domingo, 18 de maio de 2014

MÍDIA BANDIDA 0057 : Globo está sendo ética com patrocinadores da Copa e a FIFA?

A Rede Globo obteve da FIFA o direito de ser a emissora oficial da Copa das Confederações 2013 e da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Pode emitir licenças de exibição. E é o canal de marketing por onde são divulgadas marcas e produtos dos patrocinadores oficiais dos eventos. A FIFA licenciou outras emissoras de TV e rádio nos diversos países do mundo que também levarão a bilhões de pessoas as imagens do esporte, das marcas, produtos e do país-sede. Veja a lista neste link. 

Como emissora oficial e em especial como responsável pelo melhor desempenho e audiência possível para valorizar cada centavo pago pelos anunciantes, caberia à TV Globo promover o evento positivamente, ou seja, criar expectativas e principalmente um ambiente que agregue valor à propaganda. Qualquer emissora de TV, aqui ou no exterior, até para sobreviver, tem que zelar pelo interesse do espectador em acompanhar o esporte por todo o evento. Isso passa por enaltecer qualidades de estádios, do povo, do país, das cidades, enfim, elevar o nível do evento para que as pessoas recebam valor agregado.

Ninguém vê, por exemplo, um jogador de time vencedor dizer que o outro time era fraco. Todos falam bem dos adversários para valorizar suas vitórias. Uma empresa de TV estrangeira, por exemplo, não pode anunciar algo como "vem aí a Copa do Mundo do Brasil, aquele país miserável onde o governo acabou com a educação, a saúde e espanca seu povo para promover esse evento que vamos transmitir, fazendo de você co-responsável por todas essas atrocidades". Claro que não vão fazer isso. Não vêm ao Brasil para falar dos nossos problemas, mas para ganhar dinheiro com a transmissão dos jogos. Podem fazer alguma crítica, mas vão ter que mostrar belezas naturais, alegria do povo, festas, etc.

Aí entramos no assunto da Globo. Fez de tudo para termos a Copa no Brasil visando seus interesses comerciais. Passou a cobrar do governo a execução do projeto de viabilização da Copa, senão não ganharia dinheiro no evento. Enxergando oportunidade política para desgastar o governo, participou ativamente da transmissão ao vivo e ininterrupta de protestos de junho do ano passado contra a Copa, numa atitude anômala, pois sempre se mostrou reativa a qualquer movimento social. Transmitiu imagens de pessoas praticando vandalismo contra bens de parceiros da FIFA na Copa. Enfim, contribuiu ativamente para o clima negativo que até agora faz muita gente, a 25 dias da abertura do evento, perguntar se vai ter Copa.

Por essa ação política no intuito de desestabilizar o governo, a Globo colocou em risco a Copa das Confederações. Se o país tivesse mergulhado num clima pré-golpista, nem a Copa em 2014 poderia ter sido realizada, já que todos os cronogramas de obras ficariam comprometidos. Até os interesses da FIFA correram grandes riscos com essa aventura política, pois sem Copa não haveria nenhum centavo de ingressos, anunciantes, etc. Isso foi ético com a FIFA?

Coloque-se no lugar, por exemplo, do Itaú, que durante as manifestações de junho passado foi o banco mais visado pelo vandalismo justo por ser patrocinador da Copa. Certamente pagou um preço na sua imagem como banco insensível aos "crimes" representados pela Copa que patrocinava. No que vai agregar a Copa ao valor da sua marca, com tanto clima negativo sobre o evento, com as pessoas achando-se criminosas por alegrar-se com os jogos em função da propaganda exagerada e às vezes mentirosa sobre o custo social e econômico do evento? Associar-se à Copa trará benefícios aos anunciantes, tendo a emissora oficial, que exibirá seus banners nos estádios, trabalhado para tirar o brilho do evento? Isso é ético, Arnaldo?


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