segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Rio : Cada vez mais carnavais locais

Já houve tempo no Rio onde havia o carnaval das escolas de samba nas quadras, culminando com o desfile na avenida, os bailes de clubes, os blocos de sujos, os mascarados, os desfiles de fantasias luxuosas do Municipal e as bandinhas que tocavam marchinhas antigas e originais. 
Com o tempo o carnaval das escolas foi se industrializando, chegando ao "enredo patrocinado", onde o tema é dado por quem bota grana. Exemplo recente: neste momento a Mangueira desfila mostrando Cuiabá, cuja prefeitura deve ter bancado parte da despesa. 

A baixaria foi acabando com os bailes de clubes. Alguns pareciam filmes pornôs, de tanta explicitude. A violência e o crime organizado foram liquidando os blocos e os grupos das bandinhas. Carnaval passou a ser um feriado onde todos tinham que deixar a cidade rumo às praias ou mesmo para Salvador e Recife. Sobraram alguns poucos exemplares, como a Banda de Ipanema, o Cordão do Bola Preta, o Cacique de Ramos, e o carnaval-show das escolas. 

De uns tempos para cá foram se formando novos blocos, e o processo se alastrou pela cidade, também pela pacificação de áreas ocupadas pelo tráfico. A prefeitura incentivou e hoje são mais de 500 blocos oficiais espalhados por todos os bairros, um número crescente à medida que as pessoas vão acreditando no carnaval popular, sem cordões, alas vip, abadás, convites caros, etc. Democrático, popular e, melhor, com estrutura e grátis. 

No ano passado experimentamos os grandes blocos, como Cordão do Bola Preta, Sassarico, Sargento Pimenta e Banda de Ipanema. Desta vez, seguindo a tendência de pouco deslocamento por causa da lei seca, experimentamos os diversos blocos do bairro, encontrando agradáveis surpresas. Um exemplo foi hoje o bloco Balanço do Jamelão, que se concentrou no fim da minha rua, junto ao Morro do Andaraí. A bateria parecia profissional, influenciada pelo Salgueiro, bem organizada. Tocava um samba próprio, com batida forte, empolgante. Andou pelas ruas do Grajaú arrastando mais gente.



Tudo ali, perto. Nem precisava comprar cerveja, bastava pegar em casa. Melhor que carnaval no interior. No Largo do Verdun havia o esquema montado pela prefeitura, com som e uma banda que, depois da passagem do bloco, passou a tocar marchinhas de carnavais passados. Crianças na rua, como não se via há muito tempo. Confetes e serpentina. Idosos marcaram presença. Até gringos apareceram, num lugar fora de qualquer roteiro turístico. 

Uma boa oportunidade de conhecer os vizinhos e outras pessoas do local. Nada de brigas, nada de drogas. Nesta terça outros blocos sairão pelo bairro, e vamos conferir novamente. 


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