
Naquela hora apareceram neonazistas, fascistas, "apartidários", grupos patrocinados do exterior e a direita em todas as suas formas e nuances entraram em campo com apoio de mídia dirigindo as ações do "Vamos prá rua", onde a esquerda ficava acuada, apanhando e tendo suas bandeiras rasgadas, e alguns até achavam que o movimento era algo avançado. Bastava uma farsa chamada Anonymous botar as instruções nas redes sociais que um exército de coxinhas embrionários lotavam as praças e avenidas. Do resto a Globo cuidava.

Toda manifestação, na verdade, eram duas: uma ordeira e pacífica, com ampla cobertura de mídia, bandeiras do Brasil, hinos, uma festa cívica. A outra era a dos black blocs se enfrentando com a polícia, criminalizados e associados à esquerda. A cada demonstração nas ruas o movimento aumentava e se alastrava por todo o país, incorporando reivindicações de diversos setores. O congelamento de passagens foi expandido em escala nacional. E a cada momento o discurso guinava mais à direita, ameaçando o governo Dilma e até mesmo os corruptos do Congresso Nacional. Numa manifestação o teto do Congresso chegou a ser ocupado e se tentou avançar até o Palácio do Planalto. Noutra tocaram fogo no Ministério das Relações Exteriores.

Na sexta-feira 21/6/13 a presidente Dilma falou em cadeia nacional que entendia os anseios do povo por mais democracia, por mudanças no sistema político e mais representação. Lançou a idéia de um plebiscito para convocar uma assembléia constituinte que redefiniria o sistema político e a participação popular. À meia-noite do mesmo dia um editorial do Globo dizia que eles estavam fora do jogo porque poderia descambar para uma "democracia direta venezuelana".
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Reforma política sem Constituinte exclusiva... |
Agora as coisas estão diferentes. O coxismo que era embrionário ganhou cara própria, discurso nas redes sociais e apoio de mídia para ações de desestabilização do governo associadas à perseguição jurídica e congressual. Os movimentos patrocinados como MBL agora têm até lider como colunista na Folha. Os grupos militaristas botaram a cara para pedir intervenção militar abertamente. O fascismo passou a perseguir pessoas e idéias. O linchamento virou um fetiche. Isso tudo em meio a um governo lançado às cordas por incompetência até para se defender.


Lula passou a se articular com segmentos dos trabalhadores destroçados por anos de peleguismo fisiológico e a liderar a militância sem esperanças do próprio PT. Reacendeu em milhares a disposição de lutar. Somando-se todos os esforços de mobilização, manifestações de grande porte equilibraram a disputa nas ruas, num crescente, enquanto do lado da direita denúncias de corrupção dos políticos na lista da Odebrecht desanimaram os coxinhas.

O que fazer então para virar o jogo, para reforçar a luta das ruas por mais democracia e participação, contra a corrupção e por mudanças econômicas que aliviem os trabalhadores?
Hoje as coisas estão mais claras. As bandeiras democráticas e o anseio por varrer a corrupção não estão do lado da direita, que blinda criminosos e aposta na perseguição aos seus inimigos por um tribunal de exceção. Do nosso lado não tem patos de borracha nem Bolsomitos. Nem todo mundo é de esquerda, mas todos querem um país mais decente e que toda a corrupção seja investigada e punida, sem seletividade. Além disso as propostas dos golpistas são pura provocação de classe. Querem sacrificar os trabalhadores para aumentarem a exploração capitalista.

O caminho é voltar ao que foi proposto em 2013. A política nunca esteve tão exposta como algo de corruptos. Dilma é reconhecidamente honesta e apoia todo tipo de investigação, sem interferir no judiciário nem no ministério público, o que é muito positivo num momento de desconfianças sobre toda a classe política. Ninguém vai aguentar um bombardeio midiático-jurídico-econômico-congressual até 2018. A saída está em apostar na força da sociedade civil para manter a direita reduzida à sua devida insignificância.
Os movimentos em defesa da democracia, das liberdades e do estado de direito têm um amplo espaço a percorrer, com ou sem golpe. A reforma política por uma constituinte, sem influência do atual congresso, é uma saída para avançar na participação popular via democracia direta, na extinção de privilégios, no aprimoramento do controle do Estado pelo povo.

Da parte do governo poderia haver alguma ousadia em tirar o ônus da crise das costas dos mais fracos, propondo repassar o ônus aos mais ricos com o apoio do povo na ruas. Regulamentação da mídia para acabar com os abusos. Controle externo do judiciário. Um programa de governo até 2018 com avanços em conquistas sociais seria defensável e manteria o povo alerta contra quaisquer ameaças dos golpistas que continuarão golpistas depois do fracasso do golpe.
A minoria provocou a maioria, que finalmente está acordando para o risco que corre num golpe de direita com fascistas nas ruas. Agora é a vez da maioria dar as cartas.
Leia também. : http://blogdobranquinho.blogspot.com.br/2013/06/discurso-de-dilma-deixa-globo-com-medo.html
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