sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Viagem : De Viena a Moscou

O vôo mais barato e direto que conseguimos foi da Aeroflot, que sempre tive na memória por conta dos frequentes acidentes aéreos com os aviões russos Tupolev. Pelo menos agora estão usando Airbus, que também caem, mas por motivos bem mais misteriosos. A Aeroflot mantém no seu logotipo a foice e o martelo característicos do período soviético, um bom indicador para quem vai à Rússia atrás da memória desse período de mais de 70 anos, apagado nos países do leste europeu onde já andamos.


O avião, a exemplo dos demais que já usamos pela Europa, respeita os passageiros mais altos, com com espaço entre os bancos. No Brasil, o ex-ministro Jobim, que mede quase 2m, chegou a dizer que iria exigir das empresas aéreas maior espaçamento, mas isso caiu no esquecimento. O serviço de bordo, à exceção dos descartáveis usados, lembrou o dos bons tempos da saudosa Varig, tanto na qualidade do alimentos, na atenção (essencial para quem não tem praticamente noção da língua russa), tirando aquela má impressão das barrinhas e de refeitório de obra das empresas brasileiras.

O vôo de Viena a Moscou dura 2:40h, e é momento de alterar os relógios acrescentando mais duas horas de fuso horário. Agora estamos a 7 horas a mais que o Brasil. Há quem considere isso uma boa oportunidade para saber o futuro antes dos brasileiros, e portanto, já que estamos bem à frente, seria o momento de sabermos com antecipação os resultados das loterias, as cotações das ações, etc. Aos sem noção de plantão, advertimos: isso é brincadeira!

A rota passa por cima de parte da república Checa, da Polônia, Bielorrússia e Rússia. Belas paisagens de montanhas elevadas e planícies bem plantadas, e chama a atenção a construção de uma auto-estrada, possivelmente em território bielorrusso. Nada de neve.

Moscou tem 4 aeroportos internacionais. A Aeroflot opera em Sheremetievo, que é bem ao norte da cidade. O terminal E é novinho, e por isso mesmo, tem problemas como ninguém estar no balcão de informações, onde fomos para saber do tal registro na imigração que consta no formulário que distribuem a bordo. Quem chega à Rússia tem 3 dias para registrar nos escritórios da imigração ou nos correios sua presença. E 1 dia útil se ficar em hotel.

No nosso caso, o hotel está providenciando, o que traz o desconforto de ficar sem o passaporte por um tempo, e estamos andando com documentos brasileiros. Há relatos de policiais corruptos que abordam estrangeiros em busca de documentação irregular e propinas. Felizmente não temos isso no Brasil.

Na chegada vimos que a cidade é gigantesca. Capital federal, centro financeiro e industrial, centro religioso, tudo é aqui, diferentemente do Brasil e dos Estados Unidos, que têm distritos federais separados. A sinalização de transportes no aeroporto é pouco elucidativa. Nosso plano era pegar o trem do Aeroexpress, que fica junto ao terminal, leva 35min até a estação Belorussia e custa 380 rublos.

No avião, com os dados da revista da Aeroflot, vimos a alternativa do ônibus comum, o 851, válida porque não temos muita bagagem, que custa a bagatela de 28 rublos e leva para a estação de metrô Rechnoy Vokzal, da linha verde. Também há o ônibus 817 que vai para a estação de metrô Planermaya, mas não era o melhor para chegar ao nosso destino.

Pela revista, deveríamos levar 30 minutos, mas com a hora de pico e acidentes na pista, além do trânsito moroso da Leningradskaya, autoestrada que liga Moscou a São Petersburgo, levamos 1:40h. Saímos do aeroporto às 18:10h e chegamos ao metrô às 19:50. O caminho lembra a Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, só que com a Av. das Américas triplicada e com grandes blocos de prédios de classe média mais bem distribuídos. Nada de favelas na chegada à cidade.

A revista de bordo tem todas as informações sobre isso, além de plantas dos aeroportos onde opera, de como chegar ao centro de Moscou e São Petersburgo, e serve como "pedra de Roseta" porque tem boa parte do conteúdo em russo e em inglês, permitindo decifrar algumas coisas em russo por comparação.

Incrivelmente às 20h o metrô parecia borbulhar de tanta gente. A passagem custa 28 rublos, equivalentes a R$ 1,50. Saltamos na Tverkaya, depois de passar por várias estações, muito distantes entre si. O trem mal conservado parecia que ia pular dos trilhos com mais barulho que velocidade. Impressionante a frequência: enquanto tirávamos fotos na estação, vários da mesma linha passaram. Deve ser de meio em meio minuto. Talvez por isso não estivessem cheios, apesar da quantidade de gente nas plataformas.

Para chegar à estação próxima à R. Arbat tivemos que trocar de linha, através de uma escada rolante que parecia ir para o centro da terra. Uma dica: apesar dos mapas mostrarem convergências entre linhas para um mesmo ponto, isso não significa que elas cheguem à mesma estação. Aprendemos isso na prática.

Considerando as nossas andanças no aeroporto e nas estações, pode-se dizer que levamos cerca de 2:20h para chegar ao hotel. Se tivéssemos pegado o Aeroexpress no aeroporto, teríamos economizado uma hora.


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Brasil : Razões para demo-tucanos chorarem

Parece que vai sair mesmo o PSD, partido do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A decisão do TSE passa por cima das irregularidades do processo, e poderá viabilizar, a curto prazo, a migração de tucanos e demos para o novo partido, adesista a Dilma, em busca de lugar ao sol e de dias melhores sob o manto do governo federal. Em breve, pelo visto, teremos mais uma mercadoria no balcão do poder, barganhando votos por apoio.


Ontem os jornais noticiaram também que caiu em 25% nos últimos 9 anos o número de trabalhadores com rendimento médio per capita familiar de até meio salário mínimo caiu de 17 milhões em julho de 2002 para 12,8 milhões em julho de 2011, praticamente tudo no período Lula/ Dilma. Uma tristeza para os adoradores de FHC, que não deixou nada positivo de legado.

Outra péssima notícia para os demo-tucanos é a premiação de Lula com o título de "Docteur Honoris Causa" pelo pelo Instituto Sciences Po, da França. Aqui vai a explicação de um dos seus diretores, extraída do portal IG :

'A homenagem da Sciences-Po será feita em nome do avanço do Brasil como potência internacional durante a gestão de Lula. A explicação foi dada na última semana por Richard Descoings, diretor do instituto. "Em 20 ou 30 anos, a história vai reter um período no qual o Brasil se transformou em uma potência internacional", afirmou o cientista político.

Mas, além da homenagem ao Brasil, a indicação de Lula ao título, já concedido a personalidades como o ex-secretário-geral das Nações Unidas egípcio Boutros Boutros-Ghali, é também um autoelogio à Sciences-Po. Em 2011, a instituição comemora 10 anos do início de sua política de discriminação positiva, quando alunos de comunidades carentes da França receberam apoio para ingressar na instituição. "Lula encarna o fato de que podemos chegar ao mais alto nível político mesmo sendo filho ou filha de trabalhadores", lembrou Descoings."

Pois é: esse título o iluminado, o brilhante, o todo-poderoso FHC não tem, simplesmente porque nunca se destacou naquilo que deu os méritos a Lula. Plagiando a musiquinha que a torcida do Mengão canta para um glorioso time carioca, segue a homenagem à galera demo-tucana:

"E ninguém cala, esse chororô, chora o ex-presidente, chora o deputado, chora o senador"


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

HOAX : A carta do empresário de São Leopoldo

De tanto receber um e-mail do tipo "repasse a todos" com a carta atribuída a um empresário de São Leopoldo, onde diz ter pago cursos de capacitação aos funcionários da empresa de bombas Geremia e ter sido multado pela fiscalização da previdência social por considerar o desembolso como verba salarial, e ter cobrado o pagamento do INSS respectivo, resolvi fazer o que os outros não fizeram: checar a veracidade da informação. A carta ganha contornos de indignação com o apelo contra a burocracia que dificultaria a competitividade com empresas estrangeiras, por isso, diante dos absurdos que conhecemos na tributação, a princípio consideramos o desabafo como algo crível e razoável.


No entanto, uma simples busca à revista Exame, citada por quem reproduziu o texto, mostra que a mensagem verdadeira acaba no final das letras azuis do e-mail, e mesmo ao texto publicado na revista foram enxertadas frases para aumentar a dramatização. No final, vem o lero-lero do empresário ter vindo de família pobre, ter sonhos de comprar uma Mercedes, etc. Nada disso estava na carta publicada pela Exame, caracterizando uma fraude ao texto original que, infelizmente, meus incautos amigos me repassam com afirmações de apoio corroborando a indignação com algo que é uma montagem descarada sabe-se lá com quais objetivos.

O autor da montagem propõe, como se fosse o empresário, que se troque políticos corruptos por mais professores, algo de forte apelo entre os que não sabem sequer buscar a veracidade dos documentos que recebem e acabam votando nessas pragas que infestam o nosso congresso como se fossem gente boa. Uma lida na íntegra do Hoax mostra a intenção de colocar essas palavras na boca do empresário. Se a carta original continha isso, deveria ter sido explicitado que apenas parte dela foi publicada na Exame. Duvido muito, pois na revista o texto pareceu equilibrado, consistente nas reclamações do empresário, e o que veio no Hoax foi algo destemperado, emotivo, piegas.

Se foi por causa da multa ou não, a empresa que fabrica bombas na área de petróleo e gás faz parte desde 2008 da Johnson Screens, subsidiária da multinacional Weatherford, e não deve mais pertencer ao empresário indignado. Sua queixa foi feita em 25/09/1996, ou seja, há 15 anos, à revista Exame, na matéria "Eu sou um fora-da-lei". Ou seja, este hoax está circulando como se fosse novidade com uma informação de 15 anos atrás! Na época, para os de curta memória, era o governo de FHC I, mas o apelo que antecede o texto parece querer culpar os governos mais recentes pelo "descalabro" denunciado pelo empresário.

De lá para cá, nada parece ter mudado na legislação trabalhista, que considera a educação custeada pelo empregador uma utilidade não salarial, desde que atenda a certos parâmetros que a isentem de recolhimento de contribuições à previdência. Caso contrário, pode ser interpretada como salário indireto, ou seja, como artifício para remunerar melhor os profissionais sem recolher para a previdência, e cair na base de contribuição ao INSS. Como ninguém sabe o que o fiscal viu por lá, e pelo visto o empresário chiou mas pagou e somente a sua versão foi conhecida pela carta, persiste a dúvida sobre a procedência ou não da tributação. Segue abaixo a baboseira:


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ISTO TEM QUE SER REPASSADO,PARA TODO O PAÍS.

.}

Tem que ler e divulgar...vale a pena!!


ESSA MERECE SER COLOCADA NA FRENTE DE UM VENTILADOR PARA SER ESPALHADA POR ESTE NOSSO BRASIL!

É lamentavel , mas infelizmente é verdade...

São Leopoldo tem um dos menores índices de analfabetismo e de mendicância do país, talvez por causa de homens como este!

EMPRESÁRIO DE SÃO LEOPOLDO

Silvino Geremia é empresário em São Leopoldo, Estado do Rio Grande do Sul.

Eis o seu desabafo, publicado na revista EXAME:

"Acabo de descobrir mais um desses absurdos que só servem para atrasar a vida das pessoas que tocam e fazem este país: investir em Educação é contra a lei .

Vocês não acreditam?

Minha empresa, a Geremia, tem 25 anos e fabrica equipamentos para extração de petróleo, um ramo que exige tecnologia de ponta e muita pesquisa.

Disputamos cada pedacinho do mercado com países fortes, como os Estados Unidos e o Canadá.

Só dá para ser competitivo se eu tiver pessoas qualificadas trabalhando comigo.

Com essa preocupação criei, em 1988, um programa que custeia a educação em todos os níveis para qualquer funcionário, seja ele um varredor ou um técnico.

Este ano, um fiscal do INSS visitou a nossa empresa e entendeu que Educação é Salário Indireto.

Exigiu o recolhimento da contribuição social sobre os valores que pagamos aos estabelecimentos de ensino freqüentados por nossos funcionários, acrescidos de juros de mora e multa pelo não recolhimento ao INSS.

Tenho que pagar 26 mil reais à Previdência por promover a educação dos meus funcionários?

Eu honestamente acho que não.

Por isso recorri à Justiça.

Não é pelo valor em si , é porque acho essa tributação um atentado.

Estou revoltado.

Vou continuar não recolhendo um centavo ao INSS, mesmo que eu seja multado 1000 vezes.

O Estado brasileiro está completamente falido.

Mais da metade das crianças que iniciam a 1ª série não conclui o ciclo básico.

A Constituição diz que educação é direito do cidadão e um dever do Estado.

E quem é o Estado?

Somos todos nós.

Se a União não tem recursos e eu tenho, acho que devo pagar a escola dos meus funcionários.

Tudo bem, não estou cobrando nada do Estado.

Mas também não aceito que o Estado me penalize por fazer o que ele não faz.

Se essa moda pega, empresas que proporcionam cada vez mais benefícios vão recuar..

Não temos mais tempo a perder.

As leis retrógradas, ultrapassadas e em total descompasso com a realidade devem ser revogadas.

A legislação e a mentalidade dos nossos homens públicos devem adequar-se aos novos tempos.

Por favor, deixem quem está fazendo alguma coisa trabalhar em paz.

E vão cobrar de quem desvia dinheiro, de quem sonega impostos, de quem rouba a Previdência, de quem contrata mão-de-obra fria, sem registro algum.

Eu Sou filho de família pobre, de pequenos agricultores, e não tive muito estudo.

Somente consequi completar o 1º grau aos 22 anos e, com dinheiro ganho no meu primeiro emprego, numa indústria de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, paguei uma escola técnica de eletromecânica.

Cheguei a fazer vestibular e entrar na faculdade, mas nunca terminei o curso de Engenharia Mecânica por falta de tempo.

Eu precisava fazer minha empresa crescer.

Até hoje me emociono quando vejo alguém se formar.

Quis fazer com meus empregados o que gostaria que tivessem feito comigo.

A cada ano cresce o valor que invisto em educação porque muitos funcionários já estão chegando à Universidade.

O fiscal do INSS acredita que estou sujeito a ações judiciais.

Segundo ele, algum empregado que não receba os valores para educação poderá reclamar uma equiparação salarial com o colega que recebe.

Nunca, desde que existe o programa, um funcionário meu entrou na Justiça.

Todos sabem que estudar é uma opção daqueles que têm vontade de crescer...

E quem tem esse sonho pode realizá-lo porque a empresa oferece essa oportunidade.

O empregado pode estudar o que quiser, mesmo que seja Filosofia, que não teria qualquer aproveitamento prático na nossa Empresa Geremia.

No mínimo, ele trabalhará mais feliz.

Meu sonho de consumo sempre foi uma Mercedes-Benz.

Adiei sua realização várias vezes porque, como cidadão consciente do meu dever social, quis usar meu dinheiro para fazer alguma coisa pelos meus 280 empregados.

Com os valores que gastei no ano passado na educação deles, eu poderia ter comprado Duas Mercedes.

Teria mandado dinheiro para fora do País e não estaria me incomodando com essas leis absurdas .

Mas infelizmente não consigo fazer isso.

Eu sou um teimoso.

No momento em que o modelo de Estado que faz tudo está sendo questionado, cabe uma outra pergunta.

Quem vai fazer no seu lugar?

Até agora, tem sido a iniciativa privada.

Não conheço, felizmente, muitas empresas que tenham recebido o mesmo tratamento que a Geremia recebeu da Previdência por fazer o que é dever do Estado.

As que foram punidas preferiram se calar e, simplesmente, abandonar seus programas educacionais.

Com esse alerta temo desestimular os que ainda não pagam os estudos de seus funcionários.

Não é o meu objetivo.

Eu, pelo menos, continuarei ousando ser empresário, a despeito de eventuais crises, e não vou parar de investir no meu patrimônio mais precioso:

as pessoas.

Eu sou mesmo teimoso!...

Não tem jeito...

"No futebol, o Brasil ficou entre os 8 melhores do mundo e todos estão tristes.
Na educação é o 85º e ninguém reclama..."

EU APOIO ESTA TROCA

TROQUE 01 PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES

O salário de 344 professores que ensinam =ao de 1 parlamentar que rouba

Essa é uma campanha que vale a pena!

Repasso com solidária revolta!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

"Vaga da Globo" na Academia Brasileira de Letras??

Depois que o "imortal" Roberto Marinho contrariou o título e se foi, agora vemos Merval Pereira, a principal cara da direita da Globo chegar a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. A pergunta básica: qual o mérito? Qual sua a obra de importância para as letras nacionais?


Pesquisei que Merval escreveu dois livros: o primeiro, "A segunda guerra, sucessão de Geisel", em 1979, uma compilação de matérias que fez para o Jornal de Brasília; o outro, lançado em 27 de setembro do ano passado na própria ABL, um panfleto partidário chamado "O Lulismo no Poder". Em plena campanha eleitoral onde a Globo usou de tudo para eleger José Serra e sua patota e ele era um dos principais porta-vozes contra Lula e Dilma.

Coincidentemente esteve na sua posse todo o alto comando tucano : Serra, Aécio, Tasso, etc. A eleição de Merval, assim como a do próprio Marinho, pareceu mais uma ação política da ABL para manter seu prestígio na mídia, dando à Globo uma cadeira de morto rotativo.

O mérito não é o fundamental. Isso vem de longe, esse puxassaquismo, muito bem descrito por Jorge Amado, esse sim um "imortal" com todos os méritos, em "Farda, Fardão, Camisola de Dormir", contextualizado na ditadura Vargas, onde se tentava dar uma cadeira que fora ocupada por um poeta a um militar para bajular o regime. Era a idéia da "cadeira militar" na academia, acima de qualquer mérito. Agora temos a "cadeira rotativa da Globo". Te cuida, Merval, porque a fila dessa cadeira é grande entre os seus...

Os meios da Globo fizeram um grande esforço para justificar um jornalista numa casa onde grandes escritores já estiveram. A matéria do Jornal Nacional mostra a escritora Nelida Piñon falando que o estatuto da casa permite. Adiante, que Machado de Assis e o próprio ocupante anterior da cadeira 31, Moacyr Scliar, também eram jornalistas. Além de escritores, é claro!

No melhor estilo manipulatório, não colocaram nenhuma imagem de Serra, Aécio e Tasso na festa, nem fizeram referências às suas presenças. Botaram a imagem do Sarney, que é governista, mas acima de tudo, também é "imortal" por suas "contribuições" à literatura nacional. Para não acharem que é implicância deste blog, aqui vão os links da cobertura da Globo à posse. Onde estão os "Wally" Serra, Aécio e Tasso?

A propósito, o livro de Jorge Amado custa R$ 45,00, e está na 17a edição. A "obra literária" anti-lulista de Merval Pereira custa R$ 79,90 e está na 1a edição. Qual deles você daria a um amigo para conhecer a literatura brasileira?

Protecionismo : Necessidade x Malandragem

Os automóveis brasileiros estão entre os mais caros do mundo. Até pouco tempo atrás se jogava a culpa nos impostos, mas o fato é que até quando o governo reduziu o IPI, o benefício não foi totalmente repassado aos consumidores, ficando as montadoras com lucros mais robustos. Em outros setores acontece o mesmo, sempre com a culpa atirada aos impostos, enquanto se lucra muito à sombra do governo e com preços cartelizados / oligopolizados.


Aí chegaram os carros chineses desmoralizando todo o esquema do Lucro Brasil , e acionaram os mecanismos de lobby mais poderoso: os sindicatos pressionando com receio de desemprego e os industriais dizendo que vão parar a produção, de forma que os políticos a eles ligados levem ao governo propostas protecionistas.

A subida do dólar, a princípio, deveria reduzir a pressão, mas o governo foi mais longe, aumentando o IPI sobre veículos importados de empresas que não têm fábricas no Brasil. Logo teremos mais aumentos nos preços dos carros, pela dificuldade de concorrência com os importados. E mais gordos lucros para uns poucos, servidos na bandeja pelo governo. Outros setores logo vão querer o mesmo, para não terem que concorrer com a China, reduzindo seus ganhos.

Se a moda pega, logo o Brasil será levado às barras da OMC por protecionismo, em contradição com o discurso de livre comércio e de fim de barreiras que nossa diplomacia vem fazendo. E teremos mais inflação, porque organização capitalista não é entidade filantrópica: usa todo poder que tem, em detrimento do benefício geral, para acumular para si o que puder extrair do que é coletivo.

Proteger os empregos dos trabalhadores brasileiros e a viabilidade das empresas deve ser uma preocupação de governos, mas há que se distinguir entre essa necessidade estratégica de proteção da malandragem de alguns grupos poderosos, em especial dos que arrotam livre mercado e brigam por menos impostos, mas adoram uma reserva de mercado.

Eslováquia : Beleza e problemas

Nesta viagem temos como base de apoio a cidade de Bratislava, na Eslováquia, por facilidades de hospedagem, por isso temos mais tempo para ver coisas e tentar entender a realidade. A cidade é belíssima. Tem no turismo, na fábrica da Volkswagen e no fato de ser capital sua base econômica. Depois escreveremos mais sobre o bom de Bratislava, porque fotos precisam ser preparadas, e não temos tempo agora para isso.


Nos jornais a corrupção é um tema recorrente. Há suspeitas na venda de um terreno valiosíssimo do Ministério da Fazenda para um grupo econômico poderoso, em apuração de caso envolvendo crimes de policiais, no suborno de testemunhas, entre outros.

A perda de direitos trabalhistas também é assunto. A partir de setembro começou a vigorar um novo Código do Trabalho, uma espécie de CLT local, que não teve no debate a participação das centrais sindicais e reduz direitos dos trabalhadores. Parece que as conquistas do período dito socialista ainda estão sendo erodidas, ou então já são demandas da nova ordem européia a partir da crise, passando a conta para os trabalhadores.

Hoje o presidente da Alemanha está por aqui em visita oficial. Quem manda por lá é a primeira-ministra Angela Merkel, mas o presidente também tem sua participação política, em especial quando o assunto é pressionar outros países a, por exemplo, entrar junto com a Alemanha na compra de bônus podres de países falidos. Coincidentemente, no congresso eslovaco está havendo a discussão sobre o apoio da Eslováquia á Comunidade Européia nos planos de salvação da Grécia e outros que quebrarão em breve.

De Brasil por aqui, praticamente nada. No supermercado vimos um suco de laranja que tem como diferencial "100% de laranjas brasileiras". De fato, é muito melhor que os outros, que têm gosto de produto químico. Também há cafés com referências a nós. Também está acontecendo um seminário de direito comparado Brasil - Eslováquia, que trouxe juízes brasileiros para cá nesta semana.

No mais, entender este país sem conhecer as peculiaridades da sua história é temerário. O presidente alemão visitará os "alemães dos Cárpatos", uma colônia que se instalou aqui há 800 anos. Como o território daqui fez parte da Hungria, que o perdeu na primeira guerra mundial, deixando milhões de húngaros por aqui, há leis proibindo o presidente da Hungria de visitar o país a não ser em visita oficial, e proibindo o ensino da língua húngara. Há preconceitos em relação aos ciganos, que chamam por aqui de Romas.

Até hoje tentam se livrar dos resíduos checos, das lembranças do período da Tchecoeslováquia, do período de influência soviética e das lembranças da ditadura em nome do comunismo. Partiram para a liberação geral na economia, como forma de atrair investimentos estrangeiros.

No mais, o povo, tirando uma meia-dúzia de marginais que rondam a estação ferroviária, tanto batendo carteiras como maceteando taxímetros, é educado, sério, solidário com as nossas dificuldades com a língua eslava e discreto. Junto a isso a falta de estresse na cidade, que tem um bom sistema viário, e as pessoas parecem que trabalham menos que no Brasil, Bratislava é uma boa cidade para passar férias.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Bancários vão à greve para repor inflação e perdas


Na última negociação salarial, sexta-feira passada, os banqueiros apresentaram a contra-proposta de 8%, muito abaixo do que está sendo reivindicado pela CONTRAF-CUT, que é 12,8%. Essa reivindicação reporia 5% das imensas perdas sofridas no período FHC, caso conquistada, o que não é nenhum ganho real, a não ser que se considere que o passado deva ser esquecido.


Hoje (segunda) haverá assembléias em todo o país, e o indicativo é de greve a partir de amanhã. Que os banqueiros, em especial o maior deles, o governo, tenham juízo e apresentem logo uma proposta que não permita o desgaste de mais uma longa greve, como tem sido nos últimos anos, para no fim apresentarem algo irrisório. E que os bancários mais uma vez mostrem disposição para o embate, e que as direções os traiam menos desta vez.

A foto é uma homenagem ao trabalhador bancário, que no seu cotidiano tem diversas hidras para matar: metas, baixo salário, assédio, insegurança, estresse. E na hora da greve, tem que enfrentar os banqueiros, o governo, os fura-greves, os babões, a mídia patronal e a opinião pública contrária que articula, e as lideranças que se vendem por fisiologismo para aceitarem merrecas.

Hungria : Onde Stalin perdeu as botas




A Hungria foi um império poderoso, e teve um papel importante na geopolítica do Leste Europeu por séculos. Resumindo a fase mais recente, faziam parte do Império Austro-Húngaro quando este entrou na Primeira Guerra Mundial aliado com a Alemanha. Terminada a guerra, a derrota custou à Hungria a perda de importantes territórios, como a Transilvânia, a Eslováquia e sua saída para o mar na Croácia.


Os comunistas húngaros, liderados por Bela Kun, chegaram ao poder em seguida, com o apoio do Exército Vermelho da recente União Soviética, mas foram golpeados e expulsos pela extrema-direita. A partir daí, os governos dos chamados "húngaros brancos" buscaram apoio na Alemanha de Hitler para reconquistar os territórios perdidos. Através da corte internacional de Viena, reconquistaram alguns territórios, com o apoio diplomático de Hitler, mas não resolveram todas as questões. Quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, os húngaros invadiram e reconquistaram mais áreas.

O preço do apoio de Hitler foi o envolvimento da Hungria ao lado das tropas nazistas na invasão da Rússia, que até a batalha de Stalingrado parecia moleza. Quando as perdas aumentaram muito para o lado dos húngaros, o governo fascista começou a negociar com os aliados (EUA, URSS e Inglaterra), fazendo jogo duplo com os nazistas. Sabendo disso, Hitler mandou suas tropas invadirem a Hungria, colocando no poder um governo local de extrema direita, que não ficou só na criação de leis contra os judeus, mas apoiou a deportação para campos de concentração e massacres em plena Budapeste.

As tropas soviéticas, lideradas por Stalin, os comunistas húngaros e as forças aéreas dos Estados Unidos e da Inglaterra derrotaram os alemães na Hungria, depois de batalhas tão sangrentas quanto as de Stalingrado. Derrotados os fascistas, no pós-guerra os comunistas chegaram ao poder, com o apoio do Exército Vermelho, que manteve tropas em território húngaro.

O governo dito comunista, além de ter que arcar com a reconstrução do país arrasado, começou um programa de reformas que envolvia a expropriação de bens, a reforma agrária e a industrialização forçada. Num ambiente de guerra-fria, tendo boa parte da população colaborado com o nazismo, a delação e os julgamentos arbitrários, marcas do estalinismo, entraram no cotidiano. Acabaram-se as liberdades democráticas. A burocratização, subserviência aos soviéticos e idolatria do governo a Stalin agravaram os desvios do que seria o socialismo.

Em Budapeste foi erigido um enorme monumento a Stalin, com palanque onde os burocratas do PC Húngaro faziam as grandes manifestações de apoio ao seu governo. Em 1953, Stalin morreu, e no PC Soviético começou um período de revisão dos crimes do estalinismo, com consequências nos demais partidos comunistas do mundo. No Brasil a tensão entre os estalinistas e os revisionistas deu no racha que criou o PC do B. Nos países do Leste Europeu o debate chegou às ruas, através de manifestações pela democracia, e teve seu ápice no levante húngaro, em 1956.

Em 23 de outubro de 1956, manifestantes invadiram a rádio estatal de Budapeste exigindo que fosse lido no ar um manifesto por liberdades democráticas. Tropas foram mandadas ao local para retirá-los, mas acabaram aderindo. Em todo o país começaram a se formar barricadas, e a reivindicação principal era a retirada das tropas soviéticas do país. A grande estátua de Stalin foi quase completamente destruída, restando-lhe apenas as botas sobre o pedestal. A tentativa de revolução foi duramente reprimida pelo Exército Vermelho, e as lideranças foram aniquiladas.

Como Stalin já não era mais uma referência unânime, primeiro o pedestal ficou lá, só com as botas. Depois tiraram tudo, e não repuseram a estátua. Até as peças de decoração que ficavam na base do pedestal foram retiradas. Depois do fim do governo dito socialista em 1989, a prefeitura de Budapeste resolveu recolher todas as peças alusivas ao período do pós-guerra e recentemente foi criado o Memento Park, bem longe do centro, como memória do período, onde foi reconstruído um pedestal sobre o qual foram colocadas as botas de Stalin.

domingo, 25 de setembro de 2011

Oktoberfest : O São João da Bavária


Pensando numa festa regional onde as pessoas gostam de se vestir com roupas típicas, beber e comer coisas que ali são produzidas, com músicas também locais, atraindo gente de todo lugar, podemos tanto pensar no São João de Campina Grande ou Caruaru, como na Oktoberfest em Munique, na Alemanha. E não tem essa de guardadas as devidas proporções: a Oktoberfest é bem menos animada.


Como é na Alemanha, na Europa, os nossos colonizados tendem a supervalorizar o evento, deixando a festa nordestina como algo bem menor, mas ouso afirmar que já fui a ambas e pude comparar sob vários aspectos. Não que a Oktoberfest seja ruim. É ótima. Não que o nosso São João seja superior ou inferior: são festas de mesma natureza, cada uma muito boa para seus povos, e atendem a peculiaridades de acordo com cada cultura e cada história.


O parque Theresienwiese fica perto do centro de Munique, tem fartos metrôs e uma localização que permite que os moradores vão até a pé para lá. Metade do enorme parque, que deve ter o tamanho de uma Quinta da Boa Vista, no Rio, ou menos que um Parque da Cidade de Brasília, é ocupada por um parque de diversões permanente, onde os locais certamente passam fins de semana se divertindo com suas famílias.

Uma outra boa parte tem os galpões das cervejarias que promovem a Oktoberfest, uma seis ou sete. Em cada galpão há uma parte interna, onde no centro fica um coreto com uma bandinha que toca músicas folclóricas, e conjuntos de mesas separados em boxes e até em camarotes, distribuídos conforme reservas por empresas de turismo, corporações, etc. Em cada um desses galpões, não contei mas acredito que caibam sentadas umas três mil pessoas, no máximo. Do lado de fora dos galpões há uma área ao ar livre, debaixo de sol, para mais umas mil pessoas, no chute. Em todas as mesas há avisos sobre reservas a partir de certo horário. Só vendem cervejas e comidas se você estiver sentado. É terminantemente proibido beber fora das áreas das cervejarias.

Entre os galpões estão barraquinhas de venda de souvenires, bem caros por sinal. Uma caneca de cerveja daquelas com tampinha e tudo estava na faixa de 60 euros. As mais baratas, de vidro, na faixa de 8 euros. Ou seja, mais barato que a cerveja que se vende por lá. Um caneco de cerveja de 1 litro custa 9,10 euros (uns R$ 24). Só a bebida, porque a caneca é recolhida. Num supermercado da cidade compra-se a mesma cerveja, em garrafa de litro, na faixa de 4 euros. Um pratinho de uma daquelas comidas que você precisa de ajuda de tradutor, mas que basicamente é composta de duas linguiças e uma boa porção de purê de batatas bem condimentado, delicioso, custou 8,2 euros.

O macete foi chegar lá pela manhã. A princípio iríamos no final de semana, mas antecipamos depois de verificar que os poucos hotéis disponíveis estariam na faixa de R$ 600 para mais. Isso na região toda, até em cidades a 100 km de lá. Os transportes também encareceram demais. A solução que adotamos foi alugar um carro em Bratislava, pegar um hotel Ibis a preços razoáveis em Salzburg, na Áustria (400 km de Bratislava), acordar cedo, seguir para Munique (mais 130km), perder tempo tentando achar a Oktoberfest (não tinha uma só placa falando no evento na cidade), ralar para parar o carro a 1km numa área com parquímetro a 6 euros a diária, e andar até o parque.

Entramos na festa às 11h30min. Passeamos entre os galpões até escolher um que estava muito cheio, mas ainda com mesas vazias aguardando reservas a partir das 17h, pedimos as cervejas (lá não tem chopp) e o prato, conversamos com uma galera de estudantes, boa parte menor de idade, que eram da cidade e estavam lá todos vestidos em trajes típicos e bebendo sem o menor pudor, e às 2 da tarde todo mundo já era amigo. Depois de beber 2 litros, com a ajuda do calor do local, veio a hora de parar porque à noite teria que dirigir de volta a Salzburg. Como a bandinha não toca o tempo todo, dá uma desanimada e começa a rebordosa, quando se para de beber.

Saímos do galpão e vimos que nos gramados das encostas do parque e na escadaria de uma grande estátua havia gente caindo de bêbada. Nisso eram 3 da tarde! O jeito foi caminhar pelo parque inteiro, e até a uma igreja próxima, muito bonita, para onde parecia que vários bêbados tentavam chegar mas caíam pelo caminho, talvez para expiar seus pecados alcoólicos. Tiramos uma porção de fotos dessas situações constrangedoras, mas não dá para postar agora, porque ou se viaja, ou se escreve. Muitos desses bebuns ocupavam os hotéis próximos ou estavam em grupos de excursão que providenciavam o "recolhimento".

Aproveitamos para experimentar os doces e tortas regionais, uma glicose essencial para melhorar o estado geral. Voltamos ao parque às 5 da tarde, e aí era uma outra festa: os metrôs jogavam uma enxurrada de gente que vinha do trabalho, e os ônibus de excursão bombavam com enormes rebanhos de turistas. Eram os donos das mesas reservadas chegando. Entrando nos galpões, tranquilos quando ficamos por lá, agora reinava a superlotação. Gente em pé bebendo, as portas de entrada e saída, que eram até moralizadas dentro da tradição de organização alemã, viraram mão-dupla, os banheiros ficaram infernais e subdimensionados, e até tinha gente fumando, o que era proibido.

Olhamos todos os galpões, e deu para notar que no qual originalmente ficamos predominavam os jovens, e havia outros que pareciam ser das pessoas mais tradicionais da região, mais velhas. Uma festa bonita, com muitos brindes, gente animada. Fora dos galpões, famílias inteiras passeavam alheias à bebedeira, divertindo-se no parque. Eram duas festas. Não vimos brigas, apesar da entrada ser franca e o acesso a todas as cervejarias ser liberado. Toda essa festa acaba cedo, tanto que tem até um evento pós-Oktoberfest.

Imaginamos o inferno que não seria num sábado ou domingo, com a chegada do povo da região em mais ônibus, fora os turistas europeus que viajam muito. Nossa estratégia foi correta, de conhecer a festa sem gastar muito dinheiro, sair de lá sóbrios para viajar ainda 130km para dormir e voltar para contar a história. De quebra conhecemos Salzburg, terra do compositor Mozart, que vai merecer um post à parte e muitas fotos, porque não há palavras para dizer o que é essa cidade.

Também merecerá um post o pouco que vimos de Munique, já que não fazia parte do plano andar muito por lá. E já que estávamos na região, as estradas eram excelentes e o deslocamento era rápido, porque alugamos pela internet um Golf 1.4 e nos deram um Passat 2.0, chegamos a Hallstatt, na Áustria, outro post prometido.

Trocando em miúdos: quem quer festa prá valer por vários dias pode ir à Oktoberfest na Alemanha e gastar uma penca de dinheiro nos pacotes das operadoras de turismo. Ou gastar menos e ir à não menos animada e mais adaptada ao Brasil Oktoberfest de Blumenau, que quem foi gostou muito. Ou prestigiar nossas festas juninas, que têm muito mais que cerveja, bandinha e roupas típicas. Não voltaríamos mais por lá, mesmo que tivéssemos grana para isso. Valeu a experiência.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Viagem : Quando o câmbio explode

Não é a primeira vez que uma maxidesvalorização de moeda nos pega no meio da viagem. Em dezembro de 1979, estávamos na Argentina quando vimos numa loja de câmbio uma radical modificação da moeda brasileira. Passamos numa outra que ainda não tinha mudado e trocamos dinheiro, minimizando o problema.


Em 1999 vínhamos poupando para ir ao Canadá, e de repente o Real implodiu e o dólar pulou de R$ 1,20 para R$ 3,00 em poucos dias. Já era a viagem, porque os recursos cairam a bem menos da metade.

Agora, com 10 dias de uma viagem de 50, o dólar se valoriza no Brasil. Desta vez estamos mais securitizados, porque o uso de cartão de crédito já estava proibitivo com o aumento do IOF de 2,38% para 6,38% desde abril, e optamos por comprar moeda estrangeira através de cartão "travel money". O uso de cartão de crédito ficou restrito a sites de passagens e hotéis brasileiros, que cobram em reais.

Com o repentino aumento de mais de 10% do dólar, os sites brasileiros passaram a embutir expectativas de aumento do câmbio nos preços em real das passagens e hotéis, inflacionando a viagem. Para quem vai viajar agora, é o pior dos mundos, porque terá que comprar a moeda cara, e ainda pagar no Brasil os preços já inflados. No nosso caso, resta o cartão de euros, e aí começam os problemas.

O cartão em moeda estrangeira não pode ser usado numa transação muito comum que é a de garantia de pagamento. Locação de veículos, por exemplo. No ato da locação, você deixa uma garantia num valor superior ao da locação através do cartão. Depois de devolvido o carro, essa transação é anulada e aí se cobra o valor real, se não houver nenhum problema com o veículo. Insistimos para pagar à vista, mas não aceitaram. O mesmo acontece em alguns hotéis, a não ser que se pague antecipadamente. Já nas lojas, bares, restaurantes e serviços o travel money funciona como cartão de débito. Nos saques, não é todo banco que aceita.

No nosso planejamento uma das condições que os economistas chamam de "ceteris paribus", ou seja, aquelas que são consideradas constantes, é o câmbio. Tínhamos consciência da supervalorização do real em relação ao dólar e ao euro, e que isso era uma instabilidade, daí o governo ter tomado medidas recentes para conter a entrada e para reduzir o "hedge" em moeda estrangeira, e feito a taxação das compras via cartão.

O próprio "travel money" é uma espécie de poupança em moeda estrangeira, já que pode ser gasto em 18 meses e convertido a qualquer momento em reais, sem necessidade de apresentação de passagens, se é que entendemos bem as explicações. Compramos os euros antes de começar a fazer as demais compras, também como cautela para eventuais novas medidas para desvalorizar o Real, que é uma demanda da indústria brasileira, assolada com a invasão de produtos importados mais baratos. O dólar mudou de patamar mas nada de expressivo.

A crise americana não seria o maior problema, porque tudo que se faz agora por lá é eleitoreiro, e de pequena probabilidade de atingir o resto do mundo. O maior incerteza estaria na crise européia, com os calotes de países como a Grécia, Portugal, Itália, etc, que já haviam tomado medidas de austeridade nos modelos de arrocho do FMI (arrocho salarial, demissões, privatizações, redução de aposentadorias, etc), mas só agora elas começam a ser sentidas pela população, trazendo um ciclo de greves e protestos que ninguém sabe como terminará. Essa conjuntura de confronto acontecerá em paralelo com os 35 dias de viagem que nos restam.

O que fazer agora? Há um cenário complicado, mas que considero praticamente inviável, que é o da desvalorização contínua do real a patamares de 50%. Não rola porque o Brasil tem reservas sólidas e pode abafar o mercado de câmbio em meio à especulação, e porque, passado o pânico dos capitalistas, vem a percepção de que não há onde enfiar a montanha de capitais para obter rendas que não seja em países como o Brasil, China, etc.

Eles correm mas voltam, e aí o Real valoriza de novo. Acreditando no cenário de bolha, ou seja, vem o pânico, o dólar sobe por uns dias, depois volta ao patamar que o governo quiser (creio em 1,80 a 1,90, para não surtar a inflação), e por isso a viagem continua com mudança na estratégia de compras. Evitar comprar mais passagens e hotéis no exterior em sites brasileiros, e pagar em travel money é a diretiva agora.

Se o pior cenário acontecer, impedirá novas viagens futuras, com impacto na atual: teremos que viajar tudo agora, correndo mais para fazer o máximo. Isso cria mais estresse, porque a toda hora novas variáveis impoem replanejamentos, e acelerar isso corta o barato de quem veio a lazer.


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Dilma : Submissão à FIFA

Vai para o congresso um projeto do governo que parece ter sido escrito pela FIFA, determinando mais rigor contra falsificação de bens de marcas e produtos licenciados pela entidade, que o preço dos ingressos será definido pela entidade e responsabilidades da FIFA e dos governos pelos eventos.


O projeto já embute o "plano B" para o caso de tudo dar errado: os entes da federação que tiverem atividades da Copa poderão decretar feriados nos dias de jogos. Na África do Sul, onde houve problemas com a conclusão de aeroportos e vias de acesso, decretaram feriados para melhorar o trânsito e facilitar os vôos.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Inglês lança bíblia dos ateus

O filósofo A. C. Grayling lançou o livro The Good Book: A secular bible ( O livro bom : Uma bíblia secular), usando a estrutura da bíblia cristã (capítulos e versos), sem nenhuma menção à palavra "Deus" ou qualquer referência divina, usando citações sobre o bem de grandes pensadores como Aristóteles, Newton, Darwin, Confúncio. A matéria é da revista Galileu, e traz os dez mandamentos ateus propostos por Grayling:


1. Ame bem
2. Busque o bem em todas as coisas
3. Não faça mal aos outros
4. Pense por si mesmo
5. Assuma responsabilidade
6. Respeite a natureza
7. Faça o seu melhor
8. Seja informado
9. Seja bondoso
10. Seja corajoso - ao menos tente sinceramente





terça-feira, 20 de setembro de 2011

Viagem : Optando entre transportes

Todo mundo diz que trem é a melhor opção para viajar na Europa. Pode ser, se considerada a hipótese de longas distâncias, onde se vai num vagão leito, economizando uma diária de hotel, durante a noite. Para curtas distâncias, parece haver casos e casos. Por exemplo, de Bratislava a Viena, que é um percurso que a toda hora fazemos. Ir de ônibus, ida e volta, custa 13,4 euros. De trem, 14 euros. Detalhe: a rodoviária de Bratislava fica a 1,2km do centro histórico, dá para ir a pé. A estação de trem fica bem mais longe. Em Viena, o ônibus para na estação do metrô que vai para o centro, e dá para ir a pé (1,2km) em 15 minutos. O trem para bem mais longe, e é necessário pegar mais de um metrô.


No transporte aéreo, deve-se considerar o tempo e a quantidade e preço de transportes para chegar ao hotel, etc. Uma passagem aérea mais barata, por exemplo, de Londres a Viena, por empresas de baixo custo, pode significar o custo de chegar ao aeroporto de Luton, em Londres, e o custo do ônibus do aeroporto de Bratislava a Viena (70 km). Fora o risco de andar com malas, bolsas e mochilas. Ou ainda, se a quantidade de bagagem for grande, pode ser necessário um táxi, e aí o custo é imprevisível, porque há máfias que trabalham sem taxímetro, etc.

Ônibus era a nossa terceira opção, mas está se revelando uma boa escolha. Nas viagens tipo "bate e volta", onde a distância é de até 200km, dá certo. Bem mais barato que alugar carro, e há menos riscos nas estradas, afinal, o motorista conhece melhor que você, e sabe o que as placas dizem. Bilhetes de ida e volta costumam ser mais baratos.

O aluguel de carro depende muito da situação. Se for o caso de viajar com mais de duas pessoas, de fazer roteiros com vários pontos de interesse em cidades diferentes, de fugir de hotéis caros nos centros das grandes cidades para ficar hospedado em cidades próximas, vale a opção. Devem ser considerados os custos de gasolina (está na base de 1,50 euros, ou R$ 3,50 por litro) e os pedágios, que não são tantos nem tão caros quanto os de São Paulo, mas pesam na viagem em auto-estradas. Ainda há a opção de usar as estradas nacionais, tipo Via Dutra, que não têm pedágio e geralmente são boas, mas sujeitas a passar em lugares de baixa velocidade.

Dependendo do lugar, da franquia nos seguros, pode-se alugar um carro, como farei em Bratislava, por 6 dias, por 210 euros, ou cerca de R$ 500,00. Isso dá uns R$ 83 por dia, num carro 1.2 Skoda Fabia, que é econômico. Preços compatíveis com as locações mais baratas no Brasil. No aeroporto de Viena o aluguel é bem mais caro, chegando aos níveis das grandes locadoras brasileiras.

O fato é que por mais que se planeje, aparecerá uma oportunidade de passagem aérea ou de locação mais interessante, que pode mudar a logística em certos trechos, por isso não é muito recomendável sair alugando todos os hotéis e comprando todas as passagens aéreas se a viagem for longa.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Crise grega, dólar, Plano Obama, etc


Escrever a partir do exterior sobre assuntos brasileiros e gerais faz alguns brasileiros que despejam arrogância a partir de Nova Iorque, Londres, Veneza, etc, crer que falam de uma tribuna como iluminados. Eles são pagos para esculachar o governo, valorizar os estrangeiros e contribuir para o complexo de vira-latas do povo brasileiro, dizendo que o bom é aqui e que lá nada presta, daí sermos um povo "inferior", que tem mais é que ficar calado quando uma potência fala, que temos mais é que servis, etc.


A gente combate essa visão colonialista dos clones mal acabados de Paulo Francis de graça, até porque ao capital não interessa patrocinar visões diferentes das suas. Quando se abre cadernos de turismo dos jornais brasileiros que falam dos países que fizeram parte do bloco hegemonizado pela União Soviética, os comentários são sempre depreciativos. Criticam a arquitetura sóbria, o urbanismo que prioriza o coletivo, e valorizam as novas elites, suas opções de consumo de luxo, a riqueza de poucos, sem falar do que essa acumulação representa em termos de miséria para a grande maioria da população que era beneficiada pela melhor distribuição dos recursos.

Pensamos diferente, e por isso aproveitamos, onde podemos, para promover o Brasil e seus programas sociais, que por restritos e paliativos que sejam, apontam para os que aqui estão como formas de combater a crise. E botar o capital para pagar a conta da crise. Décadas e décadas de propaganda imperialista anti-socialista e erros dos burocratas dos governos ditos socialistas parecem ter criado uma forte repulsa à luta de classes por aqui. Quando vejo a campanha ideológica, sistemática, contra o PT, Lula e tudo que representou no Brasil a contrariedade, mesmo que limitada, aos interesses do capital, entendo onde querem chegar. Mesmo que o PT e Lula sejam criticáveis, o importante para eles é sempre negar que existe outra solução que não seja a dos ricos. E incutir isso profundamente nas mentes da maioria, para torná-la refém.

Por aqui os assuntos locais são muito valorizados nos jornais e na TV. Quando resta espaço para algo de fora, o escopo é a Europa e mais dificilmente os Estados Unidos. Ásia, África e América do Sul quase nunca aparecem, e mesmo assim quando o assunto é desgraça ou esporte. No Brasil é que a mídia tem a mania de valorizar as grandes potências nos noticiários e a partir daí os analistas trabalham em cima das consequências das decisões superiores sobre os brasileiros. Sempre a ênfase de atender a certos interesses, mais especialmente dos banqueiros e demais especuladores. Pelo mesmo princípio, uma greve de bancários merece da imprensa vendida mais destaque e porradas que a de professores em Minas, por exemplo.

A crise grega, por exemplo, é assunto de poucos por aqui, na Eslováquia, e mesmo na vizinha Áustria. Os efeitos são secundários, quase não perceptíveis numa relação causa x efeito ao povo em geral, mas afetam muito. Aqui em Bratislava o principal museu está fechado, e no site tem a seguinte mensagem:
"O Museu da Cidade de Bratislava anuncia ao público em geral, que a partir de 15 09 2011, ficará temporariamente fechado . Essa medida de emergência é uma resposta necessária para a dramática situação financeira do Museu e da cidade de Bratislava."

Hoje o principal supermercado da cidade velha tinha ofertas e estava lotado de gente querendo promoções. Creio estarem ali pessoas do melhor poder aquisitivo, porque é a região mais cara da cidade, e por ser turística nos padrões europeus, por aqui não tem mendicância nem outros sinais de pobreza. Isso deve estar mais para os subúrbios, que ainda não visitamos. Eles pagam o preço do euro como moeda, que encarece o custo de vida e nivela os preços com os da Alemanha, principal beneficiária da moeda unificada. Os governos estão segurando os gastos e investimentos, e ainda não temos informação para analisar o nível da crise local.

Na TV não dá para entender nada em eslovaco e o noticiário é bem local, por isso recorremos à BBC para ter notícias mais gerais. A principal de hoje é o plano de Obama para a crise, que basicamente tem duas vertentes: reduzir gastos públicos, sem mexer nos planos de saúde social e cobrando o retorno das empresas que foram ajudadas no auge da crise, e aumentar os impostos para os ricos. Qualquer americano mediano sabe que isso é um plano visando eleições. Obama manda a mensagem para o congresso, os republicanos rejeitam ou descaracterizam, e ele sai acusando a oposição de ser anti-povo, etc.

Dos sites brasileiros o principal assunto econômico é a valorização do dólar, assunto que interessa especialmente a quem viaja para o exterior. Quem fugiu de comprar no cartão de crédito para não pagar os 6,38% de IOF se deu bem comprando moeda estrangeira em cartões de débito (travel money), porque já pagou à vista com cotação menor. Para quem vai viajar, ficou mais caro, e o governo tem a crise grega como motivo para segurar o déficit do balanço de pagamentos com viagens sem precisar baixar pacote e queimar o filme com a classee média que está se esbaldando como nunca.

O dólar está subindo principalmente por causa da maturação de ações do governo para conter a apreciação do real: taxação das compras em cartões, aumento do IOF sobre operações do capital estrangeiro, queda da SELIC, dificultação de hedge com moeda estrangeira, etc. Fora isso, há a volatilidade dos mercados com a crise grega, levando alguns a comprar dólares como garantia.

De um lado, o governo Dilma conseguiu o objetivo de conter a queda sem freio do real, que vinha dificultando as exportações e fechando indústrias pela impossibilidade de concorrência com produtos importados. Como o Brasil tem reservas de mais de 300 bilhões de dólares, o Banco Central tem munição à vontade para frear a subida do dólar no patamar que interessar, para evitar a inflação e continuar a política de redução dos juros. Acho que o dólar a R$ 1,80 deve ser a cotação desejada, porque isso já foi falado por gente do governo em outras ocasiões.

Por outro lado, os banqueiros aproveitarão a oportunidade para alardear pânico pela sua mídia amestrada, e os "especialistas" do capital dirão em uníssono que a hora é de reduzir gastos públicos, fazer reforma da previdência, não aumentar salário mínimo e, claro, aumentar os juros. Da nossa parte, a gente faz o que pode para ajudar na crise grega. Vide foto. E algo nos diz que nessa temporada por aqui poderemos presenciar a explicitação das tensões da crise.

Viena : Transportes integrados funcionam bem

Toda a Europa teve seus transportes de carga e de longo curso estruturados no modal ferroviário. Isso porque no século XIX o trem era o melhor substituto para cavalos e navios, e não havia automóveis nem aviões. As redes ferroviárias são numerosas, o transporte de passageiros é viável, e as estações e pátios de manobras serviram, por diversas gerações e até hoje, de modelo para brinquedos, maquetes, etc.


Como as cidades ainda estavam em evolução, fora dos muros dos castelos feudais, foi fácil colocar estações centrais, onde se salta do trem e em poucos minutos chega-se a pé ao centro da cidade. Para transporte local, os bondes também substituíram as charretes e carruagens. Por fim, ainda no fim dos anos 1800, os metrôs surgiram como solução subterrânea para desafogar as ruas. Tudo antes dos carros, ônibus e aviões.

Algumas cidades mantiveram esses modelos como estrutura, e praticamente não são vistos carros circulando pelas áreas centrais. A coisa funciona mesmo. No Brasil, começou tudo atravessado, com JK entupindo o país de automóveis e caminhões, fazendo estradas de cara manutenção, depois veio a ditadura, Collor, Itamar, FHC sucateando e vendendo todo o pouco transporte ferroviário, até que tardiamente Lula retomou o incentivo ao transporte ferroviário para cargas e muitos prefeitos passaram a investir em transportes de massa por trilhos. Tarde demais: as desapropriações urbanas elevam os preços para construção a níveis de difícil viabilidade econômica do modelo.

Em Viena a coisa funciona. Com um ticket, pode-se circular o dia todo no centro da cidade usando os trens, TRAMs (bondes de baixa velocidade, que podem circular nas ruas ou em túneis) e ônibus elétricos (ainda com fios). Aqui vão algumas dicas para que não se pague micos por lá e por outras cidades onde o sistema é similar:

- compra-se tickets apenas nos terminais eletrônicos ou quiosques. Não há caixas nas estações. Nem catracas. Nada. O brasileiro esperto vê tudo livre, entra no trem e pensa: me dei bem! Nisso, aleatoriamente, pode aparecer alguém (depois que as portas se fecham) falando alto alguma coisa ininteligível, e não é vendedor: é o fiscal, e todo mundo já tira seus tickets para mostrar. O mané que não o tiver, vai ser autuado e pagar uma multa.

- em alguns sistemas, o ticket tem que ser validado numa maquininha que fica junto às entradas. Bota-se o papel lá, uma perfuração é feita, e pronto. O mesmo dentro do bonde ou do ônibus. É para marcar a hora que você pegou o veículo. Há sistemas onde por algumas horas você pode trocar de transporte à vontade, daí ter que marcar o início;

- no metrô de Viena, assim como em outras cidades, as portas não se abrem automaticamente em todos os vagões. Podem ter uma tranca ou um botão que se aperta, tanto para entrar ou para sair. Se não fizer isso, a porta não abre.

- para parar o bonde, antes da parada deve-se apertar o botão da porta. Luzes vermelhas se acenderão na maçaneta e no display do vagão aparecerá que foi solicitada uma parada. Se não apertar, pode não parar;

- nem sempre o que está nos mapas das linhas de metrô, bonde e trem está completo. Nem nos diagramas que têm em cima das portas dos vagões. Há paradas pequenas que só aparecem no display do vagão, causando aquela sensação terrível de estar no veículo errado, porque você leu outra coisa como a próxima parada;

- agilidade é fundamental. Nas estações, os displays das plataformas têm relógios até com segundos, e isso não é enfeite: a coisa é pontual mesmo, e o povo entra e sai rapidinho, com tudo que é permitido: bicicletas, cachorros, carrinhos de bebês, etc. Não é para sair empurrando, mas se estiver em grupo, vá para uma porta onde tenha menos tráfego para não deixar ninguém para trás;

- a estação principal de trens internacionais de Viena, a Südtirolerplatz, está numa reforma geral, que vai deixá-la em 2012 como a mais moderna da Europa. Os ônibus de Bratislava param lá, por isso basta pegar o metrô U1 no sentido Leopoldau, saltar na Karlplatz ou na Stephanplatz que se chegava ao miolo do centro histórico. Agora os trens foram deslocados para a estação Wien Meidling, que fica mais a oeste. Uma opção para quem chega de trem é pegar o metrô U6, sentido Florisdorf, saltar na estação Längenfeld, e pegar o metrô U4 no sentido Helligenstadt, para chegar a Karlsplatz, e depois o U1 sentido Leopoldau para chegar ao centro (Stephansplatz);

- ainda sobre trens, quem sai para o interior da República Checa, Eslováquia e Hungria pode comprar tickets nas máquinas. Os terminais têm opções em inglês. Muito simples. O que se pergunta é a quantidade, se é adulto, estudante (até 26 anos é mais barato), criança ou cachorro ou bicicleta (é sério!), o destino, se é um trecho ou ida e volta, pede o cartão, sai o ticket, comprovante e pronto. Para outros destinos (Praga e resto da Europa) tem uma agência da empresa OBB, que é a mesma que vende nas máquinas, onde se compra tudo ao vivo. O pessoal fala inglês inteligível.
- de Wien Meidling partem trens para os seguintes destinos internacionais:
--> Roma/Milão/Veneza;
--> Ljubljana / Zagreb;
--> Budapeste
--> Bucareste
--> Berlim/Praga
--> Moscou / Varsóvia.

- os preços de trens estão meio salgados, comparados com ônibus: Praga - 66 euros por trecho; Zagreb - 63 euros por trecho. Em relação aos vôos, são bem mais baratos.

- chega-se também a Viena de barcos pelo rio Danúbio (ou Donau, na língua local). Eles ficam ancorados num dos braços do Donau, que em frente à cidade divide-se em dois, com uma ilhota estreita e comprida que é a praia deles, com um grande parque (tem estação do metrô lá - Douauinsel, na linha U1). Os metrô para o centro histórico mais próximo dos barcos é o U1 sentido Reumannplatz, que se pega na estação Vorgarstenstrasse.

- no aeroporto internacional há um trem para Viena, e ônibus para Budapeste, Bratislava, Viena e Praga. O ticket do trem é comprado em máquina, e o dos ônibus é na loja que fica junto à última porta, depois do Mc Donalds do desembarque.

Herrar é umano (0009) - Máquina de lavar sem manual

Lavar roupa em máquina é relativamente simples. Como a necessidade faz o conhecimento, aprendi que se deve separar as roupas por grupos (calças, roupas finas, malhas, etc), escolher o tipo de lavagem (suja, etc) que é associada a haver molho, molho extra, ou molho nenhum e apenas lavar e centrifugar, e colocar sabão e amaciante nas quantidades indicadas pelo fabricante para cada nível de água a ser usado. Normalmente essas coisas já vêm indicadas com ícones, marcas de níveis, etc. Lavada a roupa, bota-se na corda e pronto.

Eis que você chega num lugar onde não tem com quem falar sobre o assunto porque as pessoas falam uma língua ininteligível, e dá de cara com uma máquina de lavar do tipo eixo horizontal. Tem no Brasil, daquelas americanas que criança adora ver lavando pela escotilha da frente. Tem botões e ícones normais, dispensadores razoáveis, etc. Só que a máquina em questão tem uns 40 cm de largura, a roupa é colocada por cima, abrindo-se um setor angular do tambor, e tem três dispensadores de sabão, amaciante e alvejante enormes na tampa, que ficam na horizontal ao fechar. Os ícones parecem ter sido tirados de naves alienígenas de ficção científica.

Tendo internet à disposição, peguei o fabricante e modelo e fui procurar o manual. A novidade é que o fabricante o vende, não disponibiliza como qualquer outro fabricante faz. Como a rede de dados daqui pode não ser confiável, preferi não comprar por questão de segurança. Mandei e-mail para um expert em lavagem de roupas. A resposta foi: na dúvida, bota meio copo de sabão e uma tampa de amaciante. Testa e na próxima diminui ou aumenta a quantidade, empiricamente.

Fizemos isso. Interpretamos que o conjunto com mais ícones deve ser o de roupa com mais etapas de lavagem. Água e energia OK. Botão ligar OK. Começa uma sucessão de "nhec nhec". Deve ser tentando puxar sabão do dispensador, mas este e o amaciante já foram lançados direto no tambor. Aí a máquina possuída pelo demônio começa a fazer mais e mais barulhos assustadores. Tchof, tchof, bang, pow, zing, sock, uow, cri cri cri, iing, plak, não tenho onomatopéias suficientes para narrar o que ouvimos por aqui.

Nessa hora é manter a calma: no máximo, um dispositivo de proteção deverá desligá-la, ou o disjuntor deve disparar. Essa marca é tradicional dos EUA, o povo daqui da Eslováquia tem padrões europeus nas instalações elétricas, podemos confiar na engenharia deles. Na pior hipótese, poderia ter um vazamento de espuma por cima, como nos filmes. Depois de um tempo, a roupa ficou (bem ou mal) lavada, cheirosa, quase seca. Na próxima a gente aprimora. Boa parte da ciência foi desenvolvida por tentativa-e-erro, por que o método não se aplicaria à lavagem de roupas?