Neste dia de luto pelos 47 do golpe militar de 1964, nada como o deputado federal Jair Bolsonaro estar na berlinda por declarações racistas e homofóbicas. Sua truculência discriminatória traz à lembrança os discursos e práticas daqueles que golpearam o estado e instalaram um regime corrupto, elitista e principalmente violento. Não é à toa que Bolsonaro faz apologia do regime militar, não apenas por ser da tropa, mas porque tem identidade com tudo de ruim que a ideologia direitista pode oferecer.
A sociedade pede a punição a Bolsonaro, e em sua defesa emergem das sombras, em blogs e opiniões em sites, os ogros covardes que fogem da punição por seus crimes. São os que combatem a criação da Comissão da Verdade, que o governo pretende instalar para trazer à luz os crimes cometidos à sombra do estado na ditatura e os seus responsáveis, para que se reponha a verdade à história.
Bolsonaro não participou do golpe, tinha 12 anos em 1964, mas entrou nas forças armadas na era do AI-5, o golpe dentro do golpe, onde começou o vale-tudo. Bebeu da ideologia vigente, e hoje é um dos seus propagadores. Assim como ele, muita gente faz isso, formando novos pequeno-ditadores, porque ninguém disse que certas práticas são criminosas e porque ninguém foi punido.
A nova geração de militares não tem nada a ver com isso, mas ouve nos quartéis o velho discurso fascista. Nos últimos 25 anos sem ditadura muita gente já entrou e saiu, não participou de nada, mas acha que tudo foi correto. Quem cometeu os crimes está de pijama, e não pode contaminar o pensamento democrático pregando um poder acima das instituições e da própria sociedade. As caras têm que ser mostradas. Santos e milagres têm que ser conhecidos, mesmo que a turma do "deixa disso" alegue que a Lei da Anistia premia a impunidade.
O governo Dilma tem sido tímido na busca da verdade, apesar dela própria ter sido uma vítima dos criminosos do regime militar. Enquanto não se toma uma atitude de apurar os fatos doa a quem doer, associações de militares se dão ao desaforo de dizer que o movimento de 1964 foi uma "resposta à baderna". 47 anos depois, as sombras ainda ameaçam a sociedade.
Na Argentina, os governos democráticos não deixaram barato. O ex-ditador Videla foi condenado á prisão perpétua, registros de candidaturas são negados a criminosos da ditatura, e 486 assassinos e seus comparsas já foram condenados. Os governo de lá não tiveram medo de um novo golpe, investigaram e puniram os responsáveis pelas torturas, mortes e desaparacimentos do período militar. Pessoas eram jogadas de aviões em pleno oceano, ou mortas em centros de tortura, como a Escola da Armada.
Por lá, pelo menos, a lição foi aplicada democraticamente e servirá de alerta para não mais se repitam aventuras ditatoriais. Por aqui, até que alguém tenha a coragem de afirmar o poder da democracia sobre a tirania, viveremos o medo do retorno desses bichos-papões.
VALEU FERNANDO BRANQUINHO; EU TINHA 13 ANOS EM 1.964; NASCI EM ABRIL/1.951 E EMBORA JOVEM NUNCA COMPACTUEI COM AQUELAS IDÉIAS. E TEM GENTE ATÉ OS DIAS DE HOJE QUE GOSTARIAM QUE A DITADURA "VOLTASSE"E ATÉ ACHO QUE VOCÊ DEVE CONHECER MUITAS DELAS.
ResponderExcluirACHO ATÉ QUE O POVO BRASILEIRO NÃO SABE VIVER EM LIBERDADE; POIS VEJA O MAU EXEMPLO DA CLASSE GOVERNANTE ; SEJA QUE ESTADO OU MUNICÍPIO SEJA NESTE PAIS.
E OS REPRESENTANTES FEDERAIS NÃO DÁ NEM PARA FALAR; ANTES DE ASSUMIR GANHAM OU AUMENTAM SEUS PRÓPRIOS SALÁRIOS ; VERDADEIRA VERGONHA OU SEJA ABSURDO E PIOR AINDA NÃO TRABALHAM E PIOR TAMBÉM AINDA NÃO RESOLVEM NADA. MAS O POVO ESTÁ ANESTESIADO POR TANTA COISA BOA .!
Muito bom Branquinho. Espero que as Forças Armadas sejam cada vez mais profissionalizadas e especializadas, e que fique clara para elas qual a sua missão real, que é a proteção da integridade do território brasileiro, contra inimigos externos. Que tirem da cabeça qualquer intenção de vigiar, policiar, ou reprimir, se inmiscuir nos assuntos internos da política nacional. Se Bolsonaro os representa, isso absolutamente ainda não ficou claro.
ResponderExcluirMelhor ainda que a solução argentina, foi a adotada na África do Sul, onde apesar de não ter havido condenações, toda a verdade teve que aflorar, através de Comissões de investigação da verdade, até os mínimos detalhes, para poder conceder as anistias, uma a uma. O objetivo era recuperar toda a verdade sobre a repressão e também sobre os atentados praticados pela insurreição, num espírito de reconciliação e perdão.
Um grande abraço,
Luiz Guilherme Mendes de Moraes
Concordo que o governo Dilma ainda é tímido. Como foi o governo Lula. Entretanto, este foi o primeiro ano que não houve "comemoração" do 31 de março.
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