segunda-feira, 2 de abril de 2012

Argentina : As feridas das Malvinas

Buenos Aires - 2007 - Monumento aos mortos nas Malvinas
Brasileiros em Buenos Aires normalmente vão às compras, comem e bebem, e vão a locais carimbados como pontos turísticos obrigatórios. Poucos saem errando a pé pela cidade, e menos ainda param em monumentos históricos, estátuas, etc. Para os que se aventuram, há uma parte da história recente e ainda inconclusa da Argentina em frente á estação ferroviária de Retiro. Lá está a  ex-Torre dos Ingleses, atualmente Torre Monumental. Atravessando a avenida, frente a frente, está o Monumento aos Mortos na Guerra das Malvinas. Quem vem da Calle Florida, chega à Plaza San Martin e desce as escadarias rumo ao monumento e de lá já vê a torre.

Buenos Aires - 2007 - Mon. mortos Malvinas
A torre foi um presente dos habitantes ingleses da Argentina em alusão ao centenário da independência, inaugurada em 1916. Uma contradição, há que um dos primeiros obstáculos à independência foi justamente a ocupação inglesa da Bacia do Prata, tática para tomar as colônias espanholas enquanto a matriz estava em guerra contra Napoleão. Destacou-se na luta contra os ingleses Manuel Belgrano, que por uma terrível coincidência teve seu nome no porta-aviões argentino afundado nas Malvinas, onde houve a maioria das baixas de soldados na guerra.

O monumento aos mortos tinha (em 2007, quando fiz as fotos) diversas pessoas mutiladas nos arredores, ex-combatentes, jovens, pedindo esmolas em situação de miséria. Na Torre dos Ingleses havia pichações alusivas à guerra.

Buenos Aires - 2007 - Torre dos Ingleses

Buenos Aires - 2007 - Torre dos Ingleses
Uma geração de argentinos pagou pela ambição de um punhado de militares que queria fazer da ocupação das Malvinas um passeio, apostando que a Inglaterra não iria lutar em terras dão distantes. E angariar simpatias populares em apoio ao regime, que já era contestado por incompetência, corrupção e violência. Não contavam que enfrentariam o rolo compressor das superpotências. OTAN, Estados Unidos, França e outros forneceram armas e informações estratégicas para ajudar a Inglaterra a esmagar os argentinos. Nem a ditadura resistiu à derrota.


Assim como em 1982, hoje se faz política criando tensão diplomática em torno das ilhas. Cristina Kirchner e Cameron faturam prestígios patrióticos hoje assim como o general Galtieri e Margareth Thatcher há 30 anos.

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