Os ataques aos fundos de pensão fechados não param. Noutro dia, queriam lotear cargos no fundo Real Grandeza, de Furnas, para atender a um deputado da base aliada que domina 20 votos na Câmara. Os participantes protestaram e a manobra foi abortada.
No fim do ano passado, o Conselho de Gestão da Previdência Complementar, órgão do Ministèrio da Previdência, baixou a Resolução 26 que, entre outras coisas, permite a apropriação de superávits dos fundos de pensão pelos patrocinadores. Diversas entidades entraram na justiça e conseguiram liminares contra os seus efeitos ilegais.
Em janeiro, o Banco do Brasil registrou no seu balanço um ativo atuarial de R$ 5,3 bilhões, contando com apropriações futuras de superávits da PREVI. Chegou a distribuir lucros sobre esses recursos que não possui, já que a PREVI não reconheceu esse valor como um passivo a favor do BB.
Na base aliada do governo, em especial na bancada do PT, o que se discute é como barrar o fim do fator previdenciário, projeto do Senador Paulo Paim, do próprio PT, alegando falta de recursos.
Agora, o Senador Aloísio Mercadante (PT) apresentou o projeto de lei PLS 77/09 de 11/09/2009, alegando maior defesa dos fundos de pensão às ingerências políticas, mas, na prática, transferindo aos Conselhos Fiscais o papel de controladores externos dos fundos, suprimindo a representação paritária dos participantes junto com os patrocinadores. Na sua formulação, apenas os patrocinadores e os indicados pelo Governo farão parte do Conselho Fiscal. Para a administração, criam-se mais barreiras ao acesso dos empregados eleitos, com mais exigências curriculares, como os cinco anos de experiência em algumas áreas técnicas.
Esse retrocesso atingirá em cheio diversas entidades, como a PREVI, onde se conquistou o direito à eleição de representantes dos participantes em todos os níveis. O que é pior é que a inclusão de dois representantes do órgão fiscalizador no Conselho Fiscal escancara a possibilidade dos cargos serem loteados em negociações políticas.
Mercadante também alega que “a fiscalização das entidades deve ser promovida sob o prisma da neutralidade, em face dos interesses, nem sempre coincidentes, dos participantes e assistidos, do patrocinador e do público em geral”. Na prática atual, os interesses conflitantes sucumbem ante o Voto de Minerva que o patrocinador tem direito nos conselhos. Além do mais, não sabia que o patrimônio do fundo de pensão era do “público em geral”.
O projeto de Mercadante é articulado com outras iniciativas para deixar cada vez mais o patrimônio dos fundos de pensão fechados, como os das estatais, que somam a centenas de bilhões de reais, ao alcance da manipulação do governo, em tese, a serviço do desenvolvimento. A idéia não é nova: no governo FHC, os fundos de pensão foram as principais ferramentas para viabilizar o Programa de Privatização, obrigando-os a comprar bilhões em ações de empresas postas à venda. Agora, com a apropriação de superávits, empresas do governo poderão engordar seus cofres com recursos que, a rigor, são de aposentadorias de trabalhadores. Mercadante só está acrescentando um componente à falta de transparência na governança das gestões, com o fim da fiscalização pelos participantes.
sábado, 21 de março de 2009
Mercadante quer fundos de pensão nas mãos do governo
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É a famosa "ética petista" criada com o advento do PT ao poder, aquela do "faz de conta que é sério, mas não é", porém para a sociedade parece ser. Tô fora!
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