sábado, 13 de março de 2010

Perder peso é fácil, difícil é mantê-lo baixo


Desde novembro de 2002 registro semanalmente meu peso, sempre aos sábados pela manhã, nas mesmas condições de roupa / jejum, anotando o valor e o que fiz na semana em termos de contenções ou de excessos, gerando o gráfico ao lado. Nele se pode constatar um "efeito sanfona" de grandes amplitudes. O ponto máximo da curva corresponde a 103kg, e o mínimo, a 80,5 kg. Há outros menores, de vários tamanhos, demonstrando que o emagrecimento é algo possível, mas a manutenção do peso num patamar baixo é muito difícil.


O método que adoto é muito parecido com o exibido ontem no Globo Repórter, que foca mais na consciência da qualidade de vida que em rígido acompanhamento de metas. O importante é a pessoa se sentir bem, e melhorar a saúde com uma alimentação menos agressiva. Não tem muito mistério: basta ter vergonha na cara, deixar de comodismo, e fazer algumas coisas simples, que os resultados aparecem. Saber optar entre um salgadinho frito e outra coisa sem fritura, ou entre uma bebida destilada e uma cerveja. O fundamental é ter elementos para embasar as decisões que serão necessárias em todo o processo.

Os elementos técnicos dizem respeito às características dos alimentos. Saber quantas calorias por grama os grupos alimentares tem, estimar os pesos, fazer contas. Para quem não tem força de vontade, o método do Vigilantes do Peso parece ser o mais adequado, pois há a cobrança periódica das atitudes, e a tabela de pontos vai no rumo da contabilidade das necessidades diárias de alimentos. O melhor é procurar um nutricionista que oriente tanto nas quantidades como no balanceamento de nutrientes, e não fazer essas coisas empíricas que faço.

Toda vez que emagreci fiz o acompanhamento científico das variáveis que modelam o peso, chegando ao nível de precisão da pesagem de cada alimento e da contabilização das suas calorias em planilhas com totais diários, e comparação com a demanda conforme o nível de atividade, resultando em superávit ou déficit calórico. Resumindo: sabia todo dia se tinha excedido a quantidade de calorias necessárias, aumentando o peso, ou se havia ingerido menos calorias que a necessidade calculada. Botei uma meta de déficit de 1000 calorias diárias e passei a perder na base de 1kg por semana. No gráfico há uma grande queda, de 101,8 kg para 80,5 kg, perdendo 21,3 kg em sete meses, média de uns três por mês. Sempre que quis perder peso usei esse método, com sucesso, que se resume a fechar a boca.

Não foi difícil, mas a idéia de perder peso se tornou uma obsessão, e a vida passou a girar em torno dos números anotados, dos resultados gerados e das análises. Caminhadas de 6 km diárias passaram a ter por meta a redução do tempo de percurso, também anotados. Passei a ser um estraga-prazeres nas festas, apontando os vilões das calorias. Contaminei gente ao meu redor com a neurose do emagrecimento. Essa necessidade de auto-afirmação sempre pesou a cada emagrecimento, e as coisas degringolavam a cada relaxamento, na crença da nova consciência adquirida ser suficiente para manter o peso na baixa. Isso dura umas 3 semanas, e ao acabar, tudo volta a ter sabor e ser muito bom de comer de tudo em quantidades grandes, e lá vai o peso de novo para cima.

Queria uma tomada de consciência como a de parar de fumar. Há quase 20 anos não fumo, e quando parei levei mais uns dois comigo, porque o ex-fumante é uma mala sem alça militante. Eu mesmo parei por conta de uns malas meus colegas, e porque me fazia muito mal, mas essa consciência não é suficiente para parar o vício. Se fosse assim, nenhum médico fumava. Passado algum tempo, o cigarro e o hábito de fumar se tornaram algo distante dos pensamentos. Por um tempo via uma pessoa fumando e ficava com pena dela estar jogando a vida fora. Hoje é indiferente. O equivalente seria olhar para um obeso e pensar no colesterol, nos triglicérides, no enfarto, no diabetes, e fortalecer a consciência com isso. A dificuldade é que, ao invés do cigarro, que só traz doenças, mau cheiro e enriquecimento para os fabricantes, a comida é uma coisa muito boa, saudável, prazerosa, e fica muito difícil botar a culpa ou ver perigos num sorvete, num bolo, numa cerveja e/ou em tudo junto.



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