

Números interessantes do massacre de Gaza: cada dia de ataque custa a Israel US$ 8 milhões, e cada dia de ocupação, assumindo as responsabilidades com feridos palestinos, logística, etc, custaria US$ 17 milhões diários. Considerada a experiência americana no Iraque, e seu próprio fracasso no Líbano, a Israel não interessa ocupar Gaza.

Afinal, para que tanta destruição, mortes e danos à imagem do país? Bem, se a memória não falha, tudo começou com mísseis do Hamas atingindo cidades de Israel. O que seria, então, uma vitória indiscutível? Ora, que nenhum míssil seja mais lançado. E se, depois de tudo isso, um, unzinho só míssil atingir uma cabra no deserto pelo lado israelense, como será explicado isso? Significará que todo o esforço de guerra foi em vão.

Agora se fala em cessar-fogo unilateral de Israel. É uma saída para tentar livrar a imagem de exterminadores, e jogar no Hamas a culpa já assumida por todas as grandes potências pelo conflito. E a partir daí, vão se buscar soluções negociadas. Ora, se é para tudo voltar ao cenário de antes do confronto, para que fizeram então tantos ataques? Pior ainda: agora todo o mundo quer dar palpite no conflito, e a era Bush, que fazia vista grossa a tudo que Israel fazia de ruim, vai acabar no dia 20, e o novo governo americano vai querer intervir. Uma sangrenta lambança da politicagem israelense, olhando para as urnas em 10 de fevereiro, é a síntese dessa carnificina.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

"Aí, Ban Ki-moon, foi mal..."

Certas coisas parecem sinistras coincidências, ou, quem sabe, provocações. Enquanto o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, fazia um esforço pela trégua em Gaza, visitando Israel, seus aviões bombardeavam a sede da ONU, destruindo toneladas de ajuda humanitária. Pior: com bombas de fósforo branco, proibidas pelas convenções internacionais.

Como o mundo não aceitou a versão do governo israelense de que havia um atirador no prédio, desmentida pelo próprio pessoal que estava no prédio, restou ao premier Ehud Olmert dizer: "Este é um incidente infeliz, e peço desculpas". Sentindo-se perdoado, o açougueiro de Gaza mandou continuar a política de extermínio com novos ataques, pouco ligando para os apelos de todo o mundo.

E o Cacciola? E o Beira-Mar?

O ministro Gilmar Mendes libertou ontem o empresário Marcos Valério, acusado de participar de quadrilha que tentava intimidar os fiscais da Receita Federal que multaram uma cervejaria de um amigo dele, e devolveu o mandato a 10 deputados de Alagoas, que foram indiciados pela PF pelo desvio de R$ 280 milhões da Assembléia Legislativa.
Tudo gente boa. Ainda apodrecem no xadrez outras personalidades como o banqueiro Cacciola, beneficiado em bilhões de dinheiro público pelo governo FHC, e Fernandinho Beira-Mar, empresário do ramo de narcóticos. Será que ninguém olha por eles? Este é um país muito injusto...

Avião no hangar dos outros é refresco

Quando foi comprado o Aerolula, a imprensa tentou criar uma comoção nacional alegando ser desnecessária e não prioritária a aquisição, diante dos problemas sociais urgentes. Agora, o falido estado do Rio Grande do Sul, (des) governado pela tucana Yeda Crusius, adquiriu um jato para vôos internacionais.

O senador tucano Artur Virgílio, um dos principais algozes do Aerolula, agora diz que não há motivo para "escandalismo" no gasto de US$ 26 milhões. Ao contrário de Lula, que viaja toda semana para o exterior representando o Brasil, gostaria de saber a demanda da governadora. Se é para só ir a Brasília passar o pires, pode pegar um vôo comercial, bem mais barato.

Demissões, manipulações e oportunismos

Hoje a imprensa faz uso de declarações de "auxiliares diretos de Lula" e de "altas fontes no Planalto" para dizer que o Presidente está irritado com o Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que vem prometendo represálias a empresas que estão demitindo. Esse tipo de jogo, muito comum, quer fragilizar o discurso oficial, e tentar impor, pela opinião pública, os reais interesses do capital neste momento de crise: reduzir direitos trabalhistas ou provocar renúncias tributárias dos governos num ambiente de sazonalidade, sem retorno quando a crise passar. Ou seja, desejam avançar na superexploração de mais-valia e na manutenção de lucro sugando tetas governamentais.

Se ontem a imprensa insistia que os empresários queriam a redução de jornada com redução de salários, sem garantia de emprego, hoje usam dos bons serviços de Paulinho da Força Sindical para buscarem obter do governo reduções de impostos e de "spreads" de juros bancários, além da redução da contribuição previdenciária das empresas de 20% para 14%. Triste papel para o representante de trabalhadores, esse de pedir esmolas a mando do patrão.

Há oportunismos graves nessa crise. As causas do desemprego não são pela crise em si, em boa parte. Por exemplo, mesmo sem crise, seria previsível a queda da venda de veiculos pois os fabricados a partir de 2009 devem incorporar novas exigências tecnológicas obrigadas pelo Contran, aumentando os preços. Outras já vinham mal das pernas, a exemplo da GM, Ford e Chrisler, que produzem veículos de baixa competitividade no mercado, e agora passam o pires no tesouro americano.

Há os problemas de sazonalidade, que normalmente desempregam de dezembro a março, todos os anos. E há as safadezas, como as 1686 demissões anunciadas pela Casa e Video, que foi flagrada numa operação de contrabando em novembro e agora joga o preço para os trabalhadores.

Lula vai receber as entidades sindicais no dia 19, e todas as negociações com os patrões estão suspensas. Se o ânimo dos sindicalistas seguir o de Paulinho da Força, toda a sociedade contribuirá com seus impostos para garantir aos empresários as mesmas altas rentabilidades a que se acostumaram ao longo de décadas.

No Brasil não existem reservas de lucros para momentos difíceis. Quando há lucro, este é rapidamente repassados aos acionistas, ávidos por uma rentabilidade atrativa, acima das altas taxas de juros de títulos governamentais praticadas pelo BACEN. Quando este cai, joga-se o diferencial para a chantagem com trabalhadores e governo. Vamos ver se o governo terá peito de encarar, com todos os instrumentos de que dispõe, ou se vai novamente ceder às chantagens do capital, prejudicando à grande maioria.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Maravillhas da especulação

O preço do petróleo vem desabando desde julho, do patamar de US$ 140 aos atuais US$ 38. O preço anterior era fruto de especulação, que deve ter enriquecido muitos apostadores em manipulação de preços de "commodities". Mesmo com todo esse cenário, apostadores em dinheiro de risco puderam ter grandes ganhos em dezembro com fundos de ações da Petrobrás, conforme mostra o gráfico da CVM para o fundo do BB. O fato é que as cotas desabaram muito no auge da crise, mas uma pequena mudança de humor do mercado permite grandes variações nesses valores, e quem tem sangue frio e dinheiro pode ganhar muito. Ou perder, também, nesse cassino que, no nível global, é o culpado pela grande crise americana que está consumindo as economias do mundo.

Pouco importa se a Petrobrás vai bem ou mal, o fato é que os valores no mercado dependem mais de fatores especulativos que da solidez da economia real.

Nunca houve uma oposição tão medíocre

O que faz Lula ter mais de 80% de aprovação popular, e essa ser crescente mesmo com a crise internacional? Uma parte da explicação está nos resultados da economia, os melhores comparados a muitas décadas. A outra pode estar na desqualificação da oposição ao governo, praticamente limitada a alguns expoentes da direita raivosa do DEM e do PSDB, que não encontram eco na sociedade para suas críticas, mesmo que tenham fundo de razão.

Do lado da mídia, depois de todas as orquestrações de golpes como o do "caos aéreo" (alguém se lembra disso?), agora o que se vê são picuinhas localizadas, além, claro, de assumirem a defesa dos interesses do grande capital na luta pela supressão permanente de direitos trabalhistas a pretexto de uma crise cíclica.

O besteirol do noticiário traz uma enorme preocupação com a cirurgia plástica da ministra Dilma Roussef e seus efeitos sobre a sucessão presidencial de 2010. Isso vai mudar até a rotação da Terra...

Noutra frente, matérias censuram Lula por ter dito que não lê jornais, segundo eles "o melhor retrado da realidade" e que por isso tem que se basear em informações de fontes não confiáveis, como as dos seus assessores (incrível essa lógica). Ora, quem tem juízo só lê os jornais para ver até onde vai a capacidade de manipulação da imprensa, e colher cacos de informação.

Aí vem o ataque ao Ministro Tarso Genro, que concedeu asilo a um militante de esquerda da Itália. Eles elevam o fato a uma condição de extrema gravidade, acentuando a posição do governo italiano como a única verdade no caso, lixando-se para a tradição diplomática brasileira que já concedeu asilo até ao sanguinolento general Stroessner, ditador do Paraguai.

Por fim, e agora com razões de fundo, a tentativa de dividir o governo a partir do ataque ao Ministro Lupi, que declarou que empresas que demitirem perderão créditos de bancos oficiais e vantagens tributárias, exigindo de Lula que o desautorize. Nessas boquinhas está boa parte da rentabilidade do capitalismo brasileiro, com a socialização de perdas a todos os contribuintes, ao se concederem empréstimos a juros privilegiados e isenções de impostos que todos os demais pagam.

No fundo de toda essa mediocridade, creio haver o fato da elite ter que aturar um governo que, via de regra, atende a um programa de gestão capitalista mais ou menos keynesiano, que atende a grande parte dos interesses empresariais, tomando da burguesia as suas bandeiras. Não há, das oposições, um projeto alternativo, porque o que podem propor já está em execução pelo atual governo. Aí a coisa cai no vácuo, no varejinho congressual e na bizarrice jornalística.

Israel : o exterminador do presente

Os relatos da imprensa sobre a chacina em Gaza trazem à lembrança o personagem de Arnold Schuarzenneger no filme " O exterminador do futuro", que era um andróide programado a exterminar a raça humana. Na sua ação em busca de eliminar ainda na infância uma pessoa que, no futuro, ensinaria os humanos a resistir às máquinas, entrava em qualquer ambiente atirando em qualquer um, de preferência matando o máximo possível.

Hoje pela manhã o noticiário falava em um ataque à representação da ONU, a um local onde fica a pouca imprensa internacional que conseguiu entrar em Gaza e a um hospital por bombas de Israel. Denúncias pela ONU do uso de armas com fósforo branco, que queimam continuamente uma pessoa atingida e são proibidas por convenções internacionais, caem no vazio.

Mil mortos palestinos são correspondidos por uma dezena de baixas israelenses na assimetria do confronto. E cada morto palestino automaticamente ganha a pecha de terrorista do Hamas, mesmo que seja uma criança. E as grandes potências se limitam a forçar o Hamas a parar de jogar seus foguetinhos, enquanto abonam todo o genocídio praticado por Israel para garantir a sua "defesa".

Venezuela e Bolívia não são exemplos para o Brasil, por serem ratos que rugem, mas fizeram uma coisa bastante digna: romperam relações diplomáticas com Israel. O governo brasileiro vem se posicionando firmemente contra o massacre, mas se limitou a mandar o ministro Celso Amorim para negociar com todas as partes um cessar fogo. Não deve interessar ao governo radicalizar para não prejudicar sua postulação a membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

Rio: ilegal, e daí?

Gostaria de entender de onde vem, na cidade do Rio de Janeiro, a cultura da anarquia urbana, que tem como face mais visível o domínio de amplas áreas pelas milícias ou pelo tráfico, mas está presente nos mínimos atos de muita gente. A pretexto da necessidade de sobrevivência, apropriam-se áreas públicas para fins privados, descumpre-se toda forma de legislação e criam-se "direitos" sobre os dos demais. Coletivamente, tais expropriações são visíveis na forma de máfias setoriais que manipulam mercados de táxis, preços de combustíveis, do pão, do gás engarrafado, da vigilância de veículos e até do fornecimento de internet e TV a cabo piratas.

O novo prefeito, Eduardo Paes, está tentando enfrentar esse problema, mas os primeiros resultados já mostram a inviabilidade de superar a cultura, e a possibilidade de enfrentamentos violentos. Um exemplo disso foi a retirada de dezenas de kombis que ocupavam todas as vagas de estacionamento disponíveis na orla das praias da zona sul, estacionadas permanentemente como depósitos onde comerciantes informais guardam suas mercadorias. No primeiro dia, rebocaram todos os veículos, que voltaram no dia seguinte. Ontem, passando pela orla, vimos um enorme contingente da guarda municipal coibindo o abuso. No dia que relaxarem, tudo voltará ao "normal".

Na favelização, o maior prejuízo é para a Floresta da Tijuca, que vê sua área reduzida ano a ano pela ação de "loteadores" milicianos ou traficantes. Em boa parte da cidade, as calçadas foram "anexadas" a negócios como oficinas, vitrines de comércio, e mexer nesse "usucapião urbano" atingirá os negócios de milhares de pessoas. No ano passado, a Câmara Municipal fez a CPI do "Ilegal, e daí?" , que radiografou o problema mas não teve resultados práticos.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Pesquisa: quem vai pagar a conta da crise?

A pesquisa do blog foi encerrada com 61% dos 18 votantes achando que os pobres pagarão a conta, contra 5% dos que votaram nos ricos e 33% que acreditam que todos pagarão. A conta não fecha 100% por algum problema do mecanismo de votação.
A nova pesquisa entrou no ar hoje, sobre a negociação de direitos trabalhistas em troca de manutenção dos empregos.

César Maia deixa obra faraônica inacabada


Que o Rio mereça grandes espaços culturais, ninguém discorda. Mas o que o (felizmente) ex-prefeito César Maia (DEM) fez foi um esculacho. No ponto mais visível da Barra da Tijuca, no cruzamento entre as duas maiores vias do bairro, foi construída a Cidade da Música Roberto Marinho, curiosa obra orçada em R$ 80 milhões e que já custou mais de R$ 460 milhões, mereceu uma CPI e, finalmente, a desistência pela família Marinho de colocar o nome do finado dono da Rede Globo no monstrengo inacabado.
A obra chama a atenção pelo volume e pelas imensas estruturas de concreto, que parecem incompatíveis com algo como a música da Orquestra Sinfônica Brasileira, que deixará o magnífico Teatro Municipal para o novo prédio.
Derrotado nas eleições de outubro, o prefeito, que também é pai do deputado federal Rodrigo Maia (DEM), acabou fazendo um concerto de inauguração no prédio inacabado ao final do seu mandato.

Redes sem fio gratuitas têm baixa cobertura

Quando começamos o blog partimos da convicção que bastaria ter um pequeno notebook, como o ASUS eeepc 701, para conectar em redes públicas e gratuitas de internet em pontos como aeroportos, shoppings, etc, e fazer os posts com frequencia. Algumas prefeituras já disponibilizam redes gratuitas, como a de Paraty, onde pudemos usar o programa de comunicação Skype com som e imagem, bastando o cadastro no próprio site.

Alguns shoppings disponibilizam pontos wi-fi, mas exigem cadastramento em cartão de crédito dos estabelecimentos. E nos aeroportos, as redes pagas, conveniadas com a Infraero, dominam tudo (Vex, Brasil Telecom). No Rio, o governo instalou uma rede gratuita na orla da praia de Copacabana, mas nunca conseguimos acessá-la, mesmo com telefone celular. Já na rampa de saltos de asa-delta na Pedra Bonita, no topo de um morro do Rio, há um bom sinal.

Em suma: se você quer ter confiabilidade no uso de internet em deslocamentos, o jeito é fazer logo uma assinatura de um modem 3G de uma operadora de boa cobertura, senão poderá ficar refém de poucas opções.

Força Sindical aceita reduzir salários

Acordo entre a Força Sindical e a CGTB e os patrões da FIESP, Fecomércio e FAESP, em São Paulo, teve como base a redução de jornada de trabalho com redução de salários para evitar demissões.

A CUT foi contrária, alegando não começar a discussão a partir da redução de salários, entendendo que há outros mecanismos para evitar o desemprego.

A CONLUTAS partiu para o protesto contra as demissões, com a paralização dos operários da fábrica da GM em São José dos Campos (SP) por uma hora ontem.

O Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse que um das medidas para evitar o desemprego será a vinculação da concessão de créditos de bancos públicos e desonerações fiscais a empresas a partir de garantias de empregos.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Midia distorce notícia sobre corte de gás boliviano

Um dos critérios para investigação do mau caráter da grande midia é a ostensiva e uníssona divulgação de uma notícia mostrando fraquezas do governo Lula perante os países vizinhos. A motivação deles é a endêmica tentativa de evitar a integração regional, atendendo a interesses hegemônicos norte-americanos, contrariados com a inviabilização da ALCA pelo Brasil e outros.

A última fraude da imprensa foi de extrema má-fé, envolvendo o corte de importação de gás da Bolívia. O fato é que o Brasil desativaria diversas usinas termelétricas, já que a demanda vem sendo atendida pelas hidrelétricas, reduzindo a compra de 30 milhões de m3 de gás boliviano, para 19 milhões de m3. Alegando que precisaria manter duas termelétricas para resolver problemas relacionados ao fornecimento a Santa Catarina, o governo reduziu o corte, baixando para 24 milhões de m3 a compra à Bolivia. Ou seja, foram cortados 6 milhões de m3, com economia para o país.

O que a Folha On Line divulgou em suas manchetes, foi: "Brasil cede a pressões da Bolívia e aumenta importação de gás". É mole? Compare o que diz a Folha com o jornal Zero Hora de Porto Alegre. Olhem a notícia que o grupo Abril publicou: "A Bolívia celebrou neste sábado a decisão do Brasil de ampliar suas importações de gás natural para 24 milhões de metros cúbicos diários, a partir de hoje, após negociações do governo Morales com Brasília". Quem lê o início da matéria, pensa que aumentou a importação. No fim da matéria se esclarece que a Bolivia apelou até a um contrato feito no governo FHC em 2000 para comprar o gás de qualquer jeito, mesmo que não seja usado. Já o JB noticiou c0m menos alarde (vide aqui) e esclareceu o contrato da Petrobrás para compra do gás.

Equador paga divida atrasada ao BNDES

O presidente Correa, do Equador, criou um grupo de trabalho para auditar a dívida externa, que constatou que o maior credor bilateral (governo a governo) é o Brasil, e a maior operação, a da hidrelétrica de San Francisco, que teve problemas técnicos. A intenção era de provar que toda a dívida externa foi contraída através de contratos leoninos, com juros pós-fixados e com fôro para eventuais questionamentos nos países de origem, e que os governos anteriores só aceitaram tais condições à base de propinas. Sendo assim, ficaria legitimado o calote do seu governo aos credores, praticamente eliminando a dívida externa.

Seria mais coerente politicamente se Correa desse o calote com base nas conclusões do documento "Informe final de la auditoria integral de la deuda externa" (vide aqui) , mas não quis bater de frente com o Brasil e tentou desviar a motivação para uma pretensa falta de qualidade da hidrelétrica feita pela Odebrecht, e jogar o assunto para mediação da corte comercial internacional.

Quando fez isso, o petróleo, responsável pela maior parte do PIB equatoriano, estava a US$ 150, e dava para falar grosso. Agora, com a "commodity" a US$ 40, bateu novamente o oportunismo e recuaram da posição para conseguirem manter uma linha de negócios com o Brasil. Maiores detalhes na matéria da Folha de hoje. No site do governo equatoriano a notícia foi dada em dezembro, num tom conciliador (vide aqui).

Florianopolis, 11/01/09

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Direita na "Veja" nega holocausto de Gaza

Primeiro, gostaria de explicar por que escrevemos tanto sobre o conflito de Gaza. Por ali passa uma disputa entre visões que, mais que na guerra fria, radicalizarão o planeta doravante, a partir do grave conflito de escassez que já vivemos. Quem tem lutará com todas as armas para tirar de quem não tem, seja comida, seja mais-valia, seja combustível ou mesmo água potável.

No caso de Gaza, passam várias estórias sobre os cadáveres das ruas. Do lado israelense, a necessidde de levantar o moral das forças armadas, depois da sova que tomaram do Hezbolah no Libano, e a manutenção do poder nas mãos do grupo de Shimon Perez nas eleições de 10 de fevereiro. Além, claro, de destruir o Hamas, uma missão impossível, já que o grupo teve apoio nas urnas da maioria do eleitorado da região. Do lado dos palestinos, a disputa entre o grupo Fatah, que domina a Cisjordânia e foi expulso de Gaza, e o Hamas, que quer se consolidar como vanguarda anti-Israel, e faz ataques inócuos com foguetes quase de brinquedo, apenas para dizerem que estão fazendo algo.

Aparentemente, a ninguém interessa a paz. Israel sabe que sua sustentação econômica vem da mesada americana, e, se houver paz, acaba a boquinha. Ao Hamas também não interessa, porque quer vender caro sua aceitação à existência de Israel. A nós outros, cabe tentar parar com essa espiral de violência, antes que o Hezbolah, o Irã, a Síria e meio mundo entrem na briga e Israel saia jogando por aí seu arsenal nuclear, deflagrando um conflito de dimensões globais.

Pelo mundo, as opiniões se dividem entre os sionistas e seus simpatizantes (que defendem a manutenção de Israel em terras de outros povos, expulsando-os ou aniquilando-os), e os que se opoem à chacina, que vão desde as esquerdas ao Vaticano ou a ONU, que cada vez mais sente a impunibilidade dos agressores diante de suas resoluções. No Brasil, a revista Veja está se tornando um bastião na negação dos crimes, e o articulista Reinaldo Azevedo está um craque nisso. Recomendo que leiam seu blog no site da revista (http://www.veja.com.br/). Ele diz, por exemplo, que o Hamas está divulgando fotos de meninas feridas para sensibilizar o mundo, e até encontrou provas para a necessidade de Israel bombardear 3 escolas administradas pela ONU, matando muitas crianças. E que a esquerda faz de tudo para igualar Israel à Alemanha Nazista. E, claro, como direitista convicto, defende a aniquilação de tudo que pareça de esquerda no mundo. Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, não faria melhor para ocultar a chacina que fizeram em Aushvitz, Treblinka e outros parques temáticos da maldade. Leiam também os comentários, certamente moderados, já que todos enaltecem as suas posições, para verem que a imbecilidade faz escola.

Itabira protesta contra demissões na Vale

Hoje foi realizado em Itabira (MG) um ato promovido por diversos partidos, centrais sindicais e sindicatos, para denunciar as demissões em marcha na Vale. Esse ato teve mais relevância, considerando-se que o presidente da Vale é um dos mentores da proposta de reduzir direitos trabalhistas, a pretexto de defender as empresas dos efeitos da crise americana.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Nota do PT enfurece sionistas

A entidade judaica argentina Centro Simon Weisenthal protestou (vide aqui) contra nota do PT que apoia a luta do povo palestino e denuncia o criminoso massacre cometido pelo estado de Israel em Gaza. Diz a nota do PT, de 04.01.09, assinada pelo seu presidente, Ricardo Berzoini, e pelo Secretário de Relações Internacionais, Valter Pomar, disponível em http://www.pt.org.br/:

"PT condena terrorismo de Estado do governo de Israel contra o povo palestino

PT condena ataques criminosos
Os ataques do exército de Israel contra o território palestino, que já causaram milhares de vítimas e centenas de mortes, além de danos materiais, só podem ser caracterizados como terrorismo de Estado.
Não aceitamos a "justificativa" apresentada pelo governo israelense, de que estaria agindo em defesa própria e reagindo a ataques.
Atentados não podem ser respondidos através de ações contra civis. A retaliação contra civis é uma prática típica do exército nazista: Lídice e Guernica são dois exemplos disso.
O governo de Israel ocupa territórios palestinos, ao arrepio de seguidas resoluções da ONU. Até agora, conta com apoio do governo dos Estados Unidos, que se realmente quiser tem os meios para deter os ataques.
Feitos sob pretexto de "combater o terrorismo", os ataques de Israel terão como resultado alimentar o ódio popular e as fileiras de todas as organizações que lutam contra os EUA e seus aliados no Oriente Médio, aumentando a tensão mundial.
O Partido dos Trabalhadores soma sua voz à condenação dos ataques que estão sendo perpetrados pelas forças armadas de Israel contra o território palestino e convoca seus militantes a engrossarem as manifestações contra a guerra e pela paz que estão sendo organizadas em todo o Brasil e no mundo.
O PT reafirma, finalmente, seu integral apoio à causa palestina."

A preocupação do movimento sionista com a nota do PT tem a ver com a posição adotada pelo governo brasileiro diante do conflito, que não faz coro com as superpotências que abonam os extermínios para não contrariarem Israel e sua geopolítica racista (sionismo) no Oriente Médio. O Brasil mandou 14 toneladas de remédios e alimentos em ajuda humanitária aos palestinos, e condena os ataques. A propósito, o relator da ONU para a Palestina denunciou que Israel descumpre a Convenção de Genebra (vide aqui), que trata de direitos de prisioneiros de guerra.

O PSTU também condena, em nota no seu site (www.pstu.org.br), o genocídio de palestinos, e divulga manifestações para esta quinta, dia 8/01 no Rio, e domingo, na Av. Paulista, em São Paulo, em apoio à causa palestina.

Os piores vilões

Pesquisa feita na Inglaterra apontou os maiores vilões do mundo real e da ficção. Segundo a opinião dos ingleses, o pior de todos é o Coringa, personagem do filme Batman. Em segundo lugar, e não é de ficção, ficou George W Bush! Depois vieram: em 3º -Darth Vader, de Star Wars; em 4º - Freddy Krueger, de A Hora do Pesadelo, e em5º - Cruella De Vil (interpretada por Glenn Close), de 101 Dálmatas (1996).

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Essa turma do programa Manhattan Connection, da TV Globo a cabo, parece que flutua sobre os demais mortais. São mais pró-americanos que a própria midia do Tio Sam. Antes, tivemos Paulo Francis, que debochava dos brasileiros como se fôssemos um bando de imbecis. Do mesmo programa, mas no Brasil, temos um Diogo Mainardi, que do alto do seu pedestal da idiotia escreveu "Lula, minha anta", como se fosse um iluminado. E já teve um Arnaldo Jabor, que saiu do programa e hoje tem o seu espaço para verborragia direitista em noticiário da Globo. Agora, Caio Binder publicou um artigo onde defende Israel, e acusa os que se sensibilizam com o exterminio de palestinos como esquerdistas oportunistas, por não se manifestarem contra as "ditaduras muçulmanas" e sim contra a "democracia" israelense. Aqui vai um trecho que resume a matéria:

"A esquerda e a crença na virtude dos oprimidos

... Eu faço minhas as perguntas da jornalista espanhola Pilar Rahola, que não é judia e ainda se considera de esquerda. Num texto perplexo que circula na Internet, está uma saraivada de questões: por que não vemos manifestações em cidades européias contra ditaduras islâmicas? Por que não existe tanta solidariedade com as vítimas de terrorismo em Israel como quanto às vítimas dos bombardeios israelenses em Gaza? Por que não se defende o direito de Israel de se defender e de existir? Por que se confunde a defesa da causa palestina com a justificativa do terrorismo palestino? "
A fúria contra Israel não é acompanhada de indignação com as barbaridades praticadas pelos regimes do Irã e Síria, patrocinadores do Hamas, contra os seus cidadãos, ou da opressão em geral no mundo árabe-islâmico. Não se trata de desviar as atenções do que esta acontecendo em Gaza. A população civil palestina está pagando um preço terrível. É um ônus moral e político para Israel, país fadado hoje em dia a ser rotulado de genocida enquanto no mundo islâmico se faz vista grossa ao genocídio praticado em Darfur pela ditadura islâmica do Sudão.
Não se trata de fechar os os olhos a barbaridades praticadas por Israel na sua luta de independência e nos combates para sobreviver em uma região hostil, onde por décadas havia a promessa de ditaduras árabes de jogar os judeus ao mar. O recado genocida hoje é transmitido pelo iraniano Mahmoud Ahmadinejad, enquanto grupos como o Hamas esposam o culto da morte. As mãos de Israel, é verdade, também estão sujas de sangue. Terrorismo foi praticado por seus dirigentes, como Menachem Begin e Yitzhak Shamir.
Mas de volta a Pilar Rahola e sua perplexidade. Existe esta obsessão com Israel. A esquerda global está obcecada para combater uma das democracias mais sólidas do planeta, onde a imprensa questiona furiosamente as autoridades e há um intenso debate sobre os limites do poder militar ou como adquirir um modus vivendi com os vizinhos. Qualquer gesto de solidariedade a Israel é tratado como prova de boçalidade ideológica."...

A "esquerda global" a que se refere Caio Binder, infelizmente, move-se quando há algum incêndio conjuntural, e se situa ao lado dos oprimidos pelo capital. Não existe hoje um partido de esquerda mundial com capacidade de criar políticas para combater cada frente ditatorial do capital. E, certamente, a verdadeira esquerda não apóia o regime da Siria, nem a ditadura religiosa iraniana, nem o populismo oportunista de Chavez, ou a farsa "socialista" de Kadhafi.

A esquerda tem uma forte componente humanista, assim como os pensadores liberais e mesmo entidades religiosas por todo o mundo. Caio Binder tenta, na sua matéria, fazer de dois depoimentos isolados uma teoria para justificar seu apoio envergonhado a Israel, já que critica os massacres, e ao seu papel de agente interventor no Oriente Médio, pelo qual os Estados Unidos bancam uma bilionária subvenção anual em dinheiro e armamentos para garantir seus interesses geopolíticos. Não há manifestações a favor de Israel nas ruas porque elas já estão oficializadas em cada telejornal da mídia ocidental. Neles só há uma visão, que é a do opressor.

Nenhum foguetinho do Hamas justifica o ataque genocida a um escola da ONU na Palestina, matando dezenas de crianças. E a tal "democracia israelense" não permite que nenhum jornalista entre em Gaza, como hoje denunciou o correspondente da Folha, Nahoum Sirotsky, para impedir a divulgação de quaisquer versões distoantes da verdade oficial. Nem Saddam fez isso no Iraque!

Israel tem que ser condenado pela prática racista de "limpeza étnica" na Palestina, mas, infelizmente, nenhuma instância internacional consegue uma providência para não contrariar os interesses das potências ocidentais que são cúmplices dos massacres.

Ao contrário da França de Sarkozy, que reclama dos ataques mas só culpa o Hamas, o governo brasileiro foi muito claro na condenação aos ataques de Israel e na defesa de uma solução negociada para a Palestina. Não se chega à paz com a negação do diálogo, e essa autorização implícita e irrestrita a Israel para matar quem quiser sem questionamentos não ajuda no processo.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O que fazer em 12h em São Paulo?

Neste sábado, com Sampa vazia, das 8:30h às 20:30h, conseguimos fazer este roteiro de visitas aos principais pontos da cidade:
- parque do Ibirapuera todo (a pé), inclusive monumento aos Imigrantes;
- passeio na Av. Paulista, inclusive Masp e Parque Trianon;
- estação da Luz e Museu da Língua Portuguesa;
- mosteiro de São Bento, viaduto do Chá, Parque do Anhangabaú, Galeria do Rock, centro financeiro, Pátio do Colégio, 25 de Março, Igreja da Sé;
- caminhada pelo bairro japonês da Liberade e almoço;
- museu do Ipiranga e monumento à Independência;
- jantar no Bixiga.
Só deu certo porque era rapidinho chegar de táxi e metrô aos diversos locais. Num dia de semana normal, isso é impraticável. Para quem não conhece São Paulo, é uma boa amostragem. Tem muito mais coisas, mas isso é o fundamental.

Lei da engenharia pública beneficiará 10 milhões

Nem tudo são chuvas fortes para provocar a tragédia de Santa Catarina: a falta de assistência técnica para as construções e a omissão do poder público na ocupação desordenada de áreas de risco de desabamento, inundação e/ ou preservação também colaboraram. Uma das soluções para isso é a novíssima lei 11.888 de 24 de dezembro, que garantirá assistência técnica gratuita de engenharia e arquitetura para a construção de casas populares. Seus efeitos atingirão diversos setores, a começar pelo habitacional e pelo ordenamento da ocupação do solo urbano.A assistência técnica para erguer casas de até 60m² – em áreas declaradas de interesse social - garante projetos mais baratos porque evitam o desperdício de material, além de trazer a reboque os serviços de luz, água e saneamento básico.

Essa lei abre vai ajudar a população que recebe até 3 salários mínimos a ter acesso a um profissional para fazer ou executar o projeto obedecendo padrões técnicos, e em locais seguros.
No prazo de 180 dias deverão ser montadas as equipes técnicas,com a participação do sistema CONFEA / CREAs, que darão a assistência em nível municipal. Democrática, a lei alcança cooperativas, associações de moradores e até mesmo a iniciativa de uma só família, e a construção pode ser feita por mutirão, tendo preferência as zonas habitacionais declaradas por lei como de interesse social, tanto no campo quanto na cidade
Leia a íntegra da Lei nº 11.888. Fonte: http://www.confea.org.br/

Florianópolis perde com chuvas

O que parecia ser um esvaziamento pelo feriadão hoje se confirmou como uma baixa procura por Florianópolis neste verão. Muitas placas de "aluga-se" em casas e edifícios nas praias, trânsito excepcionalmente bom, coisas incomuns nesta época. E um clima muito doido também. Ontem as chuvas deixaram uma porção de turistas ilhados numa estrada no sul do estado, que precisaram ser resgatados de helicóptero. As últimas chuvas levaram mais 15 municípios ao estado de emergência. Hoje, um sol maravilhoso, e o tempo deve melhorar. Quem puder, deve vir por aqui gastar um dinheirinho e ajudar a movimentar a economia local, porque está melhor que em outros verões, pois muita gente se apavorou com as tragédias e desistiu de vir. Só tem um problema: as coisas nos shoppings estão obscenamente caras, mais que em Brasília. Muito esquisito isso.

Fernando Branquinho
Florianópolis, 05/01/08
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domingo, 4 de janeiro de 2009

Pobre Israel!

Mais de 500 palestinos já morreram desde a nova escalada de terror israelense. E, destaca a grande imprensa, um soldado israelense morreu na invasão por obra dos terríveis guerreiros do Hamas. Sarkozy, de forma muito pertinente, veio a público dizer que a culpa de tudo é do Hamas.

BB x BESC

Os terminais do BESC já aceitam os cartões do BB, chegando a abrir o menu de serviços, mas não tem a senha de suas letras, ou seja, não serve para muita coisa essa integração após a aquisição.

Probabilidades zero

Viajei para Florianópolis com uma conexão em São Paulo que me permitiu mostrar a cidade ao meu filho mais novo. Andando pela Av. Paulista, que estava tão vazia que dava para jogar bola na pista, uma repórter da Band me abordou para perguntar sobre endividamentos de fim de ano. Só aí já são três eventos de probabilidade zero: encontrar um turista carioca num feriadão, numa São Paulo deserta, e, entre milhões de pessoas, entrevistá-lo. Ela queria aquelas respostas normais e óbvias, tipo "o dinheiro não deu, estou pendurado no cartão, empréstimos, etc". Contrariando a expectativa e as probabilidades, respondi que não tinha endividamento, que planejava tudo, e a repórter pareceu meio decepcionada com o que eu disse. Acho que isso ir ao ar tem zero de chance. Por via das dúvidas, fiz um joguinho na Lotomania e na Mega-Sena (ou será Megassena, agora?), nos quais a chance de ganhar são quase nulas.

Fernando Branquinho
Florianópolis, 03/01/09

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Dia da cólera na Palestina

As agressões de Israel a Gaza continuam as manchetes dos principais jornais do mundo. Para hoje, o Hamas convocou a ampla mobilização para o "dia da cólera", ou seja, resistência às ações israelenses. O Conselho de Segurança da ONU ficou em cima do muro, como sempre ocorre quando o opressor é Israel. Nada de sanções contra os massacres, o que resulta numa "permissão implícita" para as práticas de assassinatos massivos e desrespeito aos direitos humanos. É esperada a invasão de tanques israelenses a qualquer momento, e já estão sendo retirados os estrangeiros, até para não ficarem muitas testemunhas do que vem por aí. No Brasil, novos protestos contra Israel em Foz do Iguaçu.

Lula condenou a atitude murista da ONU e fez contato com autoridades da França para buscarem conjuntamente uma negociação para parar o conflito, afirmando que os Estados Unidos não servem como mediadores, dado o histórico de fracassos. Também levantou a hipótese dos ataques servirem de propaganda favorável ao governo nas próximas eleições de Israel.

Menos ganhos reais em 2009?

A Folha SP de hoje tem uma matéria onde consultores de economia falam na redução ou extinção dos "ganhos reais" de renda dos trabalhadores a partir de 2009. Segundo a reportagem, 80% dos acordos salariais do ano passado tiveram ganhos sobre a inflação. Para este ano, preveem dificuldades nas negociações salariais, com a defesa do emprego ganhando prioridade sobre as questões salariais. Já o DIEESE prevê a desaceleração dos ganhos reais, mas o cenário desfavorável às negociações salariais pode melhorar se a economia não sofrer os impactos na proposção prevista. Apesar de tudo, o salário mínimo terá ganho real maior que o de 2008, já que a fórmula de reajuste se baseia no PIB de dois anos atrás.

Quando o assunto envolve salários, é sempre bom tomar cuidado com o discurso uníssono da mídia do capital. Criam os cenários de dificuldades para venderem idéias como a da redução dos direitos trabalhistas, proposta pelo presidente da Vale e apoiada por José Serra (e até aqui categoricamente descartada por Lula). Para o próximo dia 8, a Conlutas está mobilizando uma paralização geral da Vale em Itabira, como protesto contra as demissões e precarização dos direitos trabalhistas. O PSOL também condena, e convoca ato contra a crise para o dia 2 de abri no Rio.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Protestos em Brasília contra massacre em Gaza

Cerca de 100 pessoas da comunidade palestina, militantes de direitos humanos e simpatizantes fizeram ontem (31) uma concentração em frente à Cateral de Brasília, seguida de carreata até a Embaixada de Israel, onde foi entregue documento de repúdio aos ataques devastadores contra a Faixa de Gaza, que potencializam uma nova escalada de violência. A grande mídia praticamente não divulgou, dando destaque aos festejos de final de ano.

Bem-vindos ao Blog do Branquinho

Há anos publico comentários sobre política, em diversas listas de discussão e fóruns, e algumas pessoas que achavam interessantes as visões passaram a questionar: por que não criar um blog, para organizar e ampliar o acesso aos textos? Como a conjuntura está cada vez mais fluida, e há poucas visões distoantes da "verdade única" da mídia globalizada, topei o desafio e escolhi o primeiro dia de 2009 para começar a "trabalhar".

Hoje é um dia especial na história, ao se completarem 50 anos da vitória da Revolução Cubana. Também temos posses de prefeitos em todo o país. E o ano começou com o agravamento da crise do Oriente Médio. Além disso, terminamos 2008 com a queda do muro do capital, a desmoralização do liberalismo econômico e a retomada do papel do Estado na indução do desenvolvimento, e esse processo atravessará 2009, com repercussões no Brasil.

É isso aí. Ao longo do tempo, arrumarei a página para torná-la mais fácil de usar, e abrirei espaços para colaborações e debates. Para não ficar muito pesada a temática, pretendo variar os temas, colocando dicas de viagens, humor e ciência, atualizando diariamente.

Um grande abraço,

Fernando Branquinho
Brasília, 01/01/2009