segunda-feira, 20 de julho de 2009

Os 40 anos da incrível viagem à Lua


Até hoje há quem diga que foi tudo armação, com cenários de estúdio e muita propalação de uma superioridade tecnológica americana na corrida espacial disputada contra a União Soviética, e que a Apolo 11 não teria chegado à Lua. No simbolismo ideológico, significaria a vitória do capitalismo sobre o comunismo. Como a URSS não contestou nada, e, caso tenham ocorrido de fato, tais missões devem haver vários equipamentos deixados por lá, fico com a possibilidade da incrivelmente incipiente engenharia da época ter realizado o "grande passo para a humanidade", como disse o astronauta Neil Armstrong, da Apolo 11, o primeiro a pisar o solo lunar há exatos 40 anos.

Nasci poucos meses antes da URSS lançar o primeiro artefato a orbitar a terra, o Sputnik, em 4 de outubro de 1957. Antes que os americanos contabilizassem o fato, a União Soviética mandou o primeiro ser vivo ao espaço, a cadela Laika, e em 12 de abril de 1961, mandou o primeiro homem ao espaço, o astronauta Yuri Gagarin. Esta goleada dos comunistas, somada ao fracasso do ataque de mercenários e da CIA na tentativa de golpear o recente regime de Fidel Castro em Cuba e à suspeita do uso militar do programa espacial pelos russos, o então presidente americano John Kennedy, em maio de 1961, fez um discurso inflamado lançando à nação o desafio de chegar à Lua antes do fim da década. Com fartas verbas, a NASA tocou o Projeto Apollo no prazo.

A direção técnica do projeto coube ao engenheiro alemão Werner Von Braun, que já havia desenvolvido os sistemas de propulsão e direção dos mísseis V1 e V2 para os nazistas na segunda guerra mundial. A engenharia aprimorou as técnicas de gerenciamento PERT/CPM, além dos sistemas de computação e navegação, combustíveis, telemetria, materiais e diversos subprodutos no curto espaço de tempo de 8 anos.
No fim de 1972, a Apolo 17 voltou à Terra na última missão do programa. Tirando a Apolo 13, que teve problemas e sua tripulação não chegou a alunissar, foram 12 pessoas que caminharam no solo lunar, inclusive num jipe especialmente construído para a missão. Visitei o Centro Espacial Kennedy, em 1997, onde pude ver que as vedações da cápsula, por exemplo, não eram muito diferentes das borrachas de geladeira. O traje espacial chamou a atenção pela rusticidade. A sala de comando da missão foi preservada, e dá um tom heróico ao feito, porque toda a capacidade de computação usada nos cálculos caberia hoje num celular. Também está no centro uma réplica do gigantesco foguete Saturno V, que levava a carga ao espaço, soltando diversos estágios durante a ascensão.

Essa data é uma daquelas que a gente pergunta aos contemporâneos : onde você estava quando o homem pisou na lua? Praticamente todo mundo acompanhou ao vivo, na recente transmissão via satélite, o sucesso da missão. Lembro-me perfeitamente da imagem em preto e branco da TV, como o coroamento de uma expectativa, que certamente influenciou na minha opção por cursar engenharia.

Durante toda a década o sonho povoou a mente dos jovens e crianças, que viam na viagem espacial o futuro. Escolas obrigavam os alunos a lerem "Da Terra à Lua", de Jules Vernes. A série toscamente produzida "Perdidos no Espaço" era outra fonte de sonhos. Até os poetas fizeram alusões ao pisoteamento da lua dos namorados. Gilberto Gil compôs "Lunik 9" em 1967, antecipado a chegada do homem ocorrida em 20 de julho de 1969.








Nenhum comentário:

Postar um comentário