quarta-feira, 26 de maio de 2021

Maricá (RJ) : utopia socialista?



“Utopia socialista”: revista alemã destaca gestão do PT na cidade de Maricá

“Como uma ilha cercada pelo Brasil do presidente de direita Jair Bolsonaro, a cidade de Maricá está testando um totem esquerdista: a renda básica incondicional. Ele provou seu valor na crise da coroa”, é dessa maneira que a revista Der Spiegel abre uma longa reportagem sobre a gestão municipal do PT na cidade de Maricá, Rio de Janeiro.

“A cidade responsável por esta beneficência está localizada a cerca de 60 quilômetros (37 milhas) a leste do Rio de Janeiro, na costa do Atlântico. À primeira vista, Maricá é quase indistinguível de outras cidades brasileiras. Postos de gasolina, oficinas, restaurantes baratos e igrejas protestantes se alinham na artéria de quatro pistas que a conecta ao Rio”.

“Mas se você sair da estrada principal para o centro da cidade, a imagem muda. As ciclovias passam ao longo das estradas e as bicicletas podem ser emprestadas gratuitamente. Guardas de trânsito uniformizados ajudam crianças e idosos a atravessar a rua. Ao lado da praça principal da cidade, que está passando por reformas, há um novo cinema vermelho brilhante, construído pela agência de cultura da cidade. Os ônibus também são vermelhos, assim como as bicicletas emprestadas e a prefeitura. A escolha da cor não é acidental: aqui, proclama, os esquerdistas estão no poder”.

“Somos um laboratório de todo o Brasil”, afirma o ex-prefeito Washington Quaquá à revista. “O ex-prefeito Washington Quaquá, de 49 anos, governou a cidade de 2009 a 2017 e lançou as bases para a realidade de hoje. O jovial cientista social é uma figura importante do Partido dos Trabalhadores e é uma estrela em ascensão entre os protegidos do poderoso Lula.

“Alguns críticos acreditam que a riqueza do petróleo subiu para as cabeças dos administradores municipais. Mas Quaquá rebate essas críticas dizendo: “Quando chegamos ao poder, não recebíamos nenhuma taxa de licenciamento. E ainda alcançamos tudo o que nos propusemos a fazer”, diz a matéria.

“O próximo passo foi a introdução de Quaquá de uma renda básica incondicional para aqueles que vivem na pobreza. Cerca de um quarto da população da cidade – 42.000 pessoas – recebe dinheiro do estado. Basta comprovar que mora em Maricá há pelo menos três anos e não ganha mais de três salários-mínimos. Para receber o dinheiro, eles devem abrir uma conta em um banco da prefeitura e instalar um aplicativo em seus celulares. No início de cada mês, o dinheiro é depositado na conta pela prefeitura.

“Aceitamos Mumbuca”, diziam as vitrines de grande parte das lojas da cidade. Também é aceito em restaurantes, consultórios médicos, salões de beleza e barbearias. Seu nome deve-se ao rio que atravessa a cidade.

Para ler a reportagem na íntegra, clique aqui.

Os lojistas locais ficaram inicialmente céticos. “Nós pensamos: que ideia maluca!” diz Delfim Moreira, presidente da associação comercial da cidade. Mas hoje, 9.400 empresas usam a moeda digital – muito mais do que aceitam Visa e Mastercard.


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Marcelo Hailer

Jornalista (USJ), mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e doutor em Ciências Socais (PUC-SP). Professor convidado do Cogeae/PUC e pesquisador do Núcleo Inanna de Pesquisas sobre Sexualidades, Feminismos, Gêneros e Diferenças (NIP-PUC-SP). É autor do livro “A construção da heternormatividade em personagens gays na televenovela” (Novas Edições Acadêmicas) e um dos autores de “O rosa, o azul e as mil cores do arco-íris: Gêneros, corpos e sexualidades na formação docente” (AnnaBlume).



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