terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Berlim : o choque da comunicação



Caetano Veloso disse num trecho da música "Língua" :"... ficou provado que só é possível filosofar em alemão...". De fato, grandes filósofos eram alemães, e dominavam o idioma que, para nós, é de difícil entendimento, dificultando-nos alcançar tal sabedoria. A gente se acostuma a ver no cotidiano coisas em inglês, francês, espanhol e italiano, e consegue navegar pelas palavras e encontrar significados. Quando damos de cara com linguagens originárias do norte ou do leste europeu, e mesmo assim nas que usam alfabeto ocidental, a dificuldade é imensa.

Chegando a Berlim, no aeroporto, o turista já começa a se sentir analfabeto ao olhar para as palavras das placas como um jumento olha para uma catedral. Pouca coisa está traduzida para o inglês ou outra língua, mesmo considerando que o aeroporto de Tegel ficava na área administrada por franceses e usado por ingleses e americanos na Berlim Ocidental da guerra fria. Aí você pensa: "se no aeroporto é assim, imagine no resto". Os momentos posteriores mostraram que a inferência é correta. Noutra oportunidade estive em Colônia, que era na antiga Alemanha Ocidental, e a comunicação em inglês foi tranquila. Berlim não se nivela com outras cidades européias no cuidado turístico.

Veja as fotos. Enquanto estava esperando as malas na esteira do desembarque, fiquei de frente para essa placa da batata com chifres de alce. Tentei desmembrar as palavras aglutinadas e achar algum sentido. Nada feito. Abri o dicionário de bolso, e também não encontrei nadaSomente em casa, usando os recursos de busca da internet, fui saber que se trata do anúncio de uma semana de feira de alimentação, agricultura e horticultura. Os dois palavrões do topo querem dizer "incrível variedade"

A outra foto é da tela que se abre no terminal onde se compra tiquetes para o metrô. Praticamente não se vê bilheteria por lá, e o turista tem que se virar. Como o software é praticamente o mesmo em todo lugar, mudando apenas a língua, consegui navegar e comprar bilhetes numa boa. Quem nunca comprou passagens em máquinas antes, vai ter trabalho,mas, por tentativa-e-erro, chega-se lá. Macete: no canto direito da tela tem o botão para selecionar outras línguas, mas fica meio escondido.
Além da dificuldade linguística, há a barreira dos procedimentos. Não é só pagar: o bilhete tem que ser chancelado numa maquina que fica nas estações, marcando a hora que pegou o trem. Não sei se lá opera o sistema de uso por algumas horas do mesmo bilhete para vários modais, mas fiz isso ao sair do aeroporto pois a placa do ponto do ônibus parecia indicar integração. E quem acha que é só entrar no trem e sair porque não tem catraca, deve ficar esperto porque os fiscais entram à paisana nos vagões, e fazem "blitz" pedindo os tiquetes com o trem em movimento, inviabilizando a fuga. Se alguém for pego sem bilhete, paga uma multa pesada.

Se você não conhece nada de alemão e não quer correr riscos, o adequado é pegar um desses pacotes turísticos onde se viaja em grupo, com guia, deslocamento por ônibus, etc. Como quero voltar por lá, já que Berlim é, no mínimo, estranha e intrigante, e tem outras cidades e mesmo países onde se fala alemão, vou fazer um curso básico de alemão desses de internet, para pelo menos aprender a ler as placas e evitar cair em alguma cilada por falta de aviso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário