terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Ásia 2012 - 021 - Japão - Nagóia : Caindo na real da comunicação

Chegar ao Japão e pousar em Nagóia, com esquema de gente te esperando e levando ao destino é moleza. Receber de brasileiro as dicas de uso do flat, melhor ainda. Abrir a janela e dar de cara com a belíssima visão do Castelo de Nagóia todo iluminado, maravilha. O problema começa quando você não tem nada para comer e vai até uma loja de conveniência próxima, percebendo que as ruas têm nomes em ideogramas, e que os prédios não têm números. Tem que sair marcando pontos de referência para poder voltar, tipo coordenadas cartesianas.

Chegando ao mercadinho K, as embalagens nada nos diziam, se não tivessem uma foto do produto. Você pega o que é evidente: pão, leite, cerveja, queijo (sabe-se lá de quê), sopas, água (a garrafa é igualzinha à de saquê, vendido até em embalagens de 4 litros), geléia de qualquer coisa, biscoitos, essas coisas. Entrega tudo ao caixa, que fará uma saudação gentil, e no meio do registro das compras irá te mostrar uma tela onde tem escrito, em japonês, que você é maior de idade e confirma, para poder comprar as cervejas. Pelo menos é o que você acha, depois que o sorridente japonês te mostra a garrafa de cerveja e aponta para um dos botões a clicar. Feito isso, na tela aparece o valor em iens, dá-se a nota e vem o troco bem contadinho numa bandeja que te é repassada com as duas mãos pelo funcionário com um monte de "arigatôs".

De volta ao lar, você descobre que a sopa tem todas as instruções de preparo em japonês e localiza em algum ponto um número que deve ser a quantidade de água a acrescentar e outro para o tempo de cozimento no fogo. Cervejas boas, rango básico para dormir depois de quase dois dias cochilando em aviões. Aí se descobre que o travesseiro é minúsculo, e parece cheio de areia. Muito estranho, mas acabou se revelando bom, porque se ajustava à cabeça bem, apesar de baixo, e parecia massagear o couro cabeludo quando a gente se ajeitava.

No dia seguinte, o primeiro útil da viagem, acordamos tarde para a hora local (12h de diferença do Brasil) num misto de ressaca com cansaço. Sabíamos que isso aconteceria, por isso planejamos usar dois dias em Nagóia para adaptação. E para ver as coisas básicas ainda com brasileiros por perto, pois lá teríamos a maior colônia de dekasseguis que achávamos que encontraríamos nas ruas, lojas, etc. Erro de avaliação: não havia nenhum no nosso caminho. Segundo pressuposto: todo japonês fala inglês. Novo erro, ou então demos azar de encontrar justo os que não falavam.

Problemas de comunicação eram esperados, faziam parte da aventura, senão, pegaríamos um pacote turístico para ter alguém para nos guiar e traduzir. Meio como zumbis fomos ao Castelo de Nagóia e ao centro da cidade, aproveitando as belíssimas paisagens e construções para tirar fotos. Pelos caminhos descobríamos que os problemas eram bem maiores. Não entendemos nada no metrô. A estação de trens era um inferno de gente passando em todas as direções.












Até para comer self-service havia problema, pois pedimos uma coisa e veio outra. Fomos a um templo xintoísta e não tínhamos a menor noção do que se passava. Aqui e ali apareciam placas em inglês e até em português, estas falando de problemas comportamentais como "proibido isto, não faça aquilo".

Não chegamos ao pânico, mas ficamos preocupados, pois ainda haveria mais 46 dias de viagem à frente. E o Japão, no nosso entender, seria o lugar mais fácil em comunicação e de costumes mais ocidentalizados. Muitas placas até têm algo em inglês, mas logo você percebe que o resto é em japonês.

A necessidade nos obrigou a começar a decorar alguns ideogramas mais usuais, como "entrada","saída", "banheiro masculino" ou "feminino", et. No fim do dia, muito cansados pela andança de uns 7 km, dormimos cedo e no dia seguinte praticamente não tínhamos mais a sensação do jet-lag.




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