terça-feira, 20 de outubro de 2009

Taxação a capital especulativo: 2% é pouco

No mundo inteiro a crise fez despencar os retornos sobre investimentos. Mais ainda: o risco sistêmico também aumentou, fazendo com que os capitalistas procurem opções que aliem alguma rentabilidade a pouca probabilidade de perda. Os países centrais do capital tinham retorno menor que os emergentes, mas aparentemente mais segurança, até o colapso do sistema bancário e da economia virtual trazendo recessão.

Nesse cenário ruim para lucros, aparece um país ocidental onde o governo intervém com efetividade na economia em crise, provocando a sua recuperação antes dos demais. E cujo presidente hoje transmite ao mundo uma imagem de confiança no Brasil e de liderança ao mesmo nível que os do antigo G-8, agora G-20. A venda da imagem de país que venceu a crise antes dos outros, aliada a altos rendimentos no mercado de ações, títulos públicos que pagam altos juros e recomendação de investimento por agências classificadoras de risco fizeram do Brasil um oásis para o capital especulativo internacional. As consequências estão aí: bolsa de valores em forte recuperação, atingindo os níveis anteriores à crise, e uma valorização excessiva do Real, trazendo problemas às exportações e ao saldo da balança comercial.

Está chovendo dólares por aqui nos cassinos da especulação. Esse dinheiro, que muito pouco contribui para a sustentabilidade da nossa economia, está participando de uma festa sem pagar ingresso. Durante vários governos se fez de tudo para pingarem uns trocados por aqui, com a criação de facilidades tributárias. O momento agora é outro. O Brasil é seguro e interessante, logo não será uma simples taxação de 2% que desestimulará os jogadores do capital internacional. Temos produto bom, escasso, e isso, na linguagem do mercado, significa que o preço deve subir.

Apesar do Risco Brasil ainda apontar para o investidor a necessidade de acrescentar aos seus cálculos de retorno mais uns 3%, o fato é que ele, na prática, não existe mais. A solidez e a segurança da economia brasileira são fortes atratores, e o lucro do investidor estrangeiro pode ser mais sangrado sem a perda da atratividade. Bom para o país, que melhora a qualidade do investimento e arrecada mais impostos para os necessários investimentos e programas sociais.

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