Com 68% dos votos, contra 31% da adversária, o cantor Michel Martelly venceu o segundo turno das eleições no Haiti contra a ex-primeira-dama Mirlande Manigat. Martelly passou ao segundo turno com a desclassificação de um dos candidatos, numa eleição suspeita de fraudes. Sua campanha prometeu educação pública e gratuita para todos, uma tarefa hercúlea, pois nem a metade dos habitantes têm acesso às escolas.
Com mais de 5.000 mortos pela epidemia de cólera e boa parte da infra-estrutura destruída pelo terremoto de 2010, sem maioria no congresso e sem experiência política, com grande parte do funcionalismo público identificada com a corrupção endêmica dos governos anteriores, Martelly terá dificuldades para cumprir promessas. As elites apostam no seu fracasso, tanto pela chantagem congressual como pela sabotagem no aparelho de governo. Deve governar sob ameaças de golpe.
O papel das tropas brasileiras na direção da missão de paz da ONU é fundamental, mas com o restabelecimento da institucionalidade formalmente democrática, todo o esforço deverá ser de preparar para passar ao novo governo as tarefas de segurança e apoio infra-estrutural, saindo de lá o mais breve possível. Como no Haiti não tem petróleo, as potências não têm o menor interesse em ajudar, limitando-se a manter tropas como forma de impedir que Venezuela e Cuba estendam suas influências ao país mais pobre das Américas.
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