quarta-feira, 1 de julho de 2009

Fora Sarney VII - Ato público no Congresso

As 70 pessoas que compareceram ao Congresso Nacional agora há pouco para pedir a saída de Sarney certamente não serão as responsáveis pela sua desejável renúncia ou licença, mas tiveram a sensação de terem feito algo para isso, permitindo que outras coisas se sucedam e aumentem de intensidade. Minha curiosidade estava na organização do evento pelo sistema de mensagens Twitter, e, de fato, as pessoas com quem conversei disseram que compareceram articuladas por ele.

Não havia lideranças. Aqui e ali as pessoas se organizavam em torno da equipe do programa CQC, das redes de TV que filmavam, do bandeirão do Brasil e de alguns cartazes. Foi difícil o trabalho de reportagem, pois normalmente visam os líderes para entrevista. Não havia megafone, carro de som, nada: só o gogó!

De mais velhos por lá só tínhamos eu e a minha mulher. Claro, também os repórteres, câmeras e os "personal policemen", já que tinha mais polícia que manifestante. Eles não se envolveram, apenas se deslocaram para barrar eventual invasão do Senado pelo grupo. Também estavam lá os famosos olheiros infiltrados, procurando informações e batendo fotos.

Na minha experiência de movimentos sociais nunca vi nada parecido. Em geral, os atos políticos têm uma ordem, um esquema conhecido. As palavras de ordem de hoje eram "Sarney, ladrão, político sem noção". Também faltaram coisas essenciais, como faixas dizendo o que a gente fazia ali.

Descemos com a bandeira até a beira do lago que protege a rampa do Congresso. Isso no escuro, já que o local não tem iluminação, daí as fotos precárias. De lá, subimos para a pista, e toda vez que o sinal em frente ao Ministério da Justiça fechava, todo mundo corria para a faixa de pedestres e gritava "Fora Sarney", o que era acompanhado pelo côro de buzinas dos carros, que certamente era ouvido lá do Senado.

Presenciei um diálogo interessante entre um ativista e o pessoal da Juventude do PDT. O rapaz pediu a eles para não colocarem a bandeira do partido na frente das filmagens, já que o movimento era apolítico. Não foi atendido, mas a preocupação demonstra que esse tipo de ato não comporta os esquemas partidários tradicionais, de aparelhar o ato e promover candidatos embrionários "dos jovens".


Uma das fotos mostra um repórter do Estadão sentado no chão, como um escriba do século XXI, fazendo o "upload" da matéria possivelmente para o site do jornal. Notícia instantânea! E boa parte da turma estava fazendo filmagens para o Youtube com certo grau de organização e equipamentos. Quanto aos resultados, esperamos que Sarney entregue o cargo após conversar com Lula nesta quinta. Até o PT já disse "pede prá sair" a ele.










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