quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Rio : Mulheres pedem FORA CUNHA em defesa de direitos

No ato de hoje pedindo a saída do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, ninguém falou no seu escândalo de corrupção. É que Cunha faz muito pior que roubar: ele destrói direitos a partir de visões retrógradas, aliado ao que há de mais reacionário no Congresso. Foi assim quando apoiou a supressão de direitos trabalhistas na PL 4330, que libera geral a terceirização. Sua pauta ataca liberdades democráticas, direitos humanos e sociais duramente conquistados, como política de terra arrasada. Agora vem a PL 5069 para criminalizar o aborto legal, ou seja, forçar a vítima de estupro a ter a criança indesejada. Se ficar na liderança do bando de trogloditas de direita que coordena, em breve voltaremos à idade média, passando pela proibição da pílula, do direito a voto da mulher, etc.

Esse ato na Cinelândia, no Rio de Janeiro, foi diferente de tudo que já vi em manifestações populares. E não foram poucas as que vi... Um ato unitário, apesar de haver diversas correntes feministas, ligadas a partidos ou não. Muito forte, energético, trazendo alento e esperança a quem passava e ficava assistindo a tudo. Algo como "alguém está fazendo algo contra Cunha e em defesa do povo", coisa que não temos visto no cotidiano fortemente partidarizado no campo de esquerda. Mulheres, em grande maioria jovens, algumas com filhos pequenos no colo amamentando em público, mostrando o caminho da luta. Querem Cunha fora do Congresso para acabar com tantos retrocessos e novas ameaças.

Cunha está no inferno astral. Fazendo malabarismos para ele, mulher e filha não serem presos. Para isso conta com o apoio da mídia, que nada fala sobre suas contas na Suíça, os gastos milionários da mulher de contas secretas de todos, inclusive a filha. Conta com a blindagem do juiz Moro, que não dá voz de prisão imediata em flagrante de toda a família por crimes de natureza permanente, tudo com dinheiro grosso da Petrobrás que pode chegar a meio bilhão de reais. E com a mãozinha do Ministério Público federal, que mesmo com a plena liberdade de Cunha para destruir provas e prejudicar a investigação do seu escândalo não o afasta da presidência da Câmara.

Eis que nos seus ataques aos direitos Cunha "modulou" a família composta de homem, mulher e filhos, destruindo todos os demais arranjos existentes hoje, em especial os de natureza homoafetiva. Atacou a "pílula do dia seguinte" a partir da visão anti-aborto mesmo em caso de estupro. Apoia a criminalização do aborto. É contra a criminalização da homofobia, até porque sua claque é homofóbica.


Contando com a passividade da sociedade em geral, acreditava que logo isso seria esquecido deixando os atingidos no gueto. Para azar dele, no ENEM uma frase da feminista Simone de Beauvoir, combatida pelos seus reacionários aliados como Bolsonaro e os que lavam dinheiro em pia batismal, trazendo mais revolta e ao mesmo tempo fortalecendo a luta feminista.
A denúncia de corrupção de Cunha parecia pequena diante de tanta disposição de luta pelo estrago que vem fazendo e ainda pode fazer mais enquanto estiver no poder. Até tirar uma mulher da presidência! O ato também não bateu em Dilma. Não fazia parte do escopo. Queriam Cunha por tudo de ruim que já fez até aqui.

A manifestação de hoje parecia mais um "Basta, Cunha". Começou com uma passeata saindo da Assembléia Legislativa, parando em frente ao prédio no Largo da Carioca para protestar em frente ao prédio onde Cunha tem escritório e seguindo para a Cinelândia. Se na passeata havia cerca de 500 pessoas, na Cinelândia havia mais de mil. Quando começou o ato contra Cunha, havia cerca de 5 mil pessoas na praça. Detalhe: sem carro de som. As pessoas se sentaram no chão e repetiam em coro as palavras dos oradores. Cantaram, participaram de uma encenação teatral onde uma mulher nua falou da luta constante das mulheres e entoaram palavras de ordem como "A pílula fica, Cunha sai".

Cunha é muito mais que corrupção. É a encarnação da crueldade contra os vulneráveis de todas as naturezas. É a encarnação da truculência contra a diversidade. É uma ameaça à democracia. Merece que em todo o país haja protestos contra o projeto que está implantando e se o judiciário e o MP ajudarem, saia algemado num camburão do Congresso Nacional. FORA, CUNHA!


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