Desta vez foi muito diferente da ocupação do Complexo do Alemão, apesar do forte aparato militar. Houve aviso prévio. Segundo o Secretário de Segurança, preferiram não haver confronto que pudesse vitimar inocentes. Um caminhão de mudança de um traficante foi interceptado no rumo da Rocinha, que está virando um reduto do tráfico, um enclave dominado por criminosos na estratégica ligação entre a Barra da Tijuca e a Zona Sul. Por ora, não há planos de encarar a bandidagem por ali, mas não será fácil tomar tanto a Rocinha como o Vidigal, sufocando o tráfico na vizinhança do maior PIB do Rio.
Agora já se configuram três grandes cinturões de UPPs, ainda não interligados, nas áreas onde acontecerão os principais eventos da Copa do Mundo e da Olimpíada: Copacabana/Ipanema, Santa Teresa/Catumbi/Centro e Tijuca/Andaraí/Grajaú/\Vila Isabel. O resultado disso é a drástica redução de homicídios e roubos de veículos nessas regiões. No Grajaú, onde moro, a tranquilidade é sensível. Há quase um ano não se ouve tiroteio, que era diário. Há furtos e roubos esparsos, quase sempre por drogados. Não se vê mais a arrogância dos "bondes" que costumavam descer a minha rua pela contra-mão, com fuzis para fora das janelas dos carros, nem a garotada fazendo arruaça ameaçand todo mundo. A bandalha dos mototaxis, que também era parte do "delivery" de drogas, praticamente acabou, com a apreensão das motos roubadas.
Segundo o serviço de inteligência da Secretaria de Segurança, a bandidagem não está migrando como se pensaria, na ocupação das comunidades. Os soldados e as armas estão saindo, mas a grande maioria da folha de pagamento do tráfico está ficando, mantendo bocas de fumo discretas ou saindo das atividades do crime, voltando a fazer parte da legalidade. As UPPs tentam arranjar empregos formais para aqueles que não têm fichas criminais. Por outro lado, nos estados do nordeste a criminalidade está aumentando assustadoramente, talvez por migração das armas e soldados do crime mais perigosos.
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