quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

30 anos de PT, o partido que mudou a história do Brasil

Hoje alguns comemoram a criação do PT há 30 anos. Resultado de uma ousada e democrática fusão de movimentos, tendências e pequenos partidos de esquerda, o PT surgiu como uma nova forma de organização, democrática nas suas instâncias a começar pelos núcleos, independente da burocracia estalinista que dominava a esquerda através dos partidos ditos comunistas, e com forte base no movimento operário e camponês. Num de seus primeiros documentos condenava a ditadura estalinista polonesa e apoiava o movimento Solidariedade, demarcando com a esquerda tradicional pró-soviética.

Hoje também outros espumam de raiva contra a criação do PT há 30 anos, por motivos que vão da criação de massa crítica entre os mais pobres contra a exploração do capital, à rejeição a um governo que, por mais que nós da esquerda critiquemos como reformista, centrista e de colaboração com o capital, é herético ao redistribuir renda, construir a soberania nacional com projeção externa, fortalecer o estado contra a dilapidação neoliberal, e criar oportunidades a quem antes estava fadado à vida sem opções de melhoria.

O PT, em pouco tempo, tinha a cara das greves e das lutas no campo contra o latifúndio. O petista era o chato, o que cobrava as coisas certas e combatia as coisas erradas. Propositalmente, o partido era "dos trabalhadores", da classe trabalhadora, antagônica à classe patronal, que tinha os partidos tradicionais. Era o "partido sem patrões". A estrela vermelha impôs o respeito a quem antes era desprezado nos grandes acordos das elites. O militante equivalia a "mil e tantos", e era o elemento-chave para o desdobramento das ações partidárias que multiplicaram o PT rapidamente por todo o país, com presença em prefeituras e legislativos sempre crescente.

Reconhecido pela sua vitalidade na condução das lutas contra a ditadura, que estava nos seus momentos finais mas não menos forte, como na condução da luta de classes, presente em sindicatos e oposições e depois na fundação da CUT, o PT até hoje é hostilizado pela direita, mesmo abrindo mão de várias de suas bandeiras mais radicais e do expurgo de diversos grupamentos de esquerda, que vieram a constituir o PSTU, o PCO, o PSOL e outras pequenas legendas. Não fosse o episódio do mensalão, que criou a oportunidade para a direita difundir uma imagem corrupta nivelando o partido aos demais, o PT hoje seria um partido fortíssimo.

Apesar de toda a guinada à direita, no rumo da social-democracia, o PT ainda tem força suficiente para dominar o movimento social organizado, constituindo-se no principal trunfo para que Lula governasse praticamente sem contestação, já que a direita não tem base social capaz de mobilizar amplas massas, preferindo as investidas golpistas. Nos 7 anos de governo Lula, o PT freiou o movimentos sindical e os demais movimentos sociais, impedindo o avanço de reivindicações mais radicais, e cedendo espaços à manutenção de grupamentos políticos tradicionalmente corruptos no poder. Esse foi o diferencial de Lula com o apoio do PT: governar abafando a luta de classes, num pacto social implícito.

Na falta de opção, e por considerar que política não se faz em mesa de boteco, nem na crença em utopias dependentes de um messias que libertará os oprimidos, continuo filiado ao PT, como um inquilino chato e indesejável, cobrando atitudes coerentes com o que pretendemos na sua fundação. Para ver o que era o PT nas origens, reproduzo a Carta de Princípios publicada em 1° de maio de 1979, antes do Manifesto de Fundação, de 10/02/80, disponíveis no site do partido, um documento histórico que mostra a conjuntura onde tudo começou:

"Carta de Princípios

A idéia da formação de um partido só dos trabalhadores é tão antiga quanto a própria classe
trabalhadora.
Numa sociedade como a nossa, baseada na exploração e na desigualdade entre as classes,
os explorados e oprimidos têm permanente necessidade de se manter organizados à parte,
para que lhes seja possível oferecer resistência séria à desenfreada sede de opressão e de
privilégios das classes dominantes.
Mas sempre que as lideranças dos trabalhadores e oprimidos se lançam à tarefa de construir
essa organização independente de sua classe, toda sorte de obstáculos se contrapõe a seus
esforços.
Essa situação vivida milhares de vezes em todos os países do mundo vem acontecendo
agora no Brasil. Começando a sacudir o pesado jugo a que sempre estiveram submetidos,
os trabalhadores de nosso país deram início, em 12 de maio do ano passado (greve da
Scania), a sua luta emancipadora. Desde então, o operariado e os setores proletarizados de
nossa população vêm desenvolvendo uma verdadeira avalanche pela melhoria de suas
condições de vida e de trabalho. A experiência dessas lutas tem como resultado um visível
amadurecimento político da população trabalhadora e o crescimento, em quantidade e
qualidade, de suas lideranças.
Esse rápido amadurecimento político pode ser visto claramente no aprimoramento das
formas de luta de que os trabalhadores têm lançado mão. O início das lutas é marcado por
um período de greves brancas nas fábricas. Já os embates mais recentes, dos quais a greve
geral metalúrgica do ABCD é o melhor exemplo, mostram a retomada, em toda a linha, das
formas clássicas de luta: grandiosidade das assembléias gerais, a ação decisiva dos piquetes
e dos fundos de greve.
Os trabalhadores entenderam ao longo desse ano de lutas que suas reivindicações mais
sentidas esbarravam em obstáculos cada vez maiores, e é por isso, dialeticamente, que vão
sendo obrigados a construir organizações cada vez mais bem articuladas e eficazes.
Diante da força da greve do ABCD, os patrões e o governo precisaram dar-se as mãos para
impedir o fim da política do arrocho salarial e o fim das estruturas semifascistas que
tangem nossos sindicatos. Os patrões usam de todos os meios a seu alcance para quebrar a
unidade dos trabalhadores, ao mesmo tempo em que se recusam a reconhecer os acordos
obtidos no período das greves fabris. O governo desencadeia sua repressão: os sindicatos
são invadidos e suas direções destituídas oficialmente, enquanto nas ruas a polícia persegue
os piquetes e tenta impedir, pela violência, que os trabalhadores consigam local para se
reunir.
Por seu lado, o apoio que os metalúrgicos conseguem dos demais trabalhadores, embora
seja suficiente para impedir que a repressão se aprofunde e faça produzir um recuo parcial,
carece de maior conseqüência, devido, é claro, não à inexistência de um espírito de
solidariedade, mas sim devido às limitações do movimento sindical e à inexistência de sua
organização política. Tanto isso é verdade que as lideranças da greve são obrigadas a se
escorar no apoio, muitas vezes duvidoso, de aliados ocasionais, saídos do campo das
classes médias e da própria burguesia.
Não puderam os trabalhadores expressar de modo mais conseqüente todo o seu apoio aos
grevistas do ABCD, e essa impotência tenderá a continuar enquanto eles mesmos não se
organizarem politicamente em seu próprio partido.
É por isso que a idéia de um partido dos trabalhadores, ressurgindo no bojo das greves do
ano passado e anunciado na reunião intersindical de Porto Alegre, em 19 de janeiro de
1979, tende a ganhar, hoje, uma irresistível popularidade. Porque se trata, hoje, mais do que
nunca, de uma necessidade objetiva para os trabalhadores.
Cientes disso também é que setores das classes dominantes se apressam a sair a campo com
suas propostas de PTB. Mas essas propostas demagógicas já não conseguem iludir os
trabalhadores, que, nem de longe, se sensibilizaram com elas. Esse fato comprova que os
trabalhadores brasileiros estão cansados das velhas fórmulas políticas elaboradas para eles.
Agora, chegou a vez de o trabalhador formular e construir ele próprio seu país e seu futuro.
Nós, dirigentes sindicais, não pretendemos ser donos do PT, mesmo porque acreditamos
sinceramente existir, entre os trabalhadores, militantes de base mais capacitados e
devotados, a quem caberá a tarefa de construir e liderar nosso partido. Estamos apenas
procurando usar nossa autoridade moral e política para tentar abrir um caminho próprio
para o conjunto dos trabalhadores. Temos a consciência de que, nesse papel, neste
momento, somos insubstituíveis, e somente em vista disso é que nós reivindicamos o papel
de lançadores do PT.
O povo brasileiro está pobre, doente e nunca chegou a ter acesso às decisões sobre os
rumos do país. E não acreditamos que esse povo venha a conhecer justiça e democracia sem
o concurso decisivo e organizado dos trabalhadores, que são as verdadeiras classes
produtoras do país.
É por isso que não acreditamos que partidos e governos criados e dirigidos pelos patrões e
pelas elites políticas, ainda que ostentem fachadas democráticas, possam propiciar o acesso
às conquistas da civilização e à plena participação política a nosso povo.
Os males profundos que se abatem sobre a sociedade brasileira não poderão ser superados
senão por uma participação decisiva dos trabalhadores na vida da Nação. O instrumento
capaz de propiciar essa participação é o Partido dos Trabalhadores. Iniciemos, pois, desde
já, a cumprir esta tarefa histórica, organizando por toda parte os núcleos elementares desse
partido.
1. A sociedade brasileira vive, hoje, uma conjuntura política altamente contraditória e, sob
muitos aspectos, decisiva quanto a seu futuro a médio e longo prazos.
Vista do ângulo dos interesses das amplas massas exploradas, desde sempre marginalizadas
material e politicamente em nosso país e principais vítimas do regime autoritário que vigora
desde 1964, a conjuntura revela tendências extremamente promissoras de um futuro de
liberdades e de conquistas de melhores condições de vida. Dentre as tendências auspiciosas,
destaca-se a emergência de um movimento de trabalhadores que busca afirmar sua
autonomia organizatória e política face ao Estado e às elites políticas dominantes.
Esse é, sem dúvida alguma, o elemento inovador e mais importante da nova etapa histórica
que se inaugura no Brasil, hoje.
Contudo, a par dos dados auspiciosos da conjuntura política, coexistem também perigosos
riscos, que podem levar as lutas populares a novas e fragorosas derrotas. Aqui, cabe
destacar que o processo chamado de abertura política está sendo promovido pelos mesmos
grupos que sustentaram e defenderam o regime hoje em crise.
Com a evidente exaustão de amplos setores sociais com o regime vigente no país e com a
crise econômica que abalou a estabilidade dos grupos dominantes que controlam o aparelho
de Estado, os detentores do poder procuram agora, e até este momento com relativo êxito,
reformar o regime de cima para baixo. Vale dizer, pretendem reformar alguns aspectos do
regime, mantendo o controle do Estado, a fim de evitar alterações no modelo de
desenvolvimento econômico, que só a eles interessa e que se baseia, sobretudo, na
superexploração das massas trabalhadoras, através do modelo econômico do qual sobressai
o arrocho salarial.
Já está demais evidente que o novo governo militar pretende manter a continuidade dessa
mesma política econômica ditada pelo capital financeiro internacional, agravada agora
pelos planos de austeridade e recessão que já se esboçam. Isso significa que o sofrimento, a
miséria material e a opressão política sobre a população trabalhadora tenderão a se manter e
aprofundar.
O que significa Estado de Direito com salvaguardas? O que pretendem com anistia restrita?
O que visam com a propalada reforma da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] e a da
Lei de Greve, urdidas secretamente? Qual o sentido da diminuição das penas previstas na
Lei de Segurança Nacional e da preservação do espírito que informa essa mesma Lei?
Esses e tantos outros fatos indicam que o regime busca reformar-se tentando atrair para seu
campo de apoio setores sociais e segmentos políticos oposicionistas, com vista a impedir
que as massas exploradas explicitem suas reivindicações econômicas e sociais e, o que é
mais importante, sua concepção de democracia.
Em poucas palavras, pretendem promover uma conciliação entre os de cima, incluindo a
cúpula do MDB, para impedir a expressão política dos de baixo, as massas trabalhadoras do
campo e da cidade.
2. Essas afirmações não ignoram o fato de que o MDB foi utilizado pelas massas para
manifestar eleitoralmente seu repúdio ao arbítrio. Tampouco pretendem ignorar a
existência, entre seus quadros, de políticos honestamente comprometidos com as lutas
populares.
Isso, no entanto, não pode impedir e não nos impede de apontar as limitações que o MDB –
partido de exclusiva atuação parlamentar – impõe às lutas populares por melhores
condições de vida e por um regime democrático de verdadeira participação popular.
O MDB, por sua origem, por sua ineficácia histórica, pelo caráter de sua direção, por seu
programa pró-capitalista, mas sobretudo por sua composição social essencialmente
contraditória, em que se congregam industriais e operários, fazendeiros e peões,
comerciantes e comerciários, enfim, classes sociais cujos interesses são incompatíveis e nas
quais, logicamente, prevalecem em toda a linha os interesses dos patrões, jamais poderá ser
reformado. A proposta que levantam algumas lideranças populares de “tomar de assalto” o
MDB é muito mais que insensata: é fruto de uma velha e trágica ilusão quanto ao caráter
democrático de setores de nossas classes dominantes.
Aglomerado de composição altamente heterogênea e sob controle e direção de elites
liberais conservadoras, o MDB tem-se revelado, num passado recente, um conduto
impróprio para expressão dos reais interesses das massas exploradas brasileiras. Está na
memória dos trabalhadores a conduta vacilante de parcelas significativas de seus quadros
quando da votação da emenda Accioly, da lei antigreve e de outras medidas de interesse
dos trabalhadores.
Apegado a uma crítica formalista e juridicista do regime autoritário, o MDB tem-se
revelado impermeável aos temas sociais e políticos que tocam, de fato, nos interesses das
massas trabalhadoras.
Amplos setores das elites políticas e intelectuais das camadas médias da população têm
afirmado que “não soou a hora” de se dividir a oposição articulada no interior do MDB,
afirmando que a democracia não foi ainda conquistada.
Rechaçamos com veemência tal argumento. Primeiro, porque em momento algum podemos
aceitar a subordinação dos interesses políticos e sociais das massas trabalhadoras a uma
direção liberal conservadora, de extração privilegiada economicamente. Segundo, porque
não podemos aceitar que a frente das oposições se mantenha à custa do silêncio político da
massa trabalhadora, único e verdadeiro sujeito e agente de uma democracia efetiva.
Tampouco consideramos que a existência de partidos políticos populares venha a contribuir
para romper uma efetiva frente da luta dos verdadeiros democratas. O PT considera
imprescindível que todos os setores sociais e correntes políticas interessados na luta pela
democratização do país e na luta contra o domínio do capital monopolista unifiquem sua
ação, estabelecendo frentes interpartidárias que objetivem conquistas comuns imediatas e
envolvam não somente uma ação meramente parlamentar, mas uma verdadeira atividade
política que abranja todos os aspectos da vida nacional.
3. O Partido dos Trabalhadores denuncia o modelo econômico vigente, que, tendo
transformado o caráter das empresas estatais, construídas pelas lutas populares, utiliza essas
empresas e os recursos do Estado, em geral, como molas mestras da acumulação capitalista.
O Partido dos Trabalhadores defende a volta das empresas estatais a sua função de
atendimento das necessidades populares e o desligamento das empresas estatais do capital
monopolista.
O Partido dos Trabalhadores entende que a emancipação dos trabalhadores é obra dos
próprios trabalhadores, que sabem que a democracia é participação organizada e consciente
e que, como classe explorada, jamais deverão esperar da atuação das elites privilegiadas a
solução de seus problemas.
O PT entende também que, se o regime autoritário for substituído por uma democracia
formal e parlamentar, fruto de um acordo entre elites dominantes que exclua a participação
organizada do povo (como se deu entre 1945 e 1964), tal regime nascerá débil e
descomprometido com a resolução dos problemas que afligem nosso povo e de pronto será
derrubado e substituído por novas formas autoritárias de dominação – tão comuns na
história brasileira. Por isso, o PT proclama que a única força capaz de ser fiadora de uma
democracia efetivamente estável é a das massas exploradas do campo e das cidades.
O PT entende, por outro lado, que sua existência responde à necessidade que os
trabalhadores sentem de um partido que se construa intimamente ligado com o processo de
organização popular, nos locais de trabalho e de moradia. Nesse sentido, o PT proclama
que sua participação em eleições e suas atividades parlamentares se subordinarão a seu
objetivo maior, que é estimular e aprofundar a organização das massas exploradas.
O PT não surge para dividir o movimento sindical, muito ao contrário, surge exatamente
para oferecer aos trabalhadores uma expressão política unitária e independente na
sociedade. E é nessa medida que o PT se tornará, inevitavelmente, um instrumento decisivo
para os trabalhadores na luta efetiva pela liberdade sindical.
O PT proclama também que sua luta pela efetiva autonomia e independência sindical,
reivindicação básica dos trabalhadores, é parte integrante da luta pela independência
política desses mesmos trabalhadores. Afirma, outrossim, que buscará apoderar-se do poder
político e implantar o governo dos trabalhadores, baseado nos órgãos de representação
criados pelas próprias massas trabalhadoras com vista a uma primordial democracia direta.
Ao anunciar que seu objetivo é organizar politicamente os trabalhadores urbanos e os
trabalhadores rurais, o PT se declara aberto à participação de todas as camadas assalariadas
do país.
Repudiando toda forma de manipulação política das massas exploradas, incluindo,
sobretudo as manipulações próprias do regime pré-64, o PT recusa-se a aceitar em seu
interior, representantes das classes exploradoras. Vale dizer, o Partido dos Trabalhadores é
um partido sem patrões!
As tentativas de reviver o velho PTB de Vargas, ainda que, hoje, sejam anunciadas “sem
erros do passado” ou “de baixo para cima”, não passam de propostas de arregimentação dos
trabalhadores para defesa de interesses de setores do empresariado nacional. Se o
empresariado nacional quer construir seu próprio partido político, apelando para sua própria
clientela, nada temos a opor, porém denunciamos suas tentativas de iludir os trabalhadores
brasileiros com seus rótulos e apelos demagógicos e de querer transformá-los em massa de
manobra para seus objetivos.
O PT não pretende criar um organismo político qualquer. O Partido dos Trabalhadores
define-se, programaticamente, como um partido que tem como objetivo acabar com a
relação de exploração do homem pelo homem.
O PT define-se também como partido das massas populares, unindo-se ao lado dos
operários, vanguarda de toda a população explorada, todos os outros trabalhadores –
bancários, professores, funcionários públicos, comerciários, bóia-frias, profissionais
liberais, estudantes etc. – que lutam por melhores condições de vida, por efetivas liberdades
democráticas e por participação política.
O PT afirma seu compromisso com a democracia plena, exercida diretamente pelas massas,
pois não há socialismo sem democracia nem democracia sem socialismo.
Um partido que almeja uma sociedade socialista e democrática tem de ser, ele próprio,
democrático nas relações que se estabelecem em seu interior. Assim, o PT se constituirá
respeitando o direito das minorias de expressar seus pontos de vista. Respeitará o direito à
fração e às tendências, ressalvando apenas que as inscrições serão individuais.
Como organização política que visa elevar o grau de mobilização, organização e
consciência de massas, que busca o fortalecimento e a independência política e ideológica
dos setores populares, em especial dos trabalhadores, o PT irá promover amplo debate de
suas teses e propostas de forma a que se integrem nas discussões:
• lideranças populares, mesmo que não pertençam ao partido;
• todos os militantes, trazendo, inclusive, para o interior do debate partidário proposições de
quaisquer setores organizados da sociedade e que se considerem relevantes com base nos
objetivos do PT.
O PT declara-se comprometido e empenhado na tarefa de colocar os interesses populares na
cena política e de superar a atomização e dispersão das correntes classistas e dos
movimentos sociais. Para esse fim, o Partido dos Trabalhadores pretende implantar seus
núcleos de militantes em todos os locais de trabalho, em sindicatos, bairros, municípios e
regiões.
O PT manifesta alto e bom som sua intensa solidariedade com todas as massas oprimidas
do mundo.
A Comissão Nacional Provisória
1º de Maio de 1979"

3 comentários:

  1. Caro Branquinho. Pena que para mim, o sonho acabou. Em 2005 escrevi e saiu no "Direto da Redação"
    Publicada em:10/08/2005


    O DESLUMBRAMENTO VENCEU A ESPERANÇA ( Isa Musa de Noronha )


    Assisti, recentemente pela TV Senado, ao pronunciamento do Senador Cristóvam Buarque. Quase cheguei às lágrimas. O Senador refletiu exatamente o meu sentimento. Nossa geração de esquerda está perdida. Foi jogada na lama por uma meia dúzia de iluminados do meu Partido, o PT.

    Essa meia dúzia de deslumbrados, despreparados, sem projeto, e, como não tinham projeto, deixaram que do âmago de suas imperfeições brotasse o pior dos monstros: a prepotência. Irmã gêmea do desmando, parente próxima da corrupção.

    Já no ocaso da vida, eu não terei mais tempo de começar outra vez a ajudar a construir um Partido. Entrando na "melhor idade", eu devo olhar para o passado para tentar entender porque razão um Partido que se fundou pela ética, pela luta, pela capacidade de indignar-se, resvalou na mesma lama dos partidecos oportunistas que sempre pontuaram na política nacional.

    E, olhando para o passado, tento ver adiante e procurar uma ponta da esperança que me foi roubada e, ao contrário do Senador Cristóvam, eu não vejo mais esperança. Lula e sua meia dúzia de iluminados conseguiram o impossível: destruir em poucos meses a esperança de 53 milhões de brasileiros. É o fim.

    Quando, meu Deus, quando poderemos outra vez sonhar? Desde 1500 aguardamos aquele governo que iria romper com as podres estruturas de poder. Aquele governo que seria a consecução dos ideais da Inconfidência Mineira, que seria a realização dos planos da Independência Nacional. Nada.

    Antes, podíamos dizer como o poeta Antonio Maria, éramos todos "brasileiros profissão esperança". Hoje, somos todos membros de uma impensável sociedade dos sonhadores mortos.

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  2. 30 anos de mudanças para NEGAR COMPLETAMENTE A PROPRIA CARTA DE PRINCÍPIOS! Hoje o PT é um dos maiores entraves na organização independente da classe trabalhadora e na construção de uma nova sociedade rumo ao socialismo.Tem gente que não enxerga e reforça a FARSA do governo Lula e seu partido conciliador e oportunista.
    Fernando Saraiva

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  3. Não por falta de opção, Branquinho.
    Eu não me canso de construir e buscar utopias.
    E me miro no exemplo de tant@s que não se cansaram de buscá-la.
    Por isso mesmo: porque não há Messias.
    A revolução não é um concentrado no tempo.
    É construída a cada dia.
    Sei que, infelizmente, o PT matou o sonho para muitos. O PT messianizou Lula, ainda messianiza.
    Como eu não espero o Messias, o fim do Messias para mim não matou minha utopia.
    É cada homem e cada mulher que busca o novo, que inventa o novo, que se reiventa.
    Eu não me conformo e sigo adiante.
    Ainda aposto nas próximas gerações.
    Como alguém que, para mim, tem sido um exemplo admirável de juventude: Plínio de Arruda Sampaio.
    Não um messias, mas alguém que se põe a serviço.
    Que, apesar da idade, apesar das decepções, das derrotas, insiste.
    Mais melhor ainda: como @s anônimos da história.
    Como o operário em construção aprendendo a dizer não.

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