Demorou, mas aconteceu, afinal, no capitalismo não há espaço para amizades e acobertamentos por muito tempo quando o assunto é muita grana : pela primeira vez em 70 anos, a agência de classificação de risco Standard & Poors rebaixou a classificação da avaliação da dívida americana. Na prática, a maior economia do mundo teve reduzida a nota de AAA estável para AAA negativa. Isso é resultado do crescimento avassalador da dívida americana desde a crise de 2008.
Com isso, os títulos da dívida americana, que atraem capitais do mundo inteiro por serem considerados os mais seguros, mesmo com taxas de juros muito pequenas, passam a ter menos atratividade, exigindo, a médio prazo, que o governo americano aumente as taxas de juros para mantê-los atraentes e rolar a sua dívida.
A reação dos mercados foi imediata, com o temor de cortes em gastos públicos americanos e recuperação mais lenta da economia, derrubando bolsas e baixando o preço de "commodities". Caso os EUA tenham que elevar sua taxa de juros básica para manter a credibilidade de seus títulos, acumulará mais dívida com a obrigação de pagar mais aos investidores pelo mesmo dinheiro aplicado.
O interessante nisso tudo é que os gastos com guerras, ajudas para manter ditadores e em armamentos não foi reduzido, em toda a crise. Quando os republicanos ameaçam parar os EUA através de chantagem com o orçamento, somente os programas sociais são colocados em discussão de cortes, sem mexer no "complexo industrial militar", nem na CIA, nem nas guerras.
Para o Brasil, isso poderá significar saída de dólares, caso os juros americanos subam, ajudando a conter a queda das cotações cambiais, onde hoje um dólar equivale a R$ 1,57. Isso, claro, se os especuladores e investidores que por aqui chegam com seus capitais acharem que vale a pena deixar de ganhar na moleza algo acima de 5% ao ano para deixar por lá a 1 ou 2%.
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