terça-feira, 5 de março de 2013

Rio : Chuvas e sirenes

Já peguei tempestades sinistras no Rio, mas a de hoje teve as sirenes do "estado de atenção" como um fator adicional ao estresse. Choveu muito. Pela janela via um carro lentamente sendo arrastado para a frente do portão da minha garagem pela correnteza da rua. Nunca tinha visto isso. Os trovões pareciam um bombardeio, fora os relâmpagos que pareciam iluminar toda a casa, pois apaguei luzes e desativei os circuitos de tomadas onde estão os aparelhos eletrônicos.

Nesta hora penso nos pára-raios, aqueles sempre esquecidos instrumentos de defesa contra descargas elétricas que ninguém pensa em dar manutenção. O prédio é construído, o pára-raios é colocado, uma luz vermelha para indicar obstáculo, e pronto. Dificilmente alguém mede as resistências das hastes nos anos seguintes. Creio que nem quando são colocados. Se a resistência não for extremamente baixa, de nada adianta.

Outro mito é o da cobertura do pára-raios sobre toda a região. Tem um prédio de 6 andares (uns 24 m na altura do pára-raios) próximo à minha casa. Para simplificar o cálculo da zona de proteção considero o raio de cobertura como a altura da haste do pára-raios tipo Franklin, ou seja, um círculo com centro na projeção da torre e 24 m de raio. Pelo Google Earth vejo que a minha casa está a mais de 30 m, ou seja, totalmente fora da proteção. Pior: tem 4 árvores que passam da altura do telhado.

Enquanto escrevo as sirenes continuam. A rua parece um rio há quase meia hora. Mais raios, mais trovões. Ouço ao longe o que parece ser um alto-falante com uma mensagem que se repete. Minha casa fica a 400m da base do morro, distância suficientemente segura para qualquer tipo de deslizamento. Imagino: se eu estou preocupado dentro de uma sólida casa de alvenaria, alta em relação à rua (se um dia a água chegar ao primeiro degrau da escada, o Rio já era), o que se dirá de alguém numa casa precária, na beira de um abismo, enfrentando goteiras, água passando por dentro da casa, ouvindo aquela sirene e as mensagens bem de perto? Será que realmente abandonam tudo e saem correndo para algum tipo de abrigo?

O fato é que depois da tragédia de Friburgo, Petrópolis e Teresópolis há um ano resolveram botar esses sistemas de alerta como forma de dizer que algo foi feito, mas será que combinaram com a população o que fazer em caso de emergência? Tomara que sim. O fato é que agora a chuva parou e as sirenes também. Pelo volume de água que caiu, será que se julgou que as encostas estão seguras? Tenho minhas dúvidas. 

2 comentários:

  1. Se você não quer outra noite como essa no rio, assine e espalhe.

    http://www.avaaz.org/po/petition/Obrigatoriedade_de_uso_de_porcentagem_minima_do_dinheiro_publico_em_cada_das_quatro_areas_mais_importantes/

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    1. Caro Bunito, toda iniciativa para destinar dinheiro público ao bem-estar é válida, razão pela qual divulguei o abaixo-assinado, mas não me satisfaz. Primeiro, porque se contabilizarmos tudo que é gasto com saúde, educação, segurança e habitação, já se gasta mais de 50% (pelo menos nas despesas), porque há folhas de pagamento, despesas de manutenção, etc. Também não adianta destinar 50% a certas áreas porque a corrupção não será estancada com essa obrigatoriedade.

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