Hoje o jornalão carioca faz na página 13 uma defesa radical da estação Gávea, na linha 4 do Metrô, em construção. Nada a ver com a proximidade da sede da Rede Globo no Jardim Botânico, certamente, mas porque "há escolas e cidadãos" na área. Para quem não conhece o traçado projetado, a Linha 4 do Metrô ligará Ipanema à Barra da Tijuca, passando por baixo de grandes maciços de pedra, como o Morro Dois Irmãos e a Pedra da Gávea, traçado que, para chegar à Gávea, demandaria um ramal exclusivo, coisa que não existe nem faz parte de planos nem para áreas densamente povoadas, que não é o caso do bairro de alta renda defendido pelo Globo.
O Rio está atrasado na construção de linhas de metrô em pelo menos 30 anos. Incompetências de governos estaduais, prioridades do governo federal para São Paulo, problemas de gestão do metrô, tudo colaborou para hoje as linhas cariocas serem ridiculamente pequenas perto das grandes metrópoles do mundo. A construção do trecho até o densamente povoado bairro da Barra só saiu porque houve alinhamento dos governos municipal, estadual e federal, no período Lula, e porque a cidade sediará olimpíadas e copa do mundo. Aí vem O Globo defender como prioritário o interesse de uma pequena população de alta renda para ter uma estação mais próxima à sua sede.
Na matéria, cita que a indefinição contraria moradores, que segundo uma associação local espera que a estação Gávea seja indicativa da continuidade do metrô até o centro por uma nova linha, passando pelo Jardim Botânico, Laranjeiras, Botafogo, Rua do Riachuelo e Avenida Chile. Nada contra, mas diante das gritantes demandas da cidade, há muitas outras linhas a executar antes de criar uma nova linha praticamente paralela à existente e em construção.
Em 1985 participei, como pesquisador do Ibope, de um levantamento de fluxos de passageiros para subsidiar o projeto do metrô carioca. Se hoje a estação Carioca é gigantesca, e nas suas áreas ociosas tem até uma faculdade, é porque ali seria o "hub" para ligação a Niterói e São Gonçalo, do outro lado da Baía de Guanabara, com trecho sob o mar. Pesquisamos Campo Grande, Santa Cruz e Baixada Fluminense, para onde um ramal passaria pela UFRJ, bem maior que a PUC da Gávea, e pelo Aeroporto Internacional do Galeão. Isso mostra que, antes de atender à reivindicação da Gávea inflada pelos interesses da Globo, há muito mais prioridades para o metrô.
Da Gávea, por exemplo, um trajeto bem mais racional seria uma estação no Jardim Botânico (não para atender à Globo, mas às atividades turísticas e aos bairros adjacentes, e daí seguir sob o Maciço da Tijuca até uma conexão com a Linha 1 na Tijuca. Dessa forma, a ligação Barra-Estácio, onde já existe conexão com a Linha 2 e daí para os trens da Supervia, faria o "by-pass" de todo o centro da cidade, evitando que alguém na Barra, querendo ir ao centro, superlotasse os vagões passando por toda a Zona Sul e Centro. Aí sim a estação Gávea ganharia importância num traçado mais racional e defensável como prioritário.
A grande pergunta é a seguinte: Se, na candidatura olímpica, a promessa era ter BRT ligando a Zona Sul à Barra, porque essa pressa em fazer metro para atender os 15 dias de olimpiadas ?
ResponderExcluirPara a população é mais barato interditar a Lagoa Barra nas horas das passagens das delegações do que sofrer para o resto da vida com esse traçado exteremamente problemático.
Esse Y não vão funcionar direito e a estação Gávea não irá para escanteio e sim para o rol das obras que não serão feitas, vide Estação Cruz Vermelha, iniciada no governo Moreira Franco e abandonada.
Longe de querer atender aos interesses isolados de uma Rede Globo ou de uma pequena comunidade (seja ela da zona sul ou não), o que está por trás da defesa da estação Gávea é o resgate do projeto original do metrô, então pensado para ser uma malha e não uma linha única. Nesse projeto original a linha 1 seria circular, conectando-se a Tijuca (estação Uruguai) à Gávea - por baixo do Maciço da Tijuca - e esta a Ipanema e Copacabana. Exatamente na estação Gávea seria uma das conexões entre as linhas 1 e 4. A linha 4 original teria 5 estações: Jardim Oceânico, São Conrado, Gávea, Humaitá e São João, esta última conectada a linha 1, entre as atuais estações Botafogo e Cardeal Arcoverde. Falou-se, depois, numa alternativa de desenho da original linha 4 (licitada em 1998), ligando, a partir do Humaitá, a Laranjeiras e chegando à Carioca. A defesa, portanto, de um projeto da linha 4 mais próximo ao desenho original defende, na realidade, o sistema em malha (como em qualquer metrô do mundo), com várias conexões entre linhas, e a promoção de um percurso mais direto entre Barra e Centro. Como se vê, o que há por trás da luta das Associações de moradores da zona sul relatada na matéria de 7/4/2011 do jornal O Globo é a defesa por um sistema metroviário que atenda às demandas da cidade, e não às demandas impostas pelo COI (Olimpíadas 2016). É olhar para além, muito além, do próprio umbigo!
ResponderExcluirSerá que a Globo só tem interesse em manipular as obras do metrô? e o futebol? e as papeletas amarelas? e a manipulação de resultados e informações em favor de determinados times e diminuição de outros ??? como fica ? vamos abrir a boca e criticar também ?? a coisa tá ai escancarada para todos verem mas acéfalos do futebol tratam como um religião no futebol nas armações ninguém mete o malho afinal são sempre os mesmos favorecidos poucos são os canais que lutam (ou nenhum ) pela moralização do futebol que está uma vergonha ....
ResponderExcluir