sábado, 3 de janeiro de 2015

MÍDIA BANDIDA 0070 : A meta é destruir o lema "Brasil pátria educadora"

Lula teve dois mandatos sob o lema "Brasil, um país de todos" e seguiu à risca essa orientação: tirou gente da miséria, criou uma nova classe média, não mexeu com os direitos ou riquezas da velha classe média nem dos ricos. Todo mundo ganhou, mas uma parte acha que perdeu porque se viu cercada de "gente diferenciada" que alcançou seus privilégios pela ascensão social.

Dilma teve seu primeiro mandato com o lema "País rico é país sem miséria", que também honrou, tirando o Brasil do Mapa da Fome da ONU, importando médicos para atender nos mais distantes rincões a quem mais necessitava, manteve as políticas de Lula e investindo na habilitação profissional através do PRONATEC.

A partir desse histórico de compromissos cumpridos, Dilma agora lança a educação como grande meta para os próximos 4 anos e a coloca em evidência no lema "Brasil Pátria Educadora". O desafio é imenso, pois trata-se de um setor secularmente desprezado que teve alguns momentos de qualidade (limitada a grandes cidades) durante a era Vargas até chegar o regime militar.

Mudar a educação não é tarefa de um governo. Os resultados se colhem por uma geração. Ou não. Cadê, por exemplo, a "Geração CIEP", no Rio de Janeiro? A escola de tempo integral se mostrou eficiente? Não chegou a mostrar a que veio. A idéia durou por duas gestões do PDT e depois foi abandonada. 

O desafio de Dilma é imenso, porque tem abrangência nacional, inclusiva. O projeto enfrentará resistências de críticos na área de educação e de gestores de partidos oposicionistas. Estes apostarão no fracasso do plano, pois não apresentará resultados em uma gestão, porque terão que aceitar a liderança do governo federal no processo, o dono das verbas. E todo recurso federal adicional sujeita o estado ou município a fiscalização do TCU e CGU, coisa que muitos políticos não gostam muito pois o desejo é de usar as verbas ao bel-prazer.

Professores em geral são idealistas, afinal, trabalhar por salários miseráveis exige dedicação de fundo ideológico. No governo Lula, em 2008, foi instituído o Piso Salarial Nacional dos professores, na época R$ 950, e nos anos seguinte valorizou-se acima da inflação. Para 2015 deve passar de R$ 1900, crescendo mais de 13% em relação a 2014. Ainda está abaixo do Salário Mínimo Necessário calculado pelo DIEESE, que para novembro foi de R$ 2.923,22, mas é muitas vezes maior que o pago por prefeituras há alguns anos, que era da ordem de R$ 100.

Haverá mais recursos via fundos do pré-sal. Se o governo apontar para aumentos de remuneração, encarreiramento e treinamento contínuos, haverá maior atratividade da profissão de professor, de pedagogo, etc. A melhoria da qualidade também exigirá mais profissionais, fortalecendo a categoria, que por sua vez poderá reivindicar mais, exigir melhores condições de trabalho, etc.

Dinheiro e disposição política estão aí. Aí vem as perguntas mais difíceis : que educação queremos, formadora e transformadora ou meramente técnica focada no mercado de trabalho? O investimento será na educação pública ou também usará a estrutura particular? Essa é uma discussão que já deveria ter sido feita desde que se anunciou a constituição do fundo do pré-sal. 

Cultura também complementa a educação. Há programas em andamento que democratizam acessos, mas não interligam educação e cultura, que já fizeram parte de um único ministério. Temos hoje livros caríssimos comparados a países. Se reduzimos IPI para carros, porque não isentar livros?  Ou produzir barato pela via estatal? Museus também precisam ser incentivados.

Dilma quer resultados. Mexer em educação básica faz o IDH crescer rápido. Por que não colocar à frente do ministério a pessoa que fez o IDEB (Indice de Desenvolvimento da Educação Básica) do Ceará ser o primeiro do norte/ nordeste, superar a meta e chegar à média nacional em 8 anos?

A escolha de Cid Gomes como gestor do principal projeto tem ônus e bônus. Diferentemente do irmão Ciro, Cid conseguiu estabelecer coalizão com o PT no seu mandato de governador. Igual ao irmão, não tem muito tato para tratar com movimentos sociais, indispondo-se com professores e sendo acusado de não cumprir a Lei dos Pisos, encarreiramentos, etc. E de fazer a educação voltada para atender ao mercado. Por outro lado é um gestor com semelhanças de perfil com Dilma. Ou seja, é do estilo "rolo compressor". Se derem a ele uma meta com certeza lutará por ela, a ferro e fogo.

A mídia bandida partidária oposicionista está apostando fichas no desmonte de Cid Gomes e, a partir daí, na destruição da bandeira do governo Dilma. Vai provocá-lo em busca de destempero pessoal. Vai fazer séries de matérias mostrando escolas em péssimo estado, crianças sem aulas, exigindo ações instantâneas impossíveis de serem feitas para em seguida dizerem que a meta é uma farsa.  Vai abrir amplos espaços a opositores de esquerda do movimento sindical e partidos que disputam hegemonia com o PT para que se faça toda e qualquer crítica. Continuará escondendo os fracassos das administrações que apostam na privatização da educação pública, sucateiam universidades, etc.

Não deverão lograr sucesso. Cid Gomes é macaco velho. Conheci sua capacidade administrativa ainda como prefeito de Sobral, revolucionando a cidade. Engenheiro Civil, anos-luz distante de seu irmão em educação e bom-senso, Cid não é um alvo fácil. Conseguiu reduzir resistências no PT do Ceará ao seu nome e até cooptar algumas lideranças. A estupidez da mídia poderá torná-lo um boi de piranha, ou seja, enquanto polemizam com ele, o governo ataca em outras frentes. 

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