terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Essa turma do programa Manhattan Connection, da TV Globo a cabo, parece que flutua sobre os demais mortais. São mais pró-americanos que a própria midia do Tio Sam. Antes, tivemos Paulo Francis, que debochava dos brasileiros como se fôssemos um bando de imbecis. Do mesmo programa, mas no Brasil, temos um Diogo Mainardi, que do alto do seu pedestal da idiotia escreveu "Lula, minha anta", como se fosse um iluminado. E já teve um Arnaldo Jabor, que saiu do programa e hoje tem o seu espaço para verborragia direitista em noticiário da Globo. Agora, Caio Binder publicou um artigo onde defende Israel, e acusa os que se sensibilizam com o exterminio de palestinos como esquerdistas oportunistas, por não se manifestarem contra as "ditaduras muçulmanas" e sim contra a "democracia" israelense. Aqui vai um trecho que resume a matéria:

"A esquerda e a crença na virtude dos oprimidos

... Eu faço minhas as perguntas da jornalista espanhola Pilar Rahola, que não é judia e ainda se considera de esquerda. Num texto perplexo que circula na Internet, está uma saraivada de questões: por que não vemos manifestações em cidades européias contra ditaduras islâmicas? Por que não existe tanta solidariedade com as vítimas de terrorismo em Israel como quanto às vítimas dos bombardeios israelenses em Gaza? Por que não se defende o direito de Israel de se defender e de existir? Por que se confunde a defesa da causa palestina com a justificativa do terrorismo palestino? "
A fúria contra Israel não é acompanhada de indignação com as barbaridades praticadas pelos regimes do Irã e Síria, patrocinadores do Hamas, contra os seus cidadãos, ou da opressão em geral no mundo árabe-islâmico. Não se trata de desviar as atenções do que esta acontecendo em Gaza. A população civil palestina está pagando um preço terrível. É um ônus moral e político para Israel, país fadado hoje em dia a ser rotulado de genocida enquanto no mundo islâmico se faz vista grossa ao genocídio praticado em Darfur pela ditadura islâmica do Sudão.
Não se trata de fechar os os olhos a barbaridades praticadas por Israel na sua luta de independência e nos combates para sobreviver em uma região hostil, onde por décadas havia a promessa de ditaduras árabes de jogar os judeus ao mar. O recado genocida hoje é transmitido pelo iraniano Mahmoud Ahmadinejad, enquanto grupos como o Hamas esposam o culto da morte. As mãos de Israel, é verdade, também estão sujas de sangue. Terrorismo foi praticado por seus dirigentes, como Menachem Begin e Yitzhak Shamir.
Mas de volta a Pilar Rahola e sua perplexidade. Existe esta obsessão com Israel. A esquerda global está obcecada para combater uma das democracias mais sólidas do planeta, onde a imprensa questiona furiosamente as autoridades e há um intenso debate sobre os limites do poder militar ou como adquirir um modus vivendi com os vizinhos. Qualquer gesto de solidariedade a Israel é tratado como prova de boçalidade ideológica."...

A "esquerda global" a que se refere Caio Binder, infelizmente, move-se quando há algum incêndio conjuntural, e se situa ao lado dos oprimidos pelo capital. Não existe hoje um partido de esquerda mundial com capacidade de criar políticas para combater cada frente ditatorial do capital. E, certamente, a verdadeira esquerda não apóia o regime da Siria, nem a ditadura religiosa iraniana, nem o populismo oportunista de Chavez, ou a farsa "socialista" de Kadhafi.

A esquerda tem uma forte componente humanista, assim como os pensadores liberais e mesmo entidades religiosas por todo o mundo. Caio Binder tenta, na sua matéria, fazer de dois depoimentos isolados uma teoria para justificar seu apoio envergonhado a Israel, já que critica os massacres, e ao seu papel de agente interventor no Oriente Médio, pelo qual os Estados Unidos bancam uma bilionária subvenção anual em dinheiro e armamentos para garantir seus interesses geopolíticos. Não há manifestações a favor de Israel nas ruas porque elas já estão oficializadas em cada telejornal da mídia ocidental. Neles só há uma visão, que é a do opressor.

Nenhum foguetinho do Hamas justifica o ataque genocida a um escola da ONU na Palestina, matando dezenas de crianças. E a tal "democracia israelense" não permite que nenhum jornalista entre em Gaza, como hoje denunciou o correspondente da Folha, Nahoum Sirotsky, para impedir a divulgação de quaisquer versões distoantes da verdade oficial. Nem Saddam fez isso no Iraque!

Israel tem que ser condenado pela prática racista de "limpeza étnica" na Palestina, mas, infelizmente, nenhuma instância internacional consegue uma providência para não contrariar os interesses das potências ocidentais que são cúmplices dos massacres.

Ao contrário da França de Sarkozy, que reclama dos ataques mas só culpa o Hamas, o governo brasileiro foi muito claro na condenação aos ataques de Israel e na defesa de uma solução negociada para a Palestina. Não se chega à paz com a negação do diálogo, e essa autorização implícita e irrestrita a Israel para matar quem quiser sem questionamentos não ajuda no processo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário