segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

DF : A vergonha de Prudente

Ontem um grupo de manifestantes que pede a punição dos envolvidos no escândalo do Panetone foi à pacata rua onde reside o presidente da Câmara Distrital, Leonardo Prudente, e fez uma manifestação em frente à casa dele. As cercas elétricas de segurança viraram um varal onde se jogaram cuecas e meias, em alusão à sua atitude flagrada em vídeo colocando dinheiro de natureza duvidosa nessas peças de roupas.


Nunca tinha visto alguém do poder ser apurrinhado em casa, onde moram esposa e filhos. Em geral as casas dos políticos são inacessíveis, como a Casa da Dinda, do Collor, que além da muralha tinha um imenso jardim escondendo as edificações. O mesmo acontece nos palácios da Alvorada e do Buriti, residências do presidente e vice-presidente da república, na Granja do Torto, também da presidência, e na residência oficial do governador do DF, que fica em Águas Claras. Nas imagens da TV, vizinhos acompanhavam com palmas os coros entoados pelos manifestantes.

Fico imaginando se isso fosse comigo. Como poderia sair à rua, esposa, sendo visto por todo mundo como bandido, odiado por ser pilhado e mostrado em imagens inegáveis recebendo dinheiro e enfiando-o na roupa? E meus filhos e esposa, apontados na escola, no trabalho, na rua, como parentes do homem do dinheiro na cueca e na meia? E, pior, apesar de tudo isso, como me sentiria passando por cima de tudo como se nada tivesse acontecido e reassumindo o cargo de presidente de uma Câmara Legislativa com a função de instalar as Comissões Parlamentares de Inquérito para apurar denúncias de corrupção contra mim e os meus parceiros?

Nos Estados Unidos, na Inglaterra e outros países onde a população é mais exigente em relação aos políticos, coisas bem menores que as que envolvem Prudente são motivo de imediata entrega do cargo, pedido público de desculpas, confissões de culpa e fim de carreira política, isso se não rolar uma cadeia no meio. No Japão, políticos em situação de desonra aqui e ali tiram suas próprias vidas. No presente caso, infelizmente, o que pode acontecer é o político vender a casa e se mudar para outro lugar mais distante do julgamento público. Será que esses caras não têm um pingo de vergonha?


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