quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

YOUTROUXA 0121 : "Jean Willis, um ex-BBB, quer mandar no seu útero no parto"

Deturpação preconceituosa do projeto de Jean Willys que circula nas redes sociais
O ruim para a maioria das pessoas desinformadas é receber primeiro a notícia distorcida e carregada de preconceitos e, às vezes, ver depois a notícia real. É o caso do debate sobre o absurdo índice de partos cesáreos no Brasil. Uma distorção que traz lucros e comodidades para alguns, mas cria problemas adicionais para mães e filhos em relação ao parto normal. Na rede privada 84% dos partos são cesáreos, contrariando a recomendação da Organização Mundial de Saúde que considera razoável 15% de cesáreas.

A Agência Nacional de Saúde tenta alarmar a sociedade para esse problema e o deputado federal Jean Willis (PSOL-RJ) apresentou  na Câmara Federal o projeto de lei 7633/14 , que dispõe sobre os direitos da mulher durante a gestação e o parto – inclusive nos casos de aborto – e as obrigações dos profissionais de saúde. Trata também dos direitos do feto e do recém-nascido.

Pelo projeto, toda gestante tem direito à informação e à escolha. Desde a descoberta da gravidez, a mulher fará jus à elaboração de um plano individual de parto. Nesse documento, ficarão registradas todas as suas opções, como as equipes de acompanhamento, sempre que possível, o tipo de parto que prefere e o local onde quer que ocorra. Qualquer alteração no plano deverá ser anotada no prontuário pelo médico responsável com a justificativa clínica da mudança.

A grávida também poderá contar com um acompanhante durante todo o processo. Terá ainda o direito de contratar profissional auxiliar de parto que será autorizado a executar ações suplementares às equipes da unidade de saúde.

Um ponto que contraria em especial os defensores do parto cesáreo indiscriminado é a definição de "violência obstetrícia".
Como violência obstétrica, a proposta de Jean Wyllys define atitudes como “tratamento desumanizado, abuso de medicalização e patologização de processos naturais, que causem a perda de autonomia e da capacidade das mulheres de decidir livremente sobre seus corpos e sua sexualidade”.

O projeto também elenca uma série de condutas consideradas ofensas verbais ou físicas, como ironizar ou constranger a mulher devido a fatores como religião, cor, nível educacional ou orientação sexual. Preterir e ignorar queixas e solicitações da grávida também fazem parte dessa lista. Realizar cesariana sem indicação clínica real ou submeter a mulher a procedimentos invasivos desnecessários ou humilhantes também constam como formas de ofensas.

Tentar desqualificar o deputado Jean Willys como se um ex-BBB não pudesse pensar e propor uma lei é o método para acabar com o debate sem que sequer se tome ciência do que propõe. Tem o direito de apresentar projeto e de levá-lo à discussão. O que não se pode admitir é que o poder de mídia do lobby dos donos de hospitais privados reproduza apenas seus pontos de vista, fazendo todo mundo de trouxa com as manipulações. 

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